Um dos principais jogadores da história do futebol mundial, Ronaldo Nazário, o Fenômeno, conta como trocou as chuteiras pelo mundo dos negócios

Ronaldo Nazário: ex-jogador virou empreendedor  (Foto: Anna Carolina Negri )

Por onde anda, Ronaldo Nazário, o Fenômeno, é incentivado por torcedores a voltar aos campos de futebol. Vontade, diz o jogador, não falta. Mas, aos 40 anos, ele prefere ajudar o esporte mais popular do país de outra forma: empreendendo. Sua primeira iniciativa depois de deixar os campos foi a 9ine, uma agência de publicidade especializada em esporte, mas o negócio não durou muito tempo.

Há pouco mais de um ano, Ronaldo se uniu a Carlos Wizard na criação da Ronaldo Academy, rede de franquias que treina e educa jovens promissores no futebol. Já são mais de 70 unidades espalhadas por China, Suíça, México, Colômbia, Estados Unidos e Brasil. “Eu sou a cara do futebol e o Wizard sabe tudo de franquias. Montamos uma máquina de gerar jogadores em todas as partes do mundo”, afirma. Em um evento realizado em novembro, em Águas de Lindoia, no interior paulista, o jogador recebeu PEGN para falar sobre empreendedorismo — o caminho que escolheu para sua vida após se aposentar dos gramados, em 2011.

Quando e por qual razão você decidiu empreender?
Eu conheci muita gente importante durante a minha carreira como jogador de futebol, entre 1993 e 2011. O esporte abre portas, oferece muitos contatos. Com alguns empresários, fiz contratos para usar minha imagem em publicidade; com outros, fiz amizades. Depois que encerrei minha carreira, no Corinthians, o empreendedorismo foi a saída para não ficar parado. Usei a experiência que acumulei negociando contratos e criei a 9ine, uma pequena agência de publicidade feita em parceria com a WPP. Com a crise, fechamos o negócio. Mas eu decidi continuar em frente com outras empresas.

Quais são seus negócios hoje?
Sou sócio de duas empresas: a Liv Drinks, que fabrica sucos e água de coco, e a Ronaldo Academy. A escolinha é um projeto com que eu sempre sonhei para ajudar crianças e jovens a encontrar um caminho na vida por meio do esporte. Além da questão social, é um bom negócio: o futebol é jogado praticamente em todos os países do mundo, por isso temos oportunidades em todas as partes. Só na China, um país que começa a investir pesado no futebol, vendemos 30 unidades da rede.

Como você se prepara para administrar seus negócios?
Apesar de ter tido experiência com alguns negócios, eu sei que ainda estou no começo da minha jornada empreendedora. Estou aberto ao aprendizado no dia a dia. Mas eu tenho o necessário para ser um empreendedor: bom senso e coragem para tocar um negócio.

Numa negociação difícil, como você  escolhe a melhor alternativa para a sua empresa?
Eu gostaria de ter me especializado em negócios, sei que isso seria bom para mim. Mas não vejo problema. Veja bem, eu lido com dinheiro desde os 16 anos, fiz muitos contratos de altas cifras com patrocinadores e clubes. Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, empresários do ramo do esporte, também me ensinaram muito. Além desse aprendizado que tive, conto com uma equipe muito próxima para me ajudar nas decisões. E tem outra coisa: sei que um negócio é bom quando a soma dá positivo.

Quem são essas pessoas que te ajudam nos negócios?
Eu tenho uma estrutura para me ajudar em vários assuntos. Em negócios, são três advogados, dois na Espanha e um aqui no Brasil. Eles recebem as propostas de sociedade, fazem uma análise e eu decido se vou investir. Um economista nos auxilia no processo para ver se o acordo é vantajoso.

Quais empreendedores te inspiram?
O Carlos Wizard [Mundo Verde, BR Sports e Taco Bell] é um deles e sinto que é um privilégio ser parceiro dele. Outro é o Jorge Paulo Lemann [3G Capital], que me empresta a quadra de sua casa no Rio de Janeiro para jogar tênis. E também tenho muita admiração pelos sócios dele, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que já me chamaram para fazer publicidade da Brahma.

Você está ao lado de lendas do mundo dos negócios. Conversa com eles sobre empreendedorismo?
Eu tento pegar o máximo possível de dicas. Houve uma situação engraçada em 2013. Eu estava na casa do Jorge Paulo Lemann jogando e ele apareceu e perguntou: ‘Ronaldo, você tem ações?’. Disse que tinha uma carteira pequena. Ele desconversou e se foi. Dois dias depois ele anunciou a compra da H.J. Heinz. Mas é bom registrar: ele não me disse absolutamente nada sobre a compra.

Como é a sua rotina?
Como moro em Madri, tento vir ao Brasil pelo menos uma vez por mês. Quando pouso aqui, tenho uma agenda bem extensa e tento ajustá-la para duas coisas: ficar com meus filhos e tocar os negócios, o que inclui reuniões societárias, de contratos de imagem e ações de marketing. É bem corrido porque eu viajo o mundo em nome do futebol. Saindo dessa entrevista, vou para o México inaugurar um museu e me encontrar com o Carlos Slim, dono da Telmex. Vou pedir dicas de negócios para ele.

Como seu amigo Lemann, você sonha em ser um bilionário?
Eu não estou no empreendedorismo por esse motivo. A minha grande batalha é para que a academia vingue. É claro que, se  o negócio der certo, será legal ter mais dinheiro. Mas não precisa ser bilhão.

Fonte: PEGN

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