Bruno Breithaupt Filho, diretor-presidente do grupo jaraguaense, diz que empresa abriu mão da diversificação para focar as atividades em áreas bem definidas

Claudio Loetz: Rede de lojas Breithaupt entra em nova fase Salmo Duarte/Agencia RBS

“Para 2017, os investimentos ficarão subordinados aos resultados que obtivermos entre janeiro e março, em função do que acontecer até dezembro”, antecipa BrunoFoto: Salmo Duarte / Agencia RBS
Bruno Breithaupt Filho, diretor-presidente da rede Breithaupt, com sede emJaraguá do Sul e negócios em outras cidades, fala, em entrevista exclusiva, sobre o momento e planos da empresa. Graduado em administração de empresas e vivência no exterior, está com 37 anos e lidera uma companhia tradicional, que deixou adiversificação de negócios para focar sua atividade em campos próprios e bem definidos.

A companhia, que completa 90 anos de atuação em dezembro deste ano, agora prioriza o crescimento em cidades pequenas, com abertura de lojas de até 300 m². E vai oferecer, também, empréstimos a clientes, a partir de negociação de contrato a ser assinado com uma financeira e com tradição no mercado do varejo.

A seguir, os principais trechos da entrevista realizada no dia 13 de outubro.

A Notícia — A Breithaupt, que vai completar 90 anos neste ano, tem enorme tradição no varejo catarinense. O senhor assumiu o comando da empresa, que vinha de longa gestão familiar — com seus avós,  pais e tios —, e  chegou há mais de ano no topo, após transição de modelo gerencial comandada por executivo profissional contratado no mercado. Como é a sua história com a Breithaupt?
Bruno Breithaupt Filho —
Nasci dentro da empresa. Desde criança, acompanhava meu avô e meu pai, brincava lá dentro dos supermercados na infância. Fui absorvendo conhecimentos progressivamente.

AN — A sucessão foi tranquila?
Bruno —
Foi muito importante termos passado de um modelo de gestão familiar para um formato com administrador externo. Quando estava acabando o período de transição  do executivo externo, a empresa tinha que encontrar um novo nome. Candidatei-me, levantei o dedo, em uma reunião, e me inscrevi para disputar o processo sucessório. Isso foi em 2014. Havia uma preocupação de que a sucessão não fosse só uma questão familiar. Minha vivência no exterior também foi importante. O objetivo é ter uma gestão profissional. Tenho sob meu comando direto um superintendente comercial e um gerente financeiro.

AN — A Breithaupt era uma organização com diversificadas áreas de atividades — supermercados, shopping, material de construção, ferragens… Agora não é mais.
Bruno —
Mudamos, sim. Entendemos ser necessário dar foco.  Em 2014, já tínhamos vendido as lojas de supermercados. Em fevereiro de 2016, vendemos o shopping para o grupo mineiro Tenco. Escolhemos sermos menores, direcionados. Fomos bem assertivos na venda dos ativos.

AN — Atualmente, atua em que frentes?
Bruno —
O negócio da venda de materiais de construção representa 55% do nosso faturamento. Ferramentas e máquinas, autocenter (pneus e acessórios) e eletromóveis compõem o mix de produtos nas nossas lojas. Temos 15 unidades, das quais quatro são autocenters e uma, de máquinas e ferramentas. Estamos presentes em dez cidades. Empregamos 500 funcionários em cidades das regiões Norte, Nordeste, Vale do Itajaí e Planalto Norte catarinenses.

AN — Qual é o planejamento da companhia para os próximos cinco anos?
Bruno —
Saímos do conceito home center, onde o consumidor encontra quase tudo. Optamos por concentrar esforços para sermos reconhecidos como líderes no Norte e Planalto Norte naquilo que fazemos.

AN — Na prática, qual é o direcionamento?
Bruno —
Vamos investir em lojas menores, unidades compactas, de 300 m², em municípios pequenos. Nestas lojas, o mix de produtos não é tão significativo, mas de alto giro. Também vendemos via catálogo eletrônico. Atualmente, este modelo já vigora em São Francisco do Sul, Pomerode e Campo Alegre. Nos municípios de Corupá e Timbó Grande, chegaremos até o fim do ano. Para 2017, teremos mais cinco unidades desse tipo, em locais próximos a Jaraguá do Sul.

AN — Há planos de expansão para Joinville?
Bruno —
Estudamos avançar em bairros de Joinville. Cada bairro é uma cidade. A ideia é ajudar os clientes, para eles não precisarem se deslocar muito de casa. Em Joinville, cabe loja de 700 m² a 1.200 m², dado o tamanho do mercado potencial.

AN — Como foram os resultados da companhia no ano passado e como percebe 2016?
Bruno —
2015 foi um ano bom. Crescemos 10% em comparação a 2014. Mas 2016 não vai cumprir as expectativas do começo do ano. Haverá queda na comparação com o ano passado. Para 2017, os investimentos ficarão subordinados aos resultados que obtivermos entre janeiro e março, em função do que acontecer até dezembro. Acreditamos em recuperação, sim, porque o biênio 2015 e 2016 foi de demanda reprimida. Significa que enxergamos cenário favorável adiante.

AN — Que ações serão adotadas para incrementar resultados?
Bruno —
Vamos fazer forte movimento na direção de mudanças de sistemas, reforçar a concessão de crédito, com avaliação cada vez mais bem-feita, que será diferencial. Estamos finalizando negociação com uma financeira para alavancar os empréstimos aos nossos clientes. Também vamos oferecer empréstimo pessoal. Essa estratégia atende a boa parte de nossos clientes autônomos — pedreiros, eletricistas —, que não têm como comprovar renda.

AN — Alguma consultoria auxilia nesse processo em busca de melhor desempenho?
Bruno —
Sim. Contratamos a consultoria Sucesso em Vendas, de Curitiba, para capacitar toda a nossa equipe — de gestores a vendedores. Entendemos que o vendedor é fundamental. Vendedor é profissão, tem de gostar muito de gente e, por isso, requer o nosso máximo esforço para ser cada vez mais qualificado.

Fonte: A Notícia

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