Iniciativa funcionará como força-tarefa de empresas para criar soluções inovadoras

ancora offices escritorios virtuais

Rizzo da Pollux: inovação no modelo de negócio com aluguel de robôs colaborativos Foto: Rodrigo Philipps / Agencia RBS

Joinville ganhará, em breve, uma experiência inédita de estímulo à inovação. Está em fase final de formalização a Associação Brasileira de Internet Industrial. A iniciativa é inspirada no consórcio internacional criado há dois anos, com o mesmo fim, pela IBM, GE e Intel, e do qual a única empresa brasileira presente é a Pollux Automação, de Joinville. E foi ela quem trouxe a ideia para cidade, tendo a Embraco e o Senai como co-fundadores, explica o CEO da Pollux, José Rizzo Hahn Filho.

A exemplo do consórcio, a associação brasileira vai reunir empresas que atuam em áreas distintas para criar soluções tecnológicas integradas e inovadoraspara problemas da sociedade, como trânsito, ou reduzir desperdícios e aumentar a eficiência nas fábricas.

Isto acontecerá por meio de uma força-tarefa das associadas para unir tecnologias ligadas à atividade que é alvo da ação a novos elementos como computação em nuvem, análise de big data, entre outros, explica o CEO da Pollux.

— Este polo tem tudo para fazer de Joinville uma cidade de destaque dentro do conceito da internet industrial, e que é puramente inovação — conta o executivo.

A associação é um dos assuntos que José Rizzo Hahn Filho levará para o 5º Painel de Cases de Gestão, que acontecerá na próxima quarta-feira, na Associação Empresarial de Joinville (Acij). O tema de sua palestra é algo que desafia todas as empresas, o processo de inovação. Mais difícil do que construir é manter o processo vivo, segundo Rizzo. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao jornal A Notícia.

A Notícia – Como incorporar a inovação à empresa?
José Rizzo Hahn Filho – Existem duas situações. A primeira é a de empresas que cresceram e sentem que são pouco inovadoras e procuram ajuda. Alguns negócios precisam formalizar na estrutura a equipe de inovação para fomentar programas, ideias e gerir os caminhos do negócio em direção à inovação. A outra situação é a das empresas que não precisam de ajuda externa porque a própria natureza do trabalho, a maneira como a empresa cresceu, sua cultura já são naturalmente inovadoras.

Empresas que estão em dificuldade deveriam investir em equipe de inovação. O único cuidado importante é que se a inovação não é algo natural à empresa, é preciso o suporte da alta direção ao longo do tempo. Vemos muitas iniciativas que começam, vão reduzindo aos poucos e acabam sumindo. Começar não é difícil: você contrata o especialista, reúne o time, dá uma ideia de como fazer. Mas se não houver acompanhamento forte da direção, a tendência é de que vá reduzindo.

AN – Por que isto acontece?
Rizzo – Quando a inovação não é natural à empresa, ela pode cair na lista de prioridades. Quando a empresa tem problema de caixa ou está com problema ligado a pessoas, há várias coisas no negócio que podem se tornar urgentes e a inovação fica como algo bacana mas deixada para depois. Um exemplo são empresas que criam programas de ideias para os funcionários. No primeiro mês a caixa fica abarrotada, o que é natural porque todos estão incentivados. Contudo, se não houver disciplina de avaliar todas as ideias, separar as que fazem sentido e dar um retorno para os funcionários sobre o que vai implementar, a caixa vai se esvaziando até que, quando se olha, não tem mais nada lá dentro. Para uma organização que não é naturalmente inovadora, não é algo fácil. Quem tem poder de manter a perenidade de um programa desse é a alta direção: cobrando, fazendo os investimentos necessários e entendendo que isto é importante.

AN – Como envolver toda a empresa no processo de inovação?
Rizzo – A equipe de inovação vai ter que passar por todas as áreas. Para manter o processo caminhando tem que atingir todas as pessoas com uma certa regularidade, se não elas acabam esquecendo. Mas o mais importante de tudo é entender que, na maior parte dos negócios, é preciso resolver os problemas que existem lá fora usando as competências da empresa.

Há uma carência de empresas que olhem para fora e pensem: “o que temos de problema aí fora, quais os problemas que eu posso resolver integrando as tecnologias?” Vivemos uma época propícia para inovar empreendendo, e a inovação só faz sentido se gerar valor, se puder ser vendida como produto. Pode inventar o que quiser, se ninguém quiser comprar, talvez nem seja uma inovação. O teste de inovação é se resolve um problema e se o preço para resolver o problema é bem menor do que o problema que se tem.

AN – Em que estágio o Brasil se encontra no processo de inovação?
Rizzo – Somos criativos e temos veia empreendedora, o problema está ligado à falta de recursos e de educação formal que nos dê ferramentas poderosas de análise. Uma coisa é olhar um problema e outra é como você resolve o problema. Alguns são difíceis, exigem experimentação elaborada, estatística. O Brasil, com algumas exceções, carece de competência de usar a tecnologia para resolver problema. Isto acontece pela situação geral de nosso País. Temos cultura criativa e empreendedora, mas sem a base de conhecimento científico para converter este lado que é bom no resultado final.

E é muito difícil se manter totalmente atualizado no aspecto tecnológico só mandando os funcionários de volta para universidade e fazendo cursos, isto ajuda, mas não é suficiente porque o volume de informações e de técnicas novas cresceu muito. A melhor forma de se manter atualizado é aumentar o número de conexões com quem faz tecnologia.

AN – Qual o tipo de inovação mais frequente?
Rizzo – Quando se fala de inovação, fala-se muito de produto ou processo, mas sou fã de inovações de modelo de negócio – quando se vê que uma atividade que vinha sendo feito de certa forma pode ser feita de outra maneira. Na Pollux, identificamos que no Brasil há defasagem gigantesca de robôs na indústria. A China vai chegar a 2018 com mais de 600 mil robôs em operação. O Brasil, que já chegou a ter mais robôs que a China, vai chegar no mesmo ano com 18 mil robôs. Então criamos o modelo de robô como serviço. Nós instalamos e programamos o robô e a empresa paga um “salário para o robô”. O modelo foi lançado em março e ele é tão inovador que colocou a Pollux como uma das empresas mais inovadoras no mundo em modelo de negócio nessa área, segundo publicação especializa.

AN – Como você analisa a parceria com universidades no processo de inovação?
Rizzo – No Brasil estamos muito distantes do que seria o ideal. A universidade tem pessoas super capacitadas, mas que investem o tempo em atividades que não vão necessariamente resolver um problema real. Se pudéssemos aumentar o nível de conexão do setor privado com universidades, como acontece em países como Estados Unidos, Alemanha, Japão, só teríamos a ganhar. Os dois precisam dar um passo. A solução está no meio do caminho. Ter uma atividade de mais colaboração do que de competição, na qual as duas partes ganham. Para a inovação prosperar no Brasil esse movimento é essencial.

Fonte: ANotícia

Transforme a Gestão do Seu Negócio

Nossas soluções simplificam a administração da sua empresa e promovem seu crescimento.

CANAIS DE VENDA ONLINE