A "Proposta McWhopper" não foi adiante porque o McDonald's não aceitou, mas o Burger King recebeu outras ofertas em prol do Dia da Paz e o Peace Day Burger foi criado. Fruto da colaboração entre Denny’s, Wayback Burgers, Krystal, Giraffas e, claro, Burger King, o Peace Day Burger™ vai combinar os ingredientes considerados mais gostosos de cada um dos principais sanduíches desses restaurantes em um único sanduíche. A mistura conterá partes do Bacon Slamburger (do Denny’s), do Wayback Classic (do Wayback Burgers), do Cheese Krystal (do Krystal), do Brutus (do Giraffas) e do Whopper (do Burger King).Fonte: Após não do McDonald's, Burger King anuncia Peace Day Burger - TerraO Peace Day Burger™ será servido apenas no dia 21 de setembro, na próxima segunda-feira, na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos, em um restaurante temporário, com o objetivo de gerar conhecimento sobre o Dia da Paz e a organização Peace One Day. O Peace Day Burger™ estará disponível das 11 às 18 horas. 1.500 sanduíches serão disponibilizados por ordem de chegada sem qualquer custo. Todas as marcas participantes estarão apoiando a causa por meio de doações financeiras feitas diretamente à organização Peace One Day.
Desde o lançamento da campanha McWhopper, a Peace One Day tem visto um crescimento no número de pessoas falando sobre o Dia da Paz em todos os tipos de mídias. O Dia da Paz, em 21 de setembro, é uma data de cessar-fogo e não violência adotada de forma unânime pelos estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Nosso objetivo a curto prazo é expor a importância do Dia da Paz a três bilhões de pessoas até 2016. É uma meta ambiciosa, mas bastante possível, particularmente com o apoio do setor empresarial – que tem todos os recursos e habilidade para disseminar o conhecimento sobre a data em larga escala. Essa consciência gera atitudes que podem salvar vidas”, acrescentou Jeremy Gilley, fundador da Peace One Day.
Após não do McDonald's, Burger King anuncia Peace Day Burger
Belo Horizonte sedia Semana Internacional do Café
A cidade de Belo Horizonte recebe, entre 24 e 26 de setembro, a terceira edição da Semana Internacional do Café. O encontro espera reunir 12 mil profissionais do setor, entre cafeicultores, torrefadores, classificadores, exportadores, compradores, fornecedores, empresários, baristas e proprietários de cafeterias, e tem por objetivo fortalecer e valorizar o segmento.Fonte: Belo Horizonte sedia Semana Internacional do CafÉ - TerraA programação dos três dias de evento inclui cursos, palestras, workshops e rodadas de negócios, e a expectativa é que a semana movimente R$ 25 milhões. Os ingressos para pessoas jurídicas profissionais do setor são gratuitos, enquanto os profissionais que não possuem CNPJ pagam R$ 20 por uma credencial válida para os três dias.O evento acontece na Expominas (Avenida Amazonas, 6.030, Gameleira). Maiores informações no site https://semanainternacionaldocafe.com.br/br/#home.
Escola profissionalizante cria franquia para microempreendedores
Quiksilver Brasil surfa na onda de vendas online e franquias
Nos últimos 5 anos, a filial dobrou de tamanho em faturamento
Kelly Slater, o maior surfista profissional do mundo, rompeu com o patrocínio de 23 anos com a Quiksilver no ano passado.A decisão de apostar em uma marca própria foi comparada a de outros mitos como Michael Jordan, com a Nike, e David Beckham, com a Adidas. E nada tem a ver com o recente pedido de recuperação judicial da matriz da companhia, na Califórnia.Da mesma forma, a subsidiária brasileira cresceu o suficiente para “andar com as próprias pernas”, sem depender da matriz.Nos últimos cinco anos, a filial dobrou de tamanho no país em faturamento, um feito e tanto quando levado em conta que 70% das vendas são de roupas para um público específico: amantes do surfe.“Na prática, o pedido de concordata nos Estados Unidos não interfere em nada nos nossos negócios”, garante Gustavo Belloc, diretor geral da rede no Brasil.Em entrevista a EXAME.com, Belloc contou sobre os planos da marca para o país. Veja a seguir:EXAME.com – Qual a estrutura da Quiksilver no Brasil hoje? Gustavo Belloc- Somos líderes no segmento de vestuário para surfe e skate, com três marcas no portfólio, 1.800 pontos de vendas em lojas multimarcas e 4 lojas próprias.Neste ano, também vamos iniciar nosso processo de expansão por meio de franquias. Esperamos ter quatro delas abertas até o final do ano e já temos até contratos pré-assinados para isso.A fabricação é terceirizada, tanto a de roupas, que representa 70% do nosso faturamento, quanto a de calçados, que lançamos em 2013.EXAME.com – A empresa tem sofrido com a crise no país? Belloc- Nossas vendas cresceram no ano passado e, neste ano, elas também devem ser maiores, ainda que não tanto quanto no ritmo de anos anteriores.Nos últimos cinco anos, tivemos um aumento de 114% em faturamento.EXAME.com - Como estão se adequando ao cenário atual? Belloc - Estamos aproveitando para investir no que acreditamos que nos fará crescer. Dos nossos 170 funcionários, 50 foram contratados neste ano, principalmente em decorrência do aumento da parte logística.Hoje temos dois centros de distribuição, um em São Paulo, para roupas e acessórios, e outro em Alphaville, para os calçados. Eles foram ampliados por conta da estratégia que traçamos para vendas online.EXAME.com – Quais são os planos de crescimento para este ano e próximo? Belloc – Queremos expandir essa distribuição por meio de novos canais, uma decisão que estamos tomando com cautela para não entrar em conflito com os nossos parceiros.Em novembro começamos com nossa loja virtual que funcionará a todo vapor a partir do início do ano que vem, com a venda de todos os nossos produtos.Hoje, vendemos nossos 2.000 itens lançados por ano em 2.000 pontos de vendas, a maioria lojas multimarcas. Também temos lojas próprias, com um modelo já foi testado, maturado e que queremos replicar por meio de franquias.EXAME.com – Quantas franquias da marca devem ser abertas e em quanto tempo? Belloc - Nosso intuito é ter uma loja da marca nas principias capitais do país, mas preferimos não divulgar metas.Os pontos terão diversos formatos para atrair níveis diferentes de franqueados. Os tamanhos de lojas devem variar de 40 a 120 metros quadrados e os investimentos de abertura, sem luvas, de R$ 350.000 até R$ 700.000.EXAME.com – Como o pedido de recuperação judicial da matriz, na Califórnia, afeta os negócios no Brasil? Belloc – Na prática, o pedido de concordata nos Estados Unidos não interfere em nada nos nossos negócios. Temos uma operação independente no Brasil, uma das subsidiárias mais rentáveis do mundo. Andamos com as próprias pernas.A marca está no país há mais de 30 anos, mas só há 10 assumiu a operação por meio de um sócio local. No final de 2013, nos tornamos uma subsidiária, com administração própria.EXAME – Se a empresa foi fundada na Austrália, por que a sede fica nos Estados Unidos? Belloc - A marca foi fundada na Austrália, mas como a operação americana era a principal em vendas e a Califórnia a referência de surfe mundial, logo a matriz se mudou para lá.Em 2005, no auge da companhia, eles compraram uma marca de sky, que acabou não sendo muito rentável, até porque tinha pouco a ver com nosso negócio principal, de surfe.A dívida que assumiram com a aquisição cresceu, desde então, agravada pela crise. Por isso eles fizeram esse acordo financeiro, que vale apenas para a operação de lá.Foi uma manobra para não comprometer a companhiao como um todo. Foi necessário passar por isso para operar de forma mais saudável daqui em diante.EXAME.com – O que exatamente significa ser independente da matriz? Belloc - Seguimos o direcionamento global em relação a produto, marketing, processos, mas temos independência na maneira de lidar com o negócio.Para se ter ideia, 70% da nossa coleção é feita no país para atender necessidades de consumidores brasileiros, tanto na parte de moda quanto na parte de modelagem – principalmente a destinada às brasileiras.EXAME – Além do Brasil, todas as demais subsidiárias trabalham de forma independente? Belloc – A Quiksilver está em 90 países, com vários modelos de negócios: subsidiárias, licenças e até operações diretas, como no Peru e Panamá.EXAME.com - Como funciona a verba de marketing e investimentos de lá para cá? E daqui para lá? Belloc- Não enviamos verba daqui para a matriz, com exceção dos dividendos que pagamos para eles, conforme nossa disponibilidade de caixa.Também há no Brasil uma etapa do circuito mundial de surfe, cujo patrocínio é subsidiado por uma meta global, assim como acontece com outros 10 atletas.A cada trimestre apresentamos para a matriz alguns planos de negócios, que incluem ações de marketing locais. Porém, a maior parte do lucro gerado acaba sendo reinvestido no próprio negócio brasileiro.Fonte: Quiksilver Brasil surfa na onda de vendas online e franquias - MSN - Exame
Plataforma pretende reduzir os custos das empresas em telecom
AB InBev, de Lemann, pretende adquirir concorrente SABMiller
Notícia fez com que ações das duas empresas saltassem
Há um acordo em fase de negociação que poderia trazer duas grandes rivais do mundo de cervejas, Bud Light e Coors Light, para o mesmo lado.A Anheuser-Busch InBev, empresa que tem Jorge Paulo Lemann como um de seus principais acionistas, disse, nesta quarta-feira (16), que entrou em contato com a SABMiller sobre uma potencial compra, em um acordo que criaria uma poderosa empresa global de cervejas. A notícia fez com que as ações da SABMiller chegassem a um crescimento de 21% no meio do dia na Bolsa de Londres enquanto as da AB InBev subissem 6% em Bruxelas.Em declaração, a SABMiller disse que a AB InBev informou que “pretende fazer uma proposta para adquiri-la.” Sua diretoria irá “revisar e responder adequadamente a qualquer proposta que possa ser feita”. A declaração reiterou que não era uma certeza que o acordo seria feito e não trouxe nenhuma informação sobre os termos do acordo. A empresa aconselhou os acionistas a manterem suas ações e “não tomar nenhuma atitude”.AB InBev disse, também em comunicado, que deve anunciar a decisão de fazer uma oferta para a SABMiller às 5h da tarde do dia 14 de outubro, caso contrário retirará a proposta, de acordo com as leis do Reino Unido. A declaração reforçou não existir certeza sobre nenhum acordo.Ambas as companhias já são grandes empresas globais de cerveja e o acordo irá, provavelmente, enfrentar preocupações antimonopólio. A belga AB InBev, criada em 2008 através de uma fusão entre Anheuser-Busch e InBev, é a maior empresa de cervejas do mundo, com marcas como Corona, Stella Artois, Budweiser, Bud Light, entre outras brasileiras via Ambev.A SABMiller, com matriz em Londres, é a segunda maior do mundo e tem marcas como Coors Light, Miller Light, Blue Moon, Peroni, Nastro Azzurro e Grolsch. Foi criada em 2002, quando a South African Breweries adquiriu a Miller Brewing Company, a segunda maior empresa de cervejas dos Estados Unidos.Uma fusão entre as duas gigantes tem sido tema de especulação há anos. O maior acionista da AB InBev é a empresa de ativos privados brasileira 3G Capital, conhecida por adquirir negócios, baixar custos e buscar expansão global. Ainda esse ano, a 3G Capital, do trio de bilionários brasileiros Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Tellesestava por trás da fusão entre a Kraft e a Heinz.A média anual das margens operacionais ao longo dos últimos cinco anos são de 30% para a AB InBev e 22,2% para a SABMiller. Caso consigam aumentar a média da segunda após a fusão, muito dinheiro será ganho, pois a base de vendas é maior que US$ 10 bilhões.Antes das notícias da quarta-feira, as ações da AB InBev estavam em crescimento de cerca de 1% ao ano, enquanto as ações da SABMiller estavam em queda de cerca de 9%.Fonte: AB InBev, de Lemann, pretende adquirir concorrente SABMiller - MSN
Criador das Casas Bahia foi o primeiro a apostar na classe C
Samuel Klein criou o maior império do varejo brasileiro ao apostar na grande máxima do comércio popular: vender a quem precisa
Fonte: Criador das Casas Bahia foi o primeiro a apostar na classe C - TerraMuito antes de consultorias sofisticadas transformarem a classe C na última palavra em termos de varejo e do Magazine Luiza despontar como o símbolo do poder de consumo da “nova classe média”, um imigrante polonês que sobreviveu ao Holocausto já havia descoberto as vantagens de vender para as classes populares: “A riqueza do pobre é o nome”, dizia ele. Seu nome era Samuel Klein, e com a sabedoria do comerciante que confia no freguês, independentemente de sua origem social, ele criou o maior império do varejo brasileiro: as Casas Bahia.
Judeu nascido em 1923 no vilarejo de Zaklikof, a 80 km da cidade de Lublin, na Polônia, Samuel teve que aprender a se virar desde muito cedo – e da pior forma possível. Aos 19 anos ele foi preso e mandado, junto com o pai, para o campo de concentração de Maidanek, em seu país natal.
Segundo suas próprias palavras, ele só sobreviveu porque era jovem e forte, e por isso foi mandado para um campo de trabalhos forçados, onde realizava serviços de carpintaria. Em 1944, Samuel conseguiu escapar do campo de concentração e fugiu para a Alemanha, onde começou a carreira de comerciante, vendendo cigarro e vodka para as tropas aliadas que ocuparam o país após a queda do nazismo.
Um polonês entre baianos Na Alemanha, Samuel casou-se com sua esposa Ana e teve o primeiro filho, Michael. Diante de uma Europa destruída pela guerra, em 1951 a família decidiu tentar a sorte na América do Sul. Foram inicialmente para a Bolívia, mas chegaram ao país em plena revolução de 1952. Cansados de confrontos, os Klein partiram para o Brasil, finalmente se estabelecendo na cidade de São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
O imigrante polonês certamente se sentiu em casa em meio à multidão dos migrantes nordestinos que no começo dos anos 1950 chegavam à Grande São Paulo para trabalhar nas indústrias da região. Estes foram os primeiros clientes de Samuel, que comprou uma charrete e começou a vender roupas de cama, mesa e banho para os migrantes – principalmente baianos – que viviam na região. Empreendedor nato, Samuel logo juntou dinheiro e, em 1957, abriu sua própria loja, que batizou em homenagem aos seus primeiros clientes: Casa Bahia.
No negócio próprio, Samuel continuou a adotar uma prática que fez sua fama como mascate junto à clientela: a venda a prestação. Como os moradores da região eram basicamente trabalhadores pobres, que não tinham dinheiro para comprar as mercadorias à vista, Samuel descobriu, mais de quatro décadas antes do governo Lula, o segredo da economia popular de massas no Brasil: oferecer crédito para a classe C – conceito que sequer existia naquela época.
Foi assim que a pequena loja em São Caetano do Sul começou a crescer, atraindo cada vez mais clientes e diversificando a oferta de mercadorias. Se Klein começou vendendo roupa de cama, mesa e banho, logo começou a oferecer também móveis, colchões, eletrodomésticos e uma infinidade de outros itens para o lar.
No começo da década de 1960, São Caetano do Sul ficou pequena para Klein e, em 1964, o empresário começou a expansão do negócio abrindo filiais em São Paulo e na Baixada Santista. A fórmula do sucesso permaneceu a mesma: vender a quem precisa. “Pela minha experiência, posso dizer que quanto mais pobre uma pessoa, mais honesta ela é”, afirmou Samuel Klein em 2001.
Foi assim, apostando sempre no comércio popular, que ele criou seu império do varejo, que hoje conta com 650 lojas espalhadas por 18 estados do Brasil. Considerado um gestor centralizador, Klein permaneceu à frente do negócio por meio século, e mesmo depois de transferir a gestão do negócio para os filhos Michael e Saul continuou dando expediente na empresa até 2012, mesmo depois da fusão com o Ponto Frio, em 2010.
Samuel Klein morreu em 20 de novembro de 2014, aos 91 anos. Com apenas o curso primário completo, o empreendedor nato conseguiu o que muitos executivos que colecionam MBAs não foram capazes de fazer: criar a marca de varejo mais valiosa do Brasil de acordo com o ranking das Marcas Brasileiras Mais Valiosas, elaborado pela consultoria Interbrand.
Antônio Ermírio fez fortuna apostando na indústria nacional
Empresário nacionalista e pregador das virtudes do setor produtivo, ex-presidente do Grupo Votorantim tinha horror à especulação financeira
Fonte: Antônio Ermírio fez fortuna apostando na indústria nacional - TerraEm tempos de desindustrialização e lucros exorbitantes do mercado financeiro fica difícil acreditar que um dos primeiros brasileiros a aparecer na lista de bilionários da revista Forbes foi um industrial que tinha horror à especulação financeira. Símbolo de empresário nacionalista, Antônio Ermírio de Moraes não poupava críticas ao lucro fácil dos bancos. “Se eu não acreditasse no Brasil, seria banqueiro”, declarou certa vez.
A frase resume bem sua trajetória. Um dos grandes protagonistas da industrialização brasileira, ele sempre viu sua atuação como parte do esforço coletivo pelo desenvolvimento econômico e social do país. E foi com esse espírito que transformou o Grupo Votorantim em um dos maiores conglomerados industriais do Brasil e da América Latina, com atuação nas áreas de mineração, metalurgia, papel e celulose, cimento e suco de laranja.
Mas nem sempre foi assim. A Votorantim surgiu como uma tecelagem nos arredores de Sorocaba (SP) em 1918, fundada pelo imigrante português Antonio Pereira Ignacio. Em 1924, sua filha, Helena, casou-se com o engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes, com quem teve quatro filhos – entre eles um menino chamado Antônio Ermírio, nascido em 1928.
Formado pela Escola de Minas do Colorado, nos Estados Unidos, José Ermírio se tornou o braço direito do sogro na Votorantim e começou a expandir os negócios da empresa, transformando-a em um conglomerado industrial. Entre 1935 e 1938, o grupo passou a atuar nos setores químico, de cimento e metalúrgico, desempenhando um papel pioneiro nessas áreas no país.
De pai para filho José Ermírio transmitiu o espírito empreendedor para os filhos e um deles seguiu especialmente de perto seus passos: aos 16 anos, Antônio Ermírio partiu para os Estados Unidos para estudar engenharia metalúrgica na mesma faculdade que o pai, a Escola de Minas do Colorado. Ao se formar, em 1949, o jovem voltou ao país para trabalhar na Votorantim, e, logo de cara, recebeu uma missão nada simples: montar a nova empresa do grupo, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).
Na época, a produção de alumínio era dominada por grandes empresas norte-americanas, como Alcan e Alcoa, mas Antônio Ermírio não se intimidou diante do desafio. Inaugurou a CBA em 1955 com uma produção tímida, de mil toneladas por ano. Sessenta anos depois, a produção havia saltado para 466 mil toneladas por ano, fazendo da CBA uma das maiores empresas do ramo em todo o mundo.
Um dos segredos do sucesso de Antônio Ermírio foi nunca dar um passo maior que a perna. Na hora de investir em um novo projeto, ele sempre buscava financiá-lo com recursos próprios, recorrendo o menos possível a empréstimos bancários. O pé atrás com as instituições financeiras se devia a um trauma vivido logo nos primeiros anos da CBA. No começo dos anos 1960, a empresa passou por um aperto nas contas e o empresário tomou empréstimos que teve que pagar ao longo de 15 anos, sempre sob a marcação cerrada dos credores.
Bilionário sem ostentação Com a morte do pai, em 1973, Antônio Ermírio assumiu o comando do Grupo Votorantim, mas a posição na empresa não foi a única coisa que ele herdou do patriarca da família. José Ermírio ensinou os filhos a valorizar o trabalho e não ostentar, e Antônio Ermírio seguiu as duas lições à risca. Workaholic, costumava trabalhar 12 horas por dia e fazia questão de se vestir da maneira mais simples possível.
A austeridade fazia com que as pessoas não só não o reconhecessem, como subestimassem sua condição social. Certa vez, Antônio Ermírio entrou em uma loja de relógios importados no centro de São Paulo e, ao perguntar o preço de um modelo, o comerciante respondeu: “não é para o seu bico”. Mal sabia o vendedor que estava falando com um dos homens mais ricos do país, um dos únicos três brasileiros que entraram na primeira lista dos bilionários do mundo elaborada pela revista Forbes em 1987.
Nessa época, Antônio Ermírio se dedicava a diversificar ainda mais os negócios do Grupo Votorantim, que em 1988 entrou no ramo de papel e celulose e no ano seguinte passou a produzir suco de laranja. Por ironia do destino, em 1991 a expansão do grupo chegaria ao setor mais criticado por ele: o financeiro. Criado naquele ano, o Banco Votorantim nasceu para financiar as atividades das empresas do grupo, mas logo se abriu para clientes externos e passou a gerar lucros significativos.
O eterno industrial, no entanto, não comemorava o bom desempenho de seu banco. Muito pelo contrário: nunca se conformou com o fato de a instituição financeira dar mais lucro que a menina dos olhos do empreendedor, a CBA. “Fico triste ao ver que uma coisa tão fácil é mais lucrativa do que algo que me tomou a vida inteira”, lamentou certa vez.
Foi assim, como um pregador das virtudes do setor produtivo, que Antônio Ermírio comandou o Grupo Votorantim até 2001, quando foi diagnosticado com Mal de Alzheimer e deixou a presidência do conselho de administração, passando a batuta para seus filhos. Nos anos seguintes, seu quadro de saúde se agravou e ele acabou morrendo de insuficiência cardíaca em agosto de 2014 – bem a tempo de não assistir a uma das piores crises da história da indústria nacional.
Empresas têm até dia 30 para entregar declaração do IR
Empresas sobrevivem mais em áreas que exigem qualificação
Saúde humana e serviços sociais é o ramo que registra as maiores taxas de sobrevivência de empreendimentos no país
Fonte: Empresas sobrevivem mais em áreas que exigem qualificação - TerraDe cada mil empresas abertas no Brasil em 2009, apenas 475 continuavam funcionando em 2013. Esta baixa taxa de sobrevivência (47,5%), revelada pelo estudo Demografia das Empresas 2015, do IBGE, retrata as dificuldades que os empresários encontram para manter seus negócios de pé no país. Apesar disso, existem setores que conseguem contornar os obstáculos e apresentam um percentual maior de empreendimentos que continuavam ativos após este período de quatro anos. É o caso do ramo de saúde humana e serviços sociais, que registrou um índice de sobrevivência de 61,6%.
“A área de saúde tem uma demanda grande, e geralmente é tocada por pessoas com alta qualificação, o que ajuda na longevidade. Além disso, muitas ONGs que atuam nesta área social conseguem financiamento público, então elas não precisam necessariamente ter uma boa rentabilidade para sobreviver ”, diz José Ronaldo Souza Júnior, professor de economia do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec).
A tese de que empresas em áreas que demandam maior qualificação costumam sobreviver mais é reforçada pelo desempenho acima da média de ramos como atividades técnicas e científicas (54,9% de sobrevivência) e educação (54%).
Outro segmento que teve destaque positivo na pesquisa do IBGE foi o de atividades imobiliárias (58.9% de sobrevivência). O especialista, no entanto, acredita que isto se deve ao boom que o setor viveu até 2013. “Se os dados fossem deste ano, acredito que a situação seria outra. A construção civil está sendo muito afetada pela crise e a tendência é este percentual cair”, afirma José Ronaldo.
O preço do amadorismo Já no extremo oposto, o ramo que teve menos empresas ativas após um período de quatro anos foi alojamento e alimentação (43,6%). Isso se deve, segundo José Ronaldo, ao fato de que muitos pequenos negócios nessa área são abertos de forma amadora, sem que o proprietário tenha conhecimento dos custos e da demanda potencial.
“É comum que o empreendedor não conheça de culinária para fazer produtos de qualidade. Já o setor de alojamento teve uma onda forte de hostels e pousadas na qual muita gente resolveu apostar, mas poucos realmente estavam qualificados para administrar algo no negócio hoteleiro”, explica o professor do Ibmec.
A falta de qualificação é justamente um dos motivos pelos quais as empresas apresentam uma taxa de sobrevivência tão baixa na comparação com outros países. “Parte disso vem dos empresários, que muitas vezes não se preparam para iniciar um negócio. Mas o Brasil também conta com um ambiente muito complexo e cheio de burocracia, que acaba dificultando a vida do empreendedor”, afirma.
Ele acrescenta que, para um negócio ter vida longa, os empreendedores devem, além de se capacitar e entender da área em que atuam, evitar contrair muitos empréstimos. “As taxas de juros são muito altas no país, e acabam ocasionando o fechamento de vários negócios que não conseguem atingir uma rentabilidade suficiente para honrar estes compromissos. Faça um investimento que seja viável”, recomenda o economista.