O MAIS NOVO UNICÓRNIO BRASILEIRO, com a ambição de cobrir todo o território nacional, a startup prevê que precisará ir além das aéreas terceirizadas que a atendem hoje.

Arthur Debert, cofundador da startup Loggi (Foto: Divulgação)

Arthur Debert, cofundador da startup Loggi

Entregar qualquer coisa para qualquer um em qualquer lugar. Arthur Debert, brasileiro e cofundador da Loggi, define dessa maneira o maior objetivo da startup. Mais novo unicórnio brasileiro, ela atingiu valor de mercado de US$ 1 bilhão após uma rodada de investimentos. Agora, planeja uma expansão agressiva. Pretende explorar desde o transporte a pé até entregas feitas por barcos. Além disso, mira criar uma frota de aviões para suprir maiores demandas.

A modalidade “compre e retire” é outra que deverá ganhar em breve o logotipo azul e branco da startup. Tudo isso para atender e se adaptar ao que Debert define como um mercado ávido por mais opções e eficiência. “Acreditamos que o grande gargalo está na qualidade das entregas. Por isso, temos muita clareza de onde queremos atuar”, disse em entrevista exclusiva à PEGN.

Tudo por agilidade
Se nas ruas de São Paulo era possível ver entregadores até de patinete, não foi graças aos entregadores da Loggi. Durante seis anos, os serviços da startup se mantiveram restritos às motos e, desde o ano passado, aos caminhões e aviões. 

É, segundo Debert, uma questão de logística. Embora também tenha entrado no ramo de entrega de alimentos, a Loggi atende principalmente o e-commerce. “Eu tendo a pensar que ter uma pessoa carregando pacotes em um patinete não é uma ideia inteligente. Acho que é uma moda”, afirma o cofundador.

Mas a empresa tem analisado com mais atenção outras possibilidades. Bicicletas, barcos e as próprias entregas a pé são algumas. “No interior e em zonas muito densas, as bicicletas são muito viáveis. E, se precisarmos de barcos para entregar no Amazonas, não tem problema”.

Voando mais alto
O uso de aviões será a verdadeira divisora de águas dos planos de expansão. Hoje, a Loggi atende 38 municípios e realiza 3 milhões de entregas por mês. Para o ano que vem, quer chegar a 6 milhões e cobrir 92% do país. A meta fica ainda mais ambiciosa com relação aos prazos de entrega desejados pela startup: um dia para capitais e grandes cidades e dois para as do interior.

“Em metade do país, conseguiríamos atender bem com a malha viária. No restante, não dá para usá-la para entregas rápidas de jeito nenhum”, diz Debert. Atualmente, a startup usa o serviço terceirizado de aéreas comerciais. Metade das cidades é atendida pelos aviões.

Mas o crescimento que a empresa busca no longo prazo exigirá mais do que isso. “Temos certeza que a malha aérea atual do Brasil não é suficiente para a gente chegar onde quer. A verdade é que vamos ter que fazer tudo”, diz.

Debert diz que ainda é cedo pra efetivamente criar uma companhia aérea, mas que a startup vem tendo conversas para definir alguns caminhos. Aluguéis, arrendamentos e joint ventures são algumas possibilidades que ele cita. “Vamos com certeza criar uma força aérea”, diz.

Pontos de entrega
Com o crescimento do e-commerce, cresce também o interesse por compras que são retiradas em lojas ou pontos físicos, como os shoppings. De olho nisso, a Loggi vem trabalhando em dois formatos de entrega desse tipo.

Em um, a startup é responsável por todo o processo de entrega e mantém um espaço, como um quiosque em um shopping, onde as encomendas chegam e podem ser retiradas pelos clientes. Em outro, ela usa estabelecimentos terceiros, como padarias ou bancas, para executar essa última etapa.

“Para uma classe de consumidores, faz muito sentido ir retirar o produto. É o caso de quem mora em casa e não tem quem receber uma encomenda”, exemplifica o executivo. Segundo ele, a startup deve ter uma rede “relativamente grande” como essa já no ano que vem.

Expansão
Juntos, todos os planos de se encaixam na própria definição dada por ele para o objetivo da startup: não importa muito o formato, o importante é fazer a entrega. Além dos planos para o ano que vem, a Loggi planeja uma expansão já em 2019: chegar a 220 cidades e cobrir todo o interior de São Paulo e de Minas Gerais.

A empresa não revela seu faturamento, mas Debert afirma que ela vem crescendo de 200 a 300% todos os anos. O status de unicórnio surge para ilustrar ainda mais esse fato. A rodada de investimentos decisiva atingiu valor de US$ 150 milhões e foi feita por SoftBank, Microsoft, GGV, Fifth Wall e Velt Partners.

Segundo a startup, os recursos serão direcionados principalmente para pesquisa e desenvolvimento, construção de centros de expedições e aumento da malha logística – incluindo o transporte aéreo. “Estamos no ponto de inflexão para virar uma empresa de muita, muita escala”, descreve Debert.

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