É cada vez maior o número de idosos que abrem seus próprios negócios depois de “pendurar as chuteiras” no antigo emprego
Seja para complementar a renda da aposentadoria, seja para buscar realização profissional, o número de empreendedores da terceira idade vem aumentando nos últimos anos no Brasil. De acordo com dados da edição de 2014 do Global Entrepreneurship Monitor – levantamento mundial que mede o nível de empreendedorismo em cada país – 8% dos empreendedores iniciais (cujos negócios têm menos de 3,5 anos de existência) no Brasil estão na faixa de 55 a 64, totalizando 1,376 milhão de pessoas. Em 2002 este percentual era 6%.
A terceira idade é um momento propício para começar a empreender, pois o idoso conta com algumas vantagens que podem contribuir para o sucesso no negócio, afirma o gerente do Sebrae-SP Paulo Marcelo Tavares Ribeiro. “Em primeiro lugar, a pessoa já construiu um patrimônio e terá recursos próprios para investir. Além disso, ele tem muito mais bagagem e sabe analisar bem os cenários, que são importantes diferenciais competitivos”, diz.
Experiência de sobra
Os conhecimentos acumulados ao longo de toda uma vida de trabalho são um grande diferencial dos aposentados empreendedores. Ribeiro diz que, depois de trabalhar muitos anos como funcionário, alguns idosos aproveitam esta experiência acumulada para abrir um negócio na mesma área, e chegam até a concorrer com seu antigo empregador.Esta é a história de Edi Luiz Deitos. Ele trabalhou durante 43 anos em um frigorífico na cidade de Serafina Corrêa (RS), chegando ao cargo de diretor da área industrial. Quando o negócio foi adquirido pela Perdigão, no fim dos anos 1990, ele descobriu que logo teria de se aposentar e optou por investir em uma área semelhante à que atuava. “Eu não queria ficar parado e comecei a viajar para ver o que iria fazer. Em uma visita a uma feira de alimentos na Europa, descobri o mercado de vegetais congelados, que ainda era desconhecido no Brasil”, conta.
Assim, no ano 2000, aos 62 anos, Edi fundou sua própria empresa de vegetais congelados, a Grano, na mesma cidade onde trabalhava, pois já conhecia os fornecedores da região. Atualmente, a empresa trabalha com 120 pequenos produtores, produz mil toneladas de vegetais congelados por mês e espera fechar o ano com um faturamento de R$ 72 milhões. “Quando trabalhei no frigorífico, sempre administrei como se fosse meu. Aprendi a planejar, fazer orçamentos, e essa experiência me ajuda demais hoje”, afirma o aposentado empreendedor.
Fonte: Renda e realização levam aposentados a empreender – Terra