Ali eles adquirem a experiência necessária para o mercado de trabalho: criam projetos, assumem cargos de gerência e presidência, comandam equipes e vendem seus produtos.

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Eles são jovens, todos na faixa dos 20 anos e com algo em comum: quiseram ter uma experiência profissional ainda na faculdade por meio do Movimento Empresa Júnior, que nada mais é do que uma empresa registrada, com CNPJ e tudo, mas ligada à instituição de ensino da qual fazem parte. Ali eles adquirem a experiência necessária para o mercado de trabalho: criam projetos, assumem cargos de gerência e presidência, comandam equipes e vendem seus produtos. Saem da faculdade com uma formação diferenciada e no currículo a bagagem de ter ocupado cargos que seriam conquistados apenas com 20 anos de carreira.
É dessa forma que Sorocaba tem “exportado” diversos empreendedores para o mundo. Entre os exemplos que podem ser citados está o de Marc Kirst, que estudou Administração na UFSCar Sorocaba e fundou o Programa Visão Empreendedora, o Prove, que atua diretamente na área da Educação e de forma inovadora estimula jovens a terem projetos de vida. Palestrante, facilitador de grupos e coach, Mark conseguiu – pela importância de seu trabalho – o apoio da Red Bull Amaphiko. Já Felipe Maia Lo Sardo, que estudou Engenharia de Controle e Automação na Unesp Sorocaba, é co-fundador do Goomer, aquele cardápio digital no tablet que pode ser visto em bares, restaurantes e hotéis. Está faturando com a ideia.Agora mais um grupo está saindo de dentro de uma instituição de ensino para o mundo: os participantes da Dinâmica Engenharia Júnior, da Unesp de Sorocaba, que venceram o Desafio VotoJr e vão receber R$ 20 mil para executar um painel interativo para o Grupo Votorantim. Entre várias etapas eliminatórias, na final enfrentaram outras empresas juniores, de faculdades como a FEI, o Instituto Mauá de Tecnologia e Unesp de Ilha Solteira.

Os participantes do desafio tinham de propor uma solução para a seguinte questão: como inovar e extrapolar o uso do mural (físico ou digital) na organização, de uma forma inovadora, interativa e que engaje o público interno a atuar de forma mais colaborativa? A partir daí os alunos da Unesp Sorocaba criaram um painel interativo com uso de projetor de imagens acoplado a um Kinect (como do videogame Xbox). No desafio de projetos, precisaram enfrentar perguntas dos concorrentes e ainda da banca avaliadora, composta por executivos da Votorantim.

Movimento ainda é pouco conhecido em Sorocaba

A Dinâmica Engenharia Júnior tem 40 participantes, dos dois cursos da Unesp Sorocaba: Engenharia de Controle e Automação e Engenharia Ambiental. A equipe é coordenada pelo presidente Marcos Ubiratan Silva Souza, 22 anos, aluno do 5º semestre do curso de Engenharia de Controle e Automação. No conselho consultivo está Otávio Gianotti Lunadi, 21 anos, do 9º semestre de Engenharia de Controle e Automação. Igualmente do mesmo curso, Lucas Sola Garcia de Campos, 22 anos, aluno do 7º semestre, é o gerente responsável pelo projeto do painel, vencedor do Desafio VotoJr. Conforme os alunos, o professor Roberto Wagner Lourenço é o responsável por acompanhar o andamento da Empresa Júnior, mas dá total liberdade para os estudantes atuarem.

O brilho nos olhos, o entusiasmo para contar do projeto e principalmente o fato de acreditarem em suas ideias mostram o quanto de si esses jovens projetam para o futuro. Eles, no entanto, lamentam que Sorocaba não conheça esse movimento de empresas juniores. “Fizemos um levantamento e na cidade são oito ao todo, além da nossa”, afirma Otávio Gianotti Lunadi, conselheiro consultivo da Dinâmica Engenharia Júnior, ligada à Unesp Sorocaba.

De acordo com Otávio, das 73 empresas que eles entraram em contato, apenas 30% ouviram falar sobre as juniores.

“Temos proposta de projetos para empresas grandes e pequenas e o preço do nosso trabalho é bem mais barato. Enquanto um projeto no mercado custaria em torno de R$ 40 mil, fazemos por R$ 20 mil ou mesmo R$ 15 mil”, conta. Outra vantagem, afirma Otávio, é a qualidade. “Pois as juniores contam com estudantes de boas faculdades e supervisão de professores. E para nós é importante desenvolvermos trabalhos para as empresas para podermos exercitar tudo o que estamos aprendendo”, complementa.

Marcos Ubiratan Silva Souza, presidente da Dinâmica, afirma que as juniores mantêm contato entre si e trocam informações. “Tentamos nos ajudar e quando um cliente solicita algo que não se encaixa no portfólio, encaminhamos uns aos outros”.

A Dinâmica, diz Marcos, faz projetos de pesquisa e desenvolvimento e consultoria para empresas. Entre os diversos trabalhos ele lembra que já fizeram um para a Ambev, de Votorantim. “Era para automatizar a coleta de incidentes na área de segurança do trabalho”, conta. “Temos cinco projetos em andamento hoje e sete propostas para aprovação”, diz. O dinheiro recebido fica armazenado em caixa e retorna para a equipe, para capacitações em geral, como congressos e cursos.

Mais do que sair da universidade com um currículo de peso, o que consideram fundamental é o desenvolvimento como pessoa. “Você aprende a gerir, administrar seu tempo, desenvolve técnicas de oratória e de liderança e conhece mais áreas do que apenas as disciplinas do curso”, diz Marcos, citando como exemplo o fato de não ter nenhuma matéria que aborde a Gestão de Projetos, e como na Empresa Júnior tem, ele já sabe que é isso que quer fazer. “Quando entrei na Unesp não tinha essa visão empreendedora. Foi bom conhecer outras possibilidades, acho importante isso. Desperta a pessoa para abrir seu próprio negócio e poder ajudar a sociedade com seus projetos”, comenta.

Conforme Otávio, o Movimento Empresa Júnior é uma salvação para o Brasil. “A missão é impactar a realidade do País todo. Pode observar, as cidades que procuram por esses serviços têm crescido muito, se desenvolvido mais. A Prefeitura de Sorocaba poderia dar um incentivo, divulgar mais nosso trabalho para as empresas”, diz.

Lucas Sola Garcia de Campos, gerente do projeto vencedor, lembra que o problema no País hoje é exatamente com os líderes. “Eles querem corromper o sistema para poder crescer, mas é preciso que saiam dessa zona de conforto de propinas para passarem para meios complexos, e com grande retorno. É preciso deixar de fazer o fácil para fazer o certo”, pontua. Para Lucas, essa geração de pessoas que participam de empresas juniores vêm para mostrar isso. “A principal missão do movimento é formar líderes capazes e comprometidos a transformar o nosso País”, afirma.

Fonte: Empreendedor

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