Por: Bruno Mello
Quando uma das empresas mais inovadoras do mundo deixa de apresentar grandes novidades, devemos analisar sobre como é árdua a ambição de reinventar mercados a cada ano e compreender que esta é uma missão inglória, mas há alternativas. Fato é que o mercado e as pessoas se acostumaram com a expectativa de serem surpreendidas e comprar algo que nem em seus sonhos elas poderiam imaginar. Nos anos de glória da Apple, o Macintosh transformou a indústria de computadores, o iPod, da música, o iPhone, de telecomunicação, e o iTunes e o iPad mudaram o mercado de entretenimento.
Na última apresentação, no entanto, não tivemos nenhuma inovação disruptiva. Smartphones com telas maiores, mais finos, com melhor resolução de câmera e mais baratos já existem. Relógios inteligentes também e a carteira mobile do Google, o Wallet, foi lançado há três anos. O que a Apple apresentou foram pequenas inovações incrementais em seus produtos e entrou em dois mercados que pela sua natureza era impossível ficar de fora, mas com chegada atrasada. E é neste ponto que devemos nos segurar. Se até a Apple é incapaz de transformar mercados a cada ano, como você dará conta desta missão?
Isso não quer dizer que não devemos buscar a inovação. Desenvolver melhorias contínuas e relevantes também é fundamental. E este pode ser o seu caminho. Perceba a reação das pessoas diante dos lançamentos. Além dos Applemaníacos que já faziam fila nas lojas para comprar os novos gadgets, muitos, se não uma boa maioria de clientes da empresa fundada por Steve Jobs se mostraram receptivos às novidades e desejam comprar os novos aparelhos. Do outro lado, uma parcela de pessoas que já migraram para outras marcas ficaram decepcionadas com a falta de elementos que os fizesse reatar o casamento com a Apple.
Quando o assunto é inovação, especialmente para as empresas mais inovadoras, não há outro caminho senão perseguir a inovação. Mas, como vimos, é muito difícil mudar mercados toda hora. O que não quer dizer que as melhorias que você promover em seus produtos ou serviços não serão suficientes para a empresa crescer. Com os lançamentos de ontem, a Apple se mantém viva no mercado e com produtos para competir com seus concorrentes. Imagina se ela não tivesse feito nada? Qual é o melhor caminho? Não mudar e correr o risco de ficar obsoleta, como aconteceu com o walkman, ou apresentar novidades contínuas para se manter relevante entre clientes e prospects?
Se bem tratado e atendido em seus desejos e expectativas mínimas, o cliente e especialmente o fã de uma marca têm uma tendência natural a ser amigo da empresa. E, como amigo, ele vai sempre elogiar um novo corte de cabelo ou uma roupa nova e continuará a relação normalmente. A menos que você vire um punk maluco ou pare no tempo, clientes e empresas, por mais volátil que as pessoas sejam hoje em dia e as mudanças imprimam um novo ritmo de mercado, tendem a formar relacionamentos de longo prazo.
O que não podemos é, com a desculpa pela complexidade de transformar mercados, ficar parados. A Apple não está parada e o cemitério de CNPJs está repleto de empresas que viram o mercado andar para frente enquanto elas ficaram estacionadas. Nenhum produto ou serviço é bom o suficiente que não precise ser melhorado. Às vezes, ficamos correndo atrás de inovações disruptivas quando o nosso cliente ficará satisfeito se corrigíssemos erros que os irritam ou melhorássemos a sua vida de alguma maneira. Os caminhos são muitos para quem realmente quer fazer a diferença e não precisa ser uma Apple em seus tempos áureos para conquistar o mercado.
Fonte: Se a Apple não consegue inovar, como você fica? – Blog Televendas & Cobrança