Especialista trabalha na maior plataforma editorial que cobre a expansão da nova economia
Se você ainda não ouviu falar, cedo ou tarde vai se deparar com algum profissional ou empresa que atua na economia criativa. O conceito envolve a produção de bens ou de serviços baseada na criatividade e no capital intelectual e tem mostrado forte apelo sustentável.
Entre os segmentos envolvidos com as atividades criativas estão arquitetura e urbanismo, design, música, software, moda e gastronomia.
Internet das coisas, zopp e cauda longa são alguns dos termos usados com frequência por quem lida com a economia criativa. E para quem pretende ficar por dentro do significado do conceito, uma boa fonte de consulta é o site do Projeto Draft, maior plataforma editorial que cobre a expansão da nova economia brasileira. Ele reúne vários verbetes e informações sobre o assunto.
Negócios & Cia entrevistou o publisher do Projeto Draft, Adriano Silva, que esteve em Joinville no dia 30 de junho para participar do Fórum de Inovação da Sustentare Escola de Negócios.
Para Silva, na nova economia, quesitos como idade e localização geográfica não representam mais nada. Há “velhos” de 20 anos e “jovens” de 70, afirma. O profissional pode estar no seu home office em Joinville e fazer negócios com o Leste Europeu sem sair de casa. O que está mudando é o jeito de pensar, constata o especialista.
CEO da empresa The Factory, de projetos editoriais em cocriação, Silva também trabalhou em grandes veículos da imprensa brasileira e escreveu quatro livros: Homem sem Nome, E Agora, o que é que eu Faço?, O Executivo Sincero e Tudo o que eu Aprendi Sobre o Mundo dos Negócios. Confira os principais trechos da entrevista:
CRIATIVIDADE
– Criatividade é a arte de enxergar o que não está evidente, de reinventar o jeito de olhar, de divergir do olhar geral da manada. É preciso ter coragem para romper com o senso comum, para recusar o clichê. Ser criativo é sair da zona de conforto e tirar os outros da zona de conforto também. A criatividade, em negócios, é passar a gostar das novas ideias, do que nunca foi testado, em vez de ficar sempre perguntando, diante de uma nova proposição, “mas onde isso já foi testado? Alguém já fez?” Criatividade é trocar o espelho retrovisor pelo binóculo.NOVA ECONOMIA
– A nova economia revoluciona uma série de conceitos clássicos do mundo dos negócios. Estamos falando de uma transição da economia industrial para uma economia pós-industrial, em que a oposição entre o centro e a periferia deixam de fazer sentido e a sociedade passa a se organizar em rede. Em que o compartilhamento, a economia colaborativa passam a fazer sentido, ao lado da competição. Em que quesitos como idade e localização geográfica não representam mais nada – há “velhos” de 20 anos e “jovens” de 70, você pode estar no seu home office em Joinville e fazer negócios com o Leste Europeu – literalmente sem sair de casa. O que está mudando, sobretudo, é o jeito de pensar.
MENTE ABERTA
– Penso que o espírito hacker é uma contribuição maravilhosa dessa nova geração de empreendedores ao mundo dos negócios. Hackear é buscar sempre fazer mais rápido, mais barato, de modo mais conveniente. Os hackers sabem que nada está pronto. Tudo está em movimento, em eterna transformação – e o sucesso passado, a tradição, não garante nada em relação ao futuro. O sujeito que trouxe a última mudança bem-sucedida, que mudou o mercado, pode tranquilamente ser a vítima da próxima mudança. O espírito hacker nos permite estar com a mente aberta e alerta para mudarmos juntos com o ambiente de negócios e para provocarmos essas mudanças que podem acontecer em nossa empresa ou em nossa carreira ou em nossa vida. A ideia de que sempre dá para fazer melhor é poderosa.
SECRETARIA DE ECONOMIA CRIATIVA
– Eu me pergunto por que a Secretaria de Economia Criativa está inserida no Ministério da Cultura e não em algum ministério ligado à economia e negócios? Parece que o governo ainda não se deu conta do potencial econômico da economia criativa. Não estamos falando de arte aqui – estamos falando de negócios, de business, de capitalismo. O Brasil precisa se tornar um país mais afeito ao empreendedorismo, menos hostil à iniciativa privada. Enquanto empresários forem vistos como exploradores e vilões, estaremos vivendo ainda no século 19 e não no século 21.
EMPREENDEDORISMO
– O Brasil vive um momento muito rico, que é a chegada à idade adulta e ao mercado de uma geração que não sonha com um emprego, mas sonha em fundar uma empresa. A minha geração rompeu com o sonho do barnabé pelo sonho do trabalho executivo. Essa nova geração está trocando o sonho do mundo corporativo pelo sonho do empreendimento. Isso é muito positivo.
— Ao mesmo tempo em que temos essa constelação de empreendedores e de boas ideias em busca de execução, nunca houve tanto capital em busca de boas ideias de negócio, disposto a correr algum risco. Apesar de institucionalmente o País ainda ser um ambiente de negócios canhestro, que muito atrapalha e pouco ajuda os empreendedores, essa geração maker está indo à luta e mostrando que o governo, o Estado e o arcabouço legal, jurídico, contábil, fiscal e tributário no Brasil, que é uma vergonha, é apenas mais um obstáculo a ser superado. Empreender, no fim do dia, é isso: superar obstáculos.
COMO EVOLUIR
– Realize. Comece hoje. Faça o que você pode, com aquilo que você tem. Apresse-se devagar. Dê o primeiro passo. E não pare de caminhar. Construa uma ponte entre o que você quer fazer, o que você deseja oferecer ao mercado e aquilo que o mercado está demandando, aquilo que as pessoas estão dispostas a comprar. Atue numa escala suficientemente pequena para poder errar, aprender, corrigir e ir em frente. Não deixe nunca de inovar. Ouça o que a sua voz interna está lhe dizendo. Trabalhe com um propósito. Encontre a sua missão na vida. Defina o legado que você quer erigir e construa sua obra.