EXAME.com entrevistou cinco empreendedores que adquiriram mais franquias em plena crise - e não enlouqueceram no processo.

Planejamento: para algumas pessoas, a crise não impediu a expansão dos negócios (Thinkstock)
1. Procure conhecer de antemão o mercado no qual você entrará
Na hora procurar uma franquia, o empreendedor Giovane Fischborn levou em consideração suas experiências anteriores: ele já havia trabalhado em modelagem e venda de calçados e, por isso, abriu uma unidade franqueada no ramo, da rede Jorge Bischoff.No começo, foi preciso amadurecer a loja e tornar a marca conhecida em Brasília, onde Fischborn mora. O retorno do investimento veio em um ano e meio. Em função do desempenho desse primeiro negócio, o empreendedor abriu novas unidades da marca de sapatos.Após sete anos como franqueado, Fischborn acumulou seis lojas da Jorge Bischoff: quatro em Brasília e duas em Goiânia.Como conselho para quem também quer entrar na vida de multifranqueado, o empreendedor recomenda adquirir conhecimento da sua futura área de atuação.“Você precisa ter um conhecimento básico do mercado – se você não o obteve antes de abrir a franquia, busque aprender o mais rápido possível. Isso aumentará suas chances de ter bons negócios, já que a experiência gera a decisão por estratégias corretas.”

Giovane Fischborn, que tem seis franquias da Jorge Bischoff
2. Invista em bons funcionários
A história de Marcelo Ribeiro com as franquias é antiga: ele abriu sua primeira franquia, da All Pé, em 1999.“Eu trabalhava com meu pai, que era distribuidor de cerveja em Natal [Rio Grande do Norte], mas o negócio dele foi decaindo e buscamos novas oportunidades. Então, fui morar em Campina Grande [Paraíba] e abri essa loja em um shopping que havia acabado de inaugurar”, explica o franqueado.De lá para cá, Ribeiro foi colecionando uma série de franquias diferentes. Ele possui nove unidades franqueadas de marcas como All Pé, Balonè, Ellus, Feet Shoes, Malwee Kids, Morana, Pato Roupas e Puket.Uma técnica usada pelo empreendedor para conseguir administrar tantas franquias ao mesmo tempo é contratar gente qualificada – e, então, delegar as tarefas operacionais.“Arrumar funcionários é mais difícil quando você é multifranqueado em marcas distintas, porque você precisa administrar não só mais pessoas, mas também em negócios com diferentes metas e diferentes operações”, explica.“Você tem de procurar funcionários que tenham capacidade de liderança, para resolver os problemas menores de cada franquia. Afinal, você não consegue estar em todos os negócios ao mesmo tempo.”No caso de Ribeiro, houve a criação de um escritório, com quatro funcionários, para cuidarem da gestão básica de finanças e recursos humanos das nove unidades franqueadas. “Eles trabalham diretamente comigo e me passam, todos os dias, as informações de cada loja. Com isso, posso analisar aspectos como compra de estoque e fluxo de caixa sem gastar tanto tempo na coleta de dados.”

Marcelo Ribeiro tem marcas como Balonè, Ellus, Malwee Kids, Morana e Puket
3. Faça um bom planejamento e corte as reuniões redundantes
A empreendedora Sedilha Novais abriu uma unidade franqueada da rede de idiomas CNA após ter tido experiências tanto como aluna quanto como professora no negócio. Ela se formou em uma escola da CNA e passou seis anos lecionando. Até que a ideia de ter sua própria unidade falou mais alto.“Era um sonho de adolescente ter uma escola de idiomas. Como eu já conhecia a marca, fomos direto fazer uma reunião com a franqueadora”, explica Sedilha. Ela primeiro tentou administrar franquias junto aos parentes, mas a incompatibilidade de ideias a fez virar uma franqueada de carreira solo.A empreendedora abriu sua primeira unidade franqueada própria em 2007, ao assumir uma escola da CNA que havia quebrado por problemas administrativos, em Osasco (São Paulo).Com o bom resultado da primeira unidade, ela decidiu expandir menos de dois anos depois. Abriu uma segunda unidade, em Alphaville (São Paulo), no ano de 2011. Cerca de 80% do valor investido veio dos resultados da primeira escola.Hoje, Sedilha gere quatro franquias da CNA: três em Osasco e uma em Alphaville. Para conseguir ser multifranqueada, ela conta que tem uma agenda muito organizada e sem redundâncias.“Antes, fazia reuniões separadas com os coordenadores pedagógicos de cada escola. Percebi como é importante trazer todos os líderes em uma reunião única. Além de poupar tempo, surgem novas ideias e conseguimos ter um projeto mais bem elaborado. Esse mesmo esquema é aplicado nos departamentos administrativo, comercial e financeiro”, afirma.Mas não basta planejar: é preciso acompanhar o que foi decidido. Sedilha conta que passa um dia da semana em cada unidade, sendo que o quinto dia útil é variável. “Com os dias fixos, as pessoas sabem onde me achar e é possível marcar novas reuniões, mais pontuais.”

Sedilha Novais possui quatro escolas da franquia CNA
4. Os programas de controle e gestão são seus melhores amigos
Anderson Mota trabalhava em uma multinacional, como coordenador de logística. Mas, como grande parte da população, tinha o sonho de abrir um negócio. Viu uma oportunidade quando sua namorada (hoje esposa) trabalhou em uma loja piloto da franquia Sóbrancelhas – e falou bem do empreendimento.“Eu vi um potencial grande no mercado de beleza e estética. Ao mesmo tempo, estava cansado e descontente com meu trabalho. Fiquei onze anos na mesma carreira. Então, decidi arriscar”, explica Mota. Por isso, em agosto de 2014, abriu sua primeira unidade da franquia de embelezamento do olhar.A primeira loja teve o retorno do investimento em cinco meses, antes do esperado. Então, Mota decidiu reaplicar o investimento em novas unidades. Hoje possui quatro franquias da Sóbrancelhas: uma em Jacareí (São Paulo), duas em Bauru (São Paulo) e uma em Goiânia (Goiás).Para lidar com a gestão de várias unidades, Mota recomenda unir acompanhamento presencial e digital. Para quem abriu unidades em regiões que não permitem visitação frequente, o uso de softwares ajuda bastante.“É interessante primeiro passar uns meses na unidade, entendendo qual o potencial de faturamento. Depois, deixamos um gerente em cada franquia e fazemos uma mistura de acompanhamento físico e online”, explica Mota.O atendimento digital é diário e composto por vigilância por câmeras de segurança, reuniões por Skype e softwares de gerenciamento de equipe e de resultados financeiros.“Acompanhar seus dados é fundamental. Temos um sistema que consegue apontar o rendimento de cada funcionário individualmente – quais produtos ou serviços ele vende e qual o ticket médio dos seus clientes, por exemplo.”

Anderson Mota é dono de quatro franquias da Sóbrancelhas
5. Está sempre de um lado para outro? Faça uso dos apps
O trabalho do engenheiro civil Bruno Saraiva consistia, basicamente, em resolver pepinos: ele gerenciava aluguéis e reformas de imóveis, atendendo os pedidos dos inquilinos. Até que, com mais de 50 anos de idade, foi demitido.“Era difícil me recolocar no mercado de trabalho tendo essa idade. O aspecto formatado da franquia me deu uma segurança a mais, ainda que nenhum negócio seja garantido. Depois de um atendimento no Sebrae, comecei a pesquisar negócios para investir”, explica Saraiva.Em junho de 2015, Saraiva abriu sua primeira unidade franqueada da Elefante Verde, uma rede de marketing digital que atende pequenos empresários. O franqueado compra microrregiões da cidade e faz um levantamento de campo: apresenta-se, entrega panfletos, fala com empresários e oferece um curso de marketing digital gratuito, como estratégia da própria franqueadora.O empreendedor começou atendendo duas regiões de Recife (Pernambuco): Centro e Noroeste. Em novembro do mesmo ano, adquiriu também a prestação de serviços para a região Sul do município.Com três unidades franqueadas, porém, o acompanhamento presencial ficou mais complicado. Para ajudar nessa tarefa, Saraiva faz uso de aplicativos como Agendor, Evernote e Google Agenda. Sem eles, a rotina dividida entre escritório e contatos presenciais seria impossível.“Com eles, eu consigo organizar tanto minhas ideias quanto informações sobre o negócio, além de poder conversar com minha equipe enquanto estou em trabalho de campo. É fundamental que eu tenha uma forma fácil de acessar o que foi feito no escritório, como a prospecção de leads [clientes potenciais], por exemplo”.

Bruno Saraiva, que atua em Recife com três unidades da franquia Elefante Verde