Entrega expressa da DHL no Brasil vai dobrar até 2023, diz executivo
Segundo os cálculos, a previsão é que até o fim deste ano ocorra ao menos mais uma expansão de sede ou inauguração de central de serviços expressos no país
O diretor-executivo da DHL Express para as Américas, Mike Parra, disse que o segmento de transporte rápido da companhia alemã deverá dobrar seu tamanho no Brasil até 2023.
"O mercado brasileiro está em crescimento para nós, e nossas estações estão ficando pequenas. Por isso estamos abrindo um segundo centro de serviços em Campinas e inaugurando outro no Rio. Também há a expansão em Belo Horizonte", afirmou Parra na ocasião de apresentação à imprensa da nova sede de inovação da DHL em Chicago.
Segundo seus cálculos, a previsão é que até o fim deste ano ocorra ao menos mais uma expansão de sede ou inauguração de central de serviços expressos no país. "Dobramos nossos negócios no Brasil entre 2018 e 2019, e queremos fazer isso novamente nos próximos 36 a 48 meses. Dobro de receitas, de carregamentos e de empregados."
Além dos projetos já citados nas cidades acima, o braço da companhia alemã responsável por entregas expressas já conta com centrais nas cidades de São Paulo, Santos, Brasília, Ribeirão Preto, Curitiba e Porto Alegre.
Questionado sobre os desafios da logística no Brasil, Parra afirmou que as poucas linhas aéreas comerciais no país são um entrave para a operação da companhia alemã.
"Você tem Gol, Azul e Latam. E elas já têm parcerias com diferentes grandes empresas. O Mercado Livre fez um anúncio de cooperação com a Azul, há rumores sobre uma aliança da Amazon com a Gol. Então isso limita as oportunidades", afirmou.
"Por isso vemos as chances que existem para começarmos a investir no nosso próprio transporte aéreo de cargas ou de fecharmos parcerias com outras companhias da região."
Parra disse ainda que ouve falar dos planos de privatização dos Correios há 23 anos. Segundo ele, qualquer empresa que assumir o comando da estatal vai enfrentar um grande desafio.
"Elas [companhias que vierem a assumir os Correios] têm de dar continuidade ao aumento dos preços baseados nas estruturas já existentes no país. Então vai ser um desafio para qualquer um."
Centro de inovação
A companhia, que comemora 50 anos em 2019 e pertence a empresa postal Deutsche Post desde 2002, inaugurou nesta quinta-feira (12) em Chicago seu primeiro centro de inovações para as Américas. O espaço será destinado a uma equipe inicialmente de 20 pessoas.
Esse grupo se dedicará a pensar, propor e buscar no mercado soluções tecnológicas para todos as divisões da DHL -desde entrega expressa e gerenciamento de frete até gestão de cadeias logísticas, armazenamento e distribuição.
Segundo a chefe de inovação da sede de Chicago, Gina Chung, as soluções serão pensadas para a realidade de todos os países da América, incluindo o Brasil.
Ela disse que hoje a DHL conta com a ajuda, por exemplo, da weme, empresa de Campinas, que conecta startups brasileiras a grandes empresas. "Temos parcerias para identificar em startups locais inovações para o nosso mercado de logística."
Foi da subsidiária brasileira da DHL, por exemplo, que surgiu a ideia da companhia alemã em desenvolver o rastreamento de produtos via WhatsApp.
Das máquinas e dos robôs apresentados na sede de Chicago, grande parte deles já está em operação no Brasil, como carro elétrico e óculos digital que cataloga produtos.
"Já estamos também experimentando drones, mas dentro dos armazéns para contagem dos produtos e na segurança", disse Javier Bilbao, diretor-executivo para América Latina da divisão de armazenagem e distribuição da DHL.
Além da nova sede americana, a empresa tem outros dois centros de inovação, um na Alemanha e outro em Singapura.
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Filial em Santa Catarina: Assessoria especializada ajuda na utilização de regime tributário especial
Obter vantagens que reduzam o peso da carga tributária está entre as prioridades de muitos empreendedores. Isso explica, por exemplo, porque empresas de outros estados demonstram interesse em abrir uma filial em Santa Catarina.
De um modo geral, o governo catarinense tem oferecido um cenário atrativo especialmente em termos tributários por causa de sua política de tratamento diferenciado quanto ao pagamento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para empresas abertas no estado – o que inclui também as filiais. Tudo depende da demanda da empresa interessada em investir, mas setores como importadoras, têxtil e o de e-commerce são alguns beneficiados.Também as importadoras, com o ICMS para importação, obtém vantagem ao abrir filial em Santa Catarina. Elas vêm atraídas pelo regime tributário especial, com ganhos financeiros dependendo de cada situação e operação comercial, mas por causa também da qualidade dos serviços oferecidos nos portos do estado, como Itajaí, Itapoá, Navegantes, São Francisco do Sul e Imbituba.
Praticidade contribui para abertura de filial em Santa Catarina
A opção de uma empresa de fora abrir filial em Santa Catarina tem a ver mais com praticidade do que com questão tributária. Se abrissem uma nova empresa, com novo CNPJ, obteriam os mesmos benefícios dependendo de seus ramos de atividade. Entre as vantagens de abrir uma filial está o uso do mesmo Radar (registro obrigatório no SISCOMEX para todas as empresas que desejem realizar atividades de importação ou de exportação), ter a contabilidade centralizada na matriz, e não precisar abrir uma nova conta bancária, investir com capital social, entre outras. Seja qual for a opção da empresa de outro estado, investindo em Santa Catarina, poderá obter benefícios de ICMS tais como: créditos presumidos, redução da base de cálculo, diferimento.
No primeiro momento, para uma empresa que está vindo para Santa Catarina, o mais complicado é conseguir fazer os registros de abertura nos órgãos públicos catarinenses, além de conseguir um endereço fiscal para seu estabelecimento comercial. Por isso, a opção mais adotada tem sido contratar um Escritório Virtual e um escritório de contabilidade do estado, com experiência nos trâmites legais de abertura da filial (como obtenção dos alvarás), mas principalmente com o conhecimento necessário sobre a adesão ao regime especial de ICMS de Santa Catarina, como calcular corretamente os benefícios previstos no regime especial, além de todas obrigações acessórias envolvidas para o pleno atendimento ao usufruto do benefício fiscal.
Esta é, sem dúvida, a maior importância de uma assessoria especializada para quem busca vantagem competitiva em Santa Catarina. Normalmente, a legislação é de difícil entendimento, o que motiva a busca por profissionais com expertise no assunto. Isso faz toda diferença, como no caso de importadoras, que, no momento em que a mercadoria chega no porto, uma série de providências precisam ser tomadas em relação ao desembaraço para a correta aplicação do regime especial.
Some-a isso a parceria com um excelente despachante aduaneiro que conheça os trâmites do regime especial e saiba como aplicá-lo no momento do desembaraço aduaneiro. Sem isso, não aplicando os trâmites corretamente, a mercadoria pode acabar sendo liberada sem o usufruto do benefício ou pior: a mercadoria não é liberada, o que acarreta despesa de armazenagem portuária e multa por atraso na devolução do container.
O papel da Âncora Offices®
Na abertura de uma empresa, incluindo uma filial em Santa Catarina, a Âncora Offices® em parceria com um escritório contábil, viabiliza todos registros burocráticos nos órgãos públicos como Junta Comercial e outros órgãos estaduais e municipais, além de auxiliar via parceiro comercial, a solicitação de benefícios fiscais que o contribuinte deseja obter juntamente a SEFAZ (Secretaria Estadual da Fazenda de Santa Catarina).
Após a filial constituída e apta a exercer suas operações em Santa Catarina, a contabilidade parceira, passa a atender os clientes prestando toda a assessoria fiscal relacionada ao ICMS, assim como a aplicação de seu regime especial, cuidando da apuração dos impostos de ICMS e IPI relacionadas à filial, já que para cada estado existe uma legislação própria para o imposto sobre mercadorias e serviços, assim como obrigações acessórias específicas.
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Junta Comercial de SC vai conceder isenção para baixa de empresas menores
O presidente da Junta Comercial do Estado (Jucesc), Juliano Chiodelli, se reuniu com executivos da Associação Empresarial de Joinville (Acij), para falar sobre as mudanças no sistema de abertura e fechamento de empresas. Informou que a tramitação digital é obrigatória e que Empresas Individuais, Eireli e Limitadas serão isentas do pagamento de taxa para dar baixa. Segundo ele, Joinville responde por 30% da movimentação de atividades da junta estadual.
Chiodelli participou de reunão do Comitê Permanente de Desburocratização (CPD) composto pelo Núcleo de Empresas Contábeis da ACIJ, a Associação de Joinville Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme), o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) e a Prefeitura de Joinville. O diretor executivo da Acij, Marcos Krelling e os diretores da Jucesc Diego Holler e Deoclesio Beckhauser também participaram.
Ficou claro que a ênfase é a digitalização para que as empresas que não requerem licenças imediatas, sejam abertas em alguns minutos. O objetivo é avançar com o programa Santa Catarina Bem Mais Simples. Os que requerem diversas análises, demorarão mais. É importante que todo o empreendedor tenha certificado digital.
Empreender no exterior: dicas para abrir um negócio em outro país
Ao longo dos anos, muitos brasileiros têm deixado o país. O último levantamento da Receita Federal indicou que em 2018 mais de 22 mil indivíduos entregaram a declaração de saída definitiva do Brasil, documento obrigatório para aqueles que partem para o exterior. O número de pedidos também vêm crescendo de forma significativa desde 2014, quando as requisições de saída não ultrapassavam os 10 mil anualmente.
Muitas das pessoas que tomam essa decisão optam por deixar o país na tentativa de empreender em outro local, buscando melhores condições para o seu negócio. Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores indicou que no final de 2017 já existiam mais de 20 mil brasileiros empreendendo no exterior. Ainda assim, é preciso manter os pés no chão: abrir um negócio em outro país não é fácil e demanda planejamento específico e alguns cuidados para evitar problemas.
A seguir, listamos algumas dicas práticas para se planejar na hora de empreender fora do Brasil:
Cidadania: ter ou não ter?
Essa é uma pergunta que muitos dos brasileiros fazem quando começam a planejar a mudança, já que grande parte deles são descendentes de portugueses e italianos, e portanto, tem direito a nacionalidade desses países. A grande questão é que adquirir cidadania é um processo caro e demorado.
Para Rafael Gianesini, CEO da Cidadania4u, primeira empresa brasileira criada com o objetivo de auxiliar usuários a obter a cidadania italiana de forma transparente e prática e em um ambiente 100% online, ter o passaporte europeu pode ser essencial para aqueles que desejam abrir um negócio em outro país, mesmo fora da União Europeia.
“Para empreender nos EUA como brasileiro é preciso investir um valor muito maior do que como cidadão da União Europeia, por exemplo. Fora que alguns países desse continente são ótimos polos para empreender como a Holanda, por exemplo, que é considerada o Vale do Silício europeu. Nesse caso, quem tem passaporte da Itália ou de Portugal, tem mais oportunidades de negócio nesse país”, detalha.
Que tipo de visto é o meu?
De acordo com o advogado Vinícius Bicalho, fundador e CEO da Bicalho Consultoria Legal, quando os brasileiros decidem sair do país muitas vezes buscam informações na internet, deixando passar despercebido questões que são de extrema relevância para que a viagem não se torne um pesadelo. Um dos assuntos mais complicados diz respeito aos vistos necessários para residir, estudar ou trabalhar fora.
“Na prática as pessoas estabelecem para onde querem ir, mas não vão atrás da documentação. Um dos caminhos mais fáceis para sair do Brasil é tirar o visto de estudante, mas o problema é que este visto não permite que a pessoa trabalhe no exterior, por exemplo. Ou seja: ela chega em outro país, precisa se manter e ou opta por praticar uma conduta ilegal ou tenta resolver a situação. Consertar a situação fora de casa é como arrumar um avião em pleno vôo”, explica o advogado.
Minha startup já existe. Como levá-la para outro país?
Conforme uma startup amadurece, torna-se natural enxergar no mercado uma oportunidade de crescimento e a possibilidade de expandir para outros países. Mas para isso é importante fazer uma avaliação no país de destino e, principalmente, ficar por dentro das condições jurídicas locais. O advogado e CEO do BNZ Innovation, braço do BNZ Advogados, Arthur Braga Nascimento, explica que no momento da internacionalização de uma startup o empreendedor acaba avançando, na maioria das vezes, de forma muito rápida na evolução da empresa e por esta razão pode esquecer de alguns pontos importantes juridicamente.
“Para ter um crescimento saudável no negócio é preciso se atentar no contrato social que será efetuado, acordo entre sócios, termos de uso, política de privacidade, contratos com fornecedores, parceiros e mentores de fora do Brasil, além de estar de acordo com a legislação de exportação do país de origem para o seu segmento e a de importação do mercado de destino, sem contar que é importante verificar aspectos da LGPD e da lei vigente no país para transferência internacional de dados e o seu tratamento”, finaliza Arthur.
Consumidores podem negociar dívidas com bancos pela internet
Consumidores que possuem dívidas com banco e instituições de crédito poderão renegociar o pagamento por meio da internet. A ação começa nesta segunda-feira (09) e segue até sexta-feira (13). O mutirão online é uma parceria entre a Prefeitura da Capital e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em celebração ao Código de Defesa do Consumidor, que completa 29 anos nesta quarta-feira, 11/09/19.
Conforme a prefeitura da Capital, a ação tem como objetivo quitar dívidas com taxas de juros menores e prazos maiores. A renegociação será feita pela internet no site www.consumidor.gov.br.
A diretora do Procon de Florianópolis, Elizabete Fernandes, explica que a opção pelo mutirão exclusivamente pela internet foi escolhida por conta da praticidade.
— Pode ser feito a qualquer momento, às 10h da noite, às 7h da manhã. Os consumidores que tiverem dificuldade em acessar o site podem receber orientação no Procon da Praça XV — explicou.
A partir do pedido feito no site, o consumidor deverá receber uma resposta sobre a negociação em até sete dias, de acordo com Fernandes.
— A gente pede que o consumidor informe a sua capacidade de pagamento, quantas parcelas e quanto pode pagar. É uma grande oportunidade para quem estiver pendente com os bancos e queira quitar suas dívidas — disse.
O balcão do Procon fica na Praça XV de Novembro, 312, no Centro de Florianópolis.
CARGOX TECNOLOGIA E TRANSPORTE
CONHEÇA A STARTUP QUE LEVOU A TECNOLOGIA PARA O MERCADO DE TRANSPORTES
A CargoX fatura R$ 500 milhões ao ano e pode virar unicórnio. Fundador da empresa, no entanto, não se importa. "Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo”
Federico Vega: O projeto da CargoX começou no Chile, antes de fincar raízes no Brasil
Nascido na cidade de Puerto Madryn, na Patagônia argentina, Federico Vega abriu em 2011 sua primeira empresa no Chile, a Transportar Online, que atendia Chile, Brasil e Argentina. Mas, com problemas no modelo de negócios, foi obrigado a fechar as operações chilena e argentina. Em 2013, mudou tudo, se estabeleceu no Brasil e lançou a CargoX, startup que conecta caminhoneiros ou transportadoras com capacidade ociosa a empresas que precisam de serviços de frete.LEIA TAMBÉM
Depois de receber aportes da ordem de US$ 90 milhões e ser escolhida como uma das empresas mais inovadoras do mundo pela Fast Company, a empresa está a dois passos de virar um unicórnio — startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão. “É bem possível”, diz o empreendedor. “Mas, para mim, isso é apenas um número. Um funcionário bem treinado faz um cliente feliz. Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo.”
Quando você teve a ideia para criar a CargoX?
Sempre gostei de pedalar. Em Puerto Madryn, onde nasci, a bicicleta era meu principal meio de condução. Comecei aos 8 anos, quando entrei para uma associação de mountain bike e me juntei a um grupo de meninos que percorriam trilhas, iam de uma cidade para outra, dormiam no campo. À medida que fui crescendo, meus amigos começaram a deixar a cidade para estudar em Buenos Aires.
Daí passei a pedalar cada vez mais longe, para visitá-los. Foi durante essas pequenas viagens que tive os primeiros contatos com caminhoneiros, que sempre me socorriam nos momentos de necessidade. Quando você está na estrada há muito tempo e precisa de ajuda ou de água, quem para e te ajuda é o caminhoneiro. Aos 18 anos, decidi estudar Economia em Buenos Aires, onde morei durante três anos. Mas só concluí o curso mais tarde, em Londres. Cruzei o Atlântico com a bike dentro do avião. E daí pedalei da Espanha até a Inglaterra. Depois de terminar a faculdade, fiz mestrado em finanças na cidade de Southampton, a cerca de 130 quilômetros de Londres. Minha intenção, depois disso, era fazer um Ph.D.
Eu gostava da vida de estudante, que é parecida com a de empreendedor: você precisa entregar suas coisas, mas faz tudo no seu tempo. Só que eu não tinha dinheiro para isso. Então acabei conseguindo uma vaga no banco de investimentos JP Morgan. Fiquei lá até 2011, quando pedi demissão.
Por que deixou o banco?
Pedi demissão com a ideia de fazer um MBA, mas antes queria tirar um ano para ir em busca do que gostaria de fazer pelo resto da vida. Nesse período, comecei a pensar em um projeto com o qual pudesse ajudar caminhoneiros e transportadoras. Era um mundo do qual eu gostava. Nunca havia pensado em ser empreendedor antes.
Mas, na JP Morgan, havia entrado em contato com o mundo da tecnologia, já que eu cuidava de ações de empresas como Apple e Twitter. Quando voltei para a América Latina, em 2011, comecei a trabalhar no meu projeto. Percebi que era óbvio usar a tecnologia para resolver problemas dos caminhoneiros. E o melhor é que era algo que eu gostaria de fazer. Com a ajuda de um amigo, desenvolvi um app e coloquei o negócio no ar.
Em 2012, a empresa começou a bombar, e consegui o apoio do governo chileno, por meio do programa Start-Up Chile, que fez um aporte de US$ 40 mil. No ano seguinte, alguns investidores-anjo colocaram US$ 250 mil na empresa. Um deles era o meu ex-chefe do JP Morgan, que também me ajudou com suas conexões na área de tecnologia. Com esses recursos, conseguimos crescer.
Essa empresa já era a CargoX?
Ainda não. A Transportar Online foi uma ideia anterior, que trouxe aprendizados valiosos. Mas cometi um equívoco: focar em pessoas físicas em vez de empresas. E quem precisa na verdade de serviços de transporte são empresas grandes, com recorrência. Em 2013, o negócio não estava bem e decidi que era melhor interromper as operações na Argentina e no Chile — essa foi a parte mais dolorosa.
Mas mantive a operação brasileira. Mudei a sede para São Paulo e adotei um novo nome: CargoX. Basicamente lancei uma empresa totalmente nova, com os aprendizados que tínhamos, mas dessa vez no mercado brasileiro, o maior da América Latina. E mudamos um pouco o modelo de negócios: passamos a focar no B2B, intermediando empresas e caminhões.
Por que decidiu manter a operação brasileira?
Eu já tinha passado pelo Brasil e conhecia caminhoneiros por aqui. Sabia que era um mercado fragmentado e que tinha deficiência de logística. Essas características eram essenciais para o modelo de negócios da CargoX. Nós operamos no formato de marketplace, que conecta quem oferece um produto ou serviço a quem procura por ele. E esse tipo de negócio funciona melhor em mercados fragmentados. No Brasil, a operação B2B já estava bombando. Fazia sentido avançar aqui.
Como aconteceu a expansão?
O primeiro investidor da empresa foi o Valor Capital Group, que fez dois aportes de US$ 500 mil. Entre 2016 e 2019, captamos mais US$ 90 milhões, em rodadas com Goldman Sachs, Blackstone e com o fundo de George Soros. Além dos aportes, muitos dos investidores entraram também com experiência e inteligência estratégica. O ex-CEO da DHL Hans Hickler trouxe conhecimento de logística. Oscar Salazar, cofundador e ex-chefe de tecnologia da Uber, também colaborou muito na evolução da empresa.
A CargoX entrou para a lista de potenciais unicórnios da consultoria CB Insights. Já alcançou esse status?
Ainda não. Ser um unicórnio é muito possível, já que somos líderes em um mercado de mais de US$ 100 bilhões. Quer dizer, chegamos aqui porque resolvemos um problema dos clientes, e porque temos escala. Se você não tem escala, você não consegue. Mas, para mim, o status de unicórnio é apenas um termo. É só uma questão de números. Não é uma prioridade no momento.
Nosso foco são os funcionários, os clientes e, por último, os investidores e a avaliação de mercado. Um investidor mais rico não faz diferença para o mundo. Um funcionário bem treinado faz um cliente feliz. E um time de funcionários eficientes faz uma empresa. Não é o fundador que ergue um negócio, são os colaboradores.
Você tem dificuldades em encontrar funcionários qualificados para a CargoX?
As primeiras contratações foram as mais difíceis, tive de procurar muito. Mas tive sorte e acabei encontrando profissionais incríveis. Hoje, se você me perguntar como consegui captar US$ 90 milhões e chegar onde estamos, foi por causa das primeiras contratações que eu fiz. Depois, esses funcionários contrataram pessoas ainda melhores, e foi isso que fez a roda rodar muito bem.
Porque, ao longo do caminho, cometemos muitos erros. Mas, quando você tem boas pessoas dentro da empresa, elas conseguem resolver os problemas e levar a empresa para onde tem de ir.
Quais foram os erros cometidos pela CargoX?
Logo no começo da empresa, em 2013, estávamos usando um programa para compilar dados que não era o mais adequado. Da maneira como estávamos trabalhando, os dados não eram muito escaláveis, e isso tinha potencial para trazer grandes problemas no futuro. Quer dizer, hoje eu percebo que a base do nosso negócio é o machine learning.
No fundo, somos uma empresa de machine learning, e não de transportes. É essa tecnologia que nos permite absorver uma grande quantidade de dados e colocar cargas nas viagens de retorno dos caminhões, ou lançar um fundo de investimento e saber onde captar dinheiro. Mas, naquela época, lá atrás, eu não sabia disso. Foi uma funcionária contratada para o departamento financeiro [ela prefere não ter o nome revelado] que percebeu a falha. Eu ouvi o que ela tinha a dizer e vi que tinha toda a razão.
Dei carta branca a ela, que montou uma equipe muito boa. E isso mudou completamente o patamar da empresa. Quando começamos, tínhamos um nível de serviço e valor para os usuários muito diferente do que temos hoje. Por isso é que eu digo que, se não fosse por essa funcionária, não existiria a CargoX. Porque ela descobriu o erro lá atrás. Agora, ela está fazendo um curso de machine learning em Harvard.
A CargoX costuma ser chamada de “Uber dos caminhões”. Para você, essa associação faz sentido?
Eu não gosto. Esse termo dá a impressão de que somos competidores ou inimigos dos caminhoneiros. Mas o meu objetivo é ser o melhor amigo deles. Nós queremos ajudá-los de todas as maneiras possíveis.
O principal objetivo, claro, é conectar caminhões a empresas, trazendo agilidade e facilitando o contato. Mas também fornecemos serviços ligados à segurança. Por meio de um aplicativo, a CargoX sugere trajetos e postos mais confiáveis para os motoristas. E alerta sobre aqueles mais perigosos, com incidência maior de roubos de carga.
De que maneira vocês atendem as transportadoras?
Fornecemos tecnologia para deixar suas redes mais eficientes. Se você manda muitos caminhões de São Paulo a Recife, por exemplo, podemos permitir que voltem com carga. Se o caminhão sai da rota, falamos para a transportadora. Há um mês, começamos a financiar capital de giro para essas empresas. Estamos com um fundo de R$ 100 milhões — em menos de um mês, já emprestamos R$ 20 milhões.
Normalmente, leva entre 60 e 90 dias para a transportadora receber o pagamento do cliente. Nós podemos financiar, emprestar esse dinheiro. Mais para a frente, vamos lançar o Cargo Bank, basicamente um banco no qual vamos emprestar e captar mais capital de forma estruturada, e mais eficiente.
Hoje, gigantes da tecnologia como a Tesla estão investindo em caminhões autônomos. Em breve, deveremos ter veículos de carga circulando sem necessidade de motoristas. Como a CargoX se encaixa nesse futuro?
Veja bem, um caminhão autônomo precisa de três pilares para ser completamente funcional e eficiente: hardware, dominado por companhias chinesas, americanas e europeias; mapas de alta resolução, uma coisa que Uber e Google fazem muito bem; e informação. É nessa última que a CargoX se encaixa.
É preciso saber onde estão as cargas, quais estradas suportam determinados tipos de caminhões, onde acontecem roubos. São informações que temos para oferecer. Quando o caminhão autônomo chegar ao Brasil, tenho certeza de que estaremos nesse processo. Os investidores de grande porte estão de olho na gente por esse motivo. A indústria dos caminhões vai mudar, e eles sabem disso. Nós seremos parte desse futuro.
Você ainda anda de bicicleta?
Hoje é mais difícil. Mas acabei de comprar uma mountain bike na Europa. Quando vou para Barcelona, costumo fazer trilhas com Oscar Salazar, cofundador e ex-chefe de tecnologia da Uber. Aqui no Brasil, ando sozinho, geralmente em montanhas. Mas não faço mais viagens de bicicleta. É perigoso andar nas estradas brasileiras. Muitos caminhões.
MEC lança programa FUTURE-SE
Instituições poderão fazer PPP’s, ceder prédios, criar fundos com doações e até vender nomes de campi e edifícios, como em estádios. Antes da adesão, haverá consulta pública.
O Ministério da Educação lançou oficialmente, nesta quarta-feira (17), um programa para reestruturar o financiamento do ensino superior público. A proposta, chamada “Future-se”, amplia a participação de verbas privadas no orçamento universitário.
As instituições poderão fazer parcerias público-privadas (PPP’s), ceder prédios, criar fundos com doações e até vender nomes de campi e edifícios, como em estádios. Antes da adesão, haverá consulta pública.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que alunos não terão de pagar mensalidade nas universidades públicas, independentemente da faixa de renda. “Sem mensalidade, sem nada”, disse o ministro.
O lançamento ocorre em meio ao contingenciamento de verbas das universidades, anunciado no fim de abril pelo governo. De acordo com a associação que representa os reitores das universidades federais, a Andifes, a medida atinge de 15% a 54% dos recursos que podem ser cortados das universidades federais.
Com o programa, as universidades poderão:
- Celebrar contratos de gestão compartilhada do patrimônio imobiliário da universidade e da União. As reitorias poderão fazer PPPs, comodato ou cessão dos prédios e lotes;
- Criar fundos patrimoniais (endowment), com doações de empresas ou ex-alunos, para financiar pesquisas ou investimentos de longo prazo;
- Ceder os “naming rights” de campi e edifícios, assim como acontece nos estádios de futebol que levam nomes de bancos ou seguradoras;
- Criar ações de cultura que possam se inscrever em editais da Lei Rouanet ou outros de fomento.
MEC tem plano para aumentar verba privada de universidades federais
Antes da adesão das universidades, o MEC fará uma consulta pública sobre o Future-se nos próximos 30 dias, pela internet. A área jurídica do ministério ainda estuda quais pontos terão de ser aprovados pelo Congresso Nacional para entrarem em vigor.
“Às vezes, a crise, ela incomoda. Às vezes não, sempre. Ela incomoda, ela faz com que a gente repense as estruturas, a forma de trabalhar, agir, pensar. Mas se ela for bem conduzida, ela permite oportunidades, crescimento, desenvolvimento, revoluções”, declarou Weintraub.
Soluções do mercado financeiro
O Future-se, no modelo apresentado nesta quarta, se baseia em uma série de dispositivos do mercado financeiro. Segundo o MEC, essa “carteira de ações” inclui:
- Fundo de patrimônio imobiliário
O MEC diz ter recebido R$ 50 bilhões em lotes, imóveis e edifícios da União. Esse patrimônio será convertido em um fundo, e os lotes, cedidos à iniciativa privada. A rentabilidade das construções volta para o fundo, que ficaria disponível para o financiamento. Como exemplo, o MEC citou um lote de 65 mil metros quadrados próximo à Ponte JK, um dos cartões-postais de Brasília.
- Microcrédito para startups
O MEC quer incluir no financiamento universitário uma linha de “microcrédito produtivo orientado”. Segundo Lima, hoje, 2% dos depósitos à vista ficam no Banco Central, e já há linhas de crédito para microempreendedores e pessoas em vulnerabilidade. A ideia é estender o modelo para start-ups.
- Fundo soberano do conhecimento
Segundo o MEC, todo esse dinheiro será gerido em um “fundo soberano do conhecimento”. O capital privado, além do investimento direto em cada instituição, poderia entrar nesse fundo, de onde seria redistribuído às universidades. Royalties, patentes, parques tecnológicos também aportariam dinheiro nesse fundo.
“A gente quer falar pro empresário: ‘Você está preocupado com Amazônia? Não doe para uma ONG’. A gente quer implantar a ideia do capitalismo social, que é explorar a imagem dos bons investidores que têm preocupação com a educação, mas não querem rasgar dinheiro”, diz Lima.
Modelo ‘tudo ou nada’
O ministro também disse que, nos pontos onde o Future-se altera a legislação, as universidades que aderirem ao programa terão que cumprí-lo integralmente – e serão cobradas se não implementarem pontos específicos.
“A situação das universidades não está boa. O programa não é estruturado caso a caso, tailor-made [personalizado]. É pret-à-porter [modelo único]. No que já pode ser feito, a gente não vai penalizar quem fizer ou não fizer”, afirmou Weintraub.
“A gente vai querer, sim, ver critérios de desempenho das universidades. Por exemplo, a taxa de evasão. Hoje, mais da metade não conclui o curso”, disse ele.
‘Apex da educação’
“A gente quer se transformar na Apex da educação”, disse o secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, referindo-se à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que organiza feiras e eventos ao redor do mundo para promover a produção industrial e agrícola brasileira.
“A gente está querendo exportar a indústria de conhecimento que a gente tem. A educação brasileira pode ser um produto de exportação”, afirmou.
“Queremos sair das amarras da Lei 8.666”, disse Lima, em referência à Lei de Licitações, que define as regras para uma contratação pública e, em geral, é vista como “trava” pelo gestor público.
Secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, apresenta detalhes do programa Future-se — Foto: Reprodução/Facebook/Ministério da Educação – MEC
Descontingenciamento
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, interrompeu a cerimônia e, sem microfone, fez reivindicações ao ministro.
“Precisamos debater como retomar os cortes que foram feitos, como devolver o dinheiro do contingenciamento. Os estudantes estão dispostos a dialogar, mas queremos respostas para hoje (…) Os estudantes estão nos procurando desesperados, porque não conseguem fazer suas pesquisas. Precisamos de uma resposta imediata.”
“É importante que tenha parcerias, mas é importante sobretudo que tenha política pública para a universidade. Nós precisamos salvar a universidade”, afirmou.
Em resposta, o secretário Arnaldo Barbosa disse que a consulta pública está aberta “para ouvir opinião de pessoas como você, que muitas vezes carecem de muita informação.”
O que diz a lei?
O artigo 207 da Constituição Federal prevê que as universidades gozam de “autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”. Isso significa que nem o MEC nem o setor privado podem, em tese, interferir nos planos de ensino, pesquisa e extensão determinados pelas reitorias.
Já o artigo 213 define que as atividades de pesquisa, extensão e inovação nas universidades “poderão” receber apoio financeiro do poder público. Neste caso, o texto indica que o financiamento direto dessas atividades não é obrigatório.
Grife italiana Versace encerra atividades no Brasil
Última loja da marca, em São Paulo, foi fechada
LOJA DA VERSACE NA ITÁLIA
A grife italiana Versace fechou sua última loja no Brasil, localizada no Shopping Iguatemi, em São Paulo, encerrando suas operações no país. A unidade ficou aberta até o Natal e, desde então, tem as portas fechadas.
Segundo a Folha de S. Paulo, a assessoria de imprensa da marca disse que não dará detalhes sobre o motivo da saída, determinada pela matriz italiana, e que não emitirá comunicado oficial sobre o encerramento das atividades no Brasil.
A grife iniciou suas operações no país em 2014, com lojas em diversos shoppings de São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, mas os pontos foram fechando conforme o agravamento da crise econômica brasileira.
O fechamento da última loja aconteceu quatro meses depois de a Versace ter sido vendida para a americana Michael Kors, por 1,83 bilhão de euros (R$ 8,4 bilhões), dando origem ao grupo Capri Holdings, na tentativa de se consolidar como um conglomerado de marcas de luxo.
ERIC SANTOS QUER TRANSFORMAR A RESULTADOS DIGITAIS EM UM NEGÓCIO GLOBAL
Startup ajuda pequenas empresas a crescer por meio do marketing de conteúdo e negocia aporte para fazer sucesso em países emergente de todo o mundo.
Eric Santos, da Resultados Digitais
Eric Santos pede que o ar condicionado da sala onde recebe a reportagem de PEGN permaneça desligado. Com uma costela quebrada, resultado de um acidente de kart, o empreendedor de 38 anos não quer se arriscar a pegar uma gripe e encarar uma tosse dolorosa na sua volta para Florianópolis.
Em São Paulo, onde acontece a entrevista, Santos é respeitado como um dos principais players do cenário digital brasileiro. Mas em Florianópolis, onde atua, é considerado um guru — exemplo máximo de sucesso, mestre em educação empreendedora e profundo conhecedor do ecossistema de startups.
Sua empresa, a Resultados Digitais (RD), tornou-se um ícone ao crescer 100% ao ano por sete anos seguidos. Seu principal produto, a plataforma RD Station, é utilizada hoje por 13 mil empresas em todo o Brasil. No ano passado, Santos levou sua expertise para o disputado mercado de CRM.
Agora, negocia um aporte milionário (estimativas do mercado falam em R$ 200 milhões). Com os recursos, pretende se consolidar como líder em soluções de marketing digital para pequenas e médias empresas — não só no Brasil, mas também em países da América Latina, Europa, África e Ásia.
Em Florianópolis, você é visto como um guru, uma espécie de Steve Jobs local. Como encara esse papel?
Não acho que eu tenha algo especial, que seja um iluminado, nada disso. Mas fui um dos primeiros empreendedores a atuar no segmento de marketing digital, ainda em 2010. Muito do que eu faço hoje como mentor ou educador está relacionado com esse pioneirismo. Fora isso, na RD estamos sempre à frente das tendências de mercado.
Então, acreditamos que é nosso dever ensinar as pessoas, formar empreendedores. Tem muitos profissionais que passaram pela empresa e hoje estão com projetos próprios bem bacanas. Isso é fomentar o ecossistema. E é isso que a gente faz.
Como vê hoje o ecossistema de startups no Brasil?
Hoje o país está numa situação radicalmente diferente do que quando comecei a RD, em 2010. A gente não tinha investidor-anjo, não tinha venture capital, não tinha nada. E, aos poucos, a coisa começou a se desenvolver, começaram os eventos, apareceram os investidores e o número de empreendedores se multiplicou.
Foi um longo caminho. Teve um pessoal da primeira geração que basicamente capinou, abriu trilha na mata. A segunda geração, a minha, pegou essa trilha e está entregando uma estradinha. Talvez não com o asfalto bonito, mas uma estrada. E quem vier daqui para a frente vai encontrar uma rodovia linda. Mas ainda temos um longo percurso. A Índia tem o mesmo PIB que a América Latina, mas investe 37 vezes mais em tecnologia. Não faz o menor sentido.
Como a tecnologia pode ajudar o Brasil, para além do ecossistema?
Convivo muito com o pessoal das grandes empresas. São todas pessoas de bem, envolvidas com várias missões. Fazem mentoria, educam, fazem investimento-anjo e pensam muito no país. E agora estão começando a pensar em como participar de outras esferas, seja atuando com filantropia, tentando influenciar políticas públicas ou até se envolver em política. Tem gente perguntando como pode ajudar a reforma da Previdência, que vai ser algo importante para o Brasil. Ou então tentando abrir canais com os governos, para conversar sobre simplificação de carga tributária, por exemplo.
Entre 2011 e 2017, a RD cresceu acima de 100% ao ano. Qual a receita para conseguir resultados desse tipo?
Tem de ser uma coisa incremental e sustentável ao longo do tempo. Se qualquer negócio, por menor que seja, crescer 10% ao mês, pela regra dos juros compostos irá multiplicar seu tamanho 30 vezes após três anos. Foi o que nós fizemos na RD. Crescemos um pouquinho a cada mês, mas dentro de uma base sustentável. Esse crescimento começa com a geração de demanda, por meio de um trabalho de inbound marketing[estratégia que atrai público por meio de conteúdo relevante].
Então tínhamos 100 leads no primeiro mês, 110 no segundo e assim por diante, até hoje. Outras coisas que ajudam são melhorias pequenas mas contínuas, em várias partes do processo. Não teve um segredo, um pulo do gato, um ano da virada. Se você for olhar nossa receita, ela tem uma curva exponencial, mas cada mês é só um pouquinho melhor do que o outro.
Ouvindo você falar, até parece que o processo é fácil.
O problema é que o empreendedor geralmente é muito ansioso. Poucos conseguem perceber que um caso de sucesso como o nosso não acontece do dia para a noite. É uma história de quase dez anos. Qualquer um que adotar esse approach, de construir um negócio que vai ser um pouquinho melhor a cada mês, vai chegar lá.
É algo que pregamos para nossos clientes: você não está comprando uma solução com um baita resultado logo no primeiro mês, mas é algo que pode mudar a história do seu negócio no longo prazo, desde que se comprometa com essas melhorias contínuas, escaláveis, replicáveis e lucrativas. Ou seja, ele deve medir direito quanto gasta para adquirir um cliente e o quanto este cliente dá de retorno — e fazer com que essa conta feche ao longo do tempo. Chamamos essa metodologia de Máquina de Crescimento.
O que são melhorias contínuas, escaláveis e replicáveis?
Tem gente que acha que escalável é uma empresa que cresce sozinha, sem precisar contratar ou mudar nada. Não é minha leitura. Para mim, escalável significa saber a relação entre a causa e o efeito das coisas. Por exemplo, se eu sei que, ao contratar um vendedor, ele vai conseguir converter um número médio X de lides em clientes, sei que, com esses novos clientes, poderei contratar mais vendedores. Isso é o que entendo por escalabilidade.
O que seria o contrário disso? Crescer queimando ativos da companhia. Um modo de crescer é comprar mídia do Google. Só que, à medida que faço isso, os clientes que eram inicialmente baratos começam a ficar cada vez mais caros. Alguma hora eu vou bater no teto. Agora, se eu fizer algo baseado em conteúdo para atrair os clientes, teoricamente não tenho limites. Vou criando um ativo que vai aumentando com o tempo.
Qual o tamanho da Resultados Digitais hoje?
Eu não posso abrir o faturamento, mas estamos com 13 mil clientes, cerca de 2 mil parceiros — as agências de marketing que vendem o nosso produto — e cerca de 700 pessoas no time.
A maioria fica em Florianópolis, mas temos escritórios em São Paulo, em Joinville, o pessoal que atua remoto e as equipes que ficam no México, Colômbia, Portugal e Espanha. Costumo medir o impacto que temos na economia da seguinte maneira: a soma de nossos clientes e parceiros é de 15 mil companhias. Se ajudarmos cada uma delas a crescer e criar, em média, quatro novos postos de trabalho, são 60 mil empregos diretos.
Eric Santos, 38 anos, fundador da Resultados Digitais, especializada em estratégias de marketing digital para pequenos e médios negócios
Em 2018 a empresa dispensou uma parte da equipe. O que aconteceu?
No ano passado, saíram os resultados de dois estudos que havíamos encomendado, um para a base de clientes e outro para a base de parceiros. Eles mostraram que havia segmentos nessas duas bases onde a conta não estava fechando.
Decidimos não trabalhar mais com esses perfis, e essa decisão afetou o número de funcionários necessários para o nosso modelo. Se você for olhar do ponto de vista percentual, não foi um ajuste tão grande: estamos falando de 6% ou 7% da equipe. Mas, como nosso time é grande, isso representou um número de 50 a 70 funcionários.
Esse ajuste valeu a pena?
Do ponto de vista do modelo de negócios e da saúde financeira da empresa, sim. Algumas das métricas melhoraram quase instantaneamente. Em cima desse modelo ajustado, já voltamos a contratar e a crescer. Hoje estamos basicamente com um time do mesmo tamanho do ano passado, mas em cima de uma base mais saudável.
Você está negociando uma nova rodada de investimentos. Para que será usado o dinheiro?
Caso os aportes aconteçam, vamos usar esses recursos para consolidar a RD como líder em plataforma de crescimento para pequenas e médias empresas em mercados emergentes. Na prática, isso significa que, por um lado, vamos reforçar nossos dois produtos atuais.
Por outro, também iremos aperfeiçoar toda a parte de inteligência na oferta aos clientes, ou seja, tudo que está associado ao uso de inteligência artificial, big data e machine learning. Temos muitos dados dos nossos clientes, o que pode gerar insights, mas ainda usamos pouco. Isso pode se tornar um grande diferencial em relação aos competidores.
O aporte também poderá ser usado no processo de internacionalização?
Com certeza. Quando me perguntam sobre o tamanho das operações que temos lá fora, eu digo: o tamanho não interessa, o que vale é o crescimento constante mês a mês. Então queremos replicar nesses países em que atuamos — México, Colômbia, Portugal e Espanha — o que fizemos aqui, tanto em educação e geração de mercado quanto em demanda e base de clientes.
Nós temos uma curva projetada de crescimento: em cinco ou seis anos, queremos que cada um desses países esteja em um patamar similar ao Brasil hoje — ou seja, de 10 mil a 12 mil clientes. Hoje, México e Colômbia combinados devem ter algo como uns 600 clientes. Portugal e Espanha ainda estão atrás nesse processo. O investimento vai permitir continuar financiando essas operações e, à medida que o processo se prove, chegar a outros países emergentes, na América Latina, Europa, África e Sudeste Asiático.
A RD, situada fora do eixo Rio-SP, tira gente até de empresas internacionais, como LinkedIn e Google. Como vocês fazem isso?
Estar localizado em Floripa joga a favor. É uma cidade muito atraente para quem é jovem, ainda não está casado ou não tem filho. Tem uma qualidade de vida muito boa, praias lindas e um custo de vida um pouco menor do que em São Paulo ou no Rio. Fora da questão geográfica, acho que o que atrai alguém para uma empresa como a RD é a possibilidade de colocar o seu carimbo pessoal em algo grande, porque o processo ainda está em construção.
Em um LinkedIn, um Google, um Facebook, o playbook já está pronto. A pessoa vira uma executora. Aqui, ainda estamos criando o playbook. É mais difícil, mas também mais estimulante.
Como criar na prática uma cultura que traga talentos para a empresa?
Se você quer construir uma empresa baseada em pessoas com alto potencial, tem um monte de coisas que são importantes: remuneração, ambiente, infraestrutura. Mas, para mim, tem tudo a ver com desenvolvimento.
Se a pessoa sentir que a empresa é a melhor oportunidade de desenvolvimento para ela naquele momento, é isso que vai fazê-la vir para cá ou ficar aqui. Além disso, temos uma cultura muito forte. Tanto que nossos funcionários são chamados de RDoers. Em tudo o que você faz aqui, você vê a sua marca. Quando fazemos um vídeo, por exemplo, nós filmamos, editamos, produzimos, atuamos. É tudo nosso. Nosso superevento de final de ano, o RD Summit, tem 12 mil pessoas participando, e o staff que produz isso é todo formado por funcionários.
O RD Summit acontece desde 2013 e possui até uma versão itinerante. Qual é a importância do evento para a empresa?
A sua função número 1 é ajudar na missão educacional que a gente tem no mercado, trazendo uma versão física do conteúdo que temos online. O RD Summit acaba sendo a oportunidade de pegar quem é referência no nosso ecossistema e dar um palco para eles. Ao longo do tempo, também percebemos que foi tendo outros efeitos muito positivos para nós. O primeiro deles é a oportunidade de criar redes de clientes, parceiros e fornecedores. Outros pontos são a divulgação da marca e o efeito que isso traz para o time.
Como você vê os empreendedores brasileiros hoje?
Eles são muito melhores do que a gente era. Muito mais preparados, com mais conhecimento, mais referências e mais bagagem. O ecossistema, bem mais maduro, também ajuda. E estamos começando a ver uma leva de second timers ou third timers [empreendedores que fundam seus segundo ou terceiro negócios].
Esse cara já sabe tudo o que tem de fazer em termos de construção da companhia. Sabe como captar dinheiro, como montar o primeiro time, a infraestrutura. Esses empreendedores já entram com a quinta marcha engatada, e isso é uma coisa linda.
Você mesmo é hoje um second timer. No futuro, se imagina virando um third timer?
Eu não sei, sinceramente. Tenho vontade de me envolver de outras formas, talvez como investidor. Ainda não sei bem como, se vai ser participando de um fundo ou como investidor-anjo. Nesse momento, a melhor coisa que posso fazer é aproveitar a oportunidade que temos na RD para executar e atingir nosso potencial máximo.
Aquilo que eu disse sobre estimular talentos também vale para mim. Eu estou aprendendo, eu estou gostando do que eu faço? Nesse momento, adoro o que faço, aprendo muito e me desafio muito. Então eu vou ficar nessa função enquanto achar que sou a pessoa certa para isso.