Grupo vai investir pelo menos R$ 25 milhões para reativar as operações e lançar nova coleção em novembro

Vencedores do leilão da Sulfabril querem reabrir a fábrica em dezembro com 120 funcionários Gilmar de Souza/Agencia RBS

Unidade na Rua Itajaí será reaberta com um investimento de pelo menos R$ 25 milhões Foto: Gilmar de Souza / Agencia RBS

Uma década e meia depois de ter a falência decretada e pouco mais de nove meses após fechar as portas por decisão judicial, a Sulfabril vai voltar a funcionar. E já existe até previsão para que isso aconteça: início de dezembro. É esse o prazo necessário para retomar, a um custo de pelo menos R$ 25 milhões, as operações industriais mínimas, lançar uma nova coleção de peças de roupa e contratar cerca de 120 pessoas que irão começar uma nova empresa do zero, sob nova gestão.

À frente do processo de reativação da companhia está o blumenauense Rafael Cunha, de 40 anos, que conversou ontem com exclusividade com a reportagem do Santa. Formado em Direito pela Furb e com MBA em Marketing pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ele construiu carreira executiva em empresas como Souza Cruz e Santander, com atuação nas áreas comercial, administrativa e de comércio exterior. O empresário é um dos sócios da NSA Invest, joint venture (união de empresas) com sede em Blumenau e negócios nos setores de máquinas e resinas termoplásticas nas regiões Sul e Sudeste que ficará responsável pela administração da nova Sulfabril.

O grupo “herdou” a maior parte dos bens da massa falida depois que o empresário que os arrematou na última semana desistiu do negócio. Intimada pela Justiça, a NSA Invest não titubeou: como segunda colocada no leilão, assumiu a compra. O pagamento deve ser feito nos próximos dias e a expectativa é de que a emissão de posse seja liberada em seguida. Nos bastidores, o trabalho para resgatar o poder da marca já começou.

Os integrantes da nova diretoria ainda são segredo. Certo, por enquanto, é que Cunha será o presidente da nova Sulfabril e contará com o apoio de três diretores – um financeiro e um industrial, que já estão definidos, mas que não tiveram seus nomes divulgados, e um de marketing, que ainda está sendo escolhido. Todos eles, garante o executivo, são profissionais com profundo conhecimento no segmento têxtil e que têm raízes na região.

– Estamos buscando os melhores. O novo momento exige uma gestão moderna e profissional. Queremos passar tranquilidade e confiança ao mercado – explica Cunha.
Nos próximos dias, a NSA Invest vai finalizar um trabalho de análise da estrutura do parque fabril. Cunha antecipa que os setores de tinturaria, estamparia, corte e parte da costura serão reativados, mas outros podem ser descontinuados caso não ofereçam vantagens competitivas para o negócio.

Contatos com profissionais para a ocupação de cargos estratégicos dentro da companhia já estão sendo feitos. A expectativa é de que a mão de obra operacional comece a ser recrutada a partir de outubro. Ex-funcionários terão prioridade nesse processo, garante Cunha, que vai procurar o Sindicato dos Trabalhadores Têxteis de Blumenau e Região (Sintrafite) nos próximos dias para esclarecer o novo momento da Sulfabril.

– Queremos valorizar ativos intangíveis, e as pessoas são um deles – diz o executivo.
Se tudo der certo, o número de funcionários da nova Sulfabril pode saltar de 120, no estágio inicial, para 320 no segundo semestre do ano que vem, calcula o executivo.

Aposta na força da marca e nova coleção a caminho

O empresário Rafael Cunha prefere não revelar estimativas de faturamento, mas enxerga no nome Sulfabril o grande trunfo da NSA Invest para retomar as operações com força. De acordo com ele, 2016 servirá para consolidar a nova fase da companhia. O executivo espera uma retomada maior do consumo interno entre o final do ano que vem e o início de 2017, o que ajudaria a fortalecer a presença da empresa no mercado doméstico. Espaço para crescer, garante ele, existe.

— O lojista não esqueceu da qualidade do produto e o consumidor de fora ainda não percebeu que a marca saiu do mercado — aposta.

A primeira coleção desta nova fase, a de Inverno 2016, já está em produção e deve ser apresentada ao mercado até o dia 15 de novembro. Por enquanto, o desenho das peças está sendo terceirizado. Os próximos catálogos já serão desenvolvidos internamente, explica Cunha.

Além da marca Sulfabril, a NSA Invest também irá explorar as submarcas Senha e Onda Pura, com foco em moda jovem e adulta, e a SF Kids, voltada ao público infantil. A projeção é de que camisas, camisetas e moletons, entre outras peças, invadam 6,6 mil pontos de venda em todo Brasil, incluindo grandes redes de varejo e comércios menores de bairro. Cunha não descarta a possibilidade de a empresa criar, no futuro, uma rede própria de lojas – o modelo de franquias seria o mais atraente, mas a ideia ainda é embrionária.

A nova Sulfabril também planeja aproveitar a atual situação do câmbio para vender para fora do País. De acordo com Cunha, há planos de exportação para países da América Latina.

Grupo começou a analisar a compra há dois meses

A NSA Invest começou a analisar a Sulfabril como oportunidade de negócio há pelo menos dois meses. Assim que o edital do leilão foi lançado, o grupo iniciou contatos com o leiloeiro Daniel Elias Garcia. Durante 45 dias, uma equipe avaliou detalhadamente os processos dentro da companhia, com visitas à fábrica e análise de maquinário.

— A decisão foi tomada em cima de um amplo estudo, com muita responsabilidade — diz o empresário Rafael Cunha.

O grupo foi o primeiro a manifestar interesse na compra da Sulfabril ao dar um lance online de R$ 30 milhões por um dos maiores lotes da massa falida. Mas a oferta acabou sendo coberta no leilão presencial. Quando o empresário que arrematou os bens desistiu do negócio, o caminho para a NSA Invest retomar os planos foi aberto.

De acordo com Cunha, boa parte da reestruturação da Sulfabril terá um toque local. Uma empresa de consultoria e recursos humanos da cidade será contratada para elaborar um plano de cargos e salários. A responsável pelo desenvolvimento da primeira coleção também é da região. Há também parceiros de fora, que serão parte importante em financiamentos para compra de matéria-prima e novos equipamentos.

O empresário elogia o esforço de todas as partes envolvidas no processo. Para Cunha, o trabalho em conjunto desenvolvido pelo Ministério Público, a juíza Quitéria Tamanini Vieira Peres, o leiloeiro Daniel Elias Garcia e o síndico da massa falida, Celso Zipf, permitiu que a NSA Invest comprasse uma empresa em condições de voltar a operar.

Fonte: Vencedores do leilão da Sulfabril querem reabrir a fábrica em dezembro com 120 funcionários – A Notícia

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