O Dinneer é uma startup criada por brasileiros e inspirada no modelo do Airbnb. Hoje, o negócio já está presente em mais de 40 países
Que tal, ao viajar para Portugal, comer um bacalhau na casa de um português? Ou, então, receber um turista na sua residência e ganhar uma renda extra preparando uma feijoada para vocês dois?
Essa é a proposta da plataforma Dinneer: criada pelo brasileiro Flavio Estevam, a startup se inspirou na tendência da economia compartilhada – que tem exemplos de sucesso, como Airbnb e Uber – para desenvolver um site no qual as pessoas dão e recebem suas melhores refeições.
O negócio nasceu no segundo semestre de 2015 e já realizou quatro mil jantares, feitos por mais de três mil anfitriões. Após uma aceleração e dois aportes de investimento, a startup pretende multiplicar (e muit0) tais números em 2017.
Ideia de negócio
Estevam empreende há nove anos no mundo da internet. A ideia de negócio da Dinneer surgiu ao observar duas tendências paralelas.
Primeiro, a ascensão do Airbnb e, consequentemente, da abertura em receber pessoas até então desconhecidas em casa. “Ele é até hoje uma inspiração para a gente, por ser uma grande plataforma e gerar uma experiência, e não apenas oferecer um serviço”, explica o empreendedor.
A segunda tendência observada foi o fato de várias pessoas gostarem de postar seus hábitos culinários no Instagram e, com isso, receberem diversos comentários positivos. “Vi que havia um produto sendo postado e desejado por muitos, mas que mesmo assim não era vendido. Vi que também poderia fazer uma plataforma quer conectasse as pessoas e suas residências, mas especificamente para refeições.”
Internacionalmente, o Dineer tem uma proposta similar a plataformas como EatWith e MealSharing, por exemplo.
Estevam se juntou ao também empreendedor Raphael Jara e eles colocaram a mão na massa na própria mesa de jantar de Estevam. Em dois dias, fizeram o produto mínimo viável (MVP) do negócio: investiram 30 reais para comprar um domínio, e nele programaram cinco anúncios de jantares feitos em casa.
“Logo vimos nossa primeira reserva, em São Paulo. A partir daí, fomos crescendo”, conta Estevam.
Como funciona?
A Dinneer é, basicamente, uma plataforma para conectar e intermediar o pagamento entre quem paga por um jantar e quem o oferece.
O visitante entra no site e escolhe uma das refeições oferecidas, após olhar dados como preço cobrado, menu, número de visitantes que o jantar atende e local.
Todo anfitrião deve seguir um padrão de atendimento e qualidade – por exemplo, é obrigatório oferecer entrada, prato principal, sobremesa e bebidas para todos os visitantes. Alguns pratos oferecidos são Coxinha de Jaca Vegana, Lasgana al Ragù e Moqueca Capixaba, por exemplo. O ticket médio é de 127 reais.
Para financiar toda a operação do negócio, incluindo o processamento de pagamentos e o acompanhamento do processo de visita, a Dinneer cobra uma taxa de 10% tanto sobre o anunciante da refeição quanto sobre o comprador.
Ou seja: supondo um jantar anunciado por 100 reais, o visitante irá pagar 110 reais para a Dinneer (10% de taxa de serviço, evidenciada ao confirmar o pagamento), enquanto o anfitrião irá receber 90 reais um dia após a realizar do encontro (10% do valor do jantar vai para a startup). Esse é o mesmo modelo de cobrança visto em startups como o Airbnb, diz Estevam.
Mudança de planos e expansão
Uma estratégia tomada há apenas seis meses foi fundamental para que a startup desse o salto de crescimento: focar em brasileiros que vivem no exterior como anfitriões. Segundo Estevam, essa é uma fatia populacional que compreende cerca de quatro milhões de pessoas.
Antes desse foco, havia usuários de sete países diferentes participando da Dinneer. Hoje, a plataforma reúne 42 países, com mais de três mil anfitriões – 90% deles são brasileiros. Até o fim de 2017, a Dinneer pretende chegar a 10 mil anfitriões.
Da mesma forma, o negócio também pretende crescer o número de jantares: em 2016, quatro mil refeições foram realizadas por meio da plataforma. A meta é chegar a 20 mil refeições no acumulado de 2017.
“O plano agora é aplicar essa mesma estratégia com outros países, expandindo por nacionalidades de nichos. Focaremos em argentinos, espanhóis e japoneses que saíram dos seus respectivos países”, diz Estevam. “Nosso objetivo final é claro: queremos criar o maior restaurante do mundo, sem ter um restaurante sequer.”
Reconhecimentos
Em setembro de 2016, a Dinneer foi selecionada para um programa de aceleração em Vancouver, no Canadá. No programa Leap International, da aceleradora Launch Academy, os empreendedores passaram três meses pensando em como lançar a Dinneer de forma global.
“Vancouver é um centro de empreendedores de vários países, e isso abriu nossos olhos para o mundo. Conseguimos entender o mercado de expatriados de forma mais rápida com a aceleração”, conta Estevam.
No final desse mesmo ano, a Dinneer recebeu um investimento do fundo Bossa Nova Investimentos, de valor não divulgado. O Bossa Nova investiu ao todo 10 milhões de reais em 2016, e já aportou em startups como 33e34 e HotelQuando.
Por fim, a startup anunciou recentemente seu segundo investimento: um aporte feito pelo fundo americano Eldar Investments e pelo português ECS Capital Partners, também com valor não divulgado.
Fonte: Exame