Gerente sênior de comunicação corporativa da empresa no Brasil diz resultados do primeiro ano são satisfatórios e que investimentos previstos para a unidade catarinense terão continuidade
A instabilidade da economia brasileira e a queda gradual do volume de vendas de todos os segmentos de veículos no País têm deixado muitos investidores cautelosos. Afinal, como continuar apostando em um País que vive uma grave crise política e econômica.
Na última semana, durante o lançamento do novo BMW X1, em Barueri, na Grande São Paulo, a reportagem de Negócios & Cia. conversou com Vladimir Mello, gerente sênior de comunicação corporativa do Grupo BMW Brasil, para saber como a montadora alemã encara esse momento e de que forma isso impacta na produção dafábrica de Araquari, no Norte do Estado.
Na avaliação de Mello, nada mudou no planejamento e não há qualquer indicativo de que irá mudar por causa da crise econômica brasileira. Prova disso é que a partir de março, a unidade começará a produzir a nova geração do X1, veículo que é um dos mais vendidos da marca no País. Confira a entrevista:
Crise no setor
– Passamos por um momento difícil e desafiador. Todos sabem que as vendas do setor no Brasil vêm caindo, embora o segmento premium tenha fugido um pouco dessa tendência. Se olharmos para o balanço de 2015, veremos que o resultado foi positivo, mas inferior ao que poderia ter sido. O fato é que essa situação de mercado e a desconfiança do consumidor impacta nas vendas. Para 2016, evitamos fazer previsões. O mercado está muito volátil com as altas do dólar e da inflação. Se fecharmos 2016 com os índices de 2015, estaremos satisfeitos. No ano passado, vendemos cerca de 17,8 mil veículos, sendo 2 mil Minis. Mantendo esse mesmo ritmo, o ano terá valido a pena.
Risco de demissões
– Em momento algum pensamos em reduzir o quadro de funcionários. Pelo contrário. Como a fábrica estava sendo implementada, procuramos justamente estruturar todas as unidades operacionais e fazer contratações para isso. Não tivemos nenhum tipo de demissão, nem medidas de contenção. Agora, estamos consolidando a instalação da fábrica, com cerca de 750 funcionários. É o que tínhamos previsto com base no volume de produção da unidade. Isto está bem equacionado.
Investimentos na unidade catarinense
– A BMW tem uma estratégia a longo prazo na fábrica de Araquari. O investimento feito – mais de R$ 600 milhões – não foi imaginado para um prazo de dois ou quatro anos, por exemplo, mas pensado em como posicionar a marca no Brasil daqui a 20 ou 30 anos. É normal que, alguns anos atrás, ninguém conseguisse prever essa volatidade que acontece na economia brasileira, especialmente nesse último ano. Mas a decisão de consolidar a produção no Brasil vai além do momento econômico do País.
Segundo turno de trabalho
– Hoje, a fábrica opera com apenas um turno de trabalho, mas tem capacidade para ampliar para um segundo e, eventualmente, um terceiro turno. Só que isso tudo depende da demanda. Neste momento, não justificaria implantar um segundo turno. O número de funcionários que a fábrica tem atualmente é suficiente. Certamente, se a demanda aumentar, poderemos adotar novas medidas e abrir mais vagas de trabalho.
A fábrica de Araquari
– Produzimos no ano passado, em Araquari, cerca de 11 mil veículos. Foi um ano bem importante, porque, além de consolidarmos a produção com cinco modelos – séries 1 e 3, X1 e X3 e Mini Countryman –, desde o final de setembro, o projeto da fábrica está finalizado. Em setembro de 2014, começamos com a montagem e, um ano depois, implementamos os setores de carroceria e de soldagem. Portanto, esse número de unidades faz parte do processo natural de evolução da empresa. Não tínhamos a expectativa de produzir um volume muito grande no primeiro ano. A gente sabe o tamanho do segmento premium no Brasil. Seria ilusório imaginar que a BMW produziria mais unidades. Mas é natural que se espere e trabalhe para que, a curto prazo, tenhamos um cenário diferente e maior demanda pelos nossos produtos.
– O início da produção da segunda geração do X1 será importante porque se trata de um modelo de volume. Para se ter uma ideia do que isso significa, no ano passado, ainda com a geração anterior, ele representou entre 15% e 20% das vendas totais da BMW. Então, certamente esse novo modelo vem incrementar o nosso portfólio, o que é muito importante. Devemos produzir entre 200 e 250 unidades por mês da nova geração, a partir de março. O X1 – cujos preços vão variar de R$ 166.950 (versão de entrada) a R$ 199.950 (versão topo de linha) –, juntamente com o Série 3, são os nossos dois carros-chefe de vendas no Brasil.
Fonte: Estratégia da BMW em Araquari é a longo prazo, diz Vladimir Mello – A Notícia