A instituição inaugura hoje o Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro

Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro  (Foto: Sebrae/Leandro Ribeiro)

O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB) abre as portas ao público hoje, no centro do Rio de Janeiro. O espaço de 4,5 mil metros quadrados vai abrigar exposições, cursos e uma loja. “Esta é uma ideia antiga que foi sendo modificada ao longo dos anos. Surgiu como um showroom e centro de comercialização e, ao longo do tempo, fomos ampliando para virar um centro cultural”, diz Juarez de Paula, gerente da Unidade de Atendimento Setorial Comércio do Sebrae.

Segundo o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), existem mais de 92 mil artesãos inseridos no Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB).

O artesanato está presente como atividade econômica em 78,6% dos municípios brasileiros, de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (2014), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O espaço passou por obras nos últimos dois anos. Localizado na Praça Tiradentes, no Centro do Rio de Janeiro, o CRAB ocupa três prédios históricos que estavam abandonados e foram cedidos pela prefeitura e pelo estado por 20 anos, renováveis pelo mesmo período. Ao todo, o Sebrae investiu R$ 40 milhões em restauração, reforma e mobiliário. “Nós escolhemos o Rio porque é a capital cultural do Brasil e uma cidade com muito foco na economia criativa. Além disso, a gente viu a oportunidade de recuperar esses imóveis e devolver para a cidade um patrimônio histórico e cultural relevante”, diz Paula.

O CRAB vai trabalhar, segundo Paula, em três vertentes: exposições, comércio e conhecimento. “A ideia é ser um espaço que congrega três grandes atividades: visibilidade ao artesanato brasileiro com exposições gratuitas e abertas ao público, ser um espaço de estudo, reflexão e debate sobre o artesanato e a terceira dimensão é a comercialização, aproximando potenciais compradores dos artesãos”, afirma.

Para a inauguração, os designers Adélia Borges e Jair de Souza fizeram a curadoria da exposição “Origem Vegetal: a biodiversidade transformada”, que apresentará cerca de 800 peças elaboradas por artesãos que atuam nas 27 unidades da Federação. A exposição foca em objetos feitos com matéria-prima de origem vegetal, derivados de plantas e árvores, tais como madeiras, palhas, sementes e resina.

Entre os produtos, estão jogos americanos, luminárias, móveis, cestas, bolsas, talheres, joias, painéis decorativos, flores, brinquedos, tecidos, tapetes, almofadas, chapéus, mantas e esculturas que podem custar de R$ 30 a R$ 2 mil. “A nossa ideia não é trabalhar com a vulgarização do artesanato, expondo itens muito comuns, repetitivos ou baratos. Queremos ter o melhor do artesanato brasileiro no CRAB, com produtos de maior valor agregado e não aqueles que são vendidos em feiras”, diz Paula. A mostra fica em cartaz até 24 de setembro e deve ser programa para os turistas nos intervalos dos Jogos Olímpicos.

Boa parte dos produtos será comercializada em uma loja dentro do espaço, chamada Brasil Original, que deve gerar R$ 1 milhão em negócios por ano. A empresa Bio Fair Trade, de Recife (PE), foi contratada pelo Sebrae por licitação e vai fazer a gestão operacional, comercial e financeira da loja do CRAB. Além de receber as peças da exposição, a loja vai, aos poucos, oferecer produtos de referência do artesanato, como os criados pelos ganhadores do Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato.

Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro  (Foto: Sebrae/Leandro Ribeiro)

Desafios do mercado

Segundo o IBGE, o mercado de artesanato movimenta mais de R$ 50 bilhões no país e é fonte de renda para muitos pequenos empreendedores. “A atividade artesanal, mesmo na crise que estamos vivendo, não tem sido impactada”, diz Paula.

A iniciativa do Sebrae pretende conscientizar os artistas também para a importância da gestão. “O artesão brasileiro, em geral, é uma pessoa muito talentosa, mas tem pouco acesso a informação e está fisicamente fora dos grandes centros. Um grande desafio é o artesão se ver não só como criador, mas também como empresário”, diz o gerente do Sebrae.

Outro desafio deste mercado é inovar e não entrar no processo automático de repetição dos produtos. “Muitas vezes, ele desenvolve a peça, consegue um bom público, e fica apenas reproduzindo aquele modelo repetidamente até saturar o mercado. A atualização dos produtos ainda é um desafio. É importante saber trabalhar com o conceito de coleção, renovando os produtos para gerar sempre interesse pela novidade”, afirma.

Além da conscientização do consumidor, a ideia do CRAB é também incentivar os produtos artesanais de maior valor agregado e, portanto, mais sofisticados. “É importante saber expor, vender e colocar os produtos de forma que valorize a beleza estética. Por isso, o CRAB é muito arrojado e moderno, com uma abordagem contemporânea da cultura popular brasileira, o que aumenta a valorização do produto artesanal e gera desejo de consumo”, diz.

 

Fonte: PEGN

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