Carioca apaixonada pelo estado nordestino quer tornar a tiquira, bebida feita de mandioca, conhecida em todo o Brasil
A cachaça é normalmente reconhecida como a bebida alcoólica nacional do Brasil. No entanto, para uma empreendedora carioca, outro destilado – que poucos conhecem, vale dizer – deveria ocupar este posto: a tiquira, uma aguardente feita de mandioca.
Margot Stinglwagner, 55 anos, lançou, em maio do ano passado, a Guaaja, sua marca própria de tiquira.
Quando viajou à cidade pela primeira vez para avaliar a possibilidade de empreender por lá, encantou-se com a beleza da região. Na mesma ocasião, provou a tiquira pela primeira vez. Apaixonou-se. No fim, a ideia da pousada não avançou. A viagem, no entanto, não foi totalmente infrutífera: surgiu ali a ideia de produzir e vender a aguardente de mandioca para o Brasil e o mundo.
Bebida brasileira
Por mais que a cana-de-açúcar seja bastante cultivada no Brasil e a cachaça, um de seus derivados alcoólicos, seja considerada a bebida nacional, engana-se quem pensa que a planta tem origem local. Na verdade, a cana vem da Ásia.
Por outro lado, a mandioca que dá origem à tiquira é brasileira de nascença. Antes mesmo do Descobrimento, índios de Maranhão, Piauí e Ceará apreciavam o cauim, uma bebida fermentada feita a partir da raiz. Depois da chegada dos portugueses, que dominavam a técnica da destilação, que separa o álcool de outras substâncias e deixa a bebida mais forte, surgiu a tiquira.
Apesar de genuinamente nacional, a tiquira só é realmente conhecida no Maranhão. E mesmo no estado não há empresas que produzam a bebida em escala industrial – ela é feita em pequenos alambiques. Analisando este cenário, Margot concluiu que poderia ser a pessoa que profissionalizaria o processo de fabricação da tiquira e a faria conhecida pelos brasileiros.
Do momento em que decidiu fabricar tiquira até meados de 2015, a carioca foi aperfeiçoando o processo de fabricação da sua aguardente.
Recebeu propostas para sublocar alambiques de cachaça do Rio e fazer a tiquira na sua terra natal, mas decidiu empreender no Maranhão. “É a bebida do estado e faz parte da cultura maranhense. Não seria ético fabricar a tiquira em outro lugar”, afirma.
Em maio de 2015, Margot lançou a tiquira Guaaja, nome de uma tribo maranhense. Traz em seu rótulo aves guarás, típicas do estado. De acordo com a empreendedora, a Guaaja tem um gosto diferente de outros destilados, é aveludada e seca.
Atualmente, a Guaaja está disponível em supermercados do Maranhão e em alguns hotéis do Rio. Mais recentemente, firmou parceria com um e-commerce, que entrega a bebida em todo o país. Pela internet, uma garrafa de 500 ml custa R$ 82.
Margot prefere não divulgar números de faturamento, mas diz que dá “um passo de cada vez” rumo às suas grandes metas: levar a Guaaja a outros supermercados do país e exportar a bebida. “Queremos apresentar a tiquira para os brasileiros e depois ganhar o mundo.”
Fonte: PEGN