Eco-Eletro já levou computadores reciclados a comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul
Palestrante Walter Goya alerta para os “tesouros” que existem em componentes eletrônicosO novo ciclo do ouro começa na reciclagem de materiais eletrônicos, que chega a Joinville com técnicas aplicadas pelo projeto Eco-Eletro da Universidade de São Paulo (USP).
Nesta terça e quarta-feira, participantes do projeto estarão na Univille para capacitar instituições no manuseio, armazenamento e venda dos recicláveis que, além de plástico e ferro, contêm silício, chumbo, cobre, níquel e prata. Esse tesouro e seus segredos logo estarão nas mãos de catadores joinvilenses.
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Processadores, principalmente os mais antigos, são verdadeiras joias. O ouro já foi um dos metais mais usados na condução de energia em circuitos elétricos, sendo o material de que são feitos ou revestidos os fios desses eletrônicos. Um quilo de processadores pode custar R$ 50,00, enquanto o de mouses é arrematado por R$ 0,10.
Mas de nada adianta ter uma mina de ouro nas mãos e não saber manuseá-la. Por isso, os responsáveis pelo projeto compartilharão conhecimento com representantes da Fundamas, da Udesc, de uma ONG de Jaraguá do Sul e dos cursos de economia e engenharia ambiental da Univille. Essas entidades serão multiplicadoras de conhecimentos às associações de catadores joinvilenses.
China, Gana e Índia, de acordo com o palestrante do projeto, Walter Akio Goya, são países que tratam de forma rudimentar a sucata eletrônica. Nesses lugares, as peças são queimadas para a separação dos metais valiosos, o que acaba gerando uma fumaça tóxica. Na cidade de Agbogbloshie, em Gana, existe um lixão a céu aberto com montanhas de sucatas eletrônicas.
— É isso que queremos evitar no Brasil — alerta Akio.
Cobre e alumínio, segundo o palestrante, são mais fáceis de extrair das peças. O ouro, a prata e o níquel ficam nas placas. Muitas vezes quem lida com a sucata eletrônica acaba perdendo dinheiro por não saber para quem vender os componentes.
Nos dois dias de curso, das 9 às 17h30, eles aprenderão o valor da cada peça e como extrair delas o melhor, além de serem introduzidos ao mercado e saberem para quem vendê-las.
Manusear corretamente e não deixar os componentes expostos à água e ao calor, de acordo com Akio, podem evitar que eles contaminem a natureza e se tornem ameaças à saúde porque alguns materiais podem causar câncer. O foco do trabalho em Joinville é mostrar como a sucata deve ser separada e instruir os catadores na caça ao tesouro que se esconde entre os circuitos.
Do lixo para as aldeias
Um computador feito de peças rejeitadas leva inclusão digital na aldeia guarani-caiová, de Passo Piraju, em Dourados (MS). Em outra etapa do projeto, ainda não trazida a Joinville, os catadores aprendem a fazer triagem de peça apenas ao olhar para ela e fazer testes com a finalidade de descobrir quais componentes podem servir para montar um novo equipamento.
Os ensinamentos do Eco-Eletro seguem para Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal. Joinville é a primeira cidade catarinense a receber o projeto, que ensina sobre uma atividade crescente no mundo inteiro: “a mineração de resíduos eletrônicos”.
Fonte: Projeto da USP vai mostrar como reciclar resíduos eletrônicos em Joinville – A Notícia