Empresários que integram missão da Apex buscam espaço no país que cresce 5% ao ano na América do Sul

Elias Voltatone, dono da fábrica de salgadinhos Guritos: foco no Paraguai para crescer (Foto: Fabiano Candido)

Se você acredita que o Paraguai é o país da muamba, melhor tirar essa ideia de sua cabeça. O país vizinho de fronteira do Brasil é hoje uma das economias mais estáveis e vibrantes da América do Sul. Com sua taxa média de crescimento de 5% ao ano na última década e uma moeda estável em relação ao dólar, o mercado paraguaio se transformou num país de oportunidades, inclusive para empreendedores brasileiros.

Não à toa, 50 empresas brasileiras desembarcaram no Paraguai na última semana. Integrantes do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX), um projeto voltado à capacitação para exportar criado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), elas foram ao país entender como funciona a economia local. E os empreendedores ficaram animados com o que viram.

Agilidade
O Paraguai criou um sistema ágil para o empreendedor, seja ele um cidadão do país ou um estrangeiro. Graças ao Sistema Unificado para Abertura e Fechamento de Empresas (Suace), um empresário consegue registrar sua empresa em vários órgãos num único local. “Ele não perde tempo indo a vários locais”, diz Carlos Paredes Astigarraga, diretor de promoção de investimentos da Rede de Investimentos e Exportações do Paraguai (Rediex). “Em mais ou menos um mês, qualquer pessoa está com sua empresa aberta”.

Além do mais, o Paraguai tem um sistema tributário simplificado. “Por exemplo, nas cargas trabalhista e previdenciária, a empresa paga ao governo 16,5% e o empregado, 9%”, diz Paredes, do Rediex. E tem ainda o sistema 10-10-10. Nele, os donos de negócios pagam ao governo 10% de imposto de renda pessoa jurídica, mais 10% de IR pessoa física e 10% de IVA (no Brasil, um tributo similar seria o ICMS).

Uma lei também tem deixado o país mais “charmoso” para empresários. É a Lei da Maquila, que taxa em apenas 1% de tributo os negócios que abrirem fábricas no Paraguai e exportarem a totalidade da produção.

Por conta desse ambiente promissor, a Riachuelo e a Brinquedos Estrela, por exemplo, abriram unidades no Paraguai. A loja de roupas usa uma fábrica no país para produzir sua moda e substituir, assim, a mão de obra chinesa. Já a Estrela testa uma linha no país para reduzir a dependência da China. “Nós queremos ser a China do Brasil”, diz Paredes.

Esperança
Como as grandes empresas, os pequenos e médios negócios também buscam oportunidades no Paraguai.

Um deles é Breno Theodoro Seibt, 62 anos, sócio do negócio familiar Seibt, e um dos integrantes da missão da Apex. A empresa, criada por seu pai, Rubem Antônio Seibt, em Nova Petrópolis, na década de 1970, é especializada em máquinas de reciclagem de plástico de sobras industriais. “O Paraguai está crescendo. E quando um país se desenvolve, o consumo de plástico aumenta. Então, estou aqui prospectando vendas ou parcerias”, diz.

Seibt já tem experiência com exportação, mas tem enfrentado dificuldades para vender tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul e América Central. “A crise pegou todo mundo. Se o Paraguai está indo bem neste momento, temos que apostar aqui, sem dúvidas. É uma esperança para faturar mais”, diz o empreendedor, que tem como clientes a Amanco, a Tigre e a Copobras.

A mesma esperança tem Elias Voltatone, 53 anos, dono da fábrica de salgadinhos Guritos. Ele enxerga no vizinho brasileiro uma chance para sua empresa vencer a crise brasileira e crescer nos próximos anos. “No Brasil, eu tenho muito concorrente e instabilidade. Aqui no Paraguai, com esse mercado em expansão, eu posso conquistar um espaço bom e aumentar minha produção”, diz o empreendedor, que faz 25 toneladas de salgadinhos por mês numa fabrica em Nova Esperança, no Paraná.

Segundo Gustavo Sperandio Fernandes, analista de negócios internacionais da Apex-Brasil, o Paraguai, hoje, é um dos melhores países para o empreendedor dar o primeiro passo para aprender a exportar. “Aqui, se ele fizer bem a lição de casa, que é visitar o país e adaptar seu produto ou serviço, terá sucesso. E mais: poderá aprender bastante para poder exportar seu negócio para mais países”, diz.

Fonte: PEGN

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