Modelos mais econômicos são estratégia de grandes redes para manter expansão na crise
Comprar uma franquia para ter um emprego. Esta é a percepção dos franqueadores que estão expondo na 25ª edição da ABF Franchising Expo sobre os visitantes do evento.
Com a crise, muitos buscam nas franquias uma forma de recuperar a renda perdida. “O franchising também repensou sua estratégia de expansão e tem modelos em que o custo de material usado para montagem, a metragem e o estoque foram revistos para este momento”, diz Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Para André Friedheim, consultor e sócio da Francap, o movimento é válido, desde que não descaracterize a marca. “Não pode só entrar em microfranquia por entrar e perder o conceito. Vale a pena desde que não perca o DNA da empresa”, diz Friedheim.
É o caso da Cacau Show. Com um investimento médio de R$ 220 mil na franquia convencional, a marca conseguiu ter mais de 2 mil unidades. Agora, lança três formatos de microfranquia, com capital exigido de R$ 19 mil a R$ 42 mil. “A gente percebeu que existia uma lacuna nos negócios que ofertávamos em relação ao número de pessoas que nos procuravam para investir. Muitas vezes, os modelos exigiam um capital que esses investidores não tinham”, diz Arlan Roque, gerente de expansão da rede.
Entre os novos modelos apresentados na feira está a microfranquia de distribuição, com investimento mínimo de R$ 19 mil. A unidade não exige ponto comercial e pode ser montada em casa.
O franqueado atua como um representante comercial da marca. “Ele tem três frentes de atuação: montar uma equipe de revendedores, ter venda corporativa de brindes para grandes empresas e montar espaço em outras empresas em datas comemorativas”, diz Roque. As outras microfranquias são de gelateria e loja de chocolates.
Além de crescer a rede, que até o final do ano deve ter 2233 unidades, os novos formatos servem para aumentar a capilaridade. “Temos a possibilidade de contemplar um público maior de investidores, aumentar a capilaridade e se aproximar do consumidor”, afirma. Até o final do ano, a empresa espera abrir 70 microfranquias.
Foi também para atender potenciais franqueados sem capital suficiente que a rede americana de óculos Nys reduziu em quase 50% o investimento inicial do seu quiosque. O formato tradicional, com 4 metros, foi adaptado e passou a ter 2 metros.
O investimento diminuiu de R$ 123,5 mil para R$ 68,5 mil. “Nos últimos três meses, mais de 40 pessoas nos procuraram para investir, mas não tinham o valor total. Nós consultamos a sede em Nova York que deu um recado claro: adapte-se”, diz Cristiane Paciulli Capella, máster franqueada da rede no Brasil. Com um formato menor, o franqueado consegue reduzir também seus custos de operação. “Temos franqueados dentro de shoppings pagando aluguel equivalente a ponto de rua”, diz Cristiane.
Reduzir os custos operacionais foi o foco da Pello Menos, franquia de depilação. “Desde o ano passado, quando começamos a vivenciar a crise, estudamos para reduzir os custos do franqueado, desde o custo de ocupação, da obra até de mão de obra”, diz Regina Jordão, diretora presidente da marca.
Com isso, a rede conseguiu diminuir de R$ 400 mil para cerca de R$ 200 mil o investimento inicial. “A gente chegou à conclusão de que é melhor ter um franqueado com duas lojas pequenas do que um com uma unidade gigante. Como o preço caiu 50%, ele pode começar com loja pequena e, quando começar a crescer, abrir outras”, diz Regina.
Para Guilherme Siriani Jr, sócio-diretor da ba}EXPANSÃO, a estratégia de investimento e metragem menores funciona, principalmente, em cidades pequenas que não comportariam uma unidade convencional. “É uma boa alternativa porque aumentou o número de investidores com capital menor e também porque atende cidades menores, o que melhora a capilaridade”, diz Siriani.
A procura de investidores com menos capital e a chance de aumentar a capilaridade foram cruciais para que a rede de pet shops Petland criasse um novo formato. “Esse modelo novo foi baseado em duas análises que a gente fez. Uma delas é uma grande quantidade de pet shops que existem em bairros de classe B e C, que atuam como ‘pet garagens’. A outra é a quantidade de investidores que nos procuram com capital reduzido para abrir uma franquia: 40% deles informam R$ 300 mil como intenção de investimento”, diz Rodrigo Albuquerque, sócio-diretor e responsável pelo plano de expansão da marca no Brasil.
Hoje, uma franquia convencional da Petland, que pode chegar a 500 metros quadrados, tem capital inicial de R$ 640 mil. No novo formato, de 80 metros quadrados, o investimento é de R$ 289 mil. “Criamos uma categoria para competir com as pequenas pet shops, mas com um preço mais agressivo. O foco neste formato são serviços e produtos, sem a venda de filhotes. É uma alternativa para crise, quando as pessoas estão mais receosas e com menos apetite ao risco”, diz Albuquerque.
Segundo o executivo, o faturamento esperado para este modelo também é menor. “A gente calcula um faturamento 20% menor por metro quadrado”, afirma.
Para o consultor, mesmo com investimento menor, o comprometimento do franqueado deve ser o mesmo. “A diferença é que ele tem a oportunidade de investir em franquias, já que o valor diminuiu. Mas ele vai ter que tocar o negócio muitas vezes sozinho. Costumamos dizer que ele está comprando um emprego”, explica Siriani.
Fonte: PEGN