Há 16 anos, Cibele de Freitas deixava sua carreira como publicitária e ingressava na administração da Sigbol Fashion, então uma escola de corte e costura criada pela família

“Meu pai estava cansado e precisava se aposentar. Eu não gostava de costura, não sabia pregar um botão. Em compensação, como publicitária, chegava a acordar de madrugada para montar cenários. Mas precisava assumir a escola. A solução que encontrei foi mudar o foco da Sigbol. Sou apaixonada por moda e design. Deixamos de ensinar apenas a técnica de corte e costura e passamos a ser, também, uma escola de moda”, conta a empresária. Hoje o irmão cuida da parte administrativa e ela gerencia a matriz, escola com 650 alunos e 30 funcionários, no Rio de Janeiro, além de outras oito unidades próprias e 10 franquias. A expectativa é faturar R$ 13 milhões em 2015.
No começo desta virada profissional, Cibele aplicou o que acredita ser o ponto inicial de qualquer projeto empresarial: trabalhar com que gosta. “Se você não consegue, no dia a dia, alcançar uma identificação com o produto e mercado que trabalha, o trabalho deixa de ser uma realização para ser um fardo. A pessoa responsável por uma empresa trabalha muito, mais de 12 horas por dia. O sincero comprometimento é essencial. Minha sorte é que consegui encarar este desafio e transformá-lo em algo que eu tenho muita ligação, a moda.”

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Após ajustar o foco, a empresária se interou de todos os processos da empresa e começou a reestruturar a equipe. Cibele procurava por mais professores quando percebeu que deveria formar sua equipe e mantê-la unida o máximo de tempo possível. Começou a pesquisar quais alunos estavam com produção bacana e desempregados. Encontrava pessoas muito boas em modelagem que não sabiam costurar. Outras, fortes em ilustração, mas que não entendiam de desenvolvimento de coleção. Ou estilista que não sabia desenhar. Estas pessoas foram sendo capacitadas, e até hoje a maioria de seus professores contratados são ex-alunos. “Assimilar a transversalidade das técnicas e processos é essencial. E também fui criada em colégio de freiras, lá eu aprendi que todo mundo pode chegar onde quiser, se tiver boa orientação para tanto.” Hoje Cibele conta com uma coordenadora de modelagem e outra de criação, ambas ex-alunas.

Método próprio

A escola possui um método próprio de ensino, desde a técnica inicial de corte e costura até apostilas para os demais cursos, como de moulage, operador de CAD, moda íntima, pet ou de praia, estilista, desenho de moda, vitrine, consultoria de imagem, mercado editorial ou produção, entre outros. O aluno aprende sobre a criação, produção e venda.

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Tudo começou com uma técnica de corte e costura ensinada por dona Elsira. “Uma senhora sozinha, sem parentes ou filhos. Minha mãe trabalhava em projetos sociais e resolveu comprar dela a técnica, inicialmente passada para projetos de igrejas e do Sesi. Mas ainda havia dúvidas sobre a sua aplicação e mamãe abriu a primeira turma para ensinar a todos. Assim nasceu a Sigbol.” Sigbol faz referência a “siga as bolinhas”, a orientação principal para a técnica. Conforme o método, no momento de planificar o molde, você tem uma figura geométrica pronta e coloca nela medidas pessoais. “Para quem está iniciando na costura e modelagem fica difícil visualizar, por exemplo, que a blusa parte de um retângulo. A técnica de seguir as bolinhas facilita muito”, diz Cibele.

No curso, em uma mesma sala estão alunos desde nove até 80 anos. Gente que está começando, ingressando no mercado, aperfeiçoando-se, que faz por hobby, por profissão.

RAIO-X EMPREENDEDOR:

Empresa: Sigbol

Data da fundação: 1982

Cidade-sede: Rio de Janeiro

Ramo: Escola de produção e criação em moda

Faturamento: R$ 13 milhões (previsão para 2015)

Empresária: Cibele de Freitas

Cidade natal: Rio de Janeiro

Formação: Publicidade e Propaganda

Idade: 55 anos

BÚSSOLA EMPRESARIAL:

CERTO

Adequação: “Você precisa de um profissional alinhado com a empresa. Pode ter formação e experiência de mercado, mas você precisa estabelecer exatamente o que espera dele e oferecer treinamentos e condições de trabalho. Não existe um bom profissional para diferentes empresas”, alerta.

Formação de talentos: “Hoje eu vejo muitas pessoas no comando que querem contratar um profissional supercompetente que seja capaz de resolver os problemas que existem na empresa. Isto é muito difícil, porque uma pequena ou média empresa não tem cacife para manter um funcionário de alto nível. E não tem outro caminho. Para ter qualidade de trabalho, ou você paga, ou você forma.”

Flexibilidade: “As condições para melhorar precisam fluir. O funcionário participa da construção do que ensina e tem liberdade para opinar. A flexibilidade e participação de equipe resultam em melhorias tanto de processos quanto financeira”.

Retorno: “É legal porque eles podem não gostar da Cibele – e sei que sou exigente, às vezes chata – mas eu compenso tudo isso garantindo que se eu dou um passo à frente, eles também têm que dar. Tudo que eu tenho de benefícios eles também têm. Cada crescimento da empresa é um ganho maior para eles, sendo assim, eles não trabalham para mim, mas comigo.”

ERRADO

“Você só erra se nunca mudar. E eu já errei muito.”

Afastar-se da gestão: “Há uns três anos, um erro me custou muito caro. Contratei uma pessoa muito qualificada no mercado, que assumiu seu posto na seguinte atitude: ‘Esquece tudo que eu vou cuidar de tudo para você’. Durante meses, fiquei trabalhando mais afastada e meu contato com a empresa acabou ficando exclusivamente através desta pessoa. Depois descobri que ela estava me enganando em tudo. Ela não era tão qualificada quanto o mercado fazia acreditar, escondia os problemas e entrava em atrito com a equipe. Perdi alguns ótimos profissionais nesta época, que saíram devido à insatisfação causada. Não podemos acreditar tanto, largar a empresa na mão de outra pessoa”.

Ignorar a contabilidade: “Eu estou tentando mudar e corrigir um erro crucial meu, e inicial: não entender as finanças da empresa. Por muitos anos, deixei o lado financeiro esquecido. Mas ele é a saúde da empresa. Eu tenho horror de banco. Mas hoje sei que não tem como, você não tem como fugir, precisa fazer aulas de finanças, um curso de contabilidade. Eu estudei com meu filho, ele começou a explicar impostos, tabelas, relações de caixa, organização, gerenciamento. Essas informações tanto oferecem uma base sólida sobre seu estado atual e crescimento, como dizem exatamente o quanto você pode investir.”

BENEFÍCIOS SIGBOL

Comissão por aluno

Todo funcionário ganha uma comissão por aluno. O professor que consegue incentivar mais da metade da turma a seguir na qualificação continuada recebe um prêmio mensal por aluno. Caso sua turma tenha evasão igual ou menor que 6%, também ganha prêmio.

Venda de material

Os professores recebem uma porcentagem a cada venda de material didático. “Porque ele me ajudou a montar a apostila. Eu não precisaria fazer isso, mas preciso reconhecer o trabalho feito. Dessa maneira, quando peço ajuda para atualizarmos uma apostila, todos participam e colaboram.”

Dia de sexta

Toda sexta-feira é dia de qualificação continuada. Os funcionários chegam sem uniforme, em horário diferente. Reunimos diferentes equipes do Rio de Janeiro, temos oficinas de ioga, de massagem, troca de informações, palestras e aprimoramento das relações profissionais. “Essa foi uma ideia do meu pai, até hoje ele me aconselha muito. Este treinamento me custa mais de 15% do meu faturamento, mas compensa.”

Fonte: Cibele de Freitas – Empreendedor

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