Entrega expressa da DHL no Brasil vai dobrar até 2023, diz executivo

Segundo os cálculos, a previsão é que até o fim deste ano ocorra ao menos mais uma expansão de sede ou inauguração de central de serviços expressos no país

Mike Parra diretor-executivo da DHL Express

O diretor-executivo da DHL Express para as Américas, Mike Parra, disse que o segmento de transporte rápido da companhia alemã deverá dobrar seu tamanho no Brasil até 2023.

"O mercado brasileiro está em crescimento para nós, e nossas estações estão ficando pequenas. Por isso estamos abrindo um segundo centro de serviços em Campinas e inaugurando outro no Rio. Também há a expansão em Belo Horizonte", afirmou Parra na ocasião de apresentação à imprensa da nova sede de inovação da DHL em Chicago.

Segundo seus cálculos, a previsão é que até o fim deste ano ocorra ao menos mais uma expansão de sede ou inauguração de central de serviços expressos no país. "Dobramos nossos negócios no Brasil entre 2018 e 2019, e queremos fazer isso novamente nos próximos 36 a 48 meses. Dobro de receitas, de carregamentos e de empregados."

Além dos projetos já citados nas cidades acima, o braço da companhia alemã responsável por entregas expressas já conta com centrais nas cidades de São Paulo, Santos, Brasília, Ribeirão Preto, Curitiba e Porto Alegre.

Questionado sobre os desafios da logística no Brasil, Parra afirmou que as poucas linhas aéreas comerciais no país são um entrave para a operação da companhia alemã.

"Você tem Gol, Azul e Latam. E elas já têm parcerias com diferentes grandes empresas. O Mercado Livre fez um anúncio de cooperação com a Azul, há rumores sobre uma aliança da Amazon com a Gol. Então isso limita as oportunidades", afirmou.

"Por isso vemos as chances que existem para começarmos a investir no nosso próprio transporte aéreo de cargas ou de fecharmos parcerias com outras companhias da região."

Parra disse ainda que ouve falar dos planos de privatização dos Correios há 23 anos. Segundo ele, qualquer empresa que assumir o comando da estatal vai enfrentar um grande desafio.

"Elas [companhias que vierem a assumir os Correios] têm de dar continuidade ao aumento dos preços baseados nas estruturas já existentes no país. Então vai ser um desafio para qualquer um."

Centro de inovação
A companhia, que comemora 50 anos em 2019 e pertence a empresa postal Deutsche Post desde 2002, inaugurou nesta quinta-feira (12) em Chicago seu primeiro centro de inovações para as Américas. O espaço será destinado a uma equipe inicialmente de 20 pessoas.

Esse grupo se dedicará a pensar, propor e buscar no mercado soluções tecnológicas para todos as divisões da DHL -desde entrega expressa e gerenciamento de frete até gestão de cadeias logísticas, armazenamento e distribuição.

Segundo a chefe de inovação da sede de Chicago, Gina Chung, as soluções serão pensadas para a realidade de todos os países da América, incluindo o Brasil.

Ela disse que hoje a DHL conta com a ajuda, por exemplo, da weme, empresa de Campinas, que conecta startups brasileiras a grandes empresas. "Temos parcerias para identificar em startups locais inovações para o nosso mercado de logística."

Foi da subsidiária brasileira da DHL, por exemplo, que surgiu a ideia da companhia alemã em desenvolver o rastreamento de produtos via WhatsApp.

Das máquinas e dos robôs apresentados na sede de Chicago, grande parte deles já está em operação no Brasil, como carro elétrico e óculos digital que cataloga produtos.

"Já estamos também experimentando drones, mas dentro dos armazéns para contagem dos produtos e na segurança", disse Javier Bilbao, diretor-executivo para América Latina da divisão de armazenagem e distribuição da DHL.

Além da nova sede americana, a empresa tem outros dois centros de inovação, um na Alemanha e outro em Singapura.

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Empreender no exterior: dicas para abrir um negócio em outro país

Ao longo dos anos, muitos brasileiros têm deixado o país. O último levantamento da Receita Federal indicou que em 2018 mais de 22 mil indivíduos entregaram a declaração de saída definitiva do Brasil, documento obrigatório para aqueles que partem para o exterior. O número de pedidos também vêm crescendo de forma significativa desde 2014, quando as requisições de saída não ultrapassavam os 10 mil anualmente. 

Muitas das pessoas que tomam essa decisão optam por deixar o país na tentativa de empreender em outro local, buscando melhores condições para o seu negócio. Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores indicou que no final de 2017 já existiam mais de 20 mil brasileiros empreendendo no exterior. Ainda assim, é preciso manter os pés no chão: abrir um negócio em outro país não é fácil e demanda planejamento específico e alguns cuidados para evitar problemas. 

A seguir, listamos algumas dicas práticas para se planejar na hora de empreender fora do Brasil: 

Cidadania: ter ou não ter?

Essa é uma pergunta que muitos dos brasileiros fazem quando começam a planejar a mudança, já que grande parte deles são descendentes de portugueses e italianos, e portanto, tem direito a nacionalidade desses países. A grande questão é que adquirir cidadania é um processo caro e demorado. 

Para Rafael Gianesini, CEO da Cidadania4u, primeira empresa brasileira criada com o objetivo de auxiliar usuários a obter a cidadania italiana de forma transparente e prática e em um ambiente 100% online, ter o passaporte europeu pode ser essencial para aqueles que desejam abrir um negócio em outro país, mesmo fora da União Europeia. 

“Para empreender nos EUA como brasileiro é preciso investir um valor muito maior do que como cidadão da União Europeia, por exemplo. Fora que alguns países desse continente são ótimos polos para empreender como a Holanda, por exemplo, que é considerada o Vale do Silício europeu. Nesse caso, quem tem passaporte da Itália ou de Portugal, tem mais oportunidades de negócio nesse país”, detalha.

Que tipo de visto é o meu?

De acordo com o advogado Vinícius Bicalho, fundador e CEO da Bicalho Consultoria Legal,  quando os brasileiros decidem sair do país muitas vezes buscam informações na internet, deixando passar despercebido questões que são de extrema relevância para que a viagem não se torne um pesadelo. Um dos assuntos mais complicados diz respeito aos vistos necessários para residir, estudar ou trabalhar fora. 

“Na prática as pessoas estabelecem para onde querem ir, mas não vão atrás da documentação. Um dos caminhos mais fáceis para sair do Brasil é tirar o visto de estudante, mas o problema é que este visto não permite que a pessoa trabalhe no exterior, por exemplo. Ou seja: ela chega em outro país, precisa se manter e ou opta por praticar uma conduta ilegal ou tenta resolver a situação. Consertar a situação fora de casa é como arrumar um avião em pleno vôo”, explica o advogado. 

Minha startup já existe. Como levá-la para outro país? 

Conforme uma startup amadurece, torna-se natural enxergar no mercado uma oportunidade de crescimento e a possibilidade de expandir para outros países. Mas para isso é importante fazer uma avaliação no país de destino e, principalmente,  ficar por dentro das condições jurídicas locais. O advogado e CEO do BNZ Innovation, braço do BNZ Advogados, Arthur Braga Nascimento, explica que no momento da internacionalização de uma startup o empreendedor acaba avançando, na maioria das vezes, de forma muito rápida na evolução da empresa e por esta razão pode esquecer de alguns pontos importantes juridicamente.

“Para ter um crescimento saudável no negócio é preciso se atentar no contrato social que será efetuado, acordo entre sócios, termos de uso, política de privacidade, contratos com fornecedores, parceiros e mentores de fora do Brasil, além de estar de acordo com a legislação de exportação do país de origem para o seu segmento e a de importação do mercado de destino, sem contar que é importante verificar aspectos da LGPD e da lei vigente no país para transferência internacional de dados e o seu tratamento”, finaliza Arthur.


CARGOX TECNOLOGIA E TRANSPORTE

CONHEÇA A STARTUP QUE LEVOU A TECNOLOGIA PARA O MERCADO DE TRANSPORTES

A CargoX fatura R$ 500 milhões ao ano e pode virar unicórnio. Fundador da empresa, no entanto, não se importa. "Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo”

Federico Vega: O projeto da CargoX começou no Chile, antes de fincar raízes no Brasil  (Foto: Divulgação)

Federico Vega: O projeto da CargoX começou no Chile, antes de fincar raízes no Brasil

Nascido na cidade de Puerto Madryn, na Patagônia argentina, Federico Vega abriu em 2011 sua primeira empresa no Chile, a Transportar Online, que atendia Chile, Brasil e Argentina. Mas, com problemas no modelo de negócios, foi obrigado a fechar as operações chilena e argentina. Em 2013, mudou tudo, se estabeleceu no Brasil e lançou a CargoXstartup que conecta caminhoneiros ou transportadoras com capacidade ociosa a empresas que precisam de serviços de frete.LEIA TAMBÉM

Depois de receber aportes da ordem de US$ 90 milhões e ser escolhida como uma das empresas mais inovadoras do mundo pela Fast Company, a empresa está a dois passos de virar um unicórnio — startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão. “É bem possível”, diz o empreendedor. “Mas, para mim, isso é apenas um número. Um funcionário bem treinado faz um cliente feliz. Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo.”

Quando você teve a ideia para criar a CargoX?
Sempre gostei de pedalar. Em Puerto Madryn, onde nasci, a bicicleta era meu principal meio de condução. Comecei aos 8 anos, quando entrei para uma associação de mountain bike e me juntei a um grupo de meninos que percorriam trilhas, iam de uma cidade para outra, dormiam no campo. À medida que fui crescendo, meus amigos começaram a deixar a cidade para estudar em Buenos Aires.

Daí passei a pedalar cada vez mais longe, para visitá-los. Foi durante essas pequenas viagens que tive os primeiros contatos com caminhoneiros, que sempre me socorriam nos momentos de necessidade. Quando você está na estrada há muito tempo e precisa de ajuda ou de água, quem para e te ajuda é o caminhoneiro. Aos 18 anos, decidi estudar Economia em Buenos Aires, onde morei durante três anos. Mas só concluí o curso mais tarde, em Londres. Cruzei o Atlântico com a bike dentro do avião. E daí pedalei da Espanha até a Inglaterra. Depois de terminar a faculdade, fiz mestrado em finanças na cidade de Southampton, a cerca de 130 quilômetros de Londres. Minha intenção, depois disso, era fazer um Ph.D.

Eu gostava da vida de estudante, que é parecida com a de empreendedor: você precisa entregar suas coisas, mas faz tudo no seu tempo. Só que eu não tinha dinheiro para isso. Então acabei conseguindo uma vaga no banco de investimentos JP Morgan. Fiquei lá até 2011, quando pedi demissão.

Por que deixou o banco?
Pedi demissão com a ideia de fazer um MBA, mas antes queria tirar um ano para ir em busca do que gostaria de fazer pelo resto da vida. Nesse período, comecei a pensar em um projeto com o qual pudesse ajudar caminhoneiros e transportadoras. Era um mundo do qual eu gostava. Nunca havia pensado em ser empreendedor antes.

Mas, na JP Morgan, havia entrado em contato com o mundo da tecnologia, já que eu cuidava de ações de empresas como Apple e Twitter. Quando voltei para a América Latina, em 2011, comecei a trabalhar no meu projeto. Percebi que era óbvio usar a tecnologia para resolver problemas dos caminhoneiros. E o melhor é que era algo que eu gostaria de fazer. Com a ajuda de um amigo, desenvolvi um app e coloquei o negócio no ar.

Em 2012, a empresa começou a bombar, e consegui o apoio do governo chileno, por meio do programa Start-Up Chile, que fez um aporte de US$ 40 mil. No ano seguinte, alguns investidores-anjo colocaram US$ 250 mil na empresa. Um deles era o meu ex-chefe do JP Morgan, que também me ajudou com suas conexões na área de tecnologia. Com esses recursos, conseguimos crescer.

Essa empresa já era a CargoX?
Ainda não. A Transportar Online foi uma ideia anterior, que trouxe aprendizados valiosos. Mas cometi um equívoco: focar em pessoas físicas em vez de empresas. E quem precisa na verdade de serviços de transporte são empresas grandes, com recorrência. Em 2013, o negócio não estava bem e decidi que era melhor interromper as operações na Argentina e no Chile — essa foi a parte mais dolorosa.

Mas mantive a operação brasileira. Mudei a sede para São Paulo e adotei um novo nome: CargoX. Basicamente lancei uma empresa totalmente nova, com os aprendizados que tínhamos, mas dessa vez no mercado brasileiro, o maior da América Latina. E mudamos um pouco o modelo de negócios: passamos a focar no B2B, intermediando empresas e caminhões.

Federico Vega, da Cargo X (Foto: Divulgação)

Por que decidiu manter a operação brasileira?
Eu já tinha passado pelo Brasil e conhecia caminhoneiros por aqui. Sabia que era um mercado fragmentado e que tinha deficiência de logística. Essas características eram essenciais para o modelo de negócios da CargoX. Nós operamos no formato de marketplace, que conecta quem oferece um produto ou serviço a quem procura por ele. E esse tipo de negócio funciona melhor em mercados fragmentados. No Brasil, a operação B2B já estava bombando. Fazia sentido avançar aqui.

Como aconteceu a expansão?
O primeiro investidor da empresa foi o Valor Capital Group, que fez dois aportes de US$ 500 mil. Entre 2016 e 2019, captamos mais US$ 90 milhões, em rodadas com Goldman Sachs, Blackstone e com o fundo de George Soros. Além dos aportes, muitos dos investidores entraram também com experiência e inteligência estratégica. O ex-CEO da DHL Hans Hickler trouxe conhecimento de logística. Oscar Salazar, cofundador e ex-chefe de tecnologia da Uber, também colaborou muito na evolução da empresa.

A CargoX entrou para a lista de potenciais unicórnios da consultoria CB Insights. Já alcançou esse status?
Ainda não. Ser um unicórnio é muito possível, já que somos líderes em um mercado de mais de US$ 100 bilhões. Quer dizer, chegamos aqui porque resolvemos um problema dos clientes, e porque temos escala. Se você não tem escala, você não consegue. Mas, para mim, o status de unicórnio é apenas um termo. É só uma questão de números. Não é uma prioridade no momento.

Nosso foco são os funcionários, os clientes e, por último, os investidores e a avaliação de mercado. Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo.  Um funcionário bem treinado faz um cliente feliz. E um time de funcionários eficientes faz uma empresa. Não é o fundador que ergue um negócio, são os colaboradores.

Federico Vega, da Cargo X (Foto: Divulgação)

Você tem dificuldades em encontrar funcionários qualificados para a CargoX?
As primeiras contratações foram as mais difíceis, tive de procurar muito. Mas tive sorte e acabei encontrando profissionais incríveis. Hoje, se você me perguntar como consegui captar US$ 90 milhões e chegar onde estamos, foi por causa das primeiras contratações que eu fiz. Depois, esses funcionários contrataram pessoas ainda melhores, e foi isso que fez a roda rodar muito bem.

Porque, ao longo do caminho, cometemos muitos erros. Mas, quando você tem boas pessoas dentro da empresa, elas conseguem resolver os problemas e levar a empresa para onde tem de ir.

Quais foram os erros cometidos pela CargoX?
Logo no começo da empresa, em 2013, estávamos usando um programa para compilar dados que não era o mais adequado. Da maneira como estávamos trabalhando, os dados não eram muito escaláveis, e isso tinha potencial para trazer grandes problemas no futuro. Quer dizer, hoje eu percebo que a base do nosso negócio é o machine learning.

No fundo, somos uma empresa de machine learning, e não de transportes. É essa tecnologia que nos permite absorver uma grande quantidade de dados e colocar cargas nas viagens de retorno dos caminhões, ou lançar um fundo de investimento e saber onde captar dinheiro. Mas, naquela época, lá atrás, eu não sabia disso. Foi uma funcionária contratada para o departamento financeiro [ela prefere não ter o nome revelado] que percebeu a falha. Eu ouvi o que ela tinha a dizer e vi que tinha toda a razão.

Dei carta branca a ela, que montou uma equipe muito boa. E isso mudou completamente o patamar da empresa. Quando começamos, tínhamos um nível de serviço e valor para os usuários muito diferente do que temos hoje. Por isso é que eu digo que, se não fosse por essa funcionária, não existiria a CargoX. Porque ela descobriu o erro lá atrás. Agora, ela está fazendo um curso de machine learning em Harvard.

A CargoX costuma ser chamada de “Uber dos caminhões”. Para você, essa associação faz sentido?
Eu não gosto. Esse termo dá a impressão de que somos competidores ou inimigos dos caminhoneiros. Mas o meu objetivo é ser o melhor amigo deles. Nós queremos ajudá-los de todas as maneiras possíveis.

O principal objetivo, claro, é conectar caminhões a empresas, trazendo agilidade e facilitando o contato. Mas também fornecemos serviços ligados à segurança. Por meio de um aplicativo, a CargoX sugere trajetos e postos mais confiáveis para os motoristas. E alerta sobre aqueles mais perigosos, com incidência maior de roubos de carga.

De que maneira vocês atendem as transportadoras?
Fornecemos tecnologia para deixar suas redes mais eficientes. Se você manda muitos caminhões de São Paulo a Recife, por exemplo, podemos permitir que voltem com carga. Se o caminhão sai da rota, falamos para a transportadora. Há um mês, começamos a financiar capital de giro para essas empresas. Estamos com um fundo de R$ 100 milhões — em menos de um mês, já emprestamos R$ 20 milhões.

Normalmente, leva entre 60 e 90 dias para a transportadora receber o pagamento do cliente. Nós podemos financiar, emprestar esse dinheiro. Mais para a frente, vamos lançar o Cargo Bank, basicamente um banco no qual vamos emprestar e captar mais capital de forma estruturada, e mais eficiente.

Hoje, gigantes da tecnologia como a Tesla estão investindo em caminhões autônomos. Em breve, deveremos ter veículos de carga circulando sem necessidade de motoristas. Como a CargoX se encaixa nesse futuro?
Veja bem, um caminhão autônomo precisa de três pilares para ser completamente funcional e eficiente: hardware, dominado por companhias chinesas, americanas e europeias; mapas de alta resolução, uma coisa que Uber e Google fazem muito bem; e informação. É nessa última que a CargoX se encaixa.

É preciso saber onde estão as cargas, quais estradas suportam determinados tipos de caminhões, onde acontecem roubos. São informações que temos para oferecer. Quando o caminhão autônomo chegar ao Brasil, tenho certeza de que estaremos nesse processo. Os investidores de grande porte estão de olho na gente por esse motivo. A indústria dos caminhões vai mudar, e eles sabem disso. Nós seremos parte desse futuro.

Você ainda anda de bicicleta?
Hoje é mais difícil. Mas acabei de comprar uma mountain bike na Europa. Quando vou para Barcelona, costumo fazer trilhas com Oscar Salazar, cofundador e ex-chefe de tecnologia da Uber. Aqui no Brasil, ando sozinho, geralmente em montanhas. Mas não faço mais viagens de bicicleta. É perigoso andar nas estradas brasileiras. Muitos caminhões.


LOGGI - QUER FROTA DE AVIÕES PARA ENTREGAS

O MAIS NOVO UNICÓRNIO BRASILEIRO, com a ambição de cobrir todo o território nacional, a startup prevê que precisará ir além das aéreas terceirizadas que a atendem hoje.

Arthur Debert, cofundador da startup Loggi (Foto: Divulgação)

Arthur Debert, cofundador da startup Loggi

Entregar qualquer coisa para qualquer um em qualquer lugar. Arthur Debert, brasileiro e cofundador da Loggi, define dessa maneira o maior objetivo da startup. Mais novo unicórnio brasileiro, ela atingiu valor de mercado de US$ 1 bilhão após uma rodada de investimentos. Agora, planeja uma expansão agressiva. Pretende explorar desde o transporte a pé até entregas feitas por barcos. Além disso, mira criar uma frota de aviões para suprir maiores demandas.

A modalidade "compre e retire" é outra que deverá ganhar em breve o logotipo azul e branco da startup. Tudo isso para atender e se adaptar ao que Debert define como um mercado ávido por mais opções e eficiência. "Acreditamos que o grande gargalo está na qualidade das entregas. Por isso, temos muita clareza de onde queremos atuar", disse em entrevista exclusiva à PEGN.

Tudo por agilidade
Se nas ruas de São Paulo era possível ver entregadores até de patinete, não foi graças aos entregadores da Loggi. Durante seis anos, os serviços da startup se mantiveram restritos às motos e, desde o ano passado, aos caminhões e aviões. 

É, segundo Debert, uma questão de logística. Embora também tenha entrado no ramo de entrega de alimentos, a Loggi atende principalmente o e-commerce. "Eu tendo a pensar que ter uma pessoa carregando pacotes em um patinete não é uma ideia inteligente. Acho que é uma moda", afirma o cofundador.

Mas a empresa tem analisado com mais atenção outras possibilidades. Bicicletas, barcos e as próprias entregas a pé são algumas. "No interior e em zonas muito densas, as bicicletas são muito viáveis. E, se precisarmos de barcos para entregar no Amazonas, não tem problema".

Voando mais alto
O uso de aviões será a verdadeira divisora de águas dos planos de expansão. Hoje, a Loggi atende 38 municípios e realiza 3 milhões de entregas por mês. Para o ano que vem, quer chegar a 6 milhões e cobrir 92% do país. A meta fica ainda mais ambiciosa com relação aos prazos de entrega desejados pela startup: um dia para capitais e grandes cidades e dois para as do interior.

"Em metade do país, conseguiríamos atender bem com a malha viária. No restante, não dá para usá-la para entregas rápidas de jeito nenhum", diz Debert. Atualmente, a startup usa o serviço terceirizado de aéreas comerciais. Metade das cidades é atendida pelos aviões.

Mas o crescimento que a empresa busca no longo prazo exigirá mais do que isso. "Temos certeza que a malha aérea atual do Brasil não é suficiente para a gente chegar onde quer. A verdade é que vamos ter que fazer tudo", diz.

Debert diz que ainda é cedo pra efetivamente criar uma companhia aérea, mas que a startup vem tendo conversas para definir alguns caminhos. Aluguéis, arrendamentos e joint ventures são algumas possibilidades que ele cita. "Vamos com certeza criar uma força aérea", diz.

Pontos de entrega
Com o crescimento do e-commerce, cresce também o interesse por compras que são retiradas em lojas ou pontos físicos, como os shoppings. De olho nisso, a Loggi vem trabalhando em dois formatos de entrega desse tipo.

Em um, a startup é responsável por todo o processo de entrega e mantém um espaço, como um quiosque em um shopping, onde as encomendas chegam e podem ser retiradas pelos clientes. Em outro, ela usa estabelecimentos terceiros, como padarias ou bancas, para executar essa última etapa.

"Para uma classe de consumidores, faz muito sentido ir retirar o produto. É o caso de quem mora em casa e não tem quem receber uma encomenda", exemplifica o executivo. Segundo ele, a startup deve ter uma rede "relativamente grande" como essa já no ano que vem.

Expansão
Juntos, todos os planos de se encaixam na própria definição dada por ele para o objetivo da startup: não importa muito o formato, o importante é fazer a entrega. Além dos planos para o ano que vem, a Loggi planeja uma expansão já em 2019: chegar a 220 cidades e cobrir todo o interior de São Paulo e de Minas Gerais.

A empresa não revela seu faturamento, mas Debert afirma que ela vem crescendo de 200 a 300% todos os anos. O status de unicórnio surge para ilustrar ainda mais esse fato. A rodada de investimentos decisiva atingiu valor de US$ 150 milhões e foi feita por SoftBank, Microsoft, GGV, Fifth Wall e Velt Partners.

Segundo a startup, os recursos serão direcionados principalmente para pesquisa e desenvolvimento, construção de centros de expedições e aumento da malha logística – incluindo o transporte aéreo. "Estamos no ponto de inflexão para virar uma empresa de muita, muita escala", descreve Debert.


Programa FedEx para Pequenas Empresas abre inscrições no Brasil

ACONEXION - Agente Autorizado FedEx Joinville

Programa visa ajudar empresas de pequeno porte a expandirem seus negócios globalmente. Os prêmios serão de R$ 100 mil para o vencedor e R$ 40 mil para o segundo colocado, além de mentoria de negócios.

A FedEx Express, subsidiária da FedEx Corp. (NYSE: FDX) e maior empresa de transporte expresso do mundo, anuncia que as inscrições para a edição brasileira do Programa FedEx para Pequenas Empresas estão abertas até o dia 10 de junho de 2019. O vencedor receberá R$ 100 mil e o segundo colocado R$ 40 mil. Os premiados também receberão mentoria de negócios.

O concurso visa ajudar empresas com até 99 funcionários a desenvolver seu potencial de exportação. Esta é a terceira edição do concurso no Brasil.

“O mercado brasileiro de pequenas empresas é composto por companhias dinâmicas e com enorme potencial de crescimento. Queremos ajudá-las a superar desafios e ter acesso a mais possibilidades”, afirma Fabiano Fração, vice-presidente de Vendas da FedEx Express para a América do Sul. “Nossa companhia está presente em mais de 220 países e territórios e desempenha um papel importante na aproximação das empresas com mercados internacionais”, explica o executivo.

Para participar do Programa FedEx para Pequenas Empresas, os candidatos devem se inscrever em www.fedex.com/br/programafedex. Os finalistas serão convidados a fornecer um vídeo detalhando seus planos para se tornarem globais, incluindo sua visão estratégica para o futuro e destacando seus padrões éticos. Os participantes serão avaliados por um painel de especialistas de negócios. O vencedor e o segundo colocado serão anunciados em 1º de julho de 2019.

Mais informações sobre o processo de inscrição e os critérios de avaliação estão disponíveis em “termos e condições” no site do Programa (fedex.com/br/programafedex).

O vencedor da última edição foi a Estante Mágica (https://estantemagica.com.br), uma plataforma educacional que trabalha com escolas para transformar crianças em autores. Na primeira edição, o vencedor foi a Livre – Soluções em Mobilidade, empresa que transforma cadeiras de rodas em triciclos motorizados elétricos.

Sobre a FedEx Express  

A FedEx Express é a maior empresa de transporte expresso do mundo, fornecendo uma ampla gama de serviços de entrega para mais de 220 países e territórios. A FedEx Express utiliza uma rede global aérea e terrestre para fazer a entrega de remessas urgentes com data e horário definidos ou com garantia de reembolso do valor do frete.

Sobre a FedEx Corp. 

A FedEx Corp. (NYSE: FDX) oferece a clientes e empresas do mundo todo uma ampla carteira de serviços de transporte, comércio eletrônico e serviços de negócios. Com receitas anuais de US$ 69 bilhões, a empresa oferece soluções integradas de negócio por meio de empresas operadoras que competem coletivamente e são administradas de forma colaborativa sob a respeitada marca FedEx. Consistentemente classificada como uma das empregadoras mais admiradas e confiáveis do mundo, a FedEx inspira seus mais de 450 mil  funcionários a permanecerem focados na segurança, no mais alto padrão ético e profissional, e nas necessidades dos clientes e das comunidades.

Para saber mais sobre como a FedEx conecta pessoas e possibilidades ao redor no mundo, por favor visite: about.fedex.com.

Ancora Offices, via empresa ACONEXION é Agente Autorizado de Remessas FedEx em Joinville. Saiba mais em https://aconexion.com.br/fedex/

SAC ACONEXION - 47 3025-5566


Tayguara Helou e a bela história da Braspress

Filho de Urubatan Helou, fundador da Braspress, cuja sede agora é em Guarulhos, Tayguara Helou falou à RG sobre sua carreira, o grupo que dirige, o Setcesp, do qual é presidente, e se disse animado com as perspectivas da economia brasileira.

Para orgulho de Guarulhos, a Braspress agora tem sua sede em nossa cidade. Em que ano a Braspress foi fundada, onde e por quem?

Para nós é um orgulho e um prazer estar em Guarulhos, uma cidade que é a capital da logística do Brasil, por vários aspectos: abriga o principal hub de transporte aéreo, o portal do Brasil para o mundo; os vários acessos por rodovias; pela presença de seu grande parque industrial e de inúmeras transportadoras e empresas de logística. A Braspress foi fundada por meu pai, Urubatan Helou, em 1º. de julho de 1977. É uma longa história. Vamos tentar resumi-la.

Conte-nos um pouco de como tudo começou.

Meu pai começou as atividades aos 14 aos de idade, em Uberlândia (MG), sua cidade natal. Meu avô tinha uma filosofia esquerdista, foi o fundador do Partido Comunista de Minas Gerais. O irmão dele tinha posição totalmente oposta, era brigadeiro da Aeronáutica, de extrema-direita. Durante o regime militar, meu avô precisou fugir. Meu pai é filho único, meu avô era a única fonte de renda da pequena família, que era querida por lá; estando ele refugiado, a cidade se comoveu com isso: o padeiro ajudava com o pão, o açougueiro com a carne, e o vizinho da casa em que meu pai morava era dono da Transportadora Uberlândia. Convidou-o a trabalhar com ele, como cobrador de “frete fob”, que é quando o destinatário paga o frete. Tempos passaram, muita coisa aconteceu, meu pai seguiu outras carreiras… Aos 19 anos, veio para São Paulo. Foi morar em uma pensão no Centro.

Começou distribuindo o Diário Oficial em um triciclo, igual ao que está exposto em nossa recepção. Como era na região central da cidade, passou a se relacionar com o pessoal da indústria cinematográfica, transportando rolos de filmes em latas no seu triciclo. Levava-os à rodoviária, despachava-os na empresa de ônibus. Esse negócio foi crescendo, ele montou uma empresa com dois colegas, chamada Transfilme, que foi se desenvolvendo crescendo, muito devido ao lançamento do filme Oriente Express no Brasil; que teve origem no livro de Agatha Christie e meu pai era grande fã do filme. Com o crescimento, conseguiram comprar uma Kombi, abriram uma filial no Rio de Janeiro e outra em Belo Horizonte, ficando um sócio em cada local. Ainda que com muita dificuldade, começaram a transportar outras coisas, como autopeças e foram crescendo. O back-office, toda a parte administrativa, ficava em São Paulo. Os sócios viviam bem em suas cidades, carro do ano, tranquilos, e meu pai penando para honrar a folha de pagamento e outros compromissos.

Até que ele concluiu por desfazer a sociedade. Ele tinha cerca de 26 anos e ofereceu sair da empresa com a primeira Kombi e as duas linhas de telefone que tinham em São Paulo. Chamou para conversar o funcionário Milton Domingues Petri e explicou que iria montar uma nova empres e não tinha condições de pagar salário por enquanto. Petri não pensou que fosse algo ruim, mas aliviou-se quando meu pai disse que lhe daria 20% de tudo que construíssem juntos. Assim foi feito e até hoje Petri tem 20% da Braspress.

O nome tem a ver com o filme Oriente Express?

Exato. Resolveram abrir a Brasil Express, inspirados no filme Oriente Express. Porém, essa marca já era registrada pela Sadia, então acionista da Vasp. Foi quando meu pai teve a ideia de juntar parte de cada nome e formar a marca Braspress, constituída em 01.01.1977.

Qual sua formação?

Sou formado em Administração de Empresas, com ênfase em Finanças, pela Bond University, na Austrália. Tenho pós-graduação em Gestão de Negócios, pelo Holmes College, também na Austrália; MBA em Gestão Empresarial, pela FGV, e agora buscando novos conhecimentos, talvez almejando um doutorado na área de tecnologia.

Desde quando na empresa?

Praticamente nasci dentro da transportadora, que era bem menor na época. Acompanhei o crescimento durante toda minha vida. O empresário tem umas sacadas espontâneas que são muito assertivas. Meu pai nunca trouxe a mim e ao meu irmão para a empresa como um castigo, mas como um prêmio. Se íamos bem na escola, ganhávamos o direito de vir para a empresa brincar. Depois, comecei a atuar no recebimento de encomendas, no departamento de coleta, fui conhecer outras áreas; porém, sempre nas férias pois a regra básica era privilegiar os estudos. Depois que voltei da Austrália, em 2003, é que efetivamente iniciei meu trabalho na Braspress.

Então, não teve experiência em outras empresas?

Não tive. Minha maior experiência fora da Braspress tem sido no Setcesp, onde sou o atual presidente.

Quais cargos exerceu lá antes de ser presidente?

Fui suplente de diretor e vice-presidente. Na presidência, estou há três anos. Meu pai também presidiu o Setcesp.

Para instalar-se em Guarulhos a Braspress obteve alguma vantagem fiscal, algum benefício oferecido pelo Município? A empresa reivindica do poder público melhorias para aprimorar a operacionalização?

Não cogitamos pedir nenhum benefício e estamos satisfeitos com as condições que encontramos para nosso funcionamento.

O primeiro caminhão da Braspress tem lugar de destaque na sede da empresa

Qual o investimento feito nas novas instalações?

A área total é de 230 mil m2, sendo 90 mil m2 de construção, entre a via Dutra e a avenida Monteiro Lobato. Chamamos esse complexo de Planeta Azul, incluindo nossa matriz e a Filial São Paulo. O novo Sorter (Sistema Automatizado de Distribuição de Encomendas) tem 6.400 metros de extensão e pode operar 15 mil volumes por hora. Para isso, foram necessários R$ 260 milhões, dos quais metade do nosso caixa e o restante de financiamentos obtidos. Concentramos aqui toda nossa consolidação de carga de transporte. Trouxemos para isso o que há de melhor em tecnologia de automação do planeta: nosso sorter tem 6,4 km de extensão e capacidade de classificar 15 mil volumes por hora; batemos pela terceira vez nosso próprio recorde em automação. Temos a mais avançada rede de dados do planeta, toda em fibra ótica, mesmo no espaço interno, o que garante velocidade e qualidade no fluxo das informações. Nosso datacenter também é o mais avançado do mercado, classificação Tier 3, sendo que a mais avançada do mundo é Tier 4; no Brasil, nenhuma outra do ramo tem um datacenter como esse. A Braspress realmente se diferencia pela tecnologia. Nossos locais em São Paulo e outras cidades da região metropolitana viraram terminais de distribuição urbana.

Quantos empregos diretos a empresa gera em Guarulhos?

São 1.350 colaboradores, a maioria dos quais eram nossos funcionários na vila Guilherme e já residiam em Guarulhos. Na rede toda, o grupo emprega 6 mil pessoas no regime da CLT e mais 1.500 terceiros totalmente dedicados ao negócio. Muitos deles são agregados de transporte, transferência e outras tarefas. No transporte rodoviário de cargas, a terceirização da atividade-fim é regulamentada pela Lei 11.442. Fora os serviços auxiliares, como segurança e limpeza, por exemplo. É preciso salientar que, por melhores que sejam nossos sistemas, por mais avançada que seja a tecnologia, por mais modernos que sejam os caminhões, contar com colaboradores capacitados e motivados é imprescindível. Sem a qualidade desse capital humano, nada dá certo. Coisas podem ser compradas. Pessoas, não: elas precisam ser conquistadas. Para conseguir isso, tem-se de trabalhar com muito afinco e carinho.Nós sempre tivemos uma relação muito prõxima com nossos colaboradores.

Com um triciclo igual a este Urubatan Helou entregava diários oficiais. Foi o embrião de um império

Ao todo, quantos são os colaboradores da Braspress?

No Brasil inteiro, 7.500.

Qual a abrangência dos serviços da Braspress Brasil afora?

Temos 96 sedes em todo o Brasil. Atendemos o País todo, de Norte a Sul, Oeste a Leste, além da carga de exportação para o Paraguai e Argentina; estamos construindo a estrutura de distribuição doméstica na Argentina.

De quantos caminhões se compõe a frota?

São 1.200 caminhões próprios, mais cerca de 800 a 850 terceirizados.

A Braspress apoia projetos sociais?

Sim, muitos. Somos Empresa Amiga da Criança, signatários do Projeto Childhood, de proteção aos direitos das crianças e de combate à prostituição infantil nas estradas. Promovemos diversas ações, como campanha do Agasalho, doação de sangue, outubro Rosa, novembro Azul. Temos carretas adesivadas, difundindo conceitos educativos, buscando crianças e adultos desaparecidos, orientando para a acessibilidade e outras formas de conscientização. Graças a isso, algumas pessoas foram localizadas, felizmente.

Na qualidade de presidente do Setcesp, quais as perspectivas do mercado de transporte para este ano?

O ramo de transporte é uma ferramenta econômica, variando conforme o ritmo da economia. Não temos dúvida de que este ano é promissor, por vários fatores; um é que o Brasil nunca experimentou inflação baixa e juros baixo. Outro fator é a reforma trabalhista, que tem trazido benefícios aos trabalhadores e confiança para que as empresas possam contratar mais e melhor. Por mais polêmico que seja o tema, a reforma criou muitas chances de novas vagas de trabalho.

Quantas empresas o Setcesp congrega?

São 21 mil empresas em nossa base e Guarulhos é a segunda em importância em toda essa rede.


A REVOLUÇÃO DAS ENTREGAS

As empresas de distribuição DHL, UPS e Fedex apostam em tecnologia e logística para aumentar a eficiência e desafiar os correios, que ainda dominam o setor no Brasil

Crédito: Claudio Gatti

DHL desde 1976 Funcionários: 11,6 mil Faturamento global: € 60,4 bilhões Inovações: drones de vigilância, robôs colaborativos, realidade aumentada e veículos semiautônomos

A uma hora de Manhattan, o distrito mais conhecido de Nova York, está localizado um dos maiores centros de distribuição de mercadorias dos Estados Unidos. Ele pertence ao grupo Deutsche Post DHL, empresa alemã especializada em armazenamento e distribuição. Com 18,5 mil m², o espaço reúne o que há de mais moderno em automação: os pacotes são colocados em esteiras velozes com codificadores que fazem a triagem automática do endereço de entrega e direcionam o produto para a distribuição. A substituição do trabalho manual por máquinas faz a unidade processar 40 mil encomendas por hora, 60% a mais do que normalmente é despachado em unidades sem essa tecnologia.

Mas essa é apenas uma das ações que a DHL implementou para driblar problemas com logística e revolucionar as entregas. Em Manhattan, conhecida por suas ruas estreitas e congestionadas, a companhia apostou em instalar uma unidade que concentra os pacotes e usar transportadores que vão a pé para levar o produto até o consumidor. “O comércio eletrônico é impulsionado em grande parte pela experiência que o cliente tem ao receber o seu pedido”, diz Greg Hewitt, CEO da DHL Express nos Estados Unidos. Segundo o executivo, um dos principais desafios do setor é a última milha, como é chamado o trecho final percorrido para que uma encomenda chegue ao destino. Por isso, a DHL tem estudado também outras soluções, como o uso de drones. Seguindo o movimento iniciado pela Amazon há dois anos com o programa Prime Air, a DHL lançou 130 dispositivos voadores para transportar medicamentos e artigos esportivos na Alemanha. Resultado? O tempo de entrega na última milha caiu de 30 minutos para 8 minutos.

Engana-se, porém, quem pensa que essa é uma realidade utópica para o Brasil. Além da DHL, outras duas multinacionais têm investido em soluções tecnológicas para conquistar uma fatia do mercado local, atualmente dominado pela estatal Correios. O interesse das companhias reflete o novo comportamento do consumidor que, com a facilidade proporcionada pela internet, impulsionou as compras online. Se antes mais da metade das receitas globais das redes de transportes vinha do envio de cartas, agora essa modalidade perde espaço para as encomendas expressas, que representam cerca de 20% da captação total de recursos, de acordo com a União Postal Universal (UPU). As vendas em e-commerce no Brasil também reforçam essa tendência. Dados do Ebit mostram que, só no primeiro semestre de 2018, o faturamento das vendas online no País ultrapassou R$ 23,6 bilhões – o dobro do que foi registrado há cinco anos no mesmo período. Agora, todas se preparam para uma nova fase das entregas expressas: a chamada indústria 4.0.

UPS desde 1989
Funcionários:3 mil
Faturamento global: US$ 54 bilhões
Inovações: app para rastreio de encomendas, soluções automatizadas e softwares de roteirização da rota

DRONES E ROBÔS Para transformar o modelo de negócios das entregas por meio de tecnologia de ponta, a americana United Parcel Service (UPS) tem investido US$ 1 bilhão por ano para pesquisar soluções. Nos Estados Unidos, a empresa já faz, desde 2016, algumas entregas de remédios por drones em áreas remotas e em situações de desastres naturais. Mesmo sem data, o modal já está no radar da companhia para a operação brasileira. “Essa é uma solução que vai acontecer no Brasil”, diz Nadir Moreno, CEO da UPS no País. “Os drones têm sido parte das nossas discussões para atender a localidades de difícil acesso”. Na operação local, a executiva conta que parte do investimento em pesquisa também foi aplicado em um software que diz como os pacotes devem ser posicionados no veículo de entrega.

FedEx Express desde 1989
Funcionários: 9 mil
Faturamento global:US$ 67 bilhões
Inovações: app para rastreio de encomendas, carros elétricos e sistemas de blockchain

Como uma espécie de “Tetris”, o programa busca ganhar tempo no carregamento e na entrega, evitando que o veículo parado seja vítima de ladrões de cargas.

No Brasil, além de já usar drones para fazer a vigilância dos seus armazéns, a DHL também estuda a possibilidade de usá-los na última milha. Nas unidades de Supply Chain em São Paulo, a empresa trouxe recentemente dois robôs para a linha de montagem. As máquinas auxiliam na abertura e fechamento de caixas, na separação das encomendas e nos deslocamentos de carga que antes dependiam de um operador para levar os carrinhos de um lado para o outro. “Os robôs eliminam atividades repetitivas e que tomavam muito tempo”, afirma Maurício Barros, presidente da unidade no Brasil. “Eles melhoram a eficiência e a produtividade da nossa operação interna, o que reflete na velocidade final da entrega.” Outra preocupação do executivo é com o treinamento da equipe. Há um ano, os funcionários passaram a utilizar óculos com realidade aumentada para simular a maneira correta de realizar as tarefas logísticas dentro dos centros, o que reduziu o tempo de treinamento de 10 dias para apenas cinco.

Correios desde 1663
Funcionários:106 mil
Faturamento: R$ 18 bilhões
Inovações: Lockers e app para rastreio de encomendas

Na esteira de inovações, a Fedex também não fica para trás. Dona de um faturamento global de US$ 67 bilhões, a empresa americana iniciou suas atividades no Brasil em 1989. Hoje, os esforços estão centralizados na modernização da frota e em sistemas de blockchain, um banco de dados que auxilia no rastreamento de cargas e otimiza o processo de despacho das remessas.

Por ora, a empresa tem planos menos ambiciosos do que as concorrentes para entregas na última milha. Por outro lado, tem investido em ações para minimizar o impacto ambiental, desde 2014, quando parte das encomendas começaram a ser entregues por veículos elétricos. Com isso, 840 toneladas de volume de CO2 deixaram de ser emitidas na atmosfera.

Drones já são usados para entrega de remédios em áreas remotas dos EUA

O diferencial da companhia, segundo Juan Cento, presidente da FedEx Express para a América Latina e Caribe, é na solução logística. Ele relatou que, para concluir uma entrega em um sítio de difícil acesso em Minas Gerais, a equipe entrou em contato com o proprietário e pediu que ele colocasse um pano laranja na porta da casa para facilitar a localização. “Um time comprometido faz toda a diferença, quando até mesmo as tecnologias mais modernas não podem ajudar”, declara.
Segundo analistas do setor, implementar tecnologia de ponta para otimizar entregas é um caminho sem volta. Ainda assim, o Brasil tem uma série de gargalos que impedem a expansão dessas inovações. “Não é mais possível fazer logística de alta performance sem tecnologia”, diz Pedro Moreira, presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog). “Para acontecer uma revolução nas entregas, o governo precisa acertar os problemas de infraestrutura, segurança e burocracia”, diz. Um levantamento realizado pela Fundação Dom Cabral ilustra essa perspectiva. Nos últimos 20 anos, o Brasil investiu apenas 0,8% do PIB em infraestrutura de transportes, quando deveria desembolsar 2,5%. Para ter uma operação logística competitiva e compatível com as grandes economias do mundo, seria necessário investir R$ 300 bilhões até 2035. “As empresas estão avançando para a indústria 4.0, mas as inovações serão limitadas por conta das variáveis externas”, diz Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Logística da Fundação.

Para contornar parte desses riscos, A UPS e a DHL também têm investido em plataformas que calculam eventuais problemas durante a rota de entregas. Em novembro, a unidade de Supply Chain da empresa alemã começou a utilizar um software que identifica as regiões com maior risco de incidentes e informa sobre eventualidades no caminho, como desastres naturais e acidentes. “O Brasil tem um cenário complexo e adversidades que impactam diretamente nos processos logísticos”, diz Eric Brenner, CEO da DHL Global Forwarding Brasil.

Por isso, as empresas buscam alternativas para melhorar a logística e reformular o negócio de entregas no País. A DHL Express no Brasil revelou que vai investir € 5 milhões no Brasil em 2019. De acordo com a presidente da unidade de entregas rápidas, Mirele Mautschke, o foco dos investimentos será em tecnologia e na ampliação do centro de distribuição. “Perceber que há necessidade de crescer e entregar melhor já é um começo”, diz. “O fato de outras companhias chegarem com novas ideias também nos estimula e faz o mercado sair do status quo.” O fato é que a guerra postal das globais pode jogar para escanteio os Correios, a mais antiga estatal brasileira, fundada em 1663. A privatização da companhia, ou parte dela, já está na pauta do governo eleito. Ainda assim, a empresa não acredita que a venda da operação para uma gigante internacional seja uma possibilidade. “Isso não faz sentido. Ninguém faz o que a gente faz”, diz Gabriel Faria, assessor da presidência dos Correios. Segundo ele, assim como as concorrentes, a estatal também está de olho em novas tecnologias e soluções de entregas.

DESVANTAGEM Para conseguir atender à demanda de todas as cidades e capitais do País, a empresa fechou uma parceria com a Azul Linhas Aéreas, para criar uma empresa privada de solução logística voltada para o e-commerce. A joint venture, aprovada no início de dezembro pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), deve começar a operar no primeiro semestre de 2019. A expectativa da companhia é transportar 100 mil toneladas de carga por ano com o modal aéreo. Outras iniciativas têm sido colocadas em prática. Faria antecipou que a partir de janeiro de 2019, a empresa vai testar entrega de encomendas por lockers em algumas cidades. O método, já praticado pela Amazon nos Estados Unidos, direciona os produtos comprados online para armários em algumas regiões da cidade, onde ficam disponíveis para o cliente retirar a mercadoria. “O fato de sermos uma estatal nos coloca em desvantagem para implementar novas tecnologias, mas isso não significa que estamos perdendo mercado”, afirma. Seja qual for o destino dos Correios, o ganho de eficiência no setor de entregas será ótimo, tanto para as empresas quanto para os consumidores brasileiros.

“Ninguém faz o que a gente faz” – Gabriel Faria, assessor da presidência dos Correios


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