Negócios jovens apostam na estratégia de “dividir para multiplicar” para garantir a qualidade dos serviços e atrair talentos
Como se diferenciar em um mercado repleto de fortes concorrentes? Algumas empresas investem em inovação; outras, em preços baixos; e há aquelas que primam pela qualidade nos produtos e serviços. Apostando nesta última opção, duas jovens empresas do ramo de pagamentos, Cappta e Pagar.me, recorreram a uma estratégia ousada para garantir a excelência no atendimento aos clientes: promover os funcionários que mais se destacassem à condição de sócios.
Na Cappta, fornecedora de tecnologia de pagamento por cartões, a ideia surgiu quando a empresa foi fundada, em 2011, conta o sócio-fundador Rodrigo Rasera. Na época, ele e seus dois sócios observaram que o mercado tinha uma carência na prestação de serviços de instalação e manutenção das maquininhas, e criaram uma estratégia para prestar este serviço com excelência.
“Resolvemos propor aos nossos parceiros a possibilidade de se tornarem sócios caso obtivessem um grande desempenho. Está nos nossos valores como empresa, dividimos para crescer. Com essa política, conseguimos atrair talentos e fidelizá-los, para que não migrassem para a concorrência”, diz Rodrigo.
Ele explica que, no ano da fundação, 15% das ações da empresa foram reservadas para serem distribuídas aos funcionários. “Esta cota inicial já foi preenchida, e nos próximos anos esperamos aumentar para até 25% o percentual de ações a serem distribuídas, para que os novos trabalhadores também se sintam motivados” esclarece o sócio-fundador.
Para promover um prestador de serviços à condição de sócio, os donos da Cappta levam em conta três fatores. Em primeiro lugar, a satisfação dos varejistas com o atendimento realizado. Em segundo, a quantidade de clientes atendidos pela pessoa e o número de novos usuários que ela ajudou a incorporar ao sistema. Em terceiro, as contribuições que cada prestador de serviços deu para o negócio, apresentando ideias ou sugerindo novos produtos e formas de fazer as coisas. A avaliação do terceiro ponto é feita todos os anos em uma convenção em que a Cappta reúne seus principais parceiros.
A mesma política adotada com os prestadores de serviços externos também é adotada com os funcionários da empresa. Assim, aqueles que se destacam por vários semestres consecutivos ganham a oportunidade de adquirir uma cota da empresa por um valor simbólico, pois a lei proíbe a doação de ações. Até o momento, a empresa conta com 10 funcionários e 50 prestadores de serviços como sócios.
“Tivemos um faturamento de R$ 22 milhões em 2014 e esperamos crescer 30% este ano graças a esta política. Mais do que isso, quando começamos nós encontramos grandes dificuldades para convencer as pessoas a trabalharem conosco. Hoje, temos uma demanda tão grande que somos obrigados a fazer uma seleção”, afirma Rodrigo.
Dividir para multiplicar
Outra empresa que segue o mesmo caminho é a Pagar.me, startup de tecnologia que oferece soluções de pagamento para e-commerces. Criada em 2013, ela se inspirou nas políticas adotadas por Google e Ambev para transformar seus funcionários em sócios. “Esta possibilidade aumenta a motivação e o engajamento dos funcionários. Na hora de tomar uma decisão, ele não vai pensar no que é melhor para ele, mas sim no que vai fazer a empresa crescer”, resume o sócio-fundador Henrique Dubugras.A estratégia também está sendo usada pela Pagar.me para atrair talentos. Por ser uma empresa jovem, que cresce rápido, existem boas possibilidades de um funcionário receber ações em pouco tempo. “Até o momento, apenas um dos nossos empregados recebeu ações. Mas já temos 12% de nossas ações reservadas para distribuir entre aqueles que mais se destacarem”, afirma Henrique.
Fonte: Visando crescer, empresas transformam funcionários em sócios – Terra