Armando Ennes do valle Jr. revela planos da companhia e a importância da unidade de Joinville na expansão dos negócios

"Não há razão para sair do Brasil", diz vice-presidente de negócios da Whirlpool  Andre Kopsch/Divulgação
Valle Jr. já transitou por postos de liderança em áreas como inovação, sustentabilidade e relações institucionaisFoto: Andre Kopsch / Divulgação

Uma das maiores empresas instaladas em Joinville, a Whirlpool tem planos de fortalecer seus negócios no Brasil. Em entrevista exclusiva ao jornal “A Notícia”, o vice-presidente de novos negócios da Whirlpool Latin America, Armando Ennes do Valle Jr., revelou as prioridades da empresa.

Uma delas é a parceria com a Ambev para a produção de cápsulas para bebidas. Valle Jr. também descarta a hipótese de a Embraco, empresa que faz parte do Grupo Whirlpool, deixar Joinville.

Com a experiência de quem já transitou por postos de liderança em áreas como inovação, sustentabilidade e relações institucionais dentro do grupo, o executivo que também preside o conselho da Eletros, critica a ideia do governo brasileiro de abrir o mercado para investidores estrangeiros. Confira:

A Notícia – A Whirlpool lidera o setor no qual atua. Como é ser líder e de que forma a empresa enxerga a concorrência?
Armando Ennes do Vale Jr. –
Sim, somos líderes de mercado no Brasil e temos concorrentes bons. A Electrolux é o principal  competidor. A Panasonic é outro, um pouco menor, além de outras mais. Ao todo, há 25 fabricantes. Na linha de fogões, são dez.

AN – A sustentabilidade é destaque no vocabulário corporativo contemporâneo. E na Whirlpool?
Valle Jr. –
Uma das nossas maiores preocupações é com o tratamento da água. É importante notar que não se admite jogar fora nada. A reciclagem é essencial. Você muda de lugar as coisas e todo produto que se coloca no mercado vira um filho. A Lei de Resíduos Sólidos define responsabilidades compartilhadas entre a indústria, o varejo e o consumidor final nesta questão. As empresas passaram a procurar parceiros para a reciclagem.

AN – O senhor comanda a área estratégica de novos negócios. O que a Whirlpool está fazendo de novo?
Valle Jr. –
A água é um nicho de negócios no qual temos muito a avançar. Estamos abrindo franquia da linha de purificadores e de filtros, além do negócio de aluguel de máquinas.

AN – O senhor se refere ao mercado de cápsulas?
Valle Jr. –
Estamos fazendo uma fábrica de cartuchos (cápsulas) de bebidas de diferentes tipos em parceria com a Ambev. É no interior de São Paulo e vai ficar pronta em agosto deste ano. A fábrica de cápsulas vai embasar mercadorias como o guaraná zero e energéticos. Atualmente, eles são importados da Alemanha e isso é bem mais caro do que produzir aqui. Tem a questão da logística, dos tributos de importação.

AN – No cenário nacional, o que mais lhe preocupa?
Valle Jr. –
A instabilidade política desencadeou a crise e, somada à instabilidade econômica, vivemos a desorganização. Hoje, a crise é econômica mesmo.

AN – Como o senhor avalia a atividade econômica atual?
Valle Jr. –
Verificamos uma discreta melhora em relação a 2015, com crescimento de 3%. Mas, se olharmos com cuidado, veremos que estamos há pelo menos dois anos com quedas significativas. Então, 3% é muito pouco.

AN – Qual é a importância da fábrica de Joinville para o Grupo Whirlpool?
Valle Jr. –
Sessenta por cento do faturamento da Whirlpool vêm da produção da unidade de Joinville. É significante (dados coletados no balanço do 1º trimestre de 2016 da companhia mostram lucro de R$ 50,4 milhões para uma receita de R$ 1,49 bi).

AN – O senhor acredita em melhoria dos negócios?
Valle Jr. –
Possivelmente no segundo semestre de 2018 haverá uma melhoria. Se tivermos um Natal de 2017 bacana, 2018 será bom. O ano de 2017 já está perdido porque 2016 não será favorável.

AN – O que o senhor espera do governo federal para reanimar a atividade econômica?
Valle Jr. –
O governo não tem espaço para elevar impostos. O que tem a fazer é a venda (liberação) de empresas estatais como os Correios.

AN – E a política industrial?
Valle Jr. –
Falou-se em abrir a economia para o exterior. Se isso acontecer, será um desastre. Antes de abrir, é necessário o governo promover ajustes, fazer reformas e reorganizar as coisas.

AN – E o que esperar do governo estadual?
Valle Jr. –
Queremos que o Estado nos auxilie nas conversas com a União. Santa Catarina é um Estado equilibrado. Nossa principal fábrica está aqui e nos interessa que o Estado se desenvolva.

AN – A companhia continuará investindo aqui?
Valle Jr. –
Somos líderes e, se deixarmos de investir, em dois anos deixaremos de ser líderes. Não há como não investir em produtos novos, com pesquisa e desenvolvimento junto com as universidades. A UFSC é vital nesse campo. E em eficiência da fábrica também. Não baixamos em investimentos aplicados na fábrica. Quando o mercado voltar, vamos sair na frente. O índice de eficiência na fábrica de Joinville é 20% maior do que no ano passado. Paramos a produção em fevereiro, instalamos o sistema de gerenciamento de processos (SAP) e trocamos padrões na fábrica. A Whirlpool Eletrodomésticos e a Embraco investiram R$ 1,2 bilhão nos últimos cinco anos.

AN – A Whirlpool considera ampliar suas instalações?
Valle Jr. –
Sempre consideramos, assim que o mercado virar. Nosso maior direcionamento é aumentar o faturamento. Isso se dará com novos produtos, com a abertura de mercados novos. As lições de casa estão sendo feitas e os acionistas querem saber como o Brasil vai crescer.

AN – Há algum tempo, fala-se em Joinville que a Embraco iria fechar a unidade e transferir sua produção para o México. Isso é verdade?
Valle Jr. –
Não tem nada disso. Não há a menor razão para a Embraco sair do Brasil. À época, minimizamos os comentários, que chegaram até a instâncias inesperadas na cidade. Isso não faz nenhum sentido. Quarenta por cento dos fornecedores estão em SC e uma das maiores preocupações nossas é mantê-los vivos e fortes. Isso é essencial. Prestar atenção à cadeia produtiva catarinense é importante.

Fonte: ANotícia

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