Como se proteger e aproveitar oportunidades quando o cenário é pouco previsível

Gustavo Cerbasi, durante palestra da Feira do Empreendedor SP (Foto: PEGN)
 

O Brasil não está em crise. Está em uma nova realidade. Partindo desta premissa, Gustavo Cerbasi, especialista em finanças, falou a mais de 700 empreendedores durante uma palestra na tarde de sábado na Feira do Empreendedor SP 2016.

O evento, organizado pelo Sebrae-SP, ocorre no Anhembi, zona norte de São Paulo, até dia 23. “Tínhamos crédito mundo afora e não temos mais. Vivemos queda nas vendas, no consumo e nos negócios. Não posso dizer que isso mudará no curto prazo”, diz.

Para ele, o país está mais pobre e racional. “O que não pode acontecer é quem tem negócio acreditar que terá uma onda de recuperação”, diz. A hora, segundo o especialista, é de mudar. “É um momento de adotar estratégias diferentes do passado. O papel de todo planejador é desenhar estratégia para se desenvolver em novos cenários”, afirma.

1. Pense na viabilidade
O primeiro passo para tomar decisões mais inteligentes é avaliar a viabilidade de todas as futuras ações. É comum que na hora de começar um negócio os empreendedores tomem atitudes racionais, mas, ao longo do tempo, a emoção fale mais alto. “É natural que o reconhecimento mais emocional tome lugar. Mas toda decisão da empresa devia levar em conta a capacidade de geração de mais caixa. O empreendedor precisa aprender a fazer análise de investimentos.” É fazendo investimentos que a empresa consegue ter uma empresa sempre maior e garantir retornos mais rentáveis no futuro.

2. Esteja pronto para imprevistos
Ter um orçamento flexível é essencial para não se endividar quando acontece um imprevisto. Cerbasi explica que quando os gastos fixos são mais flexíveis o empreendedor não fica refém dos empréstimos. “Na hora do imprevisto, um valor que não cabia no orçamento vira dívida. Se o empreendedor está com as contas muito enxutas, a dívida vai se acumulando e somando juros em cima de juros, o que leva a empresa ao chamado efeito bola de neve”, diz.

Se o orçamento permite deixar de gastar com algum item, como lazer, a dívida é quitada com mais facilidade. “Isso é resiliência, é conseguir se adaptar melhor. Assim, o desequilíbrio dura só um mês e depois ele consegue se restabelecer”, afirma. Em períodos de incerteza, flexibilidade é ainda mais importante. “Quem consegue vislumbrar seu negócio daqui dois ou três anos? Estamos vivendo um típico de cenário em turbulências. Como corrigir? Tendo menos gastos fixos.”

3. Entenda a diferença de empréstimo e financiamento
Este é um erro comum entre os empreendedores. Sem entender a diferença entre empréstimo e financiamento, eles acabam adquirindo dívidas muito mais pesadas. “Quanto mais alta a taxa de juros, mais importante saber diferenciar financiamento e empréstimo”, diz Cerbasi.

Financiamento é usado para comprar um bem ou pagar um projeto, como um imóvel ou um novo maquinário. Costuma envolver muita burocracia, mas tem taxas mais baixas. Já os empréstimos são fáceis de conseguir e costumam ser usados para pagar contas. As taxas de juros, por outro lado, são bastante altas.

Cerbasi ensina que os empreendedores devem negociar crédito quando não precisam de empréstimo. Quando tudo está bem você negocia uma redução na taxa de juros ou a ampliação na linha de crédito. “Por isso, quando você menos precisa do banco, vá ao banco conversar com o gerente. Quando as contas apertarem, você vai ter taxas e linhas melhores liberadas. Ainda falta aos brasileiros essa capacidade de negociar crédito.”

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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