Biva teve que se adaptar ao sistema financeiro brasileiro para criar algo na área do empréstimo entre indivíduos
Um modelo de negócios que permite que pessoas emprestem dinheiros umas às outras: esse é o conceito depeer-to-peer lending (P2P). O segmento movimentou US$ 5,98 bilhões em 2014 no Estados Unidos e foi escolhido pelos empreendedores Jorge Vargas e Paulo David como uma oportunidade para empreender.
Os empreendedores já tinham trabalhado juntos em um escritório de advocacia e, na hora de abrirem o negócio, juntaram um pouco de suas experiências. “Eu sou um cara com bastante experiência na área financeira e jurídica e o Paulo é apaixonado por empreendedorismo”, explica Vargas. Dessa junção, nasceu a Biva, uma sigla para “Bancando ideias, valores e ações”.
Na hora de desenvolver a ideia, os sócios precisaram arranjar uma forma de adaptar o P2P para o sistema bancário brasileiro. Durante nove meses, se dedicaram a encontrar uma solução para esse problema e desenvolver a plataforma. Para atender as leis exigidas, os empreendedores fizeram parcerias com a instituições financeiras que geram os títulos para lastrear a operação. A principal instituição parceira do empreendimento atualmente é a Socinal.
A Biva foi inaugurada, então, em abril de 2015 e, no mês seguinte, realizou sua primeira operação de empréstimo. Para montar a plataforma, Vargas e David contaram não só com dinheiro do próprio bolso como investimento inicial. O fundador do Nubank, David Vélez, foi o investidor-anjo da Biva. Além disso, os sócios receberam aportes de três fundos de venture capital: Kaszek Ventures, Monashees e Vox Capital.
Enquanto as instituições financeiras tradicionais são remuneradas pelo spread bancário, a Biva repassa todos os juros pagos de uma ponta para outra. A remuneração da empresa vem de uma comissão de cerca de 5% sobre o valor do empréstimo aprovado, além dos serviços de aquisição dos clientes e análise de crédito efetuada. “Dentre empreendedores, investidores e pessoas com pedidos ainda não concluídos, a Biva tem mais de 25 mil cadastrados. Já recebemos mais de R$ 80 milhões em solicitações de empréstimos”, afirma Vargas.
Para proteger os correntistas e investidores no caso de insolvência da instituição na qual eles estiverem ativos, a Biva tem uma parceria com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Todo investimento feito pela empresa é protegido por esse parceiro. O número de empréstimos da Biva varia bastante, mas Vargas garante que, em média, esse valor só cresce: “Dezembro é um mês de alta demanda, enquanto janeiro tende a ser o período com menor demanda do ano. Mas, recentemente, chegamos a fazer cerca de 100 operações de crédito em apenas um mês.”
Assim como o Gaveteiro, a Biva foi uma das 35 selecionadas para o programa de aceleração organizado pela Endeavor e pela J.P. Morgan: o Programa Promessa J.P. Morgan Chase Foundation. Para 2016, os empreendedores esperam conceder cerca de R$ 50 milhões para mais de mil pequenas empresas que buscam crescer no mercado. “Muitos micro e pequenos empresários do Brasil estão abrindo mão de crescer seus negócios por conta da crise. Estamos aqui para mostrar que existe uma forma alternativa de crescimento”, afirma Vargas.
Fonte: PEGN