Desde a metade de maio, os papéis da Via Varejo desabaram 37% na Bolsa, renovando ontem sua mínima histórica; o Valor informou que a companhia cortou 3 mil vagas entre maio e junho deste ano
O maior grupo de varejo eletroeletrônico do País, a Via Varejo (VVAR11), dona da Casas Bahia e Ponto Frio, passa por dias difíceis. Um ambiente macroeconômico desafiador deixou a varejista em terreno turbulento.
Os primeiros sinais de sufoco vieram na Bolsa. Desde a metade de maio, os papéis da companhia desabaram 37% no mercado, renovando na véspera a mínima histórica, em meio à uma série de revisões para baixo nas projeções de bancos e corretoras para os próximos resultados da empresa.
Um quadro complicado que culminou agora com o corte de 3 mil vagas entre maio e junho, segundo uma reportagem desta terça-feira (23) do Valor Econômico.
Nos últimos relatórios, analistas já vinham alertando para um cenário de vendas pior do que o esperado no ano.
O JPMorgan, um dos últimos bancos a rebaixar a empresa, comentou que os consumidores têm sido mais avessos a se endividar, mesmo no curto prazo, dado a perspectiva negativa para a economia e o menor nível histórico de confiança do consumidor, em vista de desempregos crescentes, e, por conta disso, estimava uma queda de 3% em 2015, na comparação com o ano passado, nas vendas da empresa.
No começo de junho, o banco cortou a recomendação dos papéis de overweight (desempenho acima da média) para neutra, passando o preço-alvo de R$ 23,00 para R$ 19,00 por ação.
Uma justificativa que também se aplica agora com os cortes das vagas.
Segundo o Valor, a desaceleração das vendas neste ano, com a pressão maior das despesas operacionais sobre os resultados, teria levado o grupo a tentar ajustar a operação ao atual cenário do mercado, e uma das medidas foi fechar vagas dos empregados que pediram desligamento.
Parte do ajuste também envolve demissões de funcionários em áreas ligadas ao setor administrativo. Ajustes que não isolam apenas a companhia. Recentemente, grandes varejistas também fizeram redução do quadro de pessoal, como a C&A e a Lojas Marisa (AMAR3).
Procurada pelo jornal, a Via Varejo disse que, em um quadro de 65 mil colaboradores, existe uma movimentação natural ao longo do ano e a empresa administra um “turnover” de cerca de 25%, percentual abaixo da média de varejo.
No médio prazo, no entanto, analistas têm ressaltado que não deverá ter como a companhia se isolar do cenário de deterioração na economia.
Em relatório divulgado na metade deste mês, o Santander ressalta que a empresa performou bem nos últimos anos e criou novas operações para o varejo de bens duráveis, mas, inevitavelmente, a piora no ambiente macroeconômico vai continuar afetando os resultados da empresa no médio prazo. O banco cortou a recomendação da varejista de compra para neutra.