A frase é de Bill Ford, o homem forte da fabricante de carros americana. Uma das estrelas do SXSW, ele contou para empreendedores como será o futuro da indústria automobilística
Em sua apresentação, Bill Ford, 59 anos, presidente do conselho de administração e bisneto do criador da centenária fabricante de carros, contou ao público do evento o que a empresa aprendeu com as startups e como vê o futuro das montadoras de carros. E abriu o coração em relação ao momento das montadoras.
“As montadoras precisam mudar e virar fábricas de software. Esse é nosso futuro”, disse Ford, em uma declaração que deve chocar seus colegas do segmento automobilístico. Segundo o empresário, o avanço da tecnologia mudou o jeito como as pessoas se locomovem hoje.
Atualmente há diversos aplicativos que podem ser usados por quem quer chamar um carro para ir de um ponto a outro. Se quiser, o motorista também pode compartilhar o próprio carro – e ganhar um dinheiro com isso. Essas inovações, todas criadas por startups, mudaram a relação das pessoas com os automóveis. Para as novas gerações, ter um carro deixou de ser uma prioridade.
Na visão de Ford, a indústria automobilística deve prestar atenção nas startups e nas empresas de tecnologia. “Elas são as nossas concorrentes agora. A velha indústria automobilística vai desaparecer”, disse.
O empresário disse que está preparando a companhia para essa transição. Há menos de um ano, a Ford Motor Company anunciou planos para produzir em massa uma linha de veículos autônomos. “Se eu não fabricar carros desse tipo, as gigantes do setor de tecnologia vão sair na frente”, disse. A preocupação de Ford tem fundamento. A Apple e o Google já fizeram avanços nessa área e testam, nesse momento, avançados softwares dedicados ao setor.
Legislação
Os novos carros não vão apenas dispensar a figura do motorista, diz Ford. Mais do que isso, ganharão recursos capazes de salvar vidas. Para o público do SXSW, ele citou duas funcionalidades com potencial para prevenir acidentes: sistemas desenhados para conter motoristas bêbados e adolescentes que gostam de pisar fundo e fazer manobras arriscadas.
Apesar das boas chances de diminuir o número de mortes no trânsito, os sistemas esbarram em leis que protegem as informações individuais. “Essas tecnologias vão causar revolta e resistência, pois compartilham dados sobre a maneira como motorista dirige. Precisamos ter discussões profundas sobre essas mudanças. É fundamental que a sociedade entre nessa conversa o mais rápido possível.”
Diante dos empreendedores e donos de startups que participam do SXSW, Ford deixou clara a intenção de sua empresa em fugir dos modelos tradicionais de gestão e inovação. Ele sabe que, se insistir nos antigos formatos, será devorado pelo concorrente. E aqui, não se trata de uma montadora, e sim de uma pequena empresa que pode nascer em qualquer garagem por aí.
Fonte: PEGN