Ideias foram desenvolvidas a partir de trabalhos
Parafuso é uma solução vedada para suportar ambientes agressivos e com excesso de pó Foto: Rodrigo Philipps / Agencia RBSPara o leigo, é difícil pensar em algo diferente quando o assunto é parafuso, mas um grupo de pesquisadores da Ciser, de Joinville, tem demonstrado uma boa dose de disposição para inovar. Em 2013, a empresa já havia adotado a nanotecnologia com o objetivo de dar mais resistência à corrosão e maior poder de adesão aos revestimentos de seus produtos.
Neste ano, em uma parceria com o Senai de Joinville e a Pontífica Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), a empresa desenvolveu um fixador inteligente, dotado de um circuito eletrônico capaz de detectar quando o parafuso está frouxo, evitando defeitos nos equipamentos e eventuais paradas para a manutenção.
O desenvolvimento começou há quatro anos, quando a equipe da Ciser analisava oportunidades de negócios na área de óleo e gás. Observando as exigências do setor e casos de acidentes em âmbito mundial, a empresa percebeu a importância de se identificar qualquer problema logo cedo, antes da pane no equipamento.
O circuito colocado dentro do parafuso é do tamanho da ponta de uma caneta e é reconhecido por um software que mede a força de aperto, controlado por CLP (Controlador Lógico Programável) e que pode ser monitorado durante 24 horas por dia. O consumidor não deve esperar encontrar parafusos inteligentes nas lojas do ramo, no entanto – cada desenvolvimento será customizado para aplicações especiais dos clientes.
— Não vamos vender parafusos, mas soluções únicas, pois cada cliente apresenta uma necessidade diferente — explica o gerente de Engenharia e Inovação da Ciser, Adelson José Rossetto.
Um exemplo foi o desenvolvimento para a Vale S/A, que começou a utilizar fixadores inteligentes da Ciser em um de seus equipamentos de extração de minério de ferro, em janeiro deste ano. A máquina da Vale tem capacidade para extrair 6 mil toneladas de minério por hora, explica Rossetto. O equipamento vale milhões de reais e o custo por hora parada é de US$ 40 mil.
Pesquisas devem continuar
O gerente da Ciser diz que existem fixadores parecidos no mundo, porém, a inovação da empresa de Joinville consiste no fato de ter desenvolvido junto com a universidade uma solução vedada para suportar ambientes agressivos e com excesso de pó, por exemplo. Todo o projeto recebeu investimentos de R$ 1 milhão, parte do valor proveniente de financiamento para projetos desta natureza.Por enquanto, o chip é feito na PUC. A expectativa é de que no segundo semestre de 2016 todo o processo seja realizado na nova fábrica da Ciser, em Araquari. Os pesquisadores não devem parar por aí. A empresa tem ciência dos sérios problemas associados aos roubos de equipamentos em torres de eletrificação no Brasil. Rossetto afirma que já houve apagões por causa disso. A situação representa uma oportunidade para a Ciser, que estuda o desenvolvimento de fixadores antifurto.
Pesquisadores da Univille mostram o projeto vencedor do Prêmio de Inovação 2015
Farinha de mexilhão para consumo humanoO projeto do parafuso inteligente da Ciser é um exemplo de como a inovação pode melhorar a vida das pessoas e das empresas. E não é o único. No final de outubro, além deste, vários outros projetos ganharam reconhecimento no Prêmio de Inovação de Joinville e não partiram somente de empresas.
Ideias diferenciadas foram apresentadas por estudantes do ensino técnico e superior e também do poder público. É o caso da farinha de mexilhão para consumo humano, projeto apresentado pela Univille.
Os pesquisadores da pós-graduação levaram em conta que SC é o maior produtor de mexilhões do Brasil e o pescado apresenta alto teor de proteína, baixo teor de gordura e tem pouca durabilidade – deve ser consumido logo após a sua captura.A expectativa é utilizar o produto como sopas, cremes e empanados com o objetivo de suplementação da merenda escolar e disponibilizar a farinha para outras regiões do País que não tenham proximidade com o mar para consumo durante todo o ano.
Na UniSociesc, estudantes da graduação desenvolveram outra solução inovadora, só que voltada para o setor têxtil. Ela permite, por exemplo, reaproveitar a água rica em sais no tingimento de peças, uma fase que apresenta uso intensivo de água.