Para
Paulo Roberto Fagundes, 51, a inovação é fundamental para ter um destaque no mercado de
lingerie. O empresário é fundador da
2Rios Lingerie, fábrica que exporta para 20 países e faturou R$ 20 milhões em 2017.A marca investe em pesquisas e tecnologia para se diferenciar da concorrência e expandir o negócio no exterior. Por causa disso, foi criado grupo de trabalho dentro da empresa que tem a função de pensar em sugestões para implantar inovações.Em uma reunião surgiu a ideia de uma
calcinha que impede a passagem de fungos e bactérias pelo tecido por até 100 lavagens. O tecido atrai os micro-organismos e, quando eles entram em contato com o revestimento, são perfurados e destruídos. A linha destas calcinhas foi lançada em 2018.A invenção desta lingerie fez com que a empresa fosse até o
South by Southwest (SXSW), evento de tecnologia e inovação realizado em Austin, nos Estados Unidos, em março deste ano. "Nós apresentamos uma tecnologia inovadora e 100% nacional que também abriu portas para o público dos Estados Unidos", diz Matheus Diogo, filho de Fagundes e atual presidente da empresa.Além disso, o empresário afirma que a presença no evento foi importante para conseguir informações sobre inovação. "Como o foco do negócio são os clientes, a empresa precisa estar antenada para saber quais são as demandas no setor de tecnologia e conectividade. É uma forma de se manter atualizado que vai além da questão têxtil", afirma.
Origem da marcaNatural de
Joinville (SC), Fagundes sempre quis ser dono de seu próprio negócio. Para realizar o sonho, ele se inspirou em sua mãe, que trabalhava em uma fábrica de lingeries. “Eu queria fazer algo e achei que o ideal seria confecção destas peças”, diz o empresário.De acordo com Fagundes, o primeiro passo para criar a
2Rios Lingerie, em 1990, foi observar algumas fábricas concorrentes para entender o que eles estavam fazendo e copiar. Mas, logo no começo do negócio, na década de 1990, ele já enfrentou algumas dificuldades, como a inflação que estava fazendo várias empresas fecharem as portas. “Foi muito difícil continuar e contratar mão de obra.”Na época, eram apenas 4 funcionários que trabalhavam com máquinas de costura em Rio do Sul, Alto Vale do Itajaí (SC). Em 1997, o empresário decidiu transferir a produção para Joinville para ficar mais próximo dos fornecedores e de sua família.Mas Fagundes considera 2001 como o ano em que a fábrica “deslanchou”. “Nós começamos a produzir o nosso tecido, conseguimos preços melhores e nossa qualidade aumentou, diz o empresário”. Com o crescimento da
fábrica, Fagundes decidiu começar a exportar a produção em 2003.Para o
empresário, vender os produtos em outros países foi uma oportunidade de manter o faturamento em momentos em que o mercado interno costuma vender menos, como em junho e julho.O primeiro país a receber os produtos da 2Rios Lingerie foi o Chile, e logo depois começaram as exportações para países como Uruguai, Paraguai, EUA, Japão, Austrália. Hoje, 20 países de cinco continentes recebem as peças da 2Rios, o que representa 20% do faturamento da fábrica.
SustentabilidadeFagundes conta que a sustentabilidade é algo levado em conta durante a produção. “O que nós mais produzimos de lixo são justamente as sobras de tecidos”, afirma. Então, ao invés de descartá-los, a fábrica investe em usos alternativos, como dar para academias encherem sacos de lutas ou para pessoas que produzem tapetes.Além disso, a fábrica faz o aproveitamento de água da chuva e trocou as lixeiras individuais por locais de descarte apropriados para materiais recicláveis e não recicláveis. Por causa dessas ações, a empresa recebeu o prêmio de mérito da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) pelo programa Lixo Zero.