O Mete A Colher conecta mulheres que precisam de apoio psicológico e jurídico
Uma em cada três brasileiras sofreram algum tipo de violência no último ano, segundo o Datafolha. A cada hora, 503 mulheres são vítimas de agressões físicas no país. Mas o pior dos dados é que, entre as mulheres que sofreram violência, 52% se calaram e tiveram que conviver sozinhas com isso. Pensando em alterar esse quadro, as pernambucanas Lhaís Rodrigues, Aline Silveira, Carolina Cani, Mariana Albuquerque, Renata Albertim e Thaísa Queiroz criaram o Mete a Colher.
A plataforma que, por enquanto, só funciona no Facebook, tem o objetivo de auxiliar mulheres que estão dentro de relacionamentos abusivos e/ou passando por alguma situação de violência. De maneira colaborativa, as fundadoras realizam manualmente a tarefa de receber os relatos das vítimas e colocá-las em contato com outras mulheres, as voluntárias.
As mais de 600 voluntárias cadastradas tem a função de conversar com a vítima, fornecer o apoio psicológico necessário por meio de conversas e até dar o caminho para a mesma entrar em contato com advogadas e psicólogas. “Na maioria dos casos, a pessoa não tem o apoio de ninguém. A gente consegue instrui-la e tirá-la dessa situação só por meio de conversa. Já ajudamos mais de 160 mulheres em situações de risco”, diz Lhaís.
A ideia começou quando as fundadoras se conheceram durante uma edição do Startup Weekend em março de 2016. “Todas nós somos apaixonadas pela causa. Criamos a página no Facebook só como um teste e em um final de semana já tinham mais de 50 pedidos de ajuda”, lembra a empreendedora. Hoje, a página conta com quase 85 mil curtidas.
Renata e Aline já trabalham full time no projeto. Lhaís, Carolina, Mariana e Thaísa ainda trabalham em outras empresas, mas pretendem fazer do Mete a Colher a sua renda principal. E esse objetivo não está mais tão longe já que elas conseguiram arrecadar R$ 47 mil em uma campanha de financiamento coletivo na internet.
Com esse dinheiro, foi desenvolvido um app que fará, automaticamente, o trabalho que elas fazem pela página do Facebook. “Quando a usuária entrar, terá quatro opções: Quero Ajudar, destinado às voluntárias; Preciso de Ajuda, para as vítimas; Conversas, para as usuárias conseguirem conversar entre si; e Serviços que vai contar com os endereços de delegacias da mulher, telefones úteis e, no futuro, contato de advogadas e psicólogas”, explica Lhaís.
Até agora, o Mete a Colher não possui CNPJ então não é oficialmente uma empresa. Por isso, o projeto é puramente social. No entanto, as fundadoras já possuem até um plano desenhado para transformarem a ação em negócio. “Nossa marca é muito forte então pretendemos criar um e-commerce para vender camisetas e canecas personalizadas, queremos que advogadas e psicólogas paguem para ter seu contato anunciado no app e também desejamos fazer parcerias com grandes empresas que apoiem a causa”, diz a empreendedora.
A startup foi uma das 15 finalistas da etapa brasileira da Imagine Cup, a Copa do Mundo da Computação, promovida pela Microsoft. O app Mete a Colher será lançado no segundo semestre de 2017 para iOS e Android. “Nosso objetivo é diminuir o feminicídio mostrando para as mulheres que elas não estão sozinhas”, afirma Lhaís.
Fonte: PEGN