Valéria Verdi de Macedo era professora antes de fundar a Torteria Haguanaboka. A marca tem hoje duas lojas próprias e duas franquias

A fundadora da Torteria Haguanaboka, Valéria Verdi de Macedo (Foto: Divulgação)

Em 1990, o Brasil sofria com a hiperinflação e os sucessivos planos econômicos. Os empreendedores ainda nem sonhavam com os negócios de um produto só que fazem sucesso hoje em dia. Valéria Verdi de Macedo tinha 22 anos e dava aulas em uma escola municipal de São José dos Campos. “Eu não estava satisfeita. Gostava de ser professora, mas não era isso que queria fazer para o resto da vida”, afirma ela. Quando ela teve de assumir uma turma especialmente difícil, decidiu pedir demissão e investir em outro gosto: o de cozinhar.

Valéria alugou uma edícula e começou a fazer tortas doces e salgadas. Nascia ali a Torteria Haguanaboka. A empreendedora optou por oferecer apenas esse tipo de prato para se diferenciar das demais doçarias. “Os clientes me perguntavam se eu tinha coxinha ou empadinha. Eu respondia ‘não. Tenho torta’”, diz Valéria. “Eu teimei em não fazer o que qualquer padaria poderia vender. E minha teimosia fez a empresa se destacar.”

No início, era ela que criava as receitas, cozinhava, fazia a venda e atendia o cliente. “Começava às sete da manhã e não tinha hora para acabar”, diz a empreendedora. “E logo entendi que eu gostava mesmo era de empreender.” Até mesmo as dificuldades da época – a fabricante de aviões Embraer fez uma demissão em massa na cidade – não abalavam o negócio. Em dois anos, a Torteria ficou muito grande para a edícula, e Valéria decidiu se mudar para um ponto mais espaçoso. O aluguel era três vezes maior, mas o movimento triplicou logo em seguida.

A empreendedora concentrava em si as atividades da empresa e o controle de qualidade. Essa centralização teve um impacto na expansão da marca, na década seguinte. A Torteria chegou a ter mais duas lojas e um quiosque em shoppings da região. “Nesse ponto, eu me perdi um pouco. Era muito controladora e me cansava muito cuidando de todas as unidades”, afirma Valéria. Ela votou atrás e manteve uma loja de rua e outra de shopping apenas.

Mas, com o tempo, a empreendedora viu que era necessário pensar em outras maneiras de crescer. “Fiz cursos de negócios e aprendi técnicas de gestão de pessoas. Eu vi que algumas funcionárias saíam da empresa porque não enxergavam possibilidades de crescimento profissional. Sabia que era hora de mudar.” Ela aprendeu a padronizar as atividades do negócio e a delegar funções. Três anos atrás, Alexandre Thibes, um amigo que já havia feito um plano de negócios para a Torteria, saiu da multinacional onde trabalhava. Valéria teve a ideia de convidá-lo para se juntar à empresa e planejar a expansão com franquias.

O processo de padronização do negócio durou um ano e meio. “Contratei uma nutricionista e, juntas, registramos todas as medidas, as temperaturas, o temo de forno. Tudo isso mantendo o padrão de qualidade dos produtos”, diz Valéria. “Fizemos um manual com todas as regras de atendimento e as funções de cada membro da equipe.”

Em 2016, foram abertas duas franquias da Torteria, em Mogi das Cruzes e em Taubaté, ambas no interior paulista. Três meses atrás, ficou pronta a cozinha central da rede, que fornece as tortas para todas as unidades. “Antes da expansão, minha vida estava mais tranquila porque as lojas próprias funcionavam muito bem. Tão tranquila, que eu estava desmotivada”, afirma a empreendedora. “Agora, é um turbilhão. Eu dou suporte aos franqueados e zelo pelo produto. Estou muito mais na coordenação do que na execução. Tenho muitas funções, mas no fundo eu gosto.”

crise econômica, diz Valéria, estimulou a criatividade. “Não quis ficar na mesmice. Temos feito promoções e combos para aumentar as vendas.” A rede acrescentou ao cardápio itens como sucos, saladas e chocolates. “Gosto de criar. Não quero ficar em casa vendo TV. Passo o domingo criando projetos”, afirma ela. A rede faturou R$ 3 milhões em 2016 e tem a expectativa de chegar a R$ 4,5 milhões neste ano, com um total de oito lojas. “Quando a gente faz o que gosta, não se cansa”, diz Valéria.

Fonte: PEGN

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