Até o final de 2014, a empresa já havia instalado 55 sistemas fotovoltaicos conectados à rede e também para autônomos. O plano para 2016 é crescer substancialmente através da expansão da rede de parceiros e também com a criação de um modelo de franquias.
No ano de 2008, época em que a Blue Sol começou, o setor de energia renovável recebia pouca atenção e os relatórios governamentais projetavam que a fonte teria pouca relevância na matriz elétrica brasileira.
Apenas depois da Resolução Normativa 482, da Aneel, ser publicada, é que a fonte de energia solar passou a chamar mais atenção. Mais tarde, com a crise energética que iniciou em 2013, o Brasil também passou a reconhecer que o modelo era equivocado e que seria importante investir em diversificação da matriz, tornando-se menos dependente das hidroelétricas e dos regimes pluviais.
José Renato, sócio-diretor da Blue Sol, destaca que a fonte solar é a que mais cresce no mundo, ganhando notoriedade nos últimos anos. “Isso fez com que os tomadores de decisão no Brasil percebessem que o país estava atrasado e precisava reagir”, afirma. Além disso, outros fatores mais urgentes contribuíram para que a demanda por fontes de energia renováveis aumentasse, entre eles, o colapso no setor elétrico, provocado pelo crescimento econômico dos últimos anos.
De acordo com Luis Otávio, a percepção de que em algum momento haveria escassez era evidente e a necessidade urgente de mudar seria a consequência. Nesse cenário, então, a energia solar se tornou forte candidata a ganhar atenção e participação na matriz energética do país. O empresário acrescenta também que a tendência para o setor apontava que o modelo superconcentrado em usinas hidroelétricas teria fortes limitações de expansão.
E uma das saídas é a micro e minigeração de energia elétrica, através de fontes renováveis. “A geração de pequeno porte quebra velhos paradigmas do centenário setor elétrico e muda completamente a forma de pensar sobre energia”, afirma José Renato. Isso porque a micro e minigerações distribuídas produzem energia no mesmo ponto onde se consome energia, gerando liberdade aos clientes que podem escolher produzir “dentro de casa” a energia que consomem ao invés de comprar energia produzida a milhares de quilômetros de onde estão.
Segundo José Renato, essa mudança gera modernização para o setor “de dentro para fora” havendo menor necessidade de investimentos faraônicos no meio da floresta. Ao avaliar o mercado de fontes alternativas de energia de pequeno porte no Brasil, José Renato e Luis Otávio comentam que o modelo brasileiro de energia solar tem um crescimento mais lento e orgânico, porém sustentável. Para eles, os nichos de mercado encontrados não são artificiais e a energia solar é instalada onde realmente se torna competitiva. Porém, por outro lado, o Brasil poderia possuir mais incentivos, diminuir as barreiras e os impostos.
Esses aspectos, segundo José Renato, auxiliariam muito, entretanto ele analisa que o Brasil não deve se espelhar em modelos de crescimento artificiais como o alemão. Na Alemanha, o governo deu fortíssimos subsídios durante os primeiros anos de crescimento da fonte solar, dessa forma o consumidor alemão tinha taxas de retorno de mais de 20% ao ano em um país que tem taxa básica de juros de 1%.
Essa sistemática gerou forte atratividade e consequente crescimento. Porém, o setor era dependente de subsídios e quando o governo decidiu diminui-los o mercado caiu muito. Por isso, os empresários acreditam que o modelo brasileiro é mais sustentável e defendem que para o consumidor brasileiro ganhar confiança na geração própria de energia, mais informação e divulgação sobre a relação custo x benefício da energia solar fotovoltaica.
Atualmente, a Blue Sol possui uma rede de cerca de 140 empresas parceiras, chamadas de integradoras, que representam a empresa em suas respectivas regiões. A empresa terceiriza grande parte das instalações através de uma rede, ganhando competitividade com mão de obra local.
A Blue Sol oferece a solução completa, vendendo desde a engenharia do projeto até a instalação. Além disso, fornece treinamento para a rede de integradores e demais interessados em trabalhar com energia solar no Brasil.
O treinamento integra desde instaladores técnicos até empreendedores interessados em iniciar no setor de energia solar. “Buscamos criar um modelo que maximize as chances de sucesso de um novo empreendedor trabalhando em parceria conosco, evitando que ele tenha que cometer os erros que cometemos no nosso caminho de crescimento”, diz José Renato.
Até hoje, a empresa já vendeu mais de 4 mil treinamentos para diversos perfis de alunos. No Programa de Integradores, além do conhecimento técnico, a Blue Sol transmite ao público, formado basicamente por empresário, informações sobre abordagens comerciais, como trabalhar com os processos e sistemas e tendências futuras de mercado.
Os principais clientes da Blue Sol são pessoas físicas de alta renda e empresas que buscam redução das contas de luz. Luis Otávio explica que o preço de um sistema de energia solar fotovoltaica varia sobre o quanto um dado cliente consome de energia elétrica. Quanto maior o consumo, maior o custo do sistema.
O empresário conta que já vendeu sistemas de R$ 12 mil até sistemas de R$ 3 milhões, porém o ticket médio hoje é de cerca de R$ 40 mil. A empresa tem como objetivo tornar a aquisição do sistema solar extremamente simples.
Demonstrando consistência, a Blue Sol foi crescendo e, conforme os sócios-fundadores avaliam, a reputação da empresa foi construída através de muito trabalho e demonstração diária de que entrega o que se propõe a entregar. “É muito fácil se enganar e pensar que trabalhar com energia solar vai te tornar grande em pouco tempo. Isso não é real”, afirma José Renato.
Fonte: Empreendedor