Em entrevista, Paulo Cesar Lopes fala sobre o que preocupa os supermercados catarinenses

"Por ora, a Exposuper permanece em Joinville", diz presidente da Acats Patrick Rodrigues/Agencia RBS

Paulo Cesar Lopes, presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats)
Foto: Patrick Rodrigues / Agencia RBS
O setor supermercadista tem se sustentado ao longo dos anos como âncora do varejo, mesmo apresentando algum recuo por conta da crise econômica e da perda de poder aquisitivo da população.

Como deverá ser 2017?
Paulo Cesar Lopes
– O ano de 2017 será um ano diferente do que foi 2016. As redes farão investimentos significativos – e não só os grandes grupos. A Associação Catarinense de Supermercados fará pesquisa com os seus associados em fevereiro. O levantamento vai captar os números dos investimentos projetados. Giassi, Imperatriz, Koch e outros grupos já confirmam novos empreendimentos para este ano. Há outros, com peso mais regional, na mesma linha.

Por que 2017 será diferente?
Lopes
– Os juros estão baixando. O governo, via Comitê de Política Monetária (Copom), reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto, passando a 13% ao ano. É um dos sinais. E autoridades do Banco Central falam em diminuir a taxa para um dígito, progressivamente no curto/médio prazo. A inflação já está dentro da meta oficial, com tendência de baixa. Isso ajuda. Por isso, os empresários estão mais animados. Temos esperança de melhora gradativa.

Os fornecedores pressionam por aumento de preços?
Lopes
– Agora não. No geral, os fornecedores estão mantendo os preços estáveis. Há motivos para isso. O primeiro: o mercado já não aceita mais reajustes generalizados. Essa fase acabou. Há, claro, aumentos pontuais de preços, mas moderados. O outro elemento a ser considerado é que há mais concorrência entre os próprios fornecedores para atender aos supermercados, e isso tem a ver com o comportamento dos consumidores. Este é o terceiro aspecto: o comportamento defensivo dos consumidores. Eles estão mais sensíveis à variação de preços. E quando notam elevação exagerada nas gôndolas, mudam de marca.

Como as indústrias reagem a isso?
Lopes –
Além de tentar segurar preços, as indústrias modificaram embalagens e quantidades dos produtos. O consumidor está atento. E se torna cada vez mais exigente. Compara mais.

Um dos problemas dos consumidores é que nem sempre encontram as mercadorias nas prateleiras e gôndolas dos supermercados.
Lopes
– Ah, sim. Chamamos isso de ruptura de produtos. Isso é um grande problema para os supermercadistas. Acontece porque, às vezes, o supermercado compra menos do que a demanda; faz contas erradas. Às vezes, porque o fornecedor limita volume de entrega. Um exemplo: o consumidor precisa de um determinado tipo de fralda – em função da idade de cada criança. Se a loja não tem esse item naquele formato desejado, o cliente, obviamente, vai buscar no concorrente. Quero dizer que os produtos essenciais, de uso diário das pessoas, jamais podem faltar.

O tamanho das lojas influi na decisão de compra?
Lopes –
Não é exatamente só o tamanho do estabelecimento que influi. Um supermercado médio oferece 20 mil itens. Mas 10%, ou 2 mil, concentram o maior volume de vendas. É necessário dar atenção a todos, mas cuidar mais desses.

O que não pode faltar de jeito nenhum na loja?
Lopes –
Vou dar um exemplo simples que explica o que quero dizer. Na área de panificação, o pão francês tem de estar lá. Ele não dá um retorno enorme, mas é produto que a população sempre pede. Integra o cotidiano das pessoas e compõe a cesta básica de consumo. Depois, o cliente pode ser atraído para comprar um bolo ou outra coisa na mesma seção. Nas outras áreas dos supermercados, as marcas líderes, como Omo e Coca-Cola, também têm de estar disponíveis.

A Acats realiza a Exposuper, em Joinville, há vários anos. O contrato com os concessionários da Expoville termina neste ano. O evento continuará em Joinville a partir de 2018?
Lopes
– Joinville nos atende bem. O que precisamos é de estrutura adequada. A Expoville está ok. Ocupamos 11 mil metros quadrados. Por enquanto, não precisamos de mais espaço. Claro que Blumenau reivindica para si o evento; e Balneário Camboriú está finalizando, neste ano, seu centro de eventos. Por ora, não pensamos em mudar.

Fonte: A Notícia

Transforme a Gestão do Seu Negócio

Nossas soluções simplificam a administração da sua empresa e promovem seu crescimento.

CANAIS DE VENDA ONLINE