Preço menor e apelo ecológico servem de atrativo em trabalhos que envolvem pouco volume e distâncias mais curtas

Décadas atrás, o trânsito caótico das capitais brasileiras levou muitas empresas a buscarem uma alternativa para fazer entregas urgentes. Os motoboys cresceram e se multiplicaram pelas vias do país. Hoje, alguns negócios valorizam outros conceitos além de versatilidade e mobilidade, como bem-estar e redução das emissões de poluentes. E a resposta para essa demanda está sendo o surgimento dos serviços de bike couriers, que usam bicicletas em vez de motos.

Victor Castello Branco, proprietário da Courrieros, que atua na cidade de São Paulo, conta que a ideia surgiu quando ele trabalhava como bancário e não encontrava opções de entrega alinhadas ao conceito de sustentabilidade. “Vi esse modelo em uma viagem que fiz para Nova York, em 2011, e decidi trazer para cá. São Paulo já é muito caótica, e o uso de bicicletas reduz o trânsito, incentiva o esporte e é menos agressivo à rotina da cidade.” Fundado em 2012, o empreendimento faz em média 300 transportes por dia e conta com 28 entregadores.

 Foto: Tyler Olson / Shutterstock
Preocupação ambiental estimula empresas a contratarem serviços de bike

Já a BSB Courier, de Brasília, nasceu em 2013. Um grupo de amigos que usavam as bicicletas para trabalhar, estudar e viajar resolveu transformar a paixão em sustento. “Brasília é uma cidade que favorece isso por ser plana, arborizada e com uma estão seca bem definida. Assim, resolvemos unir o útil ao agradável”, diz Yuri Prestes, um dos fundadores.

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Cada entregador da Pedal Express, de Porto Alegre, costuma pedalar de 60 a 100 quilômetros por dia

No Rio de Janeiro, a geografia não é tão favorável, mas também lá o segmento floresce. “Não conseguimos atender alguns lugares devido ao relevo. Apesar disso, temos uma boa demanda, que vai desde escritórios de design a firmas de advocacia.”, conta um dos sócios da Ciclo Courier, Alexandre Magno.

A demanda não está ligada apenas ao apelo ecológico. O baixo custo em pequenas distâncias é um atrativo. Em Brasília, o transporte por motoboys sai de R$ 15 e R$ 25, e o de bicicleta, R$ 8 a R$ 12. Em São Paulo, a diferença fica em torno de 20%. “Até uma distância de 9 quilômetros nós somos competitivos. Depois disso, fica mais caro e demora. Além disso, conseguimos carregar volume e peso menores”, reconhece Castello Branco, da Courrieros.

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No Rio, a Ciclo Courier atende desde escritórios de design até firmas de advocacia

Desafios ao guidão
Por outro lado, independentemente das cidades em que atuam, as empresas são unânimes ao apontar uma dificuldade enfrentada: a falta de respeito com as bicicletas no trânsito. “São poucos os motoristas que aceitam compartilhar a via com os ciclistas. Temos que redobrar nossa atenção. E mesmo a pouca malha cicloviária existente tem pouca qualidade”, reclama Valmir Freitas, fundador da Pedal Express, de Porto Alegre, que faz em média 40 serviços por dia.

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Lucas Mello, Victor Castello e André Biselli, sócios da paulista Courrieros

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