Menos de três anos depois de se desfazer dos últimos resquícios da participação que detinham

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Menos de três anos depois de se desfazer dos últimos resquícios da participação que detinham na Serasa Experian, empresa que se tornou sinônimo de informação sobre os maus pagadores no país, os grandes bancos brasileiros se uniram para criar uma nova companhia que vai, na prática, concorrer com sua antiga criação.

Ontem, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander assinaram memorando de entendimento para constituir uma empresa gestora de inteligência de crédito, que vai reunir informações cadastrais de clientes pessoas física e jurídica, assim como dados sobre seus pagamentos feitos em dia e sobre seus calotes. Cada banco deterá 20% do capital e indicará o conselho da companhia, com executivos com dedicação exclusiva.

O presidente da Federação Brasileira da Bancos (Febraban), Murilo Portugal, afirmou a jornalistas que o projeto permitirá redução da inadimplência e ampliação do crédito. Ele disse que também será uma forma de aumentar e qualificar a competição do mercado de fornecimento de informações de crédito, que tem hoje três grandes participantes: Serasa, Boa Vista Serviços e SPC Brasil.

Com uma empresa própria, os bancos têm incentivos adicionais para fazer andar o projeto de criar um cadastro positivo no país, um banco de dados com informações de bons pagadores regulamentado em 2012. Em funcionamento desde agosto de 2013, essa base de dados conta com apenas 2,5 milhões de inscritos, quase nada quando comparada às quase 150 milhões de contas correntes que existem no Brasil. Não faltaram críticas aos bancos por falta de empenho em preencher essa base, embora Portugal afirme que as instituições financeiras estão comprometidas com o projeto e desenvolveram sistemas para tal.

“Acreditamos que com o passar do tempo, o projeto vá diminuir os custos da má qualidade da decisão de ofertar o crédito. Nos Estados Unidos, a criação de mecanismos semelhantes levou a uma redução de inadimplência na ordem de 43%”, disse Portugal. Para ele, magnitude similar poderia ocorrer no país no longo prazo, sem especificar um período.

Segundo Portugal, a capilaridade dos grandes bancos, somada à experiência na elaboração de modelos de risco de crédito, serão os diferenciais da nova empresa, que deve entrar em operação nos próximos quatro anos. Em 2016, os bancos vão desenhar o modelo de negócio da operação, que vai atender não só os sócios, mas também todo o mercado que demandar informações de crédito. O acordo de criação da empresa é não vinculante e precisa de aprovação regulatória.

Não deixa de ser curioso que os bancos ergam uma empresa desse tipo pouco menos de uma década depois de iniciar a venda da Serasa, empresa que montaram em 1968. Os bancos venderam 70% da participação que detinham na Serasa para a Experian em 2007 por US$ 1,3 bilhão (cerca de R$ 2,3 bilhões na época). Em 2012, a empresa britânica exerceu o direito de comprar o restante e pagou R$ 3,1 bilhões (US$ 1,5 bilhão) para Itaú, HSBC, Bradesco e Santander.

O Valor apurou que expirou em janeiro de 2014 uma cláusula de não-competição assinada pelas instituições financeiras.

“Após a venda da Serasa, a legislação mudou, em especial no que diz respeito a responsabilidade legal pelo uso de dados. Foi criada, por exemplo, a figura da responsabilidade solidária e objetiva, além de novas possibilidades de coleta de dados, não só negativos [de inadimplência], como positivos também”, disse Portugal, lembrando que houve uma grande expansão do mercado de crédito. “Todas essas circunstâncias levaram os bancos a rever a posição que tinham sobre a indústria e decidiram ter novamente uma participação mais intensa nessa área”.

Portugal afirmou que mais de 20 empresas, nacionais e internacionais, foram consultadas para fazer parte do projeto, incluindo a própria Serasa. A Febraban acabou contratando a LexisNexis para desenvolver o sistema.

“Não haverá nenhum direcionamento dos bancos pela empresa da qual são proprietários. Eles vão continuar sendo clientes de várias empresas fornecedoras de informações de crédito”, afirmou Portugal. “O benefício principal para os bancos não vai ser economizar ou deixar de pagar tarifas às empresas que prestam esse serviço hoje, mas sim na redução da inadimplência”. Os demais bancos membros da Febraban serão convidados a se tornar acionistas.

Fonte: Nasce uma nova Serasa? – Grandes bancos criam novo birô de crédito – Televendas & Cobrança

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