Berenice Freire, de 46 anos, é fundadora e presidente da Garden Química. Ela teve uma trajetória de muito esforço e superação antes de levar sua empresa a um faturamento de R$ 30 milhões em 2015.
Desde cedo, Berenice colocou na cabeça que precisava trabalhar para conseguir ter uma vida melhor. Aos 13 anos, meses antes de fazer 14, quis tirar uma carteira de trabalho para poder trabalhar. Naquele tempo, aquela era a idade mínima para ter um emprego pela CLT.
Seu pai, no entanto, a proibiu de ter o documento. “Ele falava que as mulheres tinham que cuidar da casa e não trabalhar fora.” No entanto, aproveitando uma das viagens de seu pai caminhoneiro, Berenice conseguiu a carteira. Anos depois, vendo o progresso da filha, o pai admitiu que seus conceitos eram ultrapassados.
Ela conseguiu o primeiro emprego ainda aos 14 anos, como auxiliar de escritório em uma pequena fabricante de cosméticos.
Comunicativa, Berenice despertou o interesse de uma indústria química maior, a Verquímica. Lá, começou a trabalhar como representante de vendas. Foi galgando promoções e chegou ao cargo de coordenadora nacional de vendas, comandando uma equipe de 80 pessoas.
Enquanto estava na Verquímica, ela conheceu o marido, o químico Waldir Freire. Os dois perceberam que a sintonia do casal também se aplicava aos negócios e, em 1992, abriram a Garden. No começo, a empresa trabalhava somente com vendas, cedendo representantes comerciais a outras indústrias farmacêuticas – a Verquímica, aliás, tornou-se a principal cliente da empresa.
Química “de humanas”
Em 1999, aos 29 anos, Berenice começou a fazer faculdade de química industrial. “Decidi estudar porque só sabendo química eu entenderia melhor o que vendia e poderia satisfazer as necessidades dos meus clientes”, afirma.
Antes da graduação, a empreendedora já havia feito alguns cursos nas áreas de vendas e gestão de pessoas, mas nada tão aprofundado.
Para Berenice, os anos de faculdade foram muito difíceis. “Eu sou uma pessoa ‘de humanas’. Gosto mais de me comunicar do que de fazer cálculos. Por isso, para conseguir passar em todas as matérias, praticamente abdiquei de qualquer vida social.”
Em 2004, com Berenice já formada, a Garden entrou em uma nova fase: transformou-se em indústria. Hoje, a terceirização de representantes comerciais não existe mais e o foco está apenas na fabricação de produtos, geralmente utilizados como ingredientes em cosméticos. “Sem investimentos em gente, não há motivação. Por isso, fazemos várias capacitações e nos esforçamos para manter um ótimo clima na empresa”, diz.
Berenice também afirma que as portas de sua sala estão sempre abertas a qualquer funcionário. Ela faz questão, aliás, de conhecer todas as pessoas que participam de algum processo seletivo na Garden. “É importante ser acessível. Você pode economizar milhões ao ouvir sua equipe.”
Em 2015, a Garden faturou R$ 30 milhões. A meta de faturamento para este ano é chegar a R$ 42 milhões. Outro plano de Berenice é abrir uma nova fábrica na região de Sorocaba (SP) nos próximos dois anos.
Fonte: PEGN