Dennis Wang fala sobre como a tecnologia pode mudar o setor de transportes

taxi em são paulo (Foto: TV Brasil)

Formado em Administração, o diretor executivo do Easy, Dennis Wang, atuou no mercado financeiro em Londres e Amsterdã antes de revolucionar o serviço de táxi no Brasil como cofundador do Easy, antigo Easy Taxi.

O empreendedor é uma das atrações do Wired Festival Brasil 2016, que acontece nos dias 2 e 3 de dezembro, no Armazém Utopia, na Zona Portuária do Rio. O festival será realizado por Edições Globo Condé Nast e “O Globo”, apresentado pela Prefeitura do Rio e Rio Eventos, com patrocínio da Nextel, apoio do Senai e C&A e cocuradoria da FLAGCX. Os ingressos para o evento já estão à venda no site ingressocerto.com.br/wired e custam a partir de R$ 125 a meia e R$ 250 a inteira.

O que te levou a embarcar nessa “aventura”?
Obviamente o mercado financeiro é muito importante para a economia. Mas pela minha experiência de morar fora, percebi dois problemas em São Paulo que eu queria que melhorassem: o trânsito e a violência. Quando me deparei com o projeto, tive certeza de que daria certo. O procedimento para pedir um táxi era extremamente ineficiente. O segredo para um projeto dar certo é resolver um problema real, que atinja milhões de pessoas todos os dias.

O Easy Taxi foi o primeiro aplicativo do tipo no Brasil, não é?
Nós fomos os primeiros da América Latina, mas já existiam aplicativos semelhantes em outros países.

Desde que vocês apareceram, surgiram vários concorrentes, alguns de fora do país. Como uma start-up brasileira pôde concorrer com empresas estrangeiras?

O primeiro desafio foi superar a concorrência nacional. O Easy Taxi foi fundado em 2011 e, em 2013, já existiam mais de 20 aplicativos do tipo no país. O primeiro passo foi acelerar o crescimento, garantindo um bom produto com bom nível de serviço. No início, o maior desafio era convencer os taxistas da importância da tecnologia, depois começamos a apostar na localização.

A experiência de pegar um táxi em São Paulo é diferente do Rio de Janeiro. No Rio, a gente percebeu que os usuários queriam qualquer coisa, menos os velhos santanas, então a gente não cadastrava esse modelo de carro. Em São Paulo, os clientes exigiam ar condicionado, então só cadastrávamos taxistas com ar.

E como está sendo a concorrência com o Uber?
O foco é sempre mudar e evoluir. Temos que estar sempre inovando. Nós começamos pelos táxis, porque era o serviço regulamentado. Mas na nossa cabeça, sempre fomos uma plataforma de transportes, e isso está além dos táxis. Nós já lançamos um produto de motoristas privados, estamos fazendo testes com vans e planejamos serviços com mototáxi.

Para concorrer no preço, nós fechamos um acordo com os taxistas para oferecer desconto de 30% nas corridas. O custo para o consumidor acaba sendo parecido, mas os taxistas têm a vantagem de usar o corredor de trânsito em algumas cidades, o que os motoristas particulares não podem fazer.

Vocês têm serviço de motorista privado, como o Uber?
Nós já temos em São Paulo e, nas próximas semanas, vamos estrear no Rio e em Porto Alegre. No Rio, nós lançamos recentemente o táxi com seis lugares.

E como é o serviço de van?
Nós ainda estamos no início, com projeto piloto em São Paulo e em Lima, no Peru.

Hoje, o Easy está em quantos mercados?
Nós operamos em 400 cidades e somos o maior aplicativo do tipo da América Latina, com operações em 12 países da região.

Vocês criaram uma tecnologia que alterou o mercado de táxis. Como você imagina o futuro desse tipo de transporte?
No longo prazo, quando chegarem os carros autônomos, a profissão de taxista e de motorista privado será desnecessária. A pergunta que surge é: de quem serão os carros que vão rodar nas cidades?

As montadoras vão querer ser donas de todos os carros? Provavelmente, não, por causa dos altos custos de manutenção. A minha visão é da economia de compartilhamento. As pessoas continuarão comprando carros, terão a propriedade, mas vão alugá-los quando não estiverem usando.

O veículo pode ficar sincronizado com a agenda. A pessoa sai de casa e vai para o trabalho. Chegando lá, o carro segue automaticamente para fazer corridas, e volta sozinho no fim do expediente. Passa o dia gerando recompensa para o dono.

A montadora continua ganhando com a venda, você continua tendo o seu carro, do jeito que você quiser, e quem não tem o ativo, paga para usar. E onde a gente entra? Com todo o conhecimento que estamos gerando. Com o big data e o tamanho da nossa base, nós fazemos a inteligência, traçamos as melhores rotas e até prevemos onde e quando as pessoas vão precisar de carro.

Como o big data pode auxiliar o taxista?
Hoje, o taxista busca os passageiros de forma rudimentar. Vai para a porta do estádio em dia de show, no horário de saída dos escritórios, segue o instinto e o boca a boca. O big data pode tornar isso mais preciso. Num show, é possível saber quantas pessoas vão estar lá e estimar quantas vão precisar de um carro. Em vez de irem dez mil carros, podem ir cinco mil e atender todo mundo, de forma mais eficiente.

E para o transporte coletivo?
As rotas podem ser otimizadas para as vans, por exemplo. Os ônibus seguem trajetos fixos, mas as vans podem fazer pequenos desvios para maior comodidade do passageiro mesmo num serviço coletivo.

Como você avalia a realização de um evento como o Wired Festival no Brasil?
Eu fiquei muito feliz! É uma oportunidade para mostrar ao público como a tecnologia está avançada, de quão perto a gente está de alcançar o que imaginávamos ser ficção científica. A realidade virtual, por exemplo, está muito próxima de entrar no dia a dia das pessoas. Isso pode atiçar a curiosidade do público, que pode se sentir incentivado a trabalhar com tecnologia. Precisamos cultivar essa cultura no país.

E como você vê o ecossistema de start-ups nacional? Ele já pode ser considerado maduro?
Nos últimos cinco anos, o cenário evoluiu bastante, mas com certeza ainda precisa amadurecer. Nós tivemos alguns casos de sucesso, que fomentaram o surgimento de novos empreendimentos, mas ainda falta fechar o círculo, que é a entrada das grandes empresas na bolsa da valores, para que elas se tornem investidoras.

O Easy é um exemplo, como a primeira grande empresa mobile que mostrou ser possível crescer e escalar. Tem sido bacana participar dessa evolução.

Fonte: PEGN

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