30 empresas decretaram falência em Joinville nos últimos cinco anos

Outras grandes companhias passam por recuperação judicial para evitar o mesmo destino

Em um intervalo de cinco anos, 30 empresas decretaram falência em Joinville, 11 delas somente no ano passado, como aponta um levantamento da Serasa Experian – expert em análises e informações de crédito e negócios. O total acumulado em 2018 é o maior desde 2014 e 22% superior à soma dos três anos anteriores, em que nove empreendimentos encerraram as atividades na cidade.

O maior salto das falências informadas em Joinville ocorreu justamente na virada para 2018, quando passou de um caso, em 2017, para os 11 registrados entre janeiro e dezembro últimos.PUBLICIDADE

Na tentativa de se reestruturar, também nesses cinco anos foram feitos 33 requerimentos de recuperação judicial no município. No mesmo período, houve ainda 28 pedidos de recuperação deferidos e oito concedidos pela Justiça. Em 2018 foram três requerimentos, três deferimentos e duas concessões.

Por enquanto, em 2019 o número de solicitações e de baixas estancou e ainda não foram contabilizadas novas falências ou mesmo pedidos de recuperação de companhias joinvilenses.

Uma empresa não quebra de um dia para o outro.

A causa

Para João Martinelli, presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij), talvez o fator determinante ao crescimento dos pedidos de recuperação ou mesmo a falência de empresas nos últimos anos decorre dos desdobramentos da recessão econômica. “O reflexo dos números no ano passado nada mais é do que o desfecho da crise que se arrastou de 2015 a 2017”, avalia.

— Uma empresa não quebra de um dia para o outro, ou seja, há muitas empresas ainda que por reflexo da crise estão tentando se recuperar. Então, assim como uma empresa não se recupera da noite para o dia, ela também não quebra. Ela vai acumulando prejuízos, depois acaba realmente tendo que decretar falência ou entrar em recuperação judicial. 2018 traz este reflexo — afirma.

Apesar disso, o líder empresarial destaca que desde 2014 a média de falências é de seis empresas por ano, algo que no universo de companhias joinvilenses - hoje entre três e quatro mil empreendimentos - não chega a ser tão significativo. Em contrapartida, o que chama a atenção são as grandes baixas no período, de grandes empregadoras como a Busscar e a Duque, essa ainda em recuperação judicial.

— O que causa impacto são essas companhias maiores, que detinham milhares de empregos —ressalta.

Novo momento

Na avaliação do especialista em recuperações judiciais, Agenor Daufenbach Júnior, as empresas joinvilenses que enfrentam o processo de reestruturação têm se mostrado mais confiantes com o início do novo governo. “Há estabilização do câmbio, a própria bolsa de valores crescendo, então esse ambiente econômico está mais confiante embora o crescimento, em números, ainda seja pouco substancial”.

— Isso não vem se refletindo ainda muito em números, mas as empresas em si estão estáveis e todas as que visitamos visualizam melhora para o futuro — destaca.

João Martinelli mantém opinião parecida.

— Daqui para a frente, nós vamos verificar um número muito menor (de falências), porque as empresas que não quebraram ou que estão em recuperação judicial com certeza vão se valer de um mercado melhor, de uma economia melhor, para poder se reerguer.

Grandes empresas enfrentam recuperação judicial

Em Joinville, nesta última década grandes empresas estiveram ou ainda estão envolvidas em processos de recuperação judicial. Talvez o maior exemplo é o da antiga Busscar, que teve falência decretada em 2012, com dívidas que superavam R$ 1,6 bilhão. A massa falida da empresa foi vendida para um grupo de investidores, entre eles os sócios da Caio Induscar (uma das principais fabricantes de carrocerias de ônibus do País), e voltou a operar. Porém, ainda hoje, cerca de seis mil credores têm valores a receber.

De acordo com o administrador judicial da massa falida da empresa, Instituto Professor Rainoldo Uessler, o valor atual da dívida ainda está sendo contabilizado, uma vez que continuam sendo levantados os valores conseguidos com a venda de bens da companhia e também devido à dependência de impugnações de crédito pendentes na Justiça, entre outros.

Outros processos conhecidos e ainda em curso são o da Wetzel S.A, atuante nos segmentos automotivo, de eletroferragem e instalações elétricas, e da metalúrgica Duque S.A. Ao lado de outros sete empreendimentos, as duas companhias têm suas recuperações acompanhadas pela Gladius Consultoria.

O escritório também administra as recuperações das joinvilenses Manchester Logística Integrada/Manchester Empreendimentos Imobiliários; Indústria de Máquinas Eldorado; Juane Alimentos e Bebidas/Congevin Alimentos e Bebidas; Athletic Way Comércio de Equipamentos para Ginástica e Fisioterapia; Vogelsanger; e Interativa Indústria e Comércio de produtos reciclados LTDA.

Segundo o administrador judicial e sócio da Gladius, Agenor Daufenbach Júnior, no caso da Wetzel, que teve o plano de recuperação aprovado em junho de 2017, a empresa está cumprindo o planejado.

— A Wetzel voltou a crescer e já está novamente com mil funcionários, tem uma boa expectativa de crescimento na área de eletrotécnica, inclusive atendendo especialmente a área da construção civil. Visitei a empresa há duas semanas e o cenário é otimista — revela o advogado.

Já a Duque passa por procedimento atípico e tem seu processo de recuperação arrastado desde 2014, chegando inclusive a ter falência decretada e anulada pela Justiça no período. Nesta quinta-feira (14), a metalúrgica apresentou nova proposta aos credores em assembleia.

— A Duque enfrenta uma situação mais delicada quanto à recuperação, porque não conseguiu cumprir aquele plano inicial. O magistrado permitiu que os gestores apresentassem um novo plano, embora a empresa esteja parada há um ano — explica Agenor.

— Este (novo) plano não prevê em linhas gerais o retorno da atividade, prevê que se faça nascer uma nova empresa, chamada UPI - Unidade Produtiva Isolada, destinada à exploração imobiliária do imóvel da Duque para que esse dinheiro seja destinado aos credores. É a proposta que eles terão que estudar (nesta quinta) — conclui.

Mais um exemplo, este sob consultoria de Rogério Dantas, da RND Consult LTDA, é o processo de recuperação envolvendo a Douat Têxtil. “O processo da companhia encontra-se em gabinete, aguardando realização de nova Assembléia Geral de Credores para deliberação quanto a alterações no Plano de Recuperação Judicial”, aponta o advogado Marcelo Reinhold.

Entenda a recuperação judicial

Medida tomada para evitar um possível processo de falência e recuperar a sustentabilidade das companhias, o pedido de recuperação judicial é feito em juízo e segue a Lei 11.101/2005. Geralmente a solicitação ocorre com o objetivo de preservar as atividades produtivas e econômicas do negócio, quando o mesmo enfrenta dificuldades financeiras e não consegue honrar suas dívidas com credores.

Se aprovado, o deferimento da proposta representa o escalonamento desses débitos e a empresa deve seguir um plano de recuperação aceito pela maioria dos credores dentro do prazo de até dois anos - o pagamento dos acordos, no entanto, pode superar esse prazo conforme previsto no plano aprovado em assembleia. Caso descumpra as obrigações previstas, a companhia pode ter a falência decretada; e quando a manobra é bem sucedida é possível, por exemplo, sanar as dívidas e recuperar a confiança do mercado.


Hisnëk desenvolveu um benefício corporativo de saúde e bem-estar

Criada pela economista Carolina Dassie, a healthtech quer garantir às empresas times mais saudáveis e produtivos

Manter hábitos saudáveis e uma rotina equilibrada não são tarefas fáceis quando se trabalha. A realidade brasileira preocupa em ambientes corporativos: nove em cada dez profissionais no mercado de trabalho nacional sofrem de ansiedade, segundo dados da última pesquisa realizada pela Isma-BR, enquanto 47% apresentam algum grau de depressão. É neste cenário que atua a Hisnëk, a primeira startup a desenvolver um benefício corporativo que contempla diversos serviços de saúde e bem-estar.

O modelo de negócio, fundado em 2014 pela economista Carolina Dassie, funciona em cinco grandes pilares, todos com o intuito de melhorar a qualidade de vida. A empresa realiza a curadoria de lanches saudáveis, com 22 opções enviadas mensalmente aos colaboradores, garante orientação nutricional online, além de oferecer conteúdo de saúde mental para os funcionários e a triagem de educadores físicos que podem auxiliá-los na escolha da atividade física mais adequada para seus objetivos.

Os serviços fazem parte de um conjunto de iniciativas que integram ações preventivas e curativas para indivíduos ou comunidades. De acordo com o Ministério da Saúde, a atenção primária nas empresas, responsável por incorporar essas atividades, pode resolver aproximadamente 80% dos problemas de saúde da população.

Na mesma linha, Carolina explica que, a médio e longo prazo, uma alimentação mais saudável e a prática regular de atividades físicas podem reduzir significativamente os gastos com seguro saúde e as taxas de absenteísmo que, para 75% dos profissionais de RH, têm um alto impacto na produtividade e na receita, de acordo com um estudo realizado pela Kronos.

Já uma pesquisa feita pela Towers Watson com 900 empregadores de diferentes continentes revela que há uma forte relação entre programas de bem-estar e produtividade. O estudo comprova que organizações de alta eficácia e com iniciativas de bem-estar sofreram 17,5% menos ausências não previstas.

Todos os serviços estão disponíveis no site da empresa e os beneficiários podem escolher cinco estilos de boxes de lanches saudáveis: Kids, ideal para montar a lancheira das crianças; Free, para intolerantes à lactose e celíacos; Classic, que agrada todos os gostos; sua versão Mini, em quantidade reduzida, além da HisnëkZero, totalmente sugar free.

As caixas são compostas por opções para todos os dias úteis do mês, totalizando 22 itens, selecionados cuidadosamente pelos especialistas da Hisnëk. Para integrar os boxes, os alimentos escolhidos devem seguir os critérios da equipe, como não conter gorduras trans ou hidrogenada e aditivos químicos e ter a porcentagem de açúcar, sódio e gordura controlada.

Todos os meses a Hisnëk faz diferentes combinações dos produtos que compõem as caixas, garantindo lanches sempre novos, de marcas conhecidas no mercado e referência em alimentação saudável.

A Hisnëk está presente em todo o Brasil e cobre 70 mil vidas de funcionários de gigantes como DASA, Alelo e Nokia. A healthtech já recebeu duas rodadas de investimento, totalizando o valor de R$ 360 mil.

Sobre a Hisnëk

A Hisnëk é a primeira startup a desenvolver um benefício corporativo que contempla diversos serviços de saúde e bem-estar para colaboradores. Fundada em 2014 pela economista Carolina Dassie, realiza a curadoria de lanches saudáveis, garante orientação nutricional online pelo time de nutricionistas, além de oferecer conteúdo de saúde mental para os colaboradores e a triagem de educadores físicos que podem auxiliar os funcionários na escolha da atividade física mais adequada para seus objetivos.

A Hisnëk seleciona, cuidadosamente, cada produto que compõe as caixas enviadas mensalmente aos colaboradores, sendo livres de gorduras trans ou hidrogenada e de aditivos químicos, e com porcentagem de açúcar, sódio e gordura controlada. A equipe ainda trabalha na rotatividade dos itens que compõem cada box para sempre haver boas novidades no lanche da tarde.


Setor de serviços deve ter expansão em SC, em 2019

Relatório produzido pelo Sebrae aponta que empresas desta área serão beneficiadas pela estabilidade da economia

Um relatório produzido pelo Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que o setor de serviços deve observar uma expansão neste ano. Segundo o levantamento, intitulado "Negócios promissores para 2019", isso se deve principalmente à perspectiva de que a economia pode se estabilizar e registrar crescimento neste ano.
Conforme o Sebrae, essas condições dão fôlego a empresas desse setor, em especial àquelas que investem na prestação de serviços pessoais, como salões de beleza, restaurantes, assistências médicas a domicílio, entre outras. Com a economia estável, as pessoas tendem a investir mais em si e se dão ao luxo de gastar com serviços.
PUBLICIDADEOutro setor que deve ser beneficiado é o que produz itens como alimentos, vestuário, artigos de limpeza e higiene pessoal.
No campo, a área de alimentos tende a lucrar com a expectativa de uma supersafra que deve ser colhida nos campos catarinenses.
Além do crescimento econômico, existe a possibilidade de que as taxas de juros e a inflação sigam estáveis. Da mesma forma, com o câmbio alto, companhias que investem na exportação devem apresentar bons lucros, graças à diferença monetária.
No mercado exportador, o Sebrae avalia que as empresas dos ramos de madeira serrada, móveis, vestuário e calçados podem ser os principais destaques. Isso vale também para as micro e pequenas empresas que atuam nesses setores.

Incentivo aos empreendedores

O diretor superintendente do Sebrae, em Santa Catarina, Carlos Henrique Fonseca, explica que a pesquisa tem como objetivo não só apresentar boas perspectivas aos empresários que já estão atuando, mas também incentivar novos empreendedores a buscar oportunidades em áreas com mais chances de sucesso.
Ele lembra que, no Brasil, 98% dos negócios registrados são micro e pequenas empresas e que a retomada do crescimento passa, necessariamente, pela saúde financeira dessas companhias.
— Em 2018, a maioria dos empregos foi gerada pelas micro e pequenas indústrias — diz Fonseca.
Conforme o diretor do Sebrae, a retomada nas contratações também tende a melhorar o mercado como um todo, já que a renda média das famílias deve aumentar.
— Aumentando a renda média e diminuindo o desemprego, com maior número de pessoas no mercado de trabalho, aumenta a demanda de consumo das famílias.
Para o setor industrial, a perspectiva do Sebrae é positiva, não só para quem produz, mas também para quem presta serviços a esses negócios, como empresas de manutenção de equipamentos, terceirização de funcionários, entre outros. O mesmo deve acontecer no agrícola.
— Com a renovação dos processos produtivos, as empresas vão terceirizar mais os serviços. No futuro, os jovens vão também ter que se cadastrar como microempreendedores individuais, terão que gerar o próprio emprego — afirma.
Outro ponto defendido por Fonseca é a tendência de que a economia mundial apresente crescimento em 2019.
— As projeções vislumbram o crescimento da economia mundial. Uma oportunidade grande de crescimento internacional e da atração de investimento para o Brasil — diz, ao ponderar que a estabilidade cambial deve favorecer aos dois lados nessa balança.

Veja lista de áreas que devem ser tendência em 2019

Serviços pessoais
Assistência a paciente no domicílio, restaurantes e similares, cabeleireiros, manicure e pedicure, instalação e manutenção elétrica, fotografia, lavagem/lubrificação/polimento de veículos, serviços de alinhamento e balanceamento de veículos, casas de festas e eventos.
Serviços prestados às empresas
Serviço de apoio administrativo, serviço de entregas, marketing direto, promoção de vendas, organização de feiras, congressos e festas.
Serviços nas áreas de transporte, saúde e educação
Treinamento/desenvolvimento profissional, transporte escolar, transporte de carga, serviço de transporte de passageiro, ensino de arte, outras atividades de ensino, serviços de diagnóstico por imagem, educação infantil (creche), instituição para idosos, atividades de fisioterapia, atividades de condicionamento físico, atividade ambulatorial (exames).
Serviços de informática e comunicação
Serviço de comunicação multimídia, desenvolvimento de programas de computador, provedores de conteúdo, reparação de equipamentos de comunicação
Serviços de apoio à agropecuária
Manutenção e reparação de máquinas agrícolas, serviços de agronomia e de consultoria de atividades agrícolas e pecuárias, atividades veterinárias
Bens que atendem às necessidades básicas da população
Produtos de padarias/confeitarias, material de construção, alimentos preparados, comércio de hortifrutigranjeiros, comércio de alimentos em geral, comércio de bebidas, comércio de vestuário, calçados e pequenas obras/construções (obras de alvenaria, instalação e manutenção elétrica).


MCDONALD'S - COMO FUNCIONA NO BRASIL

Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora do McDonald's (Foto: Durval Lima)

Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora do McDonald's

OMcDonald’s não é mais aquele. Estão saindo de cena frases como a célebre “fritas acompanha?” e as linhas de produção de sanduíches. A meta agora é um atendimento mais humano e menos robotizado, além de um cardápio redesenhado para enfrentar as hamburguerias gourmet.

O arquiteto dessa mudança é um sorridente executivo de 50 anos. Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora da marca, tem um desafio imenso, proporcional ao tamanho da operação brasileira: 50 mil funcionários, 2 milhões de clientes diários, 950 lojas e 1,5 mil quiosques.

Tudo isso deverá se transformar para atingir seu objetivo: “Deixarmos de ser uma empresa centrada em processos para nos tornarmos uma empresa centrada no cliente”. Conheça o novo McDonald’s.

Você está implantando a chamada “cooltura” de serviços. O que é esse conceito?

O McDonald’s revolucionou o varejo mundial de alimentação, usando sistemas tayloristas e fordistas [técnicas de produção criadas pelos empresários Frederick Taylor e Henry Ford, associadas à fabricação em massa]. O processo de produção do Big Mac, por exemplo, foi desenhado para levar 38 segundos, o que implica uma linha de produção, algo repetitivo e robótico. Nosso processo de atendimento também não era nada personalizado. O funcionário repetia para todo mundo um conjunto de palavras, como “fritas acompanha?”.

Percebemos que isso, se antes era uma fortaleza do McDonald’s, havia se tornado alvo de críticas de uma nova geração de clientes que espera muito de nós. Fazemos mais de 1 milhão de pesquisas quantitativas por ano no Brasil para entender esse personagem que chamo de Sr. Cliente. Um dos resultados é que as pessoas diziam que gostavam de nós, mas sentiam que a relação não era pessoal.

A “cooltura” de serviços nasce disso. Brincamos com o cool, que significa legal em inglês, porque é legal mesmo você ser atendido do seu jeitão. Você é mais desencanado? Ou é mais sério? Pois é desse jeito que você será atendido. Quem gosta de abraço, vai ganhar um abraço da equipe. O segredo é ser você mesmo. Queremos que essa relação seja algo natural, autêntico. 

Como treinar alguém para ser espontâneo?

Nós somos um negócio de gente, de pessoas. Não tem como fazer a transformação sem explicar a importância desse processo para as 50 mil pessoas do lado de dentro do balcão, que servem aos 2 milhões de clientes que passam por dia nos nossos restaurantes.

Deixa eu te mostrar uma coisa (abre um notebook e exibe um clipe musical protagonizado por funcionários): minha área de treinamento disse que precisava de seis meses para a preparação da “cooltura”. Eu disse “não temos seis meses”. Chamamos os próprios funcionários, explicamos o problema, perguntamos o que podíamos fazer e pronto: em 48 horas, eles mesmos fizeram coisas como esse clipe.

Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora da marca McDonald's (Foto: Durval Lima)

Paulo Camargo, presidente da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora da marca McDonald's

O envolvimento dos funcionários se reflete nos resultados da empresa. Hoje, o turnover é metade do que era há quatro anos. O absenteísmo caiu a um terço. O que chamamos de Top Box — o índice de clientes que se dizem muito satisfeitos — melhorou 16 pontos percentuais. No caso da Arcos Dorados Brasil, em 2016 registramos um Ebitda [lucro antes dos impostos] 24% maior do que no período anterior. Em 2017, ele subiu 30% frente a 2016. Em 2018, nos primeiros nove meses do ano, melhoramos outros 24%. Em meio a esse processo, achamos nosso Oceano Azul.

Foi também uma resposta à concorrência, com as novas hamburguerias gourmetizadas e os food trucks?

Essa história começa lá em 2015. Era um momento difícil para nós, uma tempestade perfeita. O sorriso todo que você está vendo aqui (aponta para a camiseta) não estava tão presente assim. Um dos primeiros passos foi o lançamento da linha Signature de sanduíches. Pegamos o cliente que estava indo para uma hamburgueria chique gastar R$ 60 e oferecemos um produto até melhor, na nossa visão, por algo em torno de R$ 30.

Foi vantajoso para esse público e para nós, que conseguimos aumentar nosso tíquete médio. Depois lançamos sabores de McFlurry nos quiosques em parceria com nomes famosos como Laka, Kopenhagen e Ovomaltine. São marcas que o consumidor muitas vezes não tem dinheiro para consumir, diretamente. Por meio do McDonald’s, ele ganhou acesso a esse luxo.

Hoje, nosso cliente não deixa de ir a uma hamburgueria mais chique, como o Madero, mas vai com uma frequência menor. Ele também vai provar coisas diferentes no Outback e mesmo nos meus concorrentes como o Burger King ou o Subway, até para poder comparar. Existe compartilhamento, mas temos o maior número de visitas.

Os concorrentes podem até ter mais restaurantes do que nós, em alguns casos, mas para chegar ao meu faturamento você tem de somar o segundo colocado, o terceiro, o quarto, o quinto e o sexto.

É o processo que chamamos de McEvolution, ou seja, uma marca que está evoluindo ao longo do tempo. Em cima desse movimento, criamos então três grandes pilares para essa estratégia: primeiro, a forma personalizada de atendimento ao cliente, e aí entra a “cooltura” de serviços. Depois, a modernização do ponto de venda e a inovação constante do cardápio.

O que está sendo alterado dentro dos restaurantes?

Costumo dizer que nada é verdade no McDonald’s até que aconteça dentro do restaurante. Então estamos passando por um processo de modernização das lojas que inclui uma nova arquitetura, novo mobiliário, autoatendimento via totens, menu digital e mesas interativas, sensíveis ao toque.

Esperamos adaptar toda a rede até o final do ano que vem. O objetivo é nos aproximarmos dos desejos do Sr. Cliente, que quer controlar muito mais a sua jornada. O nosso aplicativo, que já tem mais de 8 milhões de downloads, tem um papel importante nisso. Inclusive por permitir o delivery, algo que vai se tornar bem relevante para a gente no futuro.

E no caso do cardápio, como foi a adaptação a essa nova realidade?

A diferença do McDonald’s para os concorrentes — e eu respeito todos eles, inclusive o carrinho de cachorro-quente, o pastel do japonês, o sanduba da esquina — é que temos soluções para diferentes gostos e bolsos. Quando eu falo da linha Signature, é para quem está disposto a pagar R$ 30.

Se você quiser pagar R$ 20, só no McDonald’s você tem o legítimo Big Mac. Tem por aí o Big Xing, o Big Ling, mas só aqui é o verdadeiro. Temos produtos para a faixa dos R$ 6. A gente tem uma casquinha de sorvete que, na promoção, custa R$ 1,50. Só aqui você encontra esse equilíbrio.  

Como é a pesquisa para o desenvolvimento de novos pratos aqui no Brasil?

É muito forte. Um exemplo é o Cheddar McMelt, que foi criado aqui no Brasil e faz um tremendo sucesso nos outros países, quando está disponível. Lançamos agora o McVeggie. Para esse produto, a gente testou como matéria-prima para o “hambúrguer” a quinoa, a soja, uma composição de vegetais e até grão-de-bico.

No final, o que funcionou melhor foi o queijo coalho. A gente deu uma apimentadinha com pimenta biquinho e houve uma identificação muito grande do público com o sabor. Tudo isso só vem com muita pesquisa.

Redes de fast-food são acusadas de fazer mal à saúde, uma campanha que ganhou força com o filme Super Size Me (2014). O McDonald’s ainda tenta se transformar em uma rede “saudável” ou o foco está no “gostoso”?

Eu falo em saudabilidade em minhas palestras e as pessoas costumam brincar: “Opa, esse é mesmo o McDonald’s?”. Sim, saudabilidade é o que não falta aqui. O Big Mac é o melhor exemplo disso. Ele tem várias razões para ser o sanduíche mais vendido do mundo. Uma delas é ser muito saboroso. Mas também é equilibrado: tem 500 calorias.

Lembrando que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), você deve consumir até 2 mil calorias por dia. Eu, por exemplo, como no McDonald’s pelo menos três vezes por semana. Peço meus sanduíches favoritos e, em um desses pedidos, incluo minhas McFritas. Como carboidrato nem sempre é o que quero consumir e as frituras não deveriam ser algo de todos os dias, nas outras vezes troco as batatas por uma salada.

Quem gosta de salada vai ao McDonald’s?

Acho que ninguém acorda de manhã com vontade de comer uma salada e pensa no
McDonald’s como a primeira opção. Mas a gente tem salada. Aliás, temos cinco tipos de salada. A opção está lá. Tentamos estar um passo à frente nessa discussão sobre saúde. Estamos sempre diminuindo o sódio, a gordura trans não faz mais parte dos nossos produtos, assim por diante.

Fazemos isso não para atender a eventuais restrições impostas pelo governo, mas, antes disso, por uma demanda legítima da sociedade. E veja que o consumo de fast-food não tem relação com a questão da obesidade. Estudos do Ministério da Saúde mostram que o maior nível de obesidade no Brasil está no Acre. Sabe quantos restaurantes temos lá? Nenhum.

O McDonald’s é o maior empregador de jovens do Brasil. Como preparar essa turma para o mercado de trabalho?

Cerca de 90% dos nossos funcionários tem entre 18 e 25 anos. É uma tremenda responsabilidade. Muitas vezes nosso gerentes acabam fazendo uma função social, quase paternal ou maternal, porque alguma família não ensinou um desses garotos a escovar os dentes.

Então temos de oferecer treinamento adequado para isso. Celebramos até quando os funcionários saem da empresa. Explico: dizemos com orgulho que somos a segunda marca mais valiosa do varejo mundial.

A primeira é a Amazon, que foi criada por um ex-funcionário do McDonald’s. O Jeff Bezos [fundador da empresa] fala muito bem de sua experiência conosco. Diz que fomos uma grande escola, onde ele aprendeu trabalho em equipe, disciplina e processos definidos.

A empresa costuma ser alvo de ações trabalhistas devido a questões como trabalho intermitente. Até que ponto a reforma trabalhista impacta nesse quadro? 

No caso da reforma, ainda não percebemos muitas alterações. Já faz alguns anos que temos uma escala de trabalho divulgada dez dias antes de começar a vigorar. A legislação brasileira era um pouco antiquada e, no meu ponto de vista, a reforma trabalhista a moderniza. O que se percebe, não só para a gente, é uma diminuição no número de processos trabalhistas.

O Brasil tinha 3% da força de trabalho mundial e 80% das ações trabalhistas. Tinha algo errado. Havia uma verdadeira indústria, que levava as pessoas a entrarem com ações mesmo quando não era o caso, porque não havia nenhum risco. A reforma vem deixar as coisas um pouco mais sérias. 

Mais de 60% das lojas no Brasil são operadas pela Arcos Dorados. Como é o relacionamento com os franqueados responsáveis pelas demais unidades?

Um ponto importante é que a maior parte desses franqueados tem uma experiência enorme, de dez, 20, às vezes 30 anos à frente de suas lojas. Eu mesmo, que estou há sete anos na empresa, ligo para no mínimo três franqueados antes de tomar uma decisão estratégica. Outro fator é que hoje está ocorrendo um processo sucessório nessas unidades. Muitos franqueados estão colocando seus filhos para tocar a operação.

Será a primeira mudança de gerações de grande escala no Brasil; nos EUA, os franqueados já estão na terceira ou quarta geração. Uma das minhas maiores responsabilidades hoje é garantir que essa sucessão seja feita de modo correto. Temos um grande programa de treinamento para essa segunda geração em nossa universidade corporativa, inclusive com um MBA. São nove meses de treinamento, onde o candidato também passa por todos os cargos dentro de uma loja. E ele pode ou não ser aprovado nesse processo. Não é algo automático. Ele precisa mostrar a que veio.

Muitos interessados não conseguem virar franqueados do McDonald’s. Isso não limita a expansão?

Quando decidimos franquear alguma operação, a razão é estratégica. Em regiões remotas do país, um franqueado é mais eficiente na operação, principalmente no acesso mais barato aos fornecedores locais. Essa expansão acompanha o ritmo da economia. Infelizmente, o Brasil não teve um cenário virtuoso nos últimos anos. Por consequência, não focamos no crescimento.

Em vez de abrir centenas de restaurantes por ano, abrimos algumas dezenas. A prioridade é dada para quem já é franqueado do sistema, que são pessoas que querem crescer e estão capitalizadas. Até por isso, não existe muita necessidade da entrada de novos parceiros. Ainda assim, neste ano tivemos dois novos franqueados entrando no sistema. Era algo que não acontecia há 17 anos.

O McDonald’s é alvo frequente de fake news. Como reagir a boatos como a “carne de minhoca”? 

A primeira coisa que aconteceu quando eu comecei a trabalhar no McDonald’s foi que a minha sogra, dona Dalmira, veio me perguntar se o hambúrguer era de minhoca (risos). Daí vem a importância de processos de transparência.

Criamos um programa chamado Portas Abertas, no qual convidamos os clientes a entrar nas nossas cozinhas. Mostramos nossos procedimentos, nosso cuidado com a segurança alimentar e com a origem do produto.

O cliente pode até fazer o seu próprio Big Mac. Aí ele percebe que o tomate é tomate, que o ovo é ovo, e que a carne é 100% bovina. Só em 2018, mais de 2 milhões de pessoas passaram por nossas cozinhas. Para nós, a melhor forma de enfrentar a contrainformação é dando a informação correta.

O que tira o sorriso de seu rosto?

Tem uma coisa que me deixa inconformado. No dia de hoje, deveremos receber umas 30 reclamações de clientes. Alguém poderia dizer que, comparado aos 2 milhões de clientes diários, esse seria um número muito baixo. Eu não concordo. Não se trata de percentuais.

O cliente não ficou 100% satisfeito com o McDonald’s, e é isso que me interessa. Precisamos lutar para melhorar esse número, porque não dá para ficar feliz com isso.


Franquia brasileira leva açaí para o outro lado do mundo

Açaí da franquia Oakberry

© Oakberry Açaí da franquia Oakberry

Criada há dois anos, a franquia de açaí Oakberry tem planos agressivos para levar a fruta brasileira e seus toppings para mercados estrangeiros. Depois de chegar a Miami e Orlando, nos Estados Unidos, ela acaba de desembarcar na Austrália, em busca de surfistas e consumidores de alimentos saudáveis.

A Oakberry foi criada em 2016, por Georgios Frangulis, para explorar o nicho de fast food de alimentação saudável. Ela conquistou tanto quem opta por refeições saudáveis quanto quem prefere doces com suas mais de 15 opções de complementos, que vão de banana e leite ninho a mel orgânico, chia e whey protein. A empresa espera fechar o ano com faturamento de 30 milhões de reais. 

Depois de chegar a quase 100 lojas no Brasil, a Oakberry deu início à sua estratégia internacional. Desembarcou nos Estados Unidos em julho de 2018, com uma unidade em Orlando, na Flórida. Em novembro, abriu uma loja em Miami.

A empresa escolheu a Austrália para continuar sua expansão internacional e abriu uma unidade na Bondi Beach, praia próxima a Sydney. “O açaí já é conhecido como um “super alimento”, cheio de benefícios, e o país está aberto a experimentar tendências mundiais”, afirma Frangulis.

De acordo com ele, assim como no Brasil o açaí foi trazido para os grandes centros urbanos por surfistas, a mesma experiência pode ser observada no país, do outro lado do mundo.  Além disso, o poder financeiro da população na Austrália é maior que no Brasil, o que amplia o acesso a produtos diferentes.

Inaugurada no início de dezembro, a unidade do outro lado do mundo foi um sucesso. A média de vendas foi de cinco mil “bowls”, ou cumbucas, por dia. Essa média foi quase o dobro comparando com a inauguração da primeira unidade no Brasil, em 2016, e maior que a média brasileira, de 4,5 mil vendas mensais.

As lojas no exterior foram abertas por franqueados brasileiros e estrangeiros que entendem do setor de alimentação em cada mercado. O açaí que vai para os Estados Unidos ou Austrália é fabricado pelo mesmo fornecedor brasileiro. Para levar o produto fresco aos outros países, ele é congelado já ao sair da fábrica. Dessa forma, a validade pode chegar a 12 meses.

A operação internacional já era um desejo de Frangulis, que começou a pensar no negócio enquanto estava nos Estados Unidos, em 2015. Na época, o empresário investia em imóveis na Flórida, mas abandonou o negócio com a crise econômica brasileira e a consequente desvalorização do real.

“Vendi o que tinha na Flórida e fui para a Califórnia para procurar oportunidades de investimento no mercado americano”, conta. “Tentei abrir a empresa por lá, antes mesmo de pensar no Brasil, porque a Califórnia é um centro formador de opinião, principalmente no ramo da alimentação”, diz.

Embora empreender nos Estados Unidos seja menos burocrático e mais valorizado, foi um desafio convencer os proprietários de imóveis do país a alugarem um espaço para a empresa em formação.

O empreendedor optou por abrir sua primeira unidade em seu país natal, em São Paulo, em 2016. Hoje, a operação da Oakberry chegou a 98 unidades, 70 delas quiosques, concentradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

“A expansão foi rápida e fomos aprendendo a melhorar o negócio ao mesmo tempo em que tudo acontecia. Mas hoje temos certeza que estamos estruturados para chegar mais longe”, diz o presidente da empresa.

Mesmo com planos internacionais, ele acredita que ainda há muito espaço para o crescimento da Oakberry no Brasil. “Só cerca de 1% da população consome açaí, então há muito mercado para ser conquistado”, diz o presidente.

No início do ano, a empresa abriu suas primeiras unidades na região Sul, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no Shopping estação Curitiba e no Shopping Beiramar, em Florianópolis. Deve expandir para o Norte e Nordeste a partir de março.

A empresa buscou consultorias especializadas para encontrar os melhores pontos comerciais, já que no Sudeste as unidades se concentram em shopping centers e, em outras regiões, lojas de rua fazem mais sentido.

Dificuldades

A Oakberry não é a única a tentar empreender fora do Brasil. Nos últimos anos, houve um crescimento de 20 a 25% na expansão de negócios brasileiros de alimentação aos Estados Unidos nos últimos anos. Mas várias dessas empresas também abandonaram o país.

O investimento alto, flutuação do câmbio e a concorrência com restaurantes estabelecidos prejudicaram os sonhos internacionais de alguns empreendedores.

As redes brasileiras de restaurantes Madero, Paris 6 e Coco Bambu fecharam suas unidades na cidade, que haviam sido abertas há pouco tempo.

Frangulis diz que desconhece quais foram os problemas de suas concorrentes, mas afirma que muitas empresas que buscam empreender nas praias de Miami desenvolvem seus negócios pensando nos brasileiros que moram no exterior, ao invés do público local. “Abrir um negócio para brasileiros em Miami não faz sentido, tem muito mais brasileiros no Brasil”, diz.

Por isso, ele acredita que a Oakberry pode ter sucesso em outras terras, já que a marca foi criada de olho no exterior desde o início. “Nosso negócio oferece uma refeição saudável, rápida e padronizada, que faz sentido para o modelo internacional”, afirma.

Mas, depois dos fracassos que empresas brasileiras enfrentaram no exterior, no último ano, a Oakberry deverá provar que é possível investir em alimentação fora do Brasil – e sobreviver.

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O cheiro mágico do queijo

Acari Manestrina criou uma região produtora de leite e ergueu a maior indústria de queijos nobres do Brasil

“Meu filho, come a polenta e o queijo só cheira.” O menino Acari Menestrina perdeu o pai quando tinha apenas quatro anos, mas nunca esqueceu essas palavras que marcam até hoje a sua vida. Na modesta casa de madeira, em Rio dos Centros, no Oeste de Santa Catarina, onde nasceu, começou a estudar, formou-se em técnico agrícola, plantou pastagem, comprou uma, duas, dezenas e centenas de vacas leiteiras. Ergueu primeiro a Cedrense e depois a Gran Mestri, hoje a maior e mais qualificada indústria de queijos nobres do país. Apoiou outros produtores em toda a região Oeste e formam hoje uma das maiores bacias leiteira do país, com uma produção diária que supera 10 milhões de litros, mais que todo o Uruguai, que sempre foi um país de referência na produção leiteira na América Latina e no mundo. “Tenho leite no sangue e o que me motiva é produzir queijos de alta qualidade”, revela o empreendedor Acari Menestrina ao “abrir o seu coração”.

Agora em dezembro inaugurou uma nova fábrica, junto ao atual complexo industrial, para a produção dos queijos Provolone e Gorgonzola. Já está com toda a base pronta para produzir também o nobre queijo Roquefort (do leite de ovelha) e o Muçarela de búfala, um queijo leve que está sendo muito consumido em todo o país.

A ORIGEM

Com o falecimento precoce do pai, o então menino Acari dividia o tempo entre os estudos e o auxílio aos avós nas atividades do campo, enquanto a mãe trabalhava na cidade. Assim nasceu a paixão pela lida rural. A busca por conhecimento especializado iniciou no Colégio Agrícola de Camboriú, onde se formou técnico agrícola em 1975. Na ocasião, foi premiado com a medalha de melhor aluno de Zootecnia.

No ano seguinte, passou no concurso da respeitada Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (Acaresc), atual Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Depois do treinamento em Florianópolis, foi designado para um estágio no Extremo Oeste catarinense, no município de Itapiranga. Passados 40 dias, a próxima missão foi como extensionista de crédito em São Miguel do Oeste. Dois meses depois, assumiu o escritório municipal da então Acaresc, em Guarujá do Sul, também no Extremo Oeste catarinense.

Acari conta que a sua ida para Guarujá do Sul foi o maior desafio que assumiu na vida. “Cheguei em Guarujá do Sul determinado a ser número ‘1’. Entrei de corpo, alma, mente e espírito porque tinha tudo a ser feito ali. Na época, não tinha estradas, havia algumas casas de madeira apenas, não tínhamos telefone ou televisão e a energia elétrica era fornecida até às 22h”, lembra . Juntamente com o prefeito e o padre, Acari Menestrina se tornou uma autoridade do município.

AS DIFICULDADES

As dificuldades eram gigantescas, recorda o empreendedor, mas para ele tudo era novidade. “Implantei a primeira lavoura irrigada na região, o primeiro biodigestor, o primeiro viveiro florestal e a primeira pocilga de alvenaria com piso ripado, por exemplo”, conta Menestrina. Foram oito anos de trabalho com grandes transformações na área rural do Extremo Oeste.

Mas o visionário empreendedor enxergava ainda um grande potencial ali: queria transformar a região em uma das maiores bacias leiteiras do Brasil. “Me chamavam de louco. Mas aproveitei que eu tinha um programa de rádio, chamado Gente do Campo, e comecei a defender o projeto. Os produtores não tinham leite nem mesmo para o consumo da família”, destaca.

Em 1982, Menestrina deixou a extensão rural para se dedicar ao projeto que mudaria sua vida. Foram mais de mil reuniões com produtores rurais. “Eu trouxe as primeiras vacas das raças Holandesa e Jersey, fiz a primeira pastagem de inverno com aveia e azevém e trouxe o primeiro aparelho de cerca elétrica”, lembra.

HORA DE EMPREENDER

Em 1990, criou a empresa Cedrense, cujo nome homenageava seu município de origem (Rio dos Cedros) e a cidade sede da indústria (São José do Cedro). Diariamente, 1 milhão de litros de leite eram transformados em mais de 80 produtos, em oito unidades industriais. A fábrica já tinha se tornado uma referência nacional.

Ainda insatisfeito, Menestrina visitou mais de 500 laticínios em 30 países da Oceania, que é modelo de produção de leite no mundo, além de indústrias de lácteos na Europa e Mercosul. A partir do que viu, trouxe toda a tecnologia e tendências do setor. Foi aí que o industriário tomou uma decisão. “Percebi que a tendência era de que as commodities ficariam sob o comando de duas ou três empresas nacionais. Foi aí que resolvi buscar tecnologias italianas para fabricar os queijos mais nobres do mundo, aqui em Santa Catarina. Assim nasceu a Gran Mestri Alimentos que atualmente é referência na produção de queijos duros na América Latina”, relembra.

Hoje a produção de leite é a principal fonte de renda para 805 famílias da região. “Sinto muito orgulho de ser o pai da bacia leiteira do Oeste catarinense porque transformou a região. E a base de tudo foi a extensão rural que me ensinou a ser organizado ao extremo. Ser extensionista rural foi o meu grande diferencial como empresário”, avalia.

Acari Maestrina organizou, em 2008, uma missão técnica para Nova Zelândia. O grupo foi composto por 15 pessoas do setor público agrícola, empresários do setor lácteo, consultores, professores, pesquisadores e extensionistas de Santa Catarina. O objetivo era conhecer a bovinocultura de leite, ovinocultura (carne, lã e leite) e todas as tecnologias envolvidas nas cadeias produtivas desses setores, principalmente o cultivo de manejo de pastagens.

A bagagem voltou cheia de informações, mas a principal é a necessidade de melhorar a comida para os animais tratando as pastagens como lavouras. Com alimentação de maior qualidade, o resultado só poderia ser a excelência do leite e, consequentemente, do produto final. Foi assim que Menestrina constituiu um pedaço da Nova Zelândia aqui no Brasil.

NOVA OUSADIA

Sopramonte significa “sobre os morros” e é um povoado de Trento, no Norte da Itália. Foi dessa localidade que vieram os ancestrais da família Menestrina. Sopramonte também é o nome do mais recente empreendimento do industriário. Trata-se de uma área de 200 hectares, na linha Tope da Serra, no município gaúcho de Erval Grande, na divisa com o estado catarinense, destinada à produção de pastagens irrigadas. A intenção é produzir leite com alta qualidade e baixo custo. As sementes foram trazidas da Nova Zelândia.

Na Fazenda Agro Sopramonte também está em desenvolvimento a genética para a produção de leite de ovelha e de búfala para, futuramente, produzir os queijos Roquefort e moçarela de búfala – a fábrica já está pronta para essa produção. Também há área de terra destinada ao cultivo de nozes pecã e de oliveiras com a pretensão de oferecer ao mercado o azeite extravirgem prensado a frio. A fazenda também é responsável pelo reflorestamento que atende às necessidades da Gran Mestri, produção de erva-mate, essências nativas e possui o primeiro viveiro regional de eucaliptos.

TRAJETÓRIA

A trajetória de trabalho e conquista já rendeu mais de 100 prêmios e menções ao empreendedor Acari Maestrina. “Sempre digo que aproveitei, não deixei passar nenhuma oportunidade. O importante é treinar, treinar, treinar. Estar constantemente atualizado e em busca de inovação”, completa.


Exportação supera US$ 1 bilhão pelo segundo ano consecutivo em Joinville

Pelo segundo ano consecutivo o total de vendas de produtos joinvilenses para o exterior passou a marca do bilhão de dólares, e atingiu US$ 1,05 bilhão. Apesar disso, houve queda de 1,32% com relação ao volume de embarques de 2017 - à época de US$ 1,07 bilhão. Na outra ponta da balança, o total de importações alcançou US$ 2,53 bilhões, 48,26% acima do ano anterior, na base de US$ 1,71 bilhão. O déficit entre um ano e o outro também cresceu, passando de US$ 640 milhões para US$ 1,48 bilhão. 

Os números demonstram que a economia começou a reagir. E, quando a economia da cidade, estado e do país onde vive começa a melhorar é um indicativo de que a vida de todos tende a prosperar. 

Convidamos você para saber mais sobre exportações em Joinville, assistindo a matéria abaixo:

https://youtu.be/XPCNngvrj5s

COMÉRCIO ELETRÔNICO DEVE CRESCER 16% NO PAÍS EM 2019, PREVÊ ABCOMM

Segundo estimativa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, setor deve registrar faturamento R$ 79,9 bilhões neste ano

O comércio eletrônico deve atingir um volume de vendas de R$ 79,9 bilhões em 2019. A estimativa é da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). De acordo com a entidade, caso essa projeção se cumpra, o montante representaria um crescimento de 16% quando comparado com o resultado atingido em 2018 pelas lojas virtuais do País, sendo o maior avanço anual verificado desde 2015.

Segundo a ABComm, o comércio eletrônico deve registar um tíquete médio de R$ 301, com um total de 265 milhões de pedidos efetuados pelos consumidores até o fim deste ano. O número de lojas virtuais deve totalizar 87 mil. As micro e pequenas empresas devem aumentar sua participação no faturamento, atingindo 29%. A participação dos marketplaces no faturamento do setor também deve registrar crescimento em 2019. Segundo a entidade, a fatia deve passar dos atuais 31% verificados em 2018 para 35% ao fim deste ano.

A experiência do consumidor nos dispositivos móveis deve continuar sendo alvo de atenção das lojas virtuais neste ano. Segundo a associação, é esperado que 33% das vendas efetuadas pelos consumidores venham a partir de smartphones e tablets. A participação móvel nas compras online, porém, permanecerá no mesmo patamar observado em 2018, segundo dados da entidade.

De acordo com Mauricio Salvador, presidente da ABComm, uma série de fatores contribuem para a projeção de crescimento expressivo para o ano. Segundo ele, o otimismo observado pelos empresários do setor com os rumos da economia, somado à elevação da confiança do consumidor, são algumas das razões. “Percebemos uma retomada expressiva das vendas online já no último trimestre do ano passado, especialmente durante a Black Friday e nas vendas de Natal”, afirma Salvador. “Livre dos eventos observados em 2018, vemos com bons olhos o desempenho para este ano”, complementa.

Sobre a ABComm:
A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) surgiu para fomentar o setor de e-commerce com informações relevantes, além de contribuir com seu crescimento no país. A Associação reúne representantes de lojas virtuais e prestadores de serviços nas áreas de tecnologia da informação, mídia e meios de pagamento, atuando frente às instituições governamentais, em prol da evolução do setor. A entidade sem fins lucrativos é presidida por Mauricio Salvador e conta com diretorias específicas criadas para fomentar todo o setor, entre elas: Novos Negócios; Relações Governamentais; Mídias Digitais; Relações Internacionais; Meios de Pagamento; Capacitação; Desenvolvimento Tecnológico; Empreendedorismo e Startups; Jurídica; Métricas e Inteligência de Mercado; Crimes Eletrônicos; e Marketing.

Para mais informações, acesse: www.abcomm.org


Li, da Mobilis, foi selecionado para o programa Living Lab

Modelo de veículo elétrico produzido por startup será testado em Florianópolis

O carro elétrico é inédito e produzido no Brasil, abastecido com bateria de lítio e pode ser acompanhado em tempo real pela fabricante Mobilis, de Florianópolis.

O modelo Li proposto pela startup foi selecionado no programa do Living Lab, para testar a eficiência e tornar cidades mais inteligentes. Erico dos Reis, diretor comercial da Mobilis, detalha a proposta:

Para o projeto Living Lab estaremos cedendo os veículos para setores de segurança em locais de circulação restrita e em períodos pré-definidos. Os agentes de segurança irão realizar os agendamentos através de nossa plataforma on-line chamada TrackLi e terão seu uso liberado através dos cartões de RFID que liberarão os veículos para serem conduzidos. Vale enfatizar que já possuímos um cliente rodando com uma plataforma similar para car sharing interno em uma das maiores distribuidoras de energia elétrica do país”.

PRODUÇÃO EM ESCALA

Perguntado se a empresa projeta uma produção em larga escala a médio prazo, o diretor conta que a demanda do mercado para veículos elétricos no Brasil é alta.

“Acreditamos que podemos atender diversas regiões do Brasil. O produto também foi desenhado para atender diversos perfis de clientes, seja B2B ou B2C”.

O primeiro passo da startup é atender as demandas de veículos de vizinhança. Após validação, o objetivo é finalizar o desenvolvimento do veículo Li para vias públicas com todas as necessidades legais, além é claro de estruturar a produção e pós-venda a nível nacional.

“Muito se comenta sobre a falta de infraestrutura para veículos elétricos, porém, algo mais importante que isso já existe: o desejo do brasileiro em ter um veículo elétrico. Possuímos uma fila de interessados próxima a 500 pessoas, as quais vieram de maneira proativa nos buscar. Todos possuem o interesse de ter um veículo mais econômico, conectado e sustentável. Todos parâmetros que estão no DNA do nosso carro, o Li”, ressalta Erico.

Para isso, estão buscando investimentos para acelerar este plano. Interessados em mais detalhes podem enviar um e-mail para [email protected] 

DESAFIOS DA PRODUÇÃO

Os maiores desafios estão na alta carga tributária e na falta de fornecedores locais, de acordo com Erico:

“A primeira faz com que paguemos altíssimas cargas tributárias. Já o segundo, além de impactar o custo, faz com que tenhamos tempos produtivos com baixo giro de inventário e um impacto financeiro considerável na empresa”.

Ele chegou a citar que o plano Rota 2030, que “estimulou a importação de veículos e não a produção local, pois foi zerado o imposto de importação para carros elétricos. Depreciando, assim, as iniciativas locais como a nossa”.

A versão de veículo de vizinhança da Mobilis, sem portas e dedicada a circuitos privados possui preço inicial de R$ 54 mil.

Já a versão para vias públicas com porta, ar condicionado e itens definidos pelo Contran fica entre R$ 65 mil e R$ 69 mil.

A economia anual, de acordo com a startup, ao utilizar o veículo varia entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.

Os custos de manutenção são baixíssimos e para rodar 100 km é próximo a R$ 5,00 (praticamente o valor de um litro de gasolina ou diesel).


Barrichello abre restaurante próprio inspirado em vivências da carreira

O piloto Rubens Barrichello agora concilia o volante com as panelas, pratos e cuidados de um novo empreendimento gastronômico. Desde dezembro ele é um dos sócios do restaurante Cutello Fire and Drink, no bairro Jardins, em São Paulo. A casa tem como enfoque a cozinha italiana e carnes, com itens no cardápio com referência a Barrichello e às suas preferências gastronômicas.

O restaurante é o primeiro empreendimento do atual piloto da Stock Car fora do automobilismo. Apesar de morar nos Estados Unidos, Barrichello é um dos oito sócios e participou da formatação do projeto ao apresentar experiências e indicações inspiradas nas viagens e refeições feitas por diferentes países. "No Cutello eu trago as experiências da vida, as boas experiências que tive ao longo desses anos viajando com categorias de automobilismo e dos grandes restaurantes que passei", disse o piloto ao Estado.

Barrichello conversa com funcionários do restaurante

Barrichello conversa com funcionários do restaurante

Um dos sócios de Barrichello, o chef de cozinha Rafael Leão, afirmou que a ligação do restaurante com o piloto tem atraído vários fãs. "O Rubens contribuiu com a nossa proposta e nosso cuidado com os clientes", disse.

Quando o Cutello definiu o cardápio, Rubinho fez questão de batizar uma das seções como "Reserva Barrichello", dedicada a cortes de carne especiais, como Angus, T-Bone e opções dry-aged. "Eu achava que teria que ter algo indicando as minhas preferências", disse. "Sou muito mais da carne do que do carboidrato", completou.

A referência a Barrichello está presente também nas sobremesas. A principal da casa é o pudim de leite condensado batizado de Dolce#111. O número é o utilizado pelo piloto na Stock Car. O doce é um dos preferidos dele e leva na receita itens como limão siciliano e capim-limão.

O piloto é fã de gastronomia desde cedo, incentivado principalmente pela mãe, e aprendeu a cozinhar aos 16 anos, quando se mudou sozinho para a Europa para começar a carreira. Em dezembro do ano passado, Barrichello aproveitou a reunião de pilotos para a etapa final da Stock Car, em Interlagos, para levar alguns dos colegas para conhecerem o restaurante. No fim de semana também chegou a reunir outro grupo de pilotos para que ele próprio cozinhasse para os convidados.

Além de carnes e massas, o local tem opções vegetarianas, frutos do mar, pratos asiáticos e drinks. O prato mais pedido é o maialino, um corte suíno assado em forno especial de alta temperatura para formar a pururuca. Como acompanhamentos, lentilhas vermelhas, cenoura e o molho da própria carne.

O intuito dos sócios é completar a decoração do local com macacões, capacetes e adereços da carreira de Barrichello. O piloto diz ter como principal preocupação no empreendimento propiciar um ambiente agradável. "Os que estão trabalhando ou os que estão sendo servidos têm que estarem bem, felizes e satisfeitos", comentou.

Pudim de leite Dolce#111

Pudim de leite Dolce#111

Receita Pudim Capim Limão Dolce#111

Ingredientes

0,400 ml de leite integral

1 lata Leite Condensado

1 limão siciliano

3 ovos

20g capim limão

70g açúcar refinado

140ml Água

Modo de preparo

1) Em uma panela ferver o leite e o capim limão, deixar descansar por 24 horas e coar;

2) Em um liquidificador, bater o leite saborizado com os ovos e o leite condensado;

3) Adicionar as raspas de meio limão siciliano;

4) Retirar a espuma e descansar por uma hora;

5) Em uma panela junte o açúcar com a água e faça uma calda de caramelo;

6) Usando formas para pudim (usamos as de 7cm) coloque a calda e depois complete com a mistura;

7) Em um forno pré aquecido a 130ºC, usando uma forma de banho maria, cozinhe os pudins por 1 hora;

8) Deixe esfriar, desenforme e sirva;


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