Quer empreender neste ano? Então, veja o que outros empreendedores estão fazendo para seus negócios decolarem:
Pulando ondas: será que suas promessas para abrir e manter um negócio são as melhores? (Thinkstock)
São Paulo – Toda virada de ano é um momento cheio de promessas. No mundo do empreendedorismo não é diferente: tanto quem quer abrir uma empresa quanto quem já possui um negócio já colocou no papel algumas metas para ter mais sucesso em 2017.Mas será que você está se esquecendo de algum objetivo importante? Ou será que suas metas atuais são as mais adequadas?Para responder tais dúvidas, EXAME.com falou com diversos empreendedores e perguntou quais são as suas principais promessas para cumprir em 2017: desde objetivos exclusivamente empresariais até atitudes para melhorar a qualidade de vida.Quer ter mais inspiração para suas metas de 2017, baseando-se em quem já conhece do riscado? Confira, a seguir, 17 promessas para seu um empreendedor melhor:
1. Focar no que você faz de melhor
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Um momento de virada para toda empresa é definir o seu foco de atuação: muitos negócios querem realizar diversos serviços, o que pode comprometer e qualidade geral do atendimento. Nesse caso, a empresa precisa manter o foco se quiser sobreviver.“Uma de minhas promessas é abraçar menos o mundo para abraçar aquilo que realmente importa”, conta Rodrigo Azevedo, fundador do Grupo Comunique-se. “Queremos focar naquilo em que realmente somos bons, e desacelerar com coisas que não são nosso forte, ainda que sejam lucrativas.”
2. Aprender a organizar seu tempo e suas tarefas
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Para cumprir as promessas feitas para este ano, é preciso antes cumprir uma grande tarefa, que também pode virar promessa: organizar o tempo da melhor maneira possível. Assim, o dono de negócio não fica perdido em tarefas operacionais e pode dedicar-se mais ao pensamento estratégico sobre o empreendimento.Essa é a meta de Vitor de Araújo, diretor de marketing da empresa de arquivamento de notas fiscais Arquivei. “Conforme a empresa vai crescendo, vamos tendo de lidar com novos desafios, que também são cada vez maiores. Conseguir organizar o tempo para enfrentá-los e simultaneamente continuar me desenvolvendo profissionalmente é essencial”, afirma.Vera Kopp, fundadora do marketplace de empregos inCast, tem uma meta específica dentro da organização do tempo: organizar seus documentos.“Com a correria do dia a dia, as pastas no computador vão se desorganizando e os papéis, acumulando. Uma meta profissional para 2017 é ser mais organizada, pois, com menos coisas dentro da cabeça, você se sente mais leve para pensar e lidar com coisas novas.”
3. Ouvir mais o que seu cliente tem a dizer
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Prestar mais atenção no que seu próprio consumidor diz é essencial para que sua empresa cresça – especialmente se você ainda está formatando seu produto ou serviço. Essa é a promessa que Eduardo Abramovici, cofundador da startup do setor de saúde Mundo dos Exames, fez para este ano.“Em 2017, pretendo ouvir ainda mais os usuários para adaptar o produto com agilidade e atender ao máximo as necessidades das pessoas. O plano de desenvolvimento de um produto nem sempre se mostra idêntico à realidade, quando o colocamos em contato com o mundo real. O empreendedor precisa ser flexível e estar sempre aberto às respostas do público, para aperfeiçoar seu produto de maneira rápida”, defende.“Gerando experiências valorosas, com ações que realmente melhorem os dias das pessoas, conseguimos trazer emoção”, completa Wilton Bezerra, da rede de cafeterias Cheirin Bão. “É essencial que nos dediquemos a conhecer o que realmente importa para eles, e assim somos capazes de criar ações e promover atitudes que façam com que todos se sintam especiais e tratados de maneira única.”
4. Conversar com seus empregados (de verdade)
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Além de falar mais com seus clientes, retomar as relações mais próximas com seus próprios empregados é a meta de alguns empreendedores consultados por EXAME.com para este ano. Diante de tantos meios de comunicação disponíveis, a velha conversa olho no olho pode se tornar um diferencial para quem trabalha na sua empresa.“Em 2017, tenho como meta conversar mais pessoalmente com meus funcionários”, diz Stella Kochen Susskind, presidente e fundadora da Shopper Experience, empresa que faz pesquisas de avaliação do atendimento ao consumidor. “Na era digital, sentar para conversar, olhar no olho e sentir o que o cliente e as pessoas que trabalham ao seu redor sentem é uma raridade. É essencial lembrar que por trás de um ‘funcionário’ há um indivíduo.”Essa também é a promessa de Wagner Oliveira, da empresa de tecnologia em gestão de RH Woli. “Na correria do dia a dia, acabamos automatizando tudo, inclusive nossa comunicação com quem está ao nosso lado todos os dias. Eu mesmo acabo enviando um e-mail no lugar de comunicar verbalmente a quem está na mesma sala. Este é um dos exemplos que pretendo não repetir em 2017.”Por fim, Rafaella Giraldi, fundadora da rede de cursos profissionalizantes MacPoli, tem como meta elogiar mais seus funcionários. “Às vezes, na correria do dia a dia, ficamos muito focadas em cobrar metas e resultados. O elogio é importantíssimo para o desempenho do time.”
5. Investir mais na capacitação sua equipe
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Investir mais no desenvolvimento dos funcionários é algo essencial para o sucesso de uma empresa. Ainda mais durante anos difíceis, nos quais a competição é mais acirrada e é preciso mostrar diferenciais aos consumidores.Por isso, esse é um dos planos de Alfredo Soares, CEO e fundador da plataforma de lojas virtuais Xtech Commerce. “Vamos formar uma equipe de mentores e conselheiros mais experientes para trocar ideias e dicas. Outra ação importante é realizar o intercâmbio de funcionários da Xtech e de outras empresas, para que também haja a troca de experiências e conhecimentos. Por fim, investiremos em cursos online”, afirma.Fábio Nadruz, da franquia Mercadão dos Óculos, irá incentivar seus funcionários por meio da leitura. “Nosso objetivo é promover mudanças de hábito na equipe, incentivando a leitura de livros específicos em vendas, administração do tempo e relacionamento interpessoal. Essa meta é importante para incentivar os sonhos individuais dos colaboradores e gestores.”A capacitação da equipe também inclui dar coaching e feedbacks práticos aos funcionários, ressalta Maximiliano Bavaresco, CEO da SONNE Consultoria. “Isso é muito importante para desenvolver o máximo potencial de cada um. Assim, posso elevar ainda mais os níveis excelência no negócio.”
6. Desafiar seus funcionários a inovarem
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Além de se desenvolver, outra boa meta para ter sucesso empreendendo em 2017 é lançar desafios para que seus funcionários cresçam – e, assim, também tragam melhores resultados ao seu negócio.“Quero melhorar a integração com minha equipe, dando mais oportunidades e autonomia para meus funcionários e gerentes. Assim, eles podem aprender, crescer e até terem sua própria unidade franqueada”, afirma Mill Dellatore, sócio do Khea Thai, rede de franquias especializada em culinária tailandesa. “É muito importante mostrar para nossa equipe que eles podem ser donos de um restaurante. Assim, criamos novos empreendedores, transmitindo a paixão da culinária tailandesa.”Fazer a equipe pensar diferente também é a meta de Fernando Saddi, fundador do marketplace Easy Carros. “Em 2017, vamos focar em criar um ambiente onde aprendemos muito, tanto entre nós quanto trazendo as pessoas que são referência no mercado. Iremos dar desafios gigantes para as pessoas inteligentes do time usarem o aprendizado adquirido. Pessoas ambiciosas gostam de desafios e atraem mais pessoas ambiciosas.”
7. Aprender a dividir suas responsabilidades e delegar
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Bernard de Luna, da plataforma de contratação Bunee, prometeu que, em 2017, aprenderia a confiar e delegar – um desafio que muitos empreendedores enfrentam quando sua empresa começa a tomar corpo.“Muitos empreendedores acreditam que o maior risco está em abrir um negócio. Mas eu acredito que o maior risco está em crescer e em conseguir diminuir os chapéus de fundador – e, para isso, encontrar, treinar e confiar nos talentos contratados para efetuarem essas missões ainda melhor do que você”, diz de Luna.Está também é a promessa de Miguel Andorffy, fundador da plataforma de ensino Me Salva!. “É preciso delegar mais. Para fazer acontecer, é preciso selecionar só gente boa, que sonha grande que e está comprometida com o propósito da empresa.”
8. Visitar seus franqueados com mais frequência
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Se o seu empreendimento é uma rede franqueadora, uma boa meta para 2017 é ficar mais de olho em quem investiu na sua ideia: os franqueados.Adotar tal hábito é importante principalmente em tempos de recessão, que pedem maior planejamento estratégico. “Em 2016, nós visitamos praticamente todas as unidades franqueadas, para orientar os nossos parceiros em relação ao negócio. Por conta disso, a empresa atingiu um faturamento de quase R$40 milhões em plena crise”, afirma Marcos Mendes, CEO da franquia de lavagem automotiva AcquaZero. “A ideia para 2017 é intensificar esse suporte aos franqueados.A crise econômica também fez Guilherme Carvalho, presidente da rede de alimentação QG Jeitinho Caseiro, repensar a relação com os franqueados.“Passamos por um período de reestruturação dentro do QG, por conta da crise, e isso acabou me afastando um pouco dos franqueados”, diz Carvalho. “Quero focar no relacionamento com os franqueados no próximo ano – a minha meta é visitar seis lojas por mês. Acreditamos que, por meio de um relacionamento pautado pela transparência e confiabilidade, os franqueados vão tornar-se parceiros muito mais engajados. Isso gera negócios, o que é bom para os dois lados.”
9. Fazer mais networking
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Fazer networking é fundamental para todo empreendedor: por meio de uma formação de uma rede de contatos mais ampla não apenas amplia seus conhecimentos, mas pode gerar mais negociações.Por isso, Alessadro Fontes, co-fundador da plataforma de descontos Reduza, colocou como meta do ano se conectar mais outros empreendedores e trocar aprendizados, experiências e oportunidades de negócios. “Como estamos fora do eixo Rio-São Paulo o networking fica um pouco mais difícil, e sabemos da importância do relacionamento. Além de poder ajudar outros empreendedores, também poderemos aprender muito.”
10. Ser um leitor mais assíduo
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Não é mistério que ler faz você ser um empreendedor melhor: é possível não só aprender conceitos técnicos, mas também receber lições inspiradoras. Por isso, ler mais entrou como promessa de 2017 de muitos empreendedores.Um exemplo é Tallis Gomes, ex-Easy Taxi e fundador do aplicativo de beleza Singu. “Em 2017 eu pretendo colocar em prática dois aspectos que ajudarão a me desenvolver: ler dois livros por mês e fazer cursos em Harvard e Stanford”, enumera.Essa também é a meta de Cristiano Soares, CEO da Vaniday. “Sempre li de um a dois livros por mês, mas no último ano não consegui manter essa média. Quero me dedicar mais, porque acredito que a leitura ajuda a enxergar outros horizontes, desenvolver novos pontos de vista e aprimorar conhecimentos técnicos em determinados assuntos. Todas essas são habilidades essenciais para o que faço.”
11. Ou, então, escrever seu próprio livro
(Choreograph/Thinkstock)
Se você já é um empreendedor mais experiente, escrever um livro pode ser uma boa pedida: com isso, você compartilha seus conhecimentos e pode trocar experiências com seus leitores.Essa é a meta de Jeane Moura, fundadora do negócio de alimentação saudável DNA Natural. “Minha ideia é que a publicação conte a minha trajetória empreendedora e ajude outras mulheres que desejam empreender também. Acho importante cumprir essa promessa porque eu sei quais foram as dificuldades que tive no começo da minha empresa”, conta.Mesmo que você não escreva um livro, pode ter como meta compartilhar seu conhecimento por outras maneiras. É o que fará Thiago Régis, diretor de novos negócios da Pílula Criativa, agência de marketing digital: ele publicará textos soltos na internet sobre o que estudou.“Minha promessa é concentrar os aprendizados de 2016 e transformá-los em conteúdos inovadores para meus funcionários e para novos empreendedores que estejam iniciando sua caminhada. Compartilhar conhecimento é fundamental para termos melhores profissionais em nosso país, para entregarmos os melhores produtos e serviços e gerarmos qualidade no que fazemos.”
12. Entrar para um curso de teatro
(Thinkstock)
Fazer teatro traz vários benefícios. Por isso, o empreendedor Tomaz Chaves, da plataforma de resolução de problemas jurídicos Dubbio, resolveu colocar como meta para 2017 se formar em um curso de teatro.“Ele é uma importante ferramenta de desenvolvimento pessoal: ajuda a falar em público e a conversar com a minha equipe e com investidores”, conta. “O teatro também promove um intenso processo de autoconhecimento, uma vez que trabalha com toda a complexidade do que é ser humano.”
13. Fazer mais exercícios físicos
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Rafael Arb, fundador do VocêQpad, aplicativo para pedir e pagar refeições, tem como meta para 2017 correr uma maratona de 21 quilômetros.“Conseguir dar atenção para a saúde e para o esporte ajuda a limpar a mente e o corpo, contribuindo significativamente na melhora de performance e na chance de se ter novas ideias ou soluções para seus negócios”, diz o empreendedor.“Para não impedirmos que as inúmeras tarefas que temos que executar no dia a dia não permitam a prática regular da corrida, é preciso colocar um desafio grande, como completar uma meia maratona. Isso não nos dá opção: se é para terminar, temos que treinar muito.”A meta foi sugerida para toda a empresa, como uma confraternização de fim de 2017. Muitos funcionários já colocaram o projeto em suas resoluções, conta Arb.Rodrigo Batista, CEO da plataforma MercadoBitcoin, também quer pegar mais pesado nos exercícios: ele pretende voltar a nadar e fazer corridas curtas.“Por conta do ritmo de trabalho nos últimos anos, abdiquei de atividades físicas e minha saúde ficou em segundo plano. Agora, até o desempenho profissional ficou comprometido por conta de dores causadas pela postura incorreta e pela falta de exercícios físicos.”
14. Praticar meditação
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Já falamos por aqui sobre como meditar ajuda a ter sucesso nos negócios. Pierre Matos, dono da marca de roupas para yoga Calça Thai, concorda com os benefícios dessa prática.“Alguns benefícios são especialmente interessantes para empreendedores, como aprender a reagir com calma em períodos de estresse, focar melhor nas atividades e controlar melhor sua relação emocional com o negócio. No meu caso, tenho a sorte de passar boa parte do ano na Tailândia, o que deve facilitar o cumprimento da promessa!”
15. Pensar mais sobre capitalismo consciente no seu negócio
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“Capitalismo consciente” é uma expressão que tomou conta de muitos negócios nos últimos tempos: a ideia é criar uma empresa não apenas para gerar dinheiro, mas também para cumprir uma missão maior.Barbara Mattivy, dona da marca de calçados ecológicos e veganos Insecta Shoes, tem como meta para 2017 estudar ainda mais sobre esse conceito.“Assim, posso enxergar como minha empresa pode fazer a sua parte na tentativa de ajudar não só em problemas ambientais, mas em sociais também”, conta. “Acredito que os negócios que sejam um híbrido entre o segundo e o terceiro setor são os que têm mais poder de transformação o mundo em um lugar mais colaborativo, empático e justo.”
16. Fazer uma viagem
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Sair da rotina é essencial para quem vive da criação de inovações, como os empreendedores. Por isso, ir para um lugar nunca antes visitado pode ser uma boa promessa para 2017.Ivan Zafalon, da rede de locação de equipamentos para construção civil Gênio da Locação, colocou como objetivo do ano viajar o máximo possível.“O empreendedor é como um artista: precisa de inspiração para criar. Aquele empreendedor que não delega e fica muito tempo preso dentro do escritório, preso a rotinas chatas, raramente empreende. Falta tempo e inspiração”, afirma Zafalon.“Quando vivenciamos o momento presente nos sentimos mais felizes, damos mais atenção às pessoas que nos cercam, ficamos mais atentos a detalhes, as ideias fluem naturalmente e os momentos de inspiração aparecem com muito mais frequência.”Alexandre Borges, presidente da rede de customização Conserta Express, também quer viajar em 2017. Porém, seu objetivo é conhecer mais sobre seu setor de atuação. “Conhecendo melhor o mercado fora do país, é mais fácil de estruturar a expansão da franqueadora.”
17. Controlar bem suas horas de sono
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Controlar a qualidade e o tempo de sono é fundamental para manter a produtividade em alta.“É normal encontrar empreendedores que estão trabalhando por toda a madrugada, mesmo com uma reunião pela manhã no outro dia. O problema é que o impacto disso vem em longo prazo, com cansaço mental e problemas de saúde, gerando um desempenho prejudicado”, afirma Rafael Milagre, CEO da imobiliária Benvenuto.Por isso, o empreendedor prometeu controlar mais suas horas de sono neste ano.Fonte: PEGN
Antônio Viegas era bem sucedido como dentista, mas infeliz. Após querer emoldurar um quadro, teve uma ideia de negócio que mudaria sua vida.
Antônio Viegas, da Moldura Minuto: ele percebeu uma oportunidade de negócio quando foi emoldurar um quadro (Divulgação)
São Paulo – Quando se fala em inovação, muitos pensam em ideias de negócio mirabolantes, que mudam o funcionamento da sociedade. Mas, na verdade, é possível inovar em um negócio por meio de pequenas mudanças: assumindo um atendimento mais personalizado ou otimizando alguma etapa da produção, por exemplo.A Moldura Minuto, por exemplo, atua em um setor bem tradicional – o de quadros. Porém, sua inovação em processos fez com que o negócio caísse no gosto do público. Isso rendeu não só uma rede de franquias com 60 lojas operando, mas também um faturamento de 37 milhões de reais em 2016, pleno ano de crise econômica.Para inovar, não é nem mesmo preciso ser um grande especialista no seu ramo de atuação: Antônio Viegas, fundador da rede e ex-dentista, conseguiu perceber as falhas no processo tradicional justamente porque era apenas um consumidor de molduras.
Primeiros passos
O futuro empreendedor Antônio Viegas já estava infeliz com a carreira de dentista desde a faculdade – mas, como já estava no terceiro ano do curso, decidiu completá-lo.Recém-formado, soube que havia muitas oportunidades de emprego em odontologia em Portugal. Ele e a esposa se mudaram para o país, com a ideia de voltar após cinco anos de acumulação provisória de patrimônio. Porém, uma oportunidade de negócio mudaria esse plano.“Eu queria emoldurar alguns quadros para meu escritório e o processo demorou 15 dias. Fiquei pensando em como era possível demorar tanto, e minha necessidade se transformou em oportunidade de negócio”, conta Viegas.O empreendedor sempre teve o plano de voltar ao Brasil após levantar algum dinheiro e, com essa ideia de negócio, resolveu antecipá-lo. De volta ao país após três anos em Portugal, montou um negócio focado em moldura rápida, com um investimento inicial de 250 mil reais.“Eu nem imaginava como funcionava um negócio do ramo: só vi uma oportunidade de mercado por ter sido um cliente insatisfeito mesmo”, conta Viegas. “Aí fui estudar e criei o processo de moldura rápida”.
Diferenciais e expansão por franquias
A Moldura Minuto surgiu em 1999 como uma pequena molduraria, de 35 m². Seu diferencial estava na rapidez da linha de produção – todos os equipamentos estão ao alcance da mão, por exemplo. Enquanto Viegas cuidava das molduras, sua esposa fazia a venda no balcão.Segundo o empreendedor, até nos dias de hoje, as empresas de moldura não são pensadas e estruturadas como um negócio – são algo mais familiar, que passa de geração para geração, sem muita preocupação com aspectos técnicos de gestão. “Como dentista, aprendi que o estoque de produtos é essencial e que todas as ferramentas precisam estar à mão”, afirma Viegas.A marca promete emoldurar um quadro em até uma hora, mas geralmente o processo demora alguns minutos, diz o empreendedor. Além disso, as lojas possuem entre 250 e 600 referências de molduras (das lojas tradicionais às lojas-conceito).“Temos um software logístico que identifica quando um material está acabando e já realiza o pedido correspondente. Assim, também não perdemos tempo com a gestão do estoque, focando apenas no trabalho de moldura.”
Loja da Moldura Minuto, modelo tradicional
Com esse diferencial de rapidez no processo, a Moldura Minuto cresceu – e, no segundo ano de negócio, já abriu sua primeira unidade franqueada, a partir do pedido de um interessado na loja própria de Viegas.Depois dessa experiência, o empreendedor desenhou um plano de franqueamento. Hoje, a Moldura Minuto é uma rede de 60 lojas.
Novos posicionamentos
Segundo Viegas, a Moldura Minuto conseguiu se destacar nos primeiros dez anos de negócio apenas por sua eficiência em emoldurar, por um preço adequado. Mas, por volta do ano 2009, resolveu focar também no segmento de decoração.“Uma hora, eu sabia que essa rapidez de moldura ou viraria um commodity, algo já tomado como obrigação, ou surgiriam concorrentes. Eu sempre faço um planejamento para os próximos cinco anos, e por isso resolvi alterar o posicionamento já naquela época.”Hoje, o negócio faz composições e montagens de quadros, além da molduraria em si. “É como se um arquiteto fizesse não só projetos de casas padrão, mas também construções ícones do mundo da arquitetura”, explica o empreendedor. “O cliente agora pensa na Moldura Minuto não só pelas molduras, mas também pelos quadros.”
Quadros montados pela Moldura Minuto
A receita parece ter funcionado: no acumulado de 2016, a rede Moldura Minuto faturou 37 milhões de reais. Em 2017, o negócio quer crescer esse faturamento em 35%.O plano do próximo ano envolve a superação da recessão econômica, por meio do lançamento de um modelo mais enxuto, chamado “Express”. A primeira loja desse formato será inaugurada em fevereiro de 2017.“É uma loja menor, colocada em shoppings e supermercados, focada na oficina de molduras. Já o modelo tradicional oferece o serviço adicional de composição de quadros”, explica o empreendedor. Em 2017, a Moldura Minuto quer abrir 30 unidades, contando com os dois modelos.ExpressInvestimento inicial: 110 mil reais
Prazo de retorno: 18 mesesTradicionalInvestimento inicial: 250 mil reais
Prazo de retorno: 24 mesesFonte: Exame
Setor contará com espaço personalizado na edição de 2017 da Feira do Empreendedor
Na contramão da crise econômica, o setor de reparação automotiva viveu um ótimo ano em 2016 e segue em alta neste ano. Sem renda para investir em veículos zero-quilômetro, os clientes têm optado pelo conserto dos automóveis usados, aquecendo o segmento das oficinas mecânicas. Com essa mudança no mercado, o Sebrae-SP adicionou à Feira do Empreendedor de 2017 uma oficina-modelo, espaço voltado exclusivamente para o setor.Presente pela primeira vez na história do evento, que acontece entre os dias 18 e 21 de fevereiro, no Pavilhão do Anhembi, em São Paulo, a oficina-modelo contará com 150 m² de área, arquibancada, quatro consultores especialistas e capacidade para atender até 50 pessoas por hora. Segundo José Paulo Albanez, coordenador estadual dos projetos de reparação automotiva, a inclusão da novidade é uma resposta não somente ao crescimento do setor, mas também às solicitações feitas por empresários parceiros, que não encontraram alternativas sobre a temática na edição de 2016.“Esse espaço é uma grande conquista para os empresários de reparação automotiva que trabalham com o Sebrae-SP. A adesão mostra a força que o setor vem ganhando dentro do mercado brasileiro. Em 2014, eram somente cem empresários parceiros em São Paulo. Hoje, já somam mais de mil”, afirma o consultor. Segundo dados do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios), existem 16 mil oficinas mecânicas no estado.Pensando em como esses empresários podem aproveitar o crescimento da busca por reparos em veículos e nos visitantes interessados em abrir um negócio na área, Albanez separou uma lista com os principais desafios e oportunidades do setor.DESAFIOS1. Controle financeiro
Segundo Albanez, muitas das oficinas do Brasil são geridas por familiares. O controle financeiro profissional ainda é pouco adotado. “O mecânico gosta da parte técnica”, diz o consultor. Para a empresa crescer, é importante que as finanças sejam organizadas. O dono da oficina precisa ter em mãos, para início de controle, o orçamento anual, o fluxo de caixa trimestral e o demonstrativo financeiro mensal do negócio. “Com esses três relatórios, o planejamento começa a ganhar eficiência”, diz Albanez. A partir daí, o empresário pode definir, por exemplo, quais são os períodos em que a empresa mais fatura e alinhar o planejamento da equipe. “Os melhores funcionários não devem sair de férias na época em que o negócio está vendendo mais serviços.”2. Contratação e retenção de funcionários
Uma das maiores dificuldades dos donos de oficinas é a insegurança que eles têm em relação aos seus empregados. Muitas vezes, eles não investem na capacitação da equipe por medo de perder empregados para concorrentes ou até mesmo de que abram a sua própria oficina. Isso, na visão do consultor do Sebrae-SP, é um erro. Quanto melhor o seu funcionário, mais produtiva será a sua oficina. “Além disso, o negócio deixa de ser dependente da sua expertise. O empresário deve oferecer treinamento sem receio do que pode acontecer”, afirma. Segundo Albanez, se o negócio oferece boas condições de trabalho, é muito provável que o funcionário continue na empresa.3. Acompanhamento das tecnologias
De acordo com Albanez, o dono de oficina mecânica precisa saber que não há mais como diagnosticar o problema de um carro pelo ruído. “Isso não existe mais. Não basta o ‘chutômetro’”, afirma o consultor, que destaca a importância de se atualizar com as novas tecnologias. Da mesma forma, o especialista também aponta a importância de saber que dificilmente uma oficina terá sucesso se depender do faturamento sobre as peças. O mercado mudou e agora conta com novos players, que oferecem produtos mais baratos. “É preciso entender que os ganhos devem ser em cima dos serviços.” Outra forma de manter um bom faturamento é evitando desperdícios, algo comum em oficinas mecânicas. “A desorganização gera perda de tempo, que resulta em perda de dinheiro.”4. Atendimento e fidelização
Nas oficinas mecânicas, o mau atendimento é um dos responsáveis por afastar clientes. “Hoje a comunicação ainda é falha e inadequada”, diz Albanez. Muitas vezes, os donos dos carros saem com a impressão de que não receberam a devida atenção porque o mecânico estava muito ocupado. Outro fator que precisa ser compreendido pelo empresário do setor é que o público feminino está cada vez mais presente e merece o mesmo respeito e atenção que qualquer outro público. Também é importante que o mecânico seja claro e objetivo, relatando com honestidade quais são os problemas do veículo e o que ele pode fazer para mudar a situação. “O mecânico ainda é muito passivo e falho na fidelização. Ele aguarda a chegada do problema, não corre atrás do clientes.” Por isso, recomenda-se que a empresa colete dados e registre os reparos feitos nos veículos. Quando estiver na hora de fazer uma revisão, ele deve procurar o cliente, alertando sobre os riscos de não ir à oficina, por exemplo.5. O cliente busca solução
Voltando à questão da honestidade, é importante saber: o cliente não está preocupado em buscar o menor preço, mas sim em resolver o seu problema. Por isso, é importante ser claro em relação ao que precisa ser feito, alertando os riscos de adiar aquele conserto, sem medo de perder o cliente por conta do valor total do trabalho. “Solucionar problemas deve ser a principal motivação de uma oficina mecânica”, afirma Albanez.OPORTUNIDADES1. Mercado em expansão
Este ano deve ser importante para as oficinas mecânicas. Como a economia ainda não demonstrou força para sair da crise, os condutores continuarão sem dinheiro para comprar um zero-quilômetro. Cabe às empresas de reparação automotiva atrair os donos de carros mais antigos. “Se uma pastilha de freio deixa de funcionar, o dono do veículo precisa arrumar. É uma questão de segurança”, afirma Albanez. Quem está pensando em empreender precisa ficar atento a esse setor.2. Proximidade com o cliente
É comum, quando uma pessoa deixa o carro para arrumar em uma oficina, que ela precise de transporte público para ir ao trabalho. Por isso, a dica é instalar a empresa em um local de fácil acesso a pontos de ônibus e metrô. “Fica mais fácil deixar o carro, trabalhar e depois pegar o veículo já arrumado no fim da noite”, afirma Albanez. Também é importante tornar a empresa conhecida nas redondezas. Usar as redes sociais e até mesmo o boca a boca no bairro pode fazer toda a diferença para ganhar espaço no mercado.3. Conscientização como valor
Como são muito reativas, as oficinas mecânicas perdem clientes. Uma forma de evitar isso é trabalhar a manutenção preventiva e conscientizar os consumidores em relação ao cuidado que precisam ter com seus veículos. A orientação de um bom mecânico, mostrando o risco que um carro com peças antigas pode trazer para a família do cliente, torna a venda responsável e valorosa. “Ele precisa avisar o cliente, e não deixá-lo descobrir o problema sozinho”, afirma o consultor.4. Especializações e parcerias
A oferta de serviços especializados vem dando certo no mercado de reparação automotiva. Algumas empresas já se destacam no mercado por lidarem com problemas de ar-condicionado e airbags, por exemplo. “É a especialização das especializações”, diz Albanez. Aliar isso ao atendimento que você oferece pode ser uma boa saída para a oficina. Se notar que a procura por um serviço específico está crescendo, talvez seja interessante investir no treinamento de um funcionário para cumprir tal função.5. Busca por novos clientes
Proatividade. Essa é uma palavra que pode fazer toda a diferença para um dono de oficina mecânica. Para o consultor do Sebrae-SP, a estratégia da constante busca por novos clientes não pode parar. “Duas horas sem reparar um carro é dinheiro perdido”, diz. O recomendado é que o empresário trabalhe com alguns brindes, como calendários, fichas e etiquetas, deixando marcado a sua empresa na memória dos clientes. “São artigos baratos que geram fidelização”, afirma Albanez.Fonte: PEGN
Muitos futuros empreendedores são movidos pela vontade de “não ter chefe” e pela possibilidade de ficarem ricos. É preciso ter cuidado com pré-conceitos.
Dúvida: empreender virou o sonho de milhões de brasileiros, mas ainda há muitos pensamentos errôneos (Thinkstock)
Está pensando em empreender?Há nove anos, quando iniciei minha jornada no mundo dos empreendedores, a palavra empreendedorismo não era tão pop quanto é hoje; ainda não estávamos na moda. De lá pra cá, muita coisa mudou: empreender virou o sonho de milhões de brasileiros, muitos movidos pela vontade de “não ter chefe” e pela possibilidade de ficarem ricos.
1. Eu vou mesmo ser o único chefe?
Não ter chefe, infelizmente, não é 100% verdade. Você tem muito mais “chefes”: seus clientes, seus parceiros, seus funcionários, todos que dependem de você e da sua empresa. Você vai perceber que essas cobranças são muito piores.
2. Tenho chances de ficar rico?
Sim, claro que tem, se você criar um negócio que gere valor para as pessoas, que resolva problemas reais da sociedade, você tem uma grande chance de ficar rico. Qual o caminho? O que devo aprender?
3. Se já trabalhei em empresas, sei empreender?
A parte difícil: o mundo corporativo não te prepara para empreender. Acredite nisso: eu mesma senti na pele. As regras estabelecidas no ambiente corporativo mais o despreparam, porque o aprisionam numa caixa onde você é responsável pela sua área e pelos seus objetivos, e pouco se preocupa com as demais questões da empresa.Se precisa de contratação de funcionários, chame o RH; se precisa resolver uma questão jurídica, chame o departamento jurídico; e assim vai. Quando você empreende, não tem a quem chamar a não ser você: sua capacidade, seus conhecimento e suas relações.
4. Posso buscar ajuda?
A primeira coisa é deixar o orgulho de lado e não ter medo de pedir ajuda, de contar com amigos e pessoas do seu relacionamento. Se conseguir, arrume um mentor: alguém reconhecido, com mais experiência e que tenha uma boa rede de relacionamentos. Além de conselhos, vai abrir portas para você.
5. Como posso aprender mais sobre empreender sozinho?
Não conhece o mundo dos empreendedores? Busque capacitação! Existem cursos rápidos que podem ajudá-lo a entender este ambiente e lhe economizam um bom tempo. Todo investimento em conhecimento sempre vale a pena.Algumas dicas de cursos estão abaixo, mas você pode buscar capacitação também online, como os portais Endeavor, Sebrae e Rede Mulher Empreendedora:
7. E como ter ideias?
Não tem ideia de que tipo de negócio abrir? Todo mundo fala para você seguir seu sonho, é verdade, mas não adianta seguir seu sonho se ninguém quiser comprar, certo? Além de seguir o sonho, é importante estar atento aos movimentos da nossa sociedade.O que isto significa? As melhores oportunidades de negócios estão nos maiores problemas da sociedade.
7. Posso (e devo) empreender sem sócios?
Sozinho ou acompanhado? Empreender já é naturalmente muito solitário. Ter os sócios certos, com competências complementares e com mesmos valores de vida é um bom passo para o sucesso do seu negócio.
8. Dá para empreender sem dinheiro?
Com ou sem dinheiro? Dependendo do tipo de negócio, você vai precisar de menos ou mais recursos financeiros. Prepare o terreno, faça uma reserva financeira e reorganize suas despesas.No início, todo negócio exige investimento, além da sua dedicação de tempo. Essa fase varia de 18 meses a 5 anos, em alguns casos. Anjos investidores só aparecem numa fase mais a frente, quando seu negócio precisa de recurso para crescer. Até lá, você tem que se virar com o que tem ou buscar apoio de familiares e amigos.
9. Tive uma ideia. E agora?
Decidiu qual ideia vai botar de pé? Mão na massa: menos plano de negócio e mais ação. Nessa fase, o mais importante é ter uma versão simples do seu produto ou serviço e testar o processo de vendas com clientes reais. É que o chamamos de MVP (Mínimo Produto Viável), fase importante para testar o modelo, fazer ajustes, corrigir erros e, acima de tudo, gerar aprendizado para o empreendedor.
10. Está dando tudo errado. Devo desistir?
O negócio já está rodando e não está dando os resultados que você imaginava? Bem vindo ao mundo dos empreendedores: onde a rotina não faz parte do jogo, o risco é constante e ter estômago forte vai ajudá-lo a atravessar a fase mais difícil de qualquer negócio.Mas, acredite: estando no caminho certo, você tem a chance de construir algo que não só vai mudar sua vida, mas pode mudar a sociedade.Ana Fontes é fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME).Fonte: Exame
Quer criar seu próprio empreendimento este ano, mas nem sabe por onde começar? Confira suas principais tarefas:
Empreendedor feliz em negócio: muita gente resolveu tomar coragem e adicionar o negócio próprio na lista de promessas de 2017 (Thinkstock)
São Paulo – O ano de 2017 traz novos ventos econômicos. Com isso, muita gente que até imaginava virar empreendedora, mas tinha receio de enfrentar anos de recessão, resolveu tomar coragem e adicionar o negócio próprio na lista de promessas.“Há um consenso dos economistas de que a economia vai fazer um movimento contrário neste novo ano: a descida do crescimento se tornará uma subida, ainda que seja algo lento e gradual. É uma época que vai ser diferente, porque as expectativas também são diferentes”, analisa Gilbeto Braga, professor de finanças do Ibmec/RJ.Com isso, alguns setores podem começar a crescer neste semestre e, principalmente, no próximo. “É uma boa época para procurar negócios e pesquisar o segmento certo, o lugar certo e o momento de abertura certo”, completa Luis Henrique Stockler, da consultoria ba}STOCKLER.Além disso, Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae, prevê que algumas medidas podem ser aprovadas neste ano para melhorar o ambiente empreendedor.A principal delas é a redução do tempo de abertura de empresas que se encaixam no programa Simples Nacional: esse período passaria de 102 para 5 dias. “Em Brasília, já conseguimos estabelecer um padrão de países desenvolvidos, que é um prazo de 2 dias para a abertura de negócios. Agora, o próximo alvo é a cidade de São Paulo.”Ficou animado com as perspectivas de 2017 e quer, finalmente, abrir seu primeiro negócio próprio? Confira, a seguir, alguns passos essenciais para isso:
1. Pesquise bem o que você irá fazer
O primeiro passo de um negócio é, claro, ter uma ideia. Porém, apenas uma ideia não forma um negócio de sucesso: é preciso verificar se ela condiz com a realidade.Por isso, um dos primeiros passos para empreender é realizar uma boa pesquisa de mercado. “Pesquise quem é seu público-alvo ideal, quem são seus concorrentes e, principalmente, qual será a sua proposta única de valor, o seu diferencial”, aconselha Stockler.
2. Elabore um plano de negócios e faça o teste
Agora que você já pesquisou as condições do seu futuro mercado de atuação, é preciso estruturar sua empresa de forma mais detalhada.Como? Fazendo um bom plano de negócio, colocando aspectos como atividade principal, proposta de valor, público-alvo, parcerias estratégicas, fontes de receita e estrutura de custos.Sobre dimensionar o capital necessário, um aviso: sempre se prepare para talvez gastar mais do que você estima. “Não dá para pensar em tudo que pode acontecer com uma empresa: imprevistos ocorrem. Por isso, se seu capital estimado for de 100 mil reais, guarde 150 mil reais, por exemplo.”Se você não sabe como estruturar um plano de negócios, há diversas metodologias que facilitam o trabalho. Uma das mais conhecidas é o Business Canvas Model, por exemplo. Também há sites e instituições que ajudam nesse planejamento, como o Sebrae.“O plano de negócios é importante porque diminui a margem de erro no início na operação. Mesmo que você precise de um profissional para isso, é um investimento que se paga no futuro”, completa Braga, do Ibmec.Vale lembrar que o plano de negócios também inclui a construção de um Mínimo Produto Viável (MVP): uma versão simplificada do que você irá oferecer, que deve ser testada entre seus clientes potenciais. Se a resposta deles for positiva, é hora de realmente investir o capital projetado.
3. Avalie pontos comerciais
Um dos poucos lados bons em uma crise econômica é que quem abrir um negócio encontra melhores condições de negociação com seus fornecedores, diante da falta de demanda. É o caso, por exemplo, dos pontos comerciais para aluguel.Por isso, se seu negócio precisa de uma sede física para operar, é uma boa hora para pesquisar. “Há muitos imóveis comerciais com descontos ou com multas anteriores perdoadas, e isso significa uma redução significativa no seu investimento inicial”, ressalta Braga, do Ibmec.
4. Procure estudar mais sobre gestão e mentalidade empreendedora
Outro passo muito importante para abrir sua própria empresa é abandonar a mentalidade de funcionário: ou seja, pensar apenas no seu setor de atuação.Ao estudar conceitos de gestão, que costumam ser mais amplos e abranger diversos setores, você começará a pensar mais como um empreendedor – unindo sua habilidade inovadora a uma visão estratégica da empresa. “Sem essa mentalidade, o negócio não vira. É como dirigir: quem não sabe acelerar direito, capota na primeira curva”, ressalta Afif, do Sebrae.Assim como no plano de negócios, é possível aprender mais sobre administração empresarial por meio de materiais gratuitos e online.
5. Arranje um mentor
Caso você seja um empreendedor de primeira viagem, tudo isso pode parecer uma tarefa muito complicada.Por isso, pode ser uma boa ideia arranjar um consultor ou mentor de negócios – seja de maneira formal ou simplesmente pedindo conselhos a quem já passou por essa experiência.“É sempre bom o iniciante ter um consultor sênior: alguém que tem uma visão que esse empreendedor de primeira viagem, por falta de experiência, não tem”, defende Afif.Esse mentor poderá ajudá-lo tanto na etapa de concepção do plano de negócios quanto no futuro, quando sua empresa passar por problemas mais específicos – além de contribuir para a formação do seu networking no mundo empreendedor.
6. Faça um calendário de atividades
Você já tem uma ideia, um bom plano de negócios, um teste com seu público-alvo, um ponto comercial e até um mentor para ajudá-lo com suas futuras dúvidas. Agora, é hora de realmente partir para a ação: crie um calendário de atividades e faça sua empresa acontecer.Para não perder os detalhes de cada uma das tarefas e se enrolar no planejamento, Stockler recomenda usar uma metodologia chamada “5WH2”. Derivada do inglês, a sigla elenca sete perguntar que você deve responder sobre cada atividade que fizer: o quê (“what”), por quê (“why”), quando (“when”), onde (“where”), quem (“who”), como (“how”) e quanto (“how much”).
7. Estabeleça uma presença digital
Uma dessas atividades, diz Braga, é a elaboração de uma presença digital – mesmo se sua empresa ainda nem abriu as portas.“É uma tarefa de custo baixo, mas que agrega muito valor à empresa. Você já ganha um ponto de diferenciação em relação aos seus concorrentes se tiver uma boa presença e os consumidores conseguirem saber mais sobre seu negócio”, ressalta o docente do Ibmec. “Além de divulgar seu produto ou serviço, sua marca também começa a ser lembrada pelas pessoas, incluindo seu público-alvo.”Fonte: Exame
Se 2016 foi o ano da crise, 2017 será o ano da sobrevivência, segundo especialistas ouvidos pelo UOL. O consumo deve continuar em baixa, e o desemprego deve aumentar. O cenário faz com que o empreendedorismo vire uma alternativa de renda para muitas pessoas, mas também aumenta o risco do negócio.Quem pretende abrir uma empresa em 2017 precisa estar atento ao noticiário econômico e acompanhar as tendências do mercado. Quem afirma é o consultor do Sebrae-SP Vitor dos Santos e o professor de empreendedorismo e estratégia de negócios da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Alberto Ajzental.Abaixo, os dois especialistas dão cinco dias para quem pretende iniciar um negócio em 2017:
1. Não invista muito
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Os clientes estão com menos dinheiro e buscam soluções mais simples e baratas: produtos de marcas inferiores, consertos em vez de comprar um item novo e assim por diante.Além disso, quanto menor for o investimento, menor será o prejuízo se a empresa não der certo. "Não invista todo o seu dinheiro, arrisque menos e mantenha uma reserva financeira", diz Alberto Ajzental, da FGV. Começar com empréstimo nem pensar: os juros bancários estão muito altos, e é melhor buscar um sócio com capital, dizem os especialistas.
2. Aposte no que você já conhece
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Não adianta querer entrar em um negócio porque dizem que "dá dinheiro". Ter experiência no setor, conhecer a concorrência e fazer algo em que é bom e de que gosta são fatores que contribuem para o sucesso, segundo Vitor dos Santos, do Sebrae-SP.
3. Faça um planejamento financeiro
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Coloque no papel quanto vai investir, quando pretende ter o retorno do investimento, de quanto precisa para renda familiar e assim por diante."O planejamento financeiro detalhado é essencial para o sonho do negócio próprio não virar pesadelo", diz Santos.
4. Busque parcerias
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Manter uma estrutura enxuta é uma forma de diminuir os custos da empresa. Busque parcerias com outras empresas, seja para conseguir comprar matéria-prima a um preço menor, por exemplo, ou para terceirizar uma parte dos seus processos."Ter parceiros com experiência em outras áreas é positivo, pois permite que você foque no seu negócio principal", afirma Ajzental, da FGV.
5. Atenda uma necessidade básica do cliente
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Em épocas de crise, as pessoas compram apenas por necessidade. Quanto mais básica for a necessidade do cliente, menor será a dúvida dele na hora da compra."Os empresários precisam entender realmente qual é a necessidade do cliente. Não é entender do seu produto, e sim da necessidade que ele atende. Focar nisso é um ótimo argumento de vendas", diz Santos, do Sebrae-SP.Fonte: UOL
Empreendedores aproveitam a proximidade e incentivos fiscais para abrir operações no país vizinho
Enquanto o desemprego no Brasil se aproxima de 12% em meio a dois anos seguidos de encolhimento da economia, há indústrias brasileiras abrindo novas fábricas e criando milhares de novos empregos diretos.Esses investimentos, no entanto, são realizados no Paraguai, país que quer aproveitar a proximidade com o Brasil para ser uma plataforma de produção barata e livre de burocracia para o abastecimento do mercado de consumo brasileiro.A estratégia de atrair investimentos e empregos ao abrir mão da cobrança de impostos tem dado resultado. A lei da maquila, que garante o pagamento de apenas 1% de tributo às companhias que abrirem fábricas no Paraguai e exportarem 100% da produção, existe desde 1997.Outras vantagens incluem gastos menores com mão de obra e energia elétrica. O salto quantitativo desse programa, porém, se deu nos últimos três anos - justamente quando a economia brasileira começou a andar para trás.Embora o total de empregos gerado pelas "maquiladoras" ainda seja pequeno em comparação ao tamanho da economia brasileira, o ritmo de migração de investimentos do Brasil para o Paraguai está em aceleração. Das 124 indústrias incluídas no programa de maquilas, 78 abriram as portas desde 2014.Dos 11,3 mil empregos gerados pelo programa, 6,7 mil são fruto dos investimentos dos últimos três anos. E existem mais projetos de expansão que devem gerar milhares de vagas em 2017.Interesse
O Foro Brasil-Paraguai, sediado em Assunção e dedicado exclusivamente a apresentar as oportunidades do país a brasileiros, recebe dezenas de consultas por semana. A entidade calcula que dois terços dos investimentos no Paraguai nos últimos anos sejam de empresas de capital brasileiro.Mas o País também tem um forte peso no terço restante: as montadoras estrangeiras começaram a produzir peças em solo paraguaio para abastecer as montadoras instaladas no Brasil.A transformação do Paraguai em uma "China da América do Sul" é um projeto do presidente Horacio Cartes, no poder há três anos. A prioridade de Cartes – que também é um dos empresários paraguaios mais ricos – é gerar empregos para a mão de obra paraguaia.Mais de 70% da população de 6,8 milhões de habitantes tem menos de 30 anos e boa parte ainda atua na informalidade. A estratégia é elogiada pelo setor produtivo. Cartes, porém, enfrenta críticas por ter abandonado programas sociais, em especial no interior.Durante a passagem da reportagem por Assunção houve um protesto contra o atual presidente – com direito a cartazes "Fora Cartes". Uma recente pesquisa põe o índice de popularidade do presidente em 23%, um dos mais baixos da América Latina.Além disso, o socialista Fernando Lugo, deposto em 2012, é um nome que ganha força para as eleições de 2018.O discurso do governo paraguaio é que o programa de maquilas visa a construir uma parceria com o Brasil. "A ideia é que nós venhamos a substituir os produtos que as empresas brasileiras hoje trazem da China", diz o ministro da Indústria e Comércio do país, Gustavo Leite.Porém, segundo o vice-presidente do Foro Brasil-Paraguai, Junio Dantas, é impossível saber se o investimento no Paraguai substituirá empregos no Brasil ou na China. "É uma decisão do empresário."Aceleração
Entre as empresas que estão usando o Paraguai para substituir importações chinesas está a Riachuelo. Foi a rede brasileira que viabilizou a Texcin, indústria montada pelo paraguaio Andrés Gwynn.Hoje, a fábrica emprega 400 pessoas e produz 300 mil peças ao mês. Mas o contrato de dez anos com a Riachuelo prevê que, dentro de um ano e meio, a produção seja elevada a 1 milhão de unidades. Com isso, os funcionários chegarão a 1,5 mil.Gwynn conta que teve a ideia de atrair a Riachuelo ao Paraguai ao ver a foto do presidente da empresa, Flávio Rocha, em uma banca de revista no Aeroporto de Guarulhos.O empresário ligou para a secretária de Rocha e, após alguns dias de insistência, conseguiu uma reunião de cinco minutos para apresentar as vantagens do Paraguai. "Acabamos conversando o dia todo", lembra Gwynn.Indústrias que enfrentam forte concorrência de produtos baratos vindos da Ásia – como materiais plásticos, brinquedos e confecções – estão entre as mais propensas a aproveitar as vantagens da lei das maquilas.Uma das pioneiras do movimento foi a X-Plast, que fechou a unidade no interior de São Paulo e se instalou há três anos em Ciudad del Este, a 4 km da fronteira com Foz do Iguaçu. Procurada, a empresa não respondeu aos pedidos de entrevista.As marcas brasileiras Bracol e Fujiwara, de sapatos para trabalhadores industriais, decidiram aproveitar as vantagens de custo do Paraguai em 2014. Elas são sócias de Andrés Gwynn na Marseg.A empresa chegou a ter 1,5 mil empregados. Com a crise no Brasil, que afetou em cheio a indústria, cortando mais de 30 mil empregos apenas em montadoras, a Marseg reduziu os funcionários para 800. Autopeças. As companhias internacionais de autopeças também estão migrando para o Paraguai.O sócio da Riachuelo no país, que também atua como cicerone para empresários estrangeiros, já ajudou a trazer seis fornecedoras de montadoras para o Paraguai. Entre essas companhias está a alemã Leoni, que produz chicotes elétricos.O gerente da unidade da Leoni no Paraguai é o brasileiro Fábio Lopes da Silva.Ele conta que a maior parte da produção vai para montadoras instaladas no Brasil, onde a empresa mantém uma planta em Itu (SP), com 500 funcionários.Embora não haja planos para desativar a fábrica no Brasil, Silva diz que, com o tempo, a planta paraguaia se tornará mais importante. "Hoje, empregamos aqui 300 pessoas, mas o projeto é ampliar para mil colaboradores."Fonte: PEGN
Dieta baseada em vegetais, livre de todos os alimentos de origem animal, como: carne, laticínios, ovos e mel, bem como produtos como o couro e qualquer produto testado em animais.https://youtu.be/SwysXbD4oF8Fonte: Mundo SA
O professor do Insper João Luiz Mascolo comentou algumas das mudanças anunciadas por Michel Temer e sua equipe
Na última quinta-feira, o presidente Michel Temer e sua equipe econômica anunciaram uma série de medidas microeconômicas para impulsionar a economia do país, gerar empregos e combater a inadimplência. Se forem oficializadas, algumas delas teriam poder de impactar consideravelmente a vida do empreendedor, como a redução dos juros do cartão de crédito, a diminuição do prazo de pagamento aos lojistas pelas operadoras de cartão e a eliminação de parte da multa em demissões sem justa causa.Para João Luiz Mascolo, professor do MBA Executivo do Insper, apesar de parecerem importantes, alguns anúncios feitos pelo governo são muito mais para “mostrar serviço” do que, de fato, trazerem algum alívio à população e aos empreendedores. “Vivemos um momento difícil na política do país, com a quantidade de políticos envolvidos em denúncias de corrupção e a baixa popularidade do presidente, e esse anúncio parece ter vindo para acalmar o ânimo da população."Parte da descrença do professor – e também de boa parte do mercado – em relação às medidas prometidas pelo governo vem do fato de que algumas delas não são decisões que podem ser tomadas pelo poder público. É o caso da redução de juros do cartão de crédito. “O governo não tem influência para determinar quanto os grandes bancos privados devem cobrar pelos juros. O que foi esse anúncio, então? Um apelo às instituições?”. Outro ponto é que algumas das mudanças poderiam afetar a receita do governo federal, que já está bastante endividado. "Eliminar alguns impostos e taxas agora deve implicar na criação de novos mais para a frente, quando a poeira tiver baixado em Brasília."Em entrevista exclusiva à Pequenas Empresas & Grandes Negócios, ele falou sobre algumas das medidas prometidas pelo governo de Michel Temer e quais seriam seus impactos na vida dos donos de negócios e na economia do país. Veja a seguir:Redução dos juros do cartão de crédito
Para Mascolo, a única maneira possível de reduzir os juros do cartão de crédito seria aumentar a oferta de instituições financeiras no país. “Temos três bancos privados e dois públicos atuando no Brasil hoje. É claro que eles vão cobrar mais caro porque os consumidores não têm para onde correr. Para a comparar, os Estados Unidos possuem oito mil bancos”, diz o professor. Ele explica: o juro é o preço do crédito. “Se o juro está caro, o problema é de oferta e demanda. A oferta de bancos é pequena e a demanda por crédito é alta.” Com as recentes aquisições de Citybank pelo Itaú Unibanco e HSBC pelo Bradesco, o setor financeiro brasileiro ficou ainda menor. “Como o governo anuncia a redução dos juros do cartão se ele não tem influência nessa decisão? Não adianta fazer um apelo aos bancos. O que precisamos são de mais deles operando, estimulando a competitividade.”Redução de no mínimo 40% dos tributos para importação e exportação
Para o professor, apesar de a medida ser plausível e possivelmente boa para os negócios brasileiros, ela também implicaria numa perda de receita por parte do governo. “Brasília receberia menos dinheiro, num momento em que a relação entre dívida pública e PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas de um país) está enorme”, afirma Mascolo. “O governo não tem dinheiro e estaria reduzindo uma de suas fontes de receita.”Eliminação de parte da multa por demissão sem justa causa
Para o professor, apesar de a medida fazer sentido para os empreendedores, ela também mostra certo desespero do governo em termos de receita. É como um cobertor curto demais: de um lado, a proposta ajudaria o empresário fazendo com que ele gaste menos em demissões, em um momento em que muitos funcionários estão sendo desligados das operações por conta da crise. De outro, existe um governo afogado em dívidas que está extinguindo parte de suas fontes de receita. “Eu acredito que, por isso, outras receitas deverão ser criadas”, diz Mascolo. “Eu não descarto que, assim que o cenário político permitir, ele [Michel Temer] terá de aumentar as fontes de receita criando outros impostos.”Diminuição do prazo de pagamento aos lojistas pelas operadoras de cartão de crédito
“Ou essa medida é para tirar os pequenos [negócios] do mercado de cartão de crédito ou é para estimular os bancos a dar mais crédito”, diz o professor. De fato, o Nubank anunciou nesta segunda-feira que pode fechar caso o prazo de pagamento aos lojistas mude de 30 para dois dias. “Qual a operadora que teria condições fluxo de caixa para repassar aos lojistas o valor das compras em até dois dias? Apenas os grandes bancos tem estrutura para isso.”Pagamento de dívidas com o FGTS
Para o professor esta é outra medida que beneficia as grandes instituições financeiras. “Irá aliviar a vida dos bancos, que estão com muita inadimplência”, diz. “Agora, você acha que o banco dará crédito novamente ao sujeito que estava inadimplente com ele até agora? Eu duvido.” Da mesma maneira, Mascolo cita o problema do endividamento das famílias. “A pessoa que acabou de usar o FGTS, a aposentadoria dela, para pagar uma dívida não quer voltar a ficar endividada. Não faz sentido ela pegar mais crédito". A grande questão aqui é que, se as famílias pegassem mais crédito, teriam mais dinheiro para gastar - o que estimularia a economia e os negócios. Porém, se elas irão apenas usar o FGTS para pagar dívidas e não voltarão a gastar - por medo de ficarem endividadas novamente - essa injeção de capital não acontecerá.Fonte: PEGN
A família Burmaian fatura mais de 2 bilhões de reais por ano com outro banco na Flórida, oito redes com mais de 400 lojas e cinco shoppings no país
Loja da World Tennis, em São Paulo: uma das oito redes que a família Burmaian controla (Germano Luders/Revista EXAME)
São Paulo — No fim de outubro, a empresária Hilda Burmaian desembolsou, em duas semanas, 60 milhões de reais para comprar ações do Banco Sofisa. Hilda é a controladora do banco desde a morte do marido, em 2006, e seus quatro filhos também são acionistas. O propósito era fechar o capital da empresa num momento de forte desvalorização das ações — os papéis foram comprados a 4,5 reais e haviam sido vendidos, na oferta pública inicial nove anos antes, a 12 reais.Os controladores também precisavam obedecer a uma ordem da Comissão de Valores Mobiliários, que identificou, em 2014, que os Burmaian haviam comprado mais ações do que poderiam no mercado e que seriam obrigados a fazer uma oferta de compra aos minoritários — ou teriam de vender algumas de suas ações. Em dezembro, o Sofisa voltou a ser um banco de capital fechado.De origem armênia, a família Burmaian operou sob absoluta discrição durante décadas. E o Sofisa é apenas um de seus vários negócios, que, somados, faturam mais de 2 bilhões de reais por ano. Os Burmaian têm um banco nos Estados Unidos, cinco shoppings no interior de São Paulo, três redes de alimentação, três redes de lojas de calçados e duas redes de vestuário, num total de quase 450 lojas no país, entre próprias e franqueadas.O atual presidente do Sofisa é Alexandre, um dos quatro filhos de Hilda com Varujan Burmaian — este, o fundador do grupo. Antes de assumir o Sofisa, Alexandre morou sete anos nos Estados Unidos, onde comandava o outro banco da família — o Sunstate Bank, na Flórida. Criado em 1999, o Sunstate é um dos menores bancos do estado, com três agências de atendimento e 200 milhões de dólares em ativos.No fim de 2014, o conselho de administração do Sunstate foi notificado pelos reguladores americanos de que deveria ter participação mais ativa no dia a dia do banco e melhorar suas práticas de controle de risco — consideradas fracas pelos reguladores em quesitos como identificação de lavagem de dinheiro. Em 2016, o Sunstate concluiu as mudanças de controle e ficou livre de multas administrativas. No Brasil, a trajetória do Sofisa no mercado acionário não foi das mais brilhantes.Criado na década de 60 como uma financeira especializada em varejo, foi comprado por Varujan em 1981 e transformado num banco dedicado a atender pequenas e médias empresas. Como as companhias menores foram as primeiras a sentir o impacto da atual crise econômica, o resultado do banco foi afetado. O Sofisa chegou a suspender novos empréstimos em 2014, abrindo mão de crescer para reduzir o risco de inadimplência.O banco, que chegou à bolsa com patrimônio de 854 milhões de reais, despediu-se com patrimônio de 740 milhões de reais e uma carteira de crédito 30% menor. A principal inovação do banco foi a criação de um modelo de investimento online. O Sofisa Direto, plataforma de investimentos do banco, foi lançado em 2011, e o banco foi o primeiro a não cobrar taxa de abertura de conta e a comparar os papéis de renda fixa privados com títulos públicos.Mas vieram concorrentes, como XP Investimentos, Órama, Rico e Easyinvest, e o Sofisa, que só oferece os próprios papéis, ficou para trás. A história do Sofisa não é muito diferente de outros bancos médios listados em bolsa que também foram pressionados pela crise: o Indusval busca uma nova capitalização, o banco BIC foi vendido a um grupo chinês, o Cruzeiro do Sul quebrou e o Daycoval encolheu.
Varujan e o varejo
Marcio Kumruiam, fundador da loja eletrônica de artigos esportivos Netshoes, gosta de dizer que os descendentes de armênios não têm antepassados, mas “antessapatos”. Sua família milita no varejo calçadista desde os anos 80, e ele adaptou a tradição aos tempos da internet. Não foi diferente com os Burmaian. Os pais de Varujan vieram para o Brasil fugidos do genocídio armênio no Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial.A família abriu um armarinho nos anos 60, mas Varujan decidiu seguir o caminho da comunidade armênia e montou uma loja popular de sapatos, a Dic Calçados, na rua São Bento, no centro de São Paulo. Nos anos 90, inaugurou a rede de calçados esportivos World Tennis. O filho Ricardo, que era o encarregado das compras da Dic, assumiu o novo negócio. Ainda hoje a World Tennis é a única rede nacional especializada em tênis, com 255 lojas.Em 1999, Ricardo fez uma parceria com o site de leilões Arremate para vender calçados pela internet, antes da existência de concorrentes como Dafiti e da entrada de outras redes tradicionais no varejo online, como a mineira Centauro. Nos últimos seis anos, a World Tennis fez duas aquisições para reduzir a concorrência, as redes especializadas Tennis One e Oxto. A Oxto acabou virando a marca própria de calçados do grupo e -suas lojas foram convertidas nas outras bandeiras. O grupo criou ainda uma nova rede, a World Tennis Classic, que voltou a incluir sapatos nas prateleiras, ao lado dos tênis.Foi por meio de aquisições também que a família entrou no ramo de alimentação em 2014. Hoje tem três redes de franquias de comida, incluindo alimentação saudável, cafeteria e batatas recheadas. As redes mantêm um controle rígido da expansão e da vida financeira dos franqueados — que não podem tomar empréstimos bancários, por exemplo. Também há um sistema de multas aos franqueados se houver reclamações de clientes.Com a experiência em comércio, o grupo da família Burmaian passou a investir também em shoppings — hoje é dono ou tem participação em cinco centros de compras no interior de São Paulo. Completam o império dos Burmaian outras duas redes de roupas, com seis lojas. Muitos de seus franqueados têm lojas de mais de uma das redes dos Burmaian. “Ter diversas marcas para oferecer aos franqueados virou uma forte tendência no Brasil”, afirma Alberto Serrentino, diretor da consultoria de varejo Varese.Assim, os Burmaian emplacam todas as suas oito marcas nos shoppings de que são sócios, e o mesmo franqueado pode ter duas lojas de tênis de redes diferentes e um restaurante. Procurada, a família não deu entrevista. Com a morte do patriarca, há dez anos, os dois filhos homens dividiram o comando dos negócios. Ricardo fica com o varejo; e Alexandre, com os bancos.As duas filhas de Hilda e Varujan, Valéria e Cláudia, não interferem nos negócios e ficam longe das colunas sociais — só foram citadas na época de seus casamentos, na devida tradição armênia, com alianças trocadas logo no início da cerimônia e os noivos coroados pelo padre; o convite foi enviado até ao presidente da Armênia (que acabou não aparecendo). Hilda só participa de eventos oficiais, que tenham o intuito de promover a cultura armênia ou arrecadar fundos para causas no país.Ela é hoje a cônsul da Armênia em São Paulo — a sede do consulado, aliás, fica no prédio do Banco Sofisa, na capital paulista. Ricardo é considerado centralizador e bem-sucedido nos negócios de franquias, mas poucas pessoas nesse setor o conhecem pessoalmente. Não investe em campanhas de televisão nem bombardeia possíveis clientes com anúncios na internet. Alexandre, o rosto mais conhecido, foi sócio da boate Club Disco, em São Paulo, vai continuar à frente do Sofisa com a saída da bolsa e faz parte do conselho do banco Sunstate.O período que se seguiu à abertura do capital do Sofisa foi o auge da notoriedade dos Burmaian. Nos tempos em que a ação subia, a família apareceu na lista de bilionários da revista Forbes. Como os resultados do banco pioraram e as ações caíram, deixou a lista. Agora que o Sofisa saiu da bolsa, vai ficar bem mais difícil calcular o patrimônio dos Burmaian, e seu nome tende a rarear ainda mais no noticiário — as coisas, portanto, vão voltar a ser do jeito que eles gostam.Fonte: Exame