Certificados de Operações Estruturadas (COE) abrem ao investidor a possibilidade se investir no exterior sem risco de prejuízos

Com o país em crise, alguns investidores não têm se contentado apenas com as velhas e conhecidas aplicações que se aproveitam dos alto patamar dos juros básicos da economia e têm alçado voos maiores, para além das fronteiras do território brasileiro e do pessimismo que aqui se encontra.

Entre elas, destacam-se os Certificados de Operações Estruturadas (COE) indexados ao desempenho de índices de bolsas de valores internacionais.

O COE pode ser entendido como um pacote que comporta diferentes aplicações, sejam de renda fixa ou renda variável, para alcançar um objetivo, como a proteção contra a alta do dólar ou da inflação, por exemplo.

No primeiro semestre de 2015 houve um aumento de 431% na procura por COEs com rendimento vinculado a índices de bolsas estrangeiras, como o S&P 500 e o Euro Stoxx 50.

O volume de investimento nesse tipo de título passou de 177,559 milhões de reais em janeiro para nada menos do que 942,553 milhões em junho, segundo a Cetip, central depositária, de negociação e liquidação de ativos e títulos, que é responsável pelo registro dos COEs.

A grande vantagem do COE é que ele pode ser oferecido com valor nominal protegido, assim o investidor tem a garantia de que não perderá o valor que aplicou inicialmente – ainda que ele possa não ganhar nada se os ativos que fazem parte do COE tiverem resultados negativos.

Fábio Zenaro, superintendente de produtos da Cetip, explica que o COE seria o investimento indicado para quem busca fugir do óbvio. “Esse é o tipo de investimento oferecido aos clientes que perguntam aos seus gerentes o que eles têm de diferente para oferecer do que tem sido oferecido no mercado”, diz.

Sobretudo no atual cenário de crise econômica e bolsa em  baixa, o COE tem sido ainda mais procurado por quem busca fugir do pessimismo sobre a economia doméstica e quer diversificar os investimentos não só entre aplicações de renda fixa e variável, mas em um nível mais avançado, investindo em ativos do mercado nacional e de mercados estrangeiros.

“Se um mercado está ruim, é importante olhar para outros mercados. No que diz respeito às ações, o horizonte tem sido nebuloso desde o começo do ano, não existe uma tendência clara do que vai acontecer. Então o investidor tem começado a buscar outras opções lá fora”, afirma Zenaro.

Como funciona

Homem na chuva: COE permite ao investidor acessar aplicações sofisticadas, sem correr riscos de prejuízos© Thinkstock/Nastco Homem na chuva: COE permite ao investidor acessar aplicações sofisticadas, sem correr riscos de prejuízosPara conseguir acompanhar o rendimento de índices de bolsas estrangeiras, os bancos que estruturam os COEs podem seguir estratégias diferentes, como investir em cotas de fundos que acompanham o rendimento de índices, nas próprias ações do índice ou em derivativos, que funcionam como uma espécie de ação que aposta na queda ou na alta de um determinado índice no futuro.

Uma das grandes sacadas do COE é justamente oferecer ao investidor individual a possibilidade de aplicar em investimentos mais sofisticados, que ele não conseguiria acessar por conta própria, mas com a segurança de um investimento de renda fixa, como no caso dos COEs com capital protegido.

Assim, eles permitem ao investidor seguir estratégias que visam obter o retorno mais agressivo da renda variável, mesmo que ele não aceite correr risco de ter prejuízos.

Riscos

Diante dessas vantagens, o COE pode parecer uma maravilha, mas, assim como qualquer outro investimento, ele tem seus contras.

Uma das desvantagens seria o aporte inicial elevado. Normalmente, os COEs são oferecidos apenas para clientes dos segmentos de alta renda dos bancos e o investimento mínimo exigido pode ser centenas de milhares de reais, dependendo da instituição.

De todo modo, alguns bancos já oferecem COEs com aporte mínimo de 15 mil reais.

Outra eventual desvantagem é o custo de oportunidade, que é o preço que o investidor pode pagar por deixar seu dinheiro aplicado em um investimento enquanto ele poderia obter um retorno melhor em outra aplicação.

Avaliar o custo de oportunidade dos COEs é especialmente importante neste momento por causa do alto patamar da taxa básica de juros, a Selic, que serve como referência para o rendimento das aplicações de renda fixa.

Como a Selic está atualmente nos 13,75% ao ano, investimentos bem conservadores, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), fundos de renda fixa, e títulos públicos têm oferecido retornos altos, mesmo sendo aplicações que não exigem aportes elevados.

Assim, o COE é mais indicado para quem busca diminuir sua exposição ao risco do mercado doméstico e tem dinheiro suficiente para usar o título com o objetivo de diversificar os investimentos. Afinal, se o principal objetivo fosse obter um bom rendimento, os COEs só valeriam a pena se pagassem mais do que os 13,75% ao ano que a Selic está pagando.

Questionado sobre o rendimento dos COEs indexados a índices de bolsas estrangeiras, Fábio Zenaro, da Cetip, afirma que boa parte dos títulos recentemente emitidos ainda não chegaram ao seu vencimento, portanto não há uma resposta clara sobre sua rentabilidade média.

Segundo a Cetip, o COE é atualmente oferecido por 14 instituições financeiras no país, como bancos de investimento e grandes bancos.

Fonte: Investimento imune a perdas e pessimismos cresce no país – MSN

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