Guia dos Benefícios Fiscais de Importação em Santa Catarina [atualizado]

Santa Catarina aparece em lugar de destaque pelas iniciativas de fomento à economia, principalmente através de incentivos fiscais

De acordo com um levantamento feito pelo Banco Mundial, o Brasil continua sendo o país onde as empresas gastam mais tempo pagando impostos em todo o mundo. A burocracia excessiva e a enorme quantidade de taxas a serem pagas faz com que as empresas nacionais despendam, em média, 1958 horas ao ano para quitar suas pendências com o fisco.Apesar do cenário não ser dos melhores, o Brasil caminha a passos lentos rumo à simplificação tributária. Alguns estados tomam a frente nesse sentido, apresentando um ambiente muito atrativo para as empresas se instalarem e crescerem. Dentre eles, Santa Catarina aparece em lugar de destaque pelas iniciativas de fomento à economia, principalmente através de incentivos fiscais.Para as empresas que operam diretamente com comércio exterior, há um benefício específico que faz toda a diferença na composição dos custos das importações:Pró-Emprego – Lei Estadual/SC 13.992/07O Programa Pró-Emprego visa promover o incremento da geração de emprego e renda no estado de Santa Catarina, através de tratamento tributário diferenciado do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS.O foco do programa é incentivar empreendimentos situados ou que venham a se instalar em território catarinense, desde que sejam considerados de relevante interesse socioeconômico para o estado.Para serem caracterizados como tal e receberem o incentivo, os empreendimentos devem ser considerados prioritários ao desenvolvimento econômico, social e tecnológico do estado e resultarem em geração ou manutenção de empregos, bem como os que consolidem, incrementem ou facilitem exportações e importações.Como aderir?O pedido para receber os benefícios do Programa Pró-Emprego deverá ser dirigido ao Secretário de Estado da Fazenda, contendo um projeto detalhado do empreendimento e outras informações previstas no regulamento.Junto do pedido, deverá ser anexada uma via do comprovante de recolhimento da taxa (DARE/SC – Documento de Arrecadação), cujo acesso para sua emissão será através do site http://www.sef.sc.gov.br, em campo específico DARE/SC, que será pago nos bancos autorizados.Os BenefíciosAs empresas que se enquadram nos requisitos exigidos pelo governo do estado, passam a contar com tratamento tributário diferenciado. Os principais benefícios são:1) Diferimento para a etapa seguinte de circulação à da entrada no estabelecimento importador do ICMS devido por ocasião do desembaraço aduaneiro, na importação realizada por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados, situados neste Estado;2) Diferimento do ICMS relativo à saída de mercadorias, de estabelecimento localizado neste Estado, para utilização em processo de industrialização em território catarinense, por empresas exportadoras;3) Diferimento do ICMS relativo aos materiais e bens adquiridos de estabelecimento localizado neste Estado, para a construção de empreendimento que se enquadre nas regras do Programa, considerando-se encerrada a fase do diferimento na data da alienação do empreendimento;4) Compensação do ICMS devido na importação de bens ou mercadorias com despacho aduaneiro no território catarinense com saldo credor acumulado;5) Transferência de saldo credor acumulado para terceiros, inclusive: a) para pagamento do ICMS na importação de bens ou mercadorias; b) para integralização de capital de nova empresa ou modificação de sociedade existente; c) para pagamento de mercadorias adquiridas por terceiros, em regime de substituição de fornecedores interestaduais;6) Diferimento para a etapa seguinte de circulação do ICMS relativo às saídas internas de mercadorias destinadas a centros de distribuição que atendam os Estados das Regiões Sul e Sudeste;7) Na hipótese de implantação, expansão ou reativação de atividades de estabelecimento industrial e de centros de distribuição que atendam os Estados das Regiões Sul e Sudeste, o valor do incremento do ICMS apurado em cada período poderá ser pago, levando-se em consideração a localização regional do empreendimento, com dilação de prazo em até 24 meses, sem juros, a contar do período subsequente ao da ocorrência do fato gerador;8) Tratando-se de instalação, modernização ou ampliação de terminal portuário, poderá ser concedido: a) redução do imposto incidente sobre a energia elétrica consumida nas áreas operacionais do porto, de modo que a tributação seja de, no mínimo, sete por cento; b) diferimento do imposto devido por ocasião do desembaraço aduaneiro na importação de bens destinados à integração do ativo permanente, desde que realizada por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados situados neste Estado.9) Para projetos de implantação e expansão de empreendimentos geradores de energia elétrica e de linhas de transmissão, poderá ser concedido diferimento na aquisição de bens e materiais destinados à integração do ativo permanente, do imposto: a) que incidir nas operações internas; b) devido por ocasião da importação, desde que realizada por intermédio de portos, aeroportos ou pontos de fronteira alfandegados situados neste Estado; c) relativo ao diferencial de alíquota, quando adquiridos de outras unidades da Federação.Como funciona na práticaAtravés do TTD (Tratamento Tributário Diferenciado) é concedida a redução da alíquota de incidência do ICMS, bem como seu diferimento parcial ou total para mercadorias que entrem no Brasil por Santa Catarina.As mercadorias que ingressam no Brasil por Santa Catarina recebem 1% de tributação efetiva, no entanto, o destaque em nota fiscal será de 4%. Trata-se de um valor muito abaixo do que teria que ser pago nas importações por outros estados do Brasil.Além disso, o estado recolhe, também, uma taxa de 0,4% da base de cálculo do ICMS nas operações de importação como contribuição ao Fundo Estadual de Defesa Civil, Fundo de Apoio à Manutenção e ao Desenvolvimento da Educação Superior do Estado de Santa Catarina, Fundo Pró-Emprego e Fundo de Desenvolvimento Social.Mesmo havendo essas pequenas taxas cobradas pelo estado, importar por Santa Catarina ainda é um excelente negócio para a maioria das empresas. Se você trabalha com importação e deseja reduzir os custos de suas operações, talvez mudar o processo para Santa Catarina seja uma possibilidade bem vantajosa.Conte com os profissionais certos e eles te auxiliarão a analisar qual a melhor forma de crescer, trabalhando com comércio exterior e com o custo mais baixo possível.Contate 47 3028-8808 / 47 3030-2060

Junta Comercial de SC vai conceder isenção para baixa de empresas menores

Jiliano Chiodeli, presidente da Junta Comercial, fala na Acij

O presidente da Junta Comercial do Estado (Jucesc), Juliano Chiodelli, se reuniu com executivos da Associação Empresarial de Joinville (Acij), para falar sobre as mudanças no sistema de abertura e fechamento de empresas. Informou que a tramitação digital é obrigatória e que Empresas Individuais, Eireli e Limitadas serão isentas do pagamento de taxa para dar baixa. Segundo ele, Joinville responde por 30% da movimentação de atividades da junta estadual.

Chiodelli participou de reunão do Comitê Permanente de Desburocratização (CPD) composto pelo Núcleo de Empresas Contábeis da ACIJ, a Associação de Joinville Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme), o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) e a Prefeitura de Joinville. O diretor executivo da Acij, Marcos Krelling e os diretores da Jucesc Diego Holler e Deoclesio Beckhauser também participaram.

Ficou claro que a ênfase é a digitalização para que as empresas que não requerem licenças imediatas, sejam abertas em alguns minutos. O objetivo é avançar com o programa Santa Catarina Bem Mais Simples. Os que requerem diversas análises, demorarão mais. É importante que todo o empreendedor tenha certificado digital.


Empreender no exterior: dicas para abrir um negócio em outro país

Ao longo dos anos, muitos brasileiros têm deixado o país. O último levantamento da Receita Federal indicou que em 2018 mais de 22 mil indivíduos entregaram a declaração de saída definitiva do Brasil, documento obrigatório para aqueles que partem para o exterior. O número de pedidos também vêm crescendo de forma significativa desde 2014, quando as requisições de saída não ultrapassavam os 10 mil anualmente. 

Muitas das pessoas que tomam essa decisão optam por deixar o país na tentativa de empreender em outro local, buscando melhores condições para o seu negócio. Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores indicou que no final de 2017 já existiam mais de 20 mil brasileiros empreendendo no exterior. Ainda assim, é preciso manter os pés no chão: abrir um negócio em outro país não é fácil e demanda planejamento específico e alguns cuidados para evitar problemas. 

A seguir, listamos algumas dicas práticas para se planejar na hora de empreender fora do Brasil: 

Cidadania: ter ou não ter?

Essa é uma pergunta que muitos dos brasileiros fazem quando começam a planejar a mudança, já que grande parte deles são descendentes de portugueses e italianos, e portanto, tem direito a nacionalidade desses países. A grande questão é que adquirir cidadania é um processo caro e demorado. 

Para Rafael Gianesini, CEO da Cidadania4u, primeira empresa brasileira criada com o objetivo de auxiliar usuários a obter a cidadania italiana de forma transparente e prática e em um ambiente 100% online, ter o passaporte europeu pode ser essencial para aqueles que desejam abrir um negócio em outro país, mesmo fora da União Europeia. 

“Para empreender nos EUA como brasileiro é preciso investir um valor muito maior do que como cidadão da União Europeia, por exemplo. Fora que alguns países desse continente são ótimos polos para empreender como a Holanda, por exemplo, que é considerada o Vale do Silício europeu. Nesse caso, quem tem passaporte da Itália ou de Portugal, tem mais oportunidades de negócio nesse país”, detalha.

Que tipo de visto é o meu?

De acordo com o advogado Vinícius Bicalho, fundador e CEO da Bicalho Consultoria Legal,  quando os brasileiros decidem sair do país muitas vezes buscam informações na internet, deixando passar despercebido questões que são de extrema relevância para que a viagem não se torne um pesadelo. Um dos assuntos mais complicados diz respeito aos vistos necessários para residir, estudar ou trabalhar fora. 

“Na prática as pessoas estabelecem para onde querem ir, mas não vão atrás da documentação. Um dos caminhos mais fáceis para sair do Brasil é tirar o visto de estudante, mas o problema é que este visto não permite que a pessoa trabalhe no exterior, por exemplo. Ou seja: ela chega em outro país, precisa se manter e ou opta por praticar uma conduta ilegal ou tenta resolver a situação. Consertar a situação fora de casa é como arrumar um avião em pleno vôo”, explica o advogado. 

Minha startup já existe. Como levá-la para outro país? 

Conforme uma startup amadurece, torna-se natural enxergar no mercado uma oportunidade de crescimento e a possibilidade de expandir para outros países. Mas para isso é importante fazer uma avaliação no país de destino e, principalmente,  ficar por dentro das condições jurídicas locais. O advogado e CEO do BNZ Innovation, braço do BNZ Advogados, Arthur Braga Nascimento, explica que no momento da internacionalização de uma startup o empreendedor acaba avançando, na maioria das vezes, de forma muito rápida na evolução da empresa e por esta razão pode esquecer de alguns pontos importantes juridicamente.

“Para ter um crescimento saudável no negócio é preciso se atentar no contrato social que será efetuado, acordo entre sócios, termos de uso, política de privacidade, contratos com fornecedores, parceiros e mentores de fora do Brasil, além de estar de acordo com a legislação de exportação do país de origem para o seu segmento e a de importação do mercado de destino, sem contar que é importante verificar aspectos da LGPD e da lei vigente no país para transferência internacional de dados e o seu tratamento”, finaliza Arthur.


Site pesquisa orçamentos de transportadoras e gera economia de até 125% em mudanças residenciais

Mudanças Econômicas simplifica e otimiza processo de cotação para quem vai mudar de lar; em 2018, ajudou mais de três mil pessoas.

Mudar de casa ou de apartamento dá trabalho. Além de encaixotar todos os pertences e separar a mobília que irá para o novo lar, também é exaustivo pesquisar inúmeros orçamentos para contratar a transportadora com o melhor custo-benefício e com garantia de que os itens vão chegar em segurança e sem avarias. Foi pensando em facilitar essa etapa que nasceu o Mudanças Econômicas, site que viabiliza gratuitamente a cotação em diversas empresas de transporte a partir de um único formulário.

“Muitas vezes as pessoas fecham o orçamento por indicação de conhecidos, sem ter noção dos preços praticados pelas outras empresas, e acabam pagando muito mais caro por isso. Ao fazer uma pesquisa é possível economizar até 125% em São Paulo e 83% no Rio de Janeiro”, exemplifica Wagner Cunha, que fundou a plataforma em 2004. Somente em 2018, ela facilitou a realização de 3.300 contratos.

Os principais fatores que influenciam na diferença de valores são a agenda das transportadoras, idade da frota e tamanho da equipe. Por isso, aquelas que possuem caminhões mais antigos e contam com funcionários ociosos podem apresentar propostas mais vantajosas. É possível, ainda, que diferentes clientes compartilhem o mesmo caminhão quando as origens e destinos são próximos e há flexibilidade nas datas de entrega – o que reduz o custo do frete, já que este será dividido.

A cotação no Mudanças Econômicas é simples: o usuário preenche no site todas as informações pertinentes à mudança, como endereço de saída e chegada, tipo de imóvel, data prevista e os itens a serem levados. Em seguida, o formulário é encaminhado para cerca de dez empresas, e os orçamentos são enviados por e-mail em até 48 horas. A partir daí a negociação é feita diretamente entre o cliente e o contato desejado.

Para garantir a segurança dos usuários, as transportadas parceiras são rigorosamente analisadas. É necessário atuar há no mínimo um ano e meio no mercado e toda a documentação é verificada, assim como a validade do CNPJ do requerente. O site conta com 43 empresas cadastradas em 13 estados do país, dentre eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal.

Sobre o Mudanças Econômicas
Site que facilita a cotação de orçamentos para mudanças com empresas de transporte a partir de um único formulário e possibilita o compartilhamento de caminhão quando os locais de origem e destino são semelhantes. A pesquisa otimizada pode proporcionar economia de até 125%. A plataforma conta com 43 empresas cadastradas e em 2018 contribuiu em mais de três mil mudanças.


Abertura de empresas cresce 11% em SC

Florianópolis lidera a lista, seguida por Joinville e Blumenau

Dados da Junta Comercial de Santa Catarina (Jucesc) apontam que o número de empresas criadas cresceu 11% em comparação com a média mensal de janeiro e fevereiro do ano passado.

O estado também foi o que mais criou vagas de emprego no país, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A retomada da economia no é reflexo da abertura de novos negócios. Em 2017, surgiram 88.740 empresas. Em 2018, outras 110.601. Hoje são quase 134 mil.

Grande parte desse resultado positivo se deve ao trabalho desenvolvido pelo Governo de Santa Catarina, com programas coordenados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.

ProdecInveste SC e o SC Bem Mais Simples, que possibilitará a abertura de empresas em até cinco dias úteis, estão entre eles.

“A diversidade cultural e produtiva, desenvolvimento territorial e humano e um extraordinário potencial de crescimento econômico são características que diferenciam nosso Estado e o colocam, por exemplo, como o segundo mais competitivo do país, já por dois anos consecutivos. Por isso, para nosso orgulho, temos em Santa Catarina os melhores indicadores sociais do Brasil”, avalia o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Lucas Esmeraldino.

Ranking por municípios 

Conforme levantamento da Jucesc, 13 cidades despontam no ranking com maior número de empresas ativas em 2019.

Florianópolis lidera a lista, seguida pelos municípios de Joinville, Blumenau, Itajaí e São José, respectivamente.

1- Florianópolis: 77.633

2- Joinville: 63.799

3- Blumenau: 44.030

4- Itajaí: 30.617

5- São José: 29.353

6- Balneário Camboriú: 24.766

7- Chapecó: 23.460

8- Palhoça: 20.545

9- Criciúma: 20.360

10- Jaraguá do Sul: 16.465

11- Lages: 15.994

12- Brusque: 14.814

13- Tubarão: 12.223


4 EMPREENDEDORES QUE CRIARAM GRANDES EMPRESAS EM MOMENTOS DE CRISE DO PAÍS

Bianca Laufer, fundadora da Greenpeople (Foto: Divulgação)

Como esses empresários aproveitaram momentos pouco atraentes das últimas três décadas para inventar seus negócios

Se fosse possível entrar em uma máquina do tempo e voltar 30 anos no passado, muita gente seria surpreendida pelo Brasil daquela época. É possível que alguns até pensassem que foram parar em outro lugar do planeta – algum canto remoto e esquecido – quando se compara a situação daqueles dias com o país de hoje. Afinal, em que pesem os problemas atuais, avançamos como nação em um mundo que ficou mais complexo, veloz, digital conectado.

Em 1990, por exemplo, quando a telefonia móvel fez sua estreia por aqui, no Rio de Janeiro, encerramos o ano com 700 aparelhos habilitados; hoje, temos 324 milhões de linhas de celular – mais de uma por habitante.

Rápidas também foram as mudanças de moeda durante esse período. Em menos de uma década, o país experimentou Cruzados, Cruzados Novos, Cruzeiro e Cruzeiro Real até chegar ao Real, em 1994. Um ano antes, a inflação tinha batido 2.477% por ano — surrealismo puro, se comparado ao índice atual, na casa dos 4%.

Desde 1988, PEGN é testemunha dessas transformações. A revista acompanhou períodos de bonança, como o crescimento acelerado que marcou parte dos anos 2000. Também esteve presente nos momentos agudos de crise, como no confisco das cadernetas de poupança no Plano Collor ou no racionamento de energia de 2001.

Ao longo dessa trajetória, o que fica claro é que mesmo as instabilidades não foram barreiras para gerações de empreendedores criativos, resilientes e ousados. Onde a maioria viu incerteza, eles enxergaram oportunidade. Acompanhe a seguir a história de quem criou grandes empresas em momentos pouco atraentes — e ajudou a construir o Brasil em que vivemos hoje.

Francisco Loschiavo, 54, sócio-fundador da CTI Global

“Quando abrimos as portas da CTI Global [especializada em soluções financeiras], em 1992, éramos apenas três jovens profissionais. Naquele momento de rescaldo da crise gerada pelo Plano Collor, apostamos em preços mais competitivos do que as gigantes do segmento.

Não demorou para que chegassem grandes clientes em busca de orçamento mais enxuto, devido à crise, mas que não abriam mão de soluções para analisar suas demonstrações financeiras em meio ao caos da hiperinflação. Não à toa, nosso primeiro carro-chefe foi uma ferramenta que expurgava a inflação dos demonstrativos. Dois anos depois, novas oportunidades surgiram com a estabilidade trazida pelo Plano Real.

Pela primeira vez, as empresas tinham condições de olhar adiante e planejar seu futuro, o que abriu caminho para o produto que até hoje é nosso campeão de vendas — um simulador financeiro que aponta alternativas com base nas perspectivas da economia. Hoje acrescentamos a ele novas tecnologias, como inteligência artificial.”

João Appolinário, fundador da Polishop

João Appolinário é presidente e fundador da varejista Polishop (Foto: Estadão Conteúdo)

João Appolinário é presidente e fundador da varejista Polishop

“O caminho natural seria suceder meu pai em seus negócios, no ramo de concessionárias de automóveis. Mas em meados da década de 90 eu já tinha detectado que a revolução digital mudaria o consumo. As pessoas estavam deixando de lado a lista telefônica para se aventurar pelas pesquisas online, o que me impulsionou a começar um negócio totalmente diferente do varejo tradicional.

Em 1999 fundei a Polishop, com o objetivo de levar qualidade de vida ao público por meio dos nossos canais de venda na TV [via call center] e na plataforma de e-commerce. Na época, 80% dos nossos produtos eram importados — uma operação que só se tornou viável com a queda de barreiras alfandegárias, a partir daquela década.

Outro aspecto determinante para o sucesso do negócio foi o fim da hiperinflação. Com a moeda estável e o cenário mais previsível, pude oferecer ao consumidor a condição de parcelar suas compras em dez vezes — algo incomum na época. Como resultado da oferta que cabia no bolso do brasileiro, cheguei a vender mais de 1 milhão de grills em menos de dois anos. 

O início da década seguinte foi marcado pela expansão dos canais de venda e da sinergia entre eles como parte da premissa do negócio. Em 2001, lancei os catálogos e, em 2003, as dez primeiras lojas físicas. Hoje, a marca já soma 286 lojas próprias, 145 mil parceiros de venda direta e 3,8 mil funcionários.”

Wilson Poit, 60, fundador da Poit Energia

Wilson Poit, empreendedor e fundador da Poit Energia (Foto: Rafael Jota)

Wilson Poit, empreendedor e fundador da Poit Energia

“Revendo minha trajetória, chega a ser uma ironia eu ter crescido em uma casa sem energia elétrica, no interior de São Paulo. Naquela época, nem sequer poderia imaginar que fundaria a maior empresa de geração de energia temporária da América Latina. A ideia nasceu quando fui mal atendido por um fornecedor de geradores. Como sou engenheiro eletricista, aquela experiência me mostrou que eu poderia oferecer algo muito melhor.

O primeiro passo foi dado em 1999, ao comprar um caminhão e um gerador para formatar um pacote de serviços completo, com transporte, instalação e plantão de profissionais especializados. Meu primeiro grande destaque no mercado veio durante um show no Parque do Ibirapuera, que depois me rendeu trabalhos na Fórmula 1, em novelas e filmes. O impulso final veio com a privatização das empresas de telecomunicação, que demandou geradores para alimentar torres de transmissão instaladas em locais onde ainda não havia rede fixa de energia.

A crise do apagão, em 2001, me rendeu bons negócios em partidas de futebol e em
shows — só autorizados se iluminados por geradores. As operações atraíram o interesse de alguns fundos, cujos investimentos impulsionaram a expansão da empresa. Em 2012, vendi o empreendimento por mais de R$ 400 milhões para a líder mundial do setor, a Aggreko.”


Romero Rodrigues, 41, fundador do Buscapé

Ensaio 30 Anos de PEGN - ROMERO RODRIGUES 41 ANOS COFUNDADOR DO BUSCAPÉ E SÓCIO DO FUNDO REDPOINT EVENTURES (Foto: Samuel Esteves)

Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé

“O início do site de comparação de preços Buscapé, em 1999, foi completamente diferente do que eu e meus três sócios imaginávamos. A gente achava que a parceria com o varejo ia estourar; na prática, fomos recebidos com ameaças judiciais. A última coisa que o comércio queria era ter seus preços expostos e sujeitos a comparação. Por outro lado, fomos surpreendidos com o assédio de fundos de venture capital.

Estávamos conversando com o banco Merrill Lynch quando a bolha da internet estourou, em 2000. Ainda assim, assinaram um acordo conosco. Um ano depois, diante da quebradeira das empresas pontocom, veio o ultimato: ou alcançávamos o ponto de equilíbrio em 12 meses, ou deveríamos fechar.

O jeito foi partir para cima das lojas e cobrar pelo tráfego que já estávamos gerando, além de licenciar nossa tecnologia de busca. Deu certo: o crescimento triplicou ano após ano, até que, em 2009, a sul-africana Naspers nos comprou por US$ 342 milhões.”

Thomaz Srougi, 42, fundador do dr.consulta

“A empresa nasceu da minha experiência pessoal com a medicina. Venho de uma família de médicos e cresci vendo meu pai  trabalhar por longas horas, sem receber uma remuneração justa. Ao mesmo tempo, via a realidade dos pacientes e desejava investir em um negócio que fosse tão ou mais eficiente que o sistema privado, além de acessível para um número maior de pessoas.

A primeira clínica que abri foi dentro da comunidade de Heliópolis [a maior da América Latina], em São Paulo, em 2011. Ali pude ver de perto quais eram as necessidades de quem se via à mercê do SUS [Sistema Único de Saúde]. Essa busca por mais qualidade nos serviços essenciais — em especial de saúde — é justamente um dos anseios da nova classe C, cuja renda aumentou ao longo dos anos.

O que explica nosso crescimento atual, mesmo com a recessão, é a consolidação da marca junto à população que não tem plano de saúde — ou seja, 77% dos brasileiros. Entre eles, estão aqueles que perderam seus planos nos últimos anos, o que nos permitiu mais recentemente alcançar também as classes A e B.”

Bianca Laufer, fundadora da Greenpeople (Foto: Divulgação)

Bianca Laufer, 45, fundadora da Greenpeople

“Nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar ter o Luciano Huck como sócio quando, em 2014, comecei a Greenpeople na cozinha da minha casa. A ideia de fabricar sucos prensados a frio começou de forma despretensiosa, depois que conheci essa tecnologia durante uma viagem de férias ao Havaí. No início, vendia só para as amigas.

Depois comecei a investir na divulgação para parceiros que tivessem sinergia com a marca — voltada para as classes A e B —, como empórios, academias, lojas de produtos naturais, personal trainers e nutricionistas.

O segredo estava na degustação dos sucos, que em 2015 tiveram a sorte de cair nas graças de artistas durante um evento da nutricionista Andrea Santa Rosa, esposa do ator Márcio Garcia. Os posts dos famosos nas redes sociais foram o impulso que faltava para a marca deslanchar. Em algum momento, até cheguei a temer que o movimento fitness fosse só uma moda, mas as tendências ao redor do mundo mostram que ele veio para ficar.

A entrada gradual de vários outros sócios-investidores, como o próprio Luciano, foi fundamental para expandir a produção. Nosso mais recente investimento, de R$ 50 milhões, foi a inauguração de uma nova fábrica, em agosto deste ano. Pode parecer ousadia, mas sabemos que é justamente nas crises que surgem as melhores oportunidades de negócio.”


Hisnëk desenvolveu um benefício corporativo de saúde e bem-estar

Criada pela economista Carolina Dassie, a healthtech quer garantir às empresas times mais saudáveis e produtivos

Manter hábitos saudáveis e uma rotina equilibrada não são tarefas fáceis quando se trabalha. A realidade brasileira preocupa em ambientes corporativos: nove em cada dez profissionais no mercado de trabalho nacional sofrem de ansiedade, segundo dados da última pesquisa realizada pela Isma-BR, enquanto 47% apresentam algum grau de depressão. É neste cenário que atua a Hisnëk, a primeira startup a desenvolver um benefício corporativo que contempla diversos serviços de saúde e bem-estar.

O modelo de negócio, fundado em 2014 pela economista Carolina Dassie, funciona em cinco grandes pilares, todos com o intuito de melhorar a qualidade de vida. A empresa realiza a curadoria de lanches saudáveis, com 22 opções enviadas mensalmente aos colaboradores, garante orientação nutricional online, além de oferecer conteúdo de saúde mental para os funcionários e a triagem de educadores físicos que podem auxiliá-los na escolha da atividade física mais adequada para seus objetivos.

Os serviços fazem parte de um conjunto de iniciativas que integram ações preventivas e curativas para indivíduos ou comunidades. De acordo com o Ministério da Saúde, a atenção primária nas empresas, responsável por incorporar essas atividades, pode resolver aproximadamente 80% dos problemas de saúde da população.

Na mesma linha, Carolina explica que, a médio e longo prazo, uma alimentação mais saudável e a prática regular de atividades físicas podem reduzir significativamente os gastos com seguro saúde e as taxas de absenteísmo que, para 75% dos profissionais de RH, têm um alto impacto na produtividade e na receita, de acordo com um estudo realizado pela Kronos.

Já uma pesquisa feita pela Towers Watson com 900 empregadores de diferentes continentes revela que há uma forte relação entre programas de bem-estar e produtividade. O estudo comprova que organizações de alta eficácia e com iniciativas de bem-estar sofreram 17,5% menos ausências não previstas.

Todos os serviços estão disponíveis no site da empresa e os beneficiários podem escolher cinco estilos de boxes de lanches saudáveis: Kids, ideal para montar a lancheira das crianças; Free, para intolerantes à lactose e celíacos; Classic, que agrada todos os gostos; sua versão Mini, em quantidade reduzida, além da HisnëkZero, totalmente sugar free.

As caixas são compostas por opções para todos os dias úteis do mês, totalizando 22 itens, selecionados cuidadosamente pelos especialistas da Hisnëk. Para integrar os boxes, os alimentos escolhidos devem seguir os critérios da equipe, como não conter gorduras trans ou hidrogenada e aditivos químicos e ter a porcentagem de açúcar, sódio e gordura controlada.

Todos os meses a Hisnëk faz diferentes combinações dos produtos que compõem as caixas, garantindo lanches sempre novos, de marcas conhecidas no mercado e referência em alimentação saudável.

A Hisnëk está presente em todo o Brasil e cobre 70 mil vidas de funcionários de gigantes como DASA, Alelo e Nokia. A healthtech já recebeu duas rodadas de investimento, totalizando o valor de R$ 360 mil.

Sobre a Hisnëk

A Hisnëk é a primeira startup a desenvolver um benefício corporativo que contempla diversos serviços de saúde e bem-estar para colaboradores. Fundada em 2014 pela economista Carolina Dassie, realiza a curadoria de lanches saudáveis, garante orientação nutricional online pelo time de nutricionistas, além de oferecer conteúdo de saúde mental para os colaboradores e a triagem de educadores físicos que podem auxiliar os funcionários na escolha da atividade física mais adequada para seus objetivos.

A Hisnëk seleciona, cuidadosamente, cada produto que compõe as caixas enviadas mensalmente aos colaboradores, sendo livres de gorduras trans ou hidrogenada e de aditivos químicos, e com porcentagem de açúcar, sódio e gordura controlada. A equipe ainda trabalha na rotatividade dos itens que compõem cada box para sempre haver boas novidades no lanche da tarde.


Setor de serviços deve ter expansão em SC, em 2019

Relatório produzido pelo Sebrae aponta que empresas desta área serão beneficiadas pela estabilidade da economia

Um relatório produzido pelo Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra que o setor de serviços deve observar uma expansão neste ano. Segundo o levantamento, intitulado "Negócios promissores para 2019", isso se deve principalmente à perspectiva de que a economia pode se estabilizar e registrar crescimento neste ano.
Conforme o Sebrae, essas condições dão fôlego a empresas desse setor, em especial àquelas que investem na prestação de serviços pessoais, como salões de beleza, restaurantes, assistências médicas a domicílio, entre outras. Com a economia estável, as pessoas tendem a investir mais em si e se dão ao luxo de gastar com serviços.
PUBLICIDADEOutro setor que deve ser beneficiado é o que produz itens como alimentos, vestuário, artigos de limpeza e higiene pessoal.
No campo, a área de alimentos tende a lucrar com a expectativa de uma supersafra que deve ser colhida nos campos catarinenses.
Além do crescimento econômico, existe a possibilidade de que as taxas de juros e a inflação sigam estáveis. Da mesma forma, com o câmbio alto, companhias que investem na exportação devem apresentar bons lucros, graças à diferença monetária.
No mercado exportador, o Sebrae avalia que as empresas dos ramos de madeira serrada, móveis, vestuário e calçados podem ser os principais destaques. Isso vale também para as micro e pequenas empresas que atuam nesses setores.

Incentivo aos empreendedores

O diretor superintendente do Sebrae, em Santa Catarina, Carlos Henrique Fonseca, explica que a pesquisa tem como objetivo não só apresentar boas perspectivas aos empresários que já estão atuando, mas também incentivar novos empreendedores a buscar oportunidades em áreas com mais chances de sucesso.
Ele lembra que, no Brasil, 98% dos negócios registrados são micro e pequenas empresas e que a retomada do crescimento passa, necessariamente, pela saúde financeira dessas companhias.
— Em 2018, a maioria dos empregos foi gerada pelas micro e pequenas indústrias — diz Fonseca.
Conforme o diretor do Sebrae, a retomada nas contratações também tende a melhorar o mercado como um todo, já que a renda média das famílias deve aumentar.
— Aumentando a renda média e diminuindo o desemprego, com maior número de pessoas no mercado de trabalho, aumenta a demanda de consumo das famílias.
Para o setor industrial, a perspectiva do Sebrae é positiva, não só para quem produz, mas também para quem presta serviços a esses negócios, como empresas de manutenção de equipamentos, terceirização de funcionários, entre outros. O mesmo deve acontecer no agrícola.
— Com a renovação dos processos produtivos, as empresas vão terceirizar mais os serviços. No futuro, os jovens vão também ter que se cadastrar como microempreendedores individuais, terão que gerar o próprio emprego — afirma.
Outro ponto defendido por Fonseca é a tendência de que a economia mundial apresente crescimento em 2019.
— As projeções vislumbram o crescimento da economia mundial. Uma oportunidade grande de crescimento internacional e da atração de investimento para o Brasil — diz, ao ponderar que a estabilidade cambial deve favorecer aos dois lados nessa balança.

Veja lista de áreas que devem ser tendência em 2019

Serviços pessoais
Assistência a paciente no domicílio, restaurantes e similares, cabeleireiros, manicure e pedicure, instalação e manutenção elétrica, fotografia, lavagem/lubrificação/polimento de veículos, serviços de alinhamento e balanceamento de veículos, casas de festas e eventos.
Serviços prestados às empresas
Serviço de apoio administrativo, serviço de entregas, marketing direto, promoção de vendas, organização de feiras, congressos e festas.
Serviços nas áreas de transporte, saúde e educação
Treinamento/desenvolvimento profissional, transporte escolar, transporte de carga, serviço de transporte de passageiro, ensino de arte, outras atividades de ensino, serviços de diagnóstico por imagem, educação infantil (creche), instituição para idosos, atividades de fisioterapia, atividades de condicionamento físico, atividade ambulatorial (exames).
Serviços de informática e comunicação
Serviço de comunicação multimídia, desenvolvimento de programas de computador, provedores de conteúdo, reparação de equipamentos de comunicação
Serviços de apoio à agropecuária
Manutenção e reparação de máquinas agrícolas, serviços de agronomia e de consultoria de atividades agrícolas e pecuárias, atividades veterinárias
Bens que atendem às necessidades básicas da população
Produtos de padarias/confeitarias, material de construção, alimentos preparados, comércio de hortifrutigranjeiros, comércio de alimentos em geral, comércio de bebidas, comércio de vestuário, calçados e pequenas obras/construções (obras de alvenaria, instalação e manutenção elétrica).


Franquia brasileira leva açaí para o outro lado do mundo

Açaí da franquia Oakberry

© Oakberry Açaí da franquia Oakberry

Criada há dois anos, a franquia de açaí Oakberry tem planos agressivos para levar a fruta brasileira e seus toppings para mercados estrangeiros. Depois de chegar a Miami e Orlando, nos Estados Unidos, ela acaba de desembarcar na Austrália, em busca de surfistas e consumidores de alimentos saudáveis.

A Oakberry foi criada em 2016, por Georgios Frangulis, para explorar o nicho de fast food de alimentação saudável. Ela conquistou tanto quem opta por refeições saudáveis quanto quem prefere doces com suas mais de 15 opções de complementos, que vão de banana e leite ninho a mel orgânico, chia e whey protein. A empresa espera fechar o ano com faturamento de 30 milhões de reais. 

Depois de chegar a quase 100 lojas no Brasil, a Oakberry deu início à sua estratégia internacional. Desembarcou nos Estados Unidos em julho de 2018, com uma unidade em Orlando, na Flórida. Em novembro, abriu uma loja em Miami.

A empresa escolheu a Austrália para continuar sua expansão internacional e abriu uma unidade na Bondi Beach, praia próxima a Sydney. “O açaí já é conhecido como um “super alimento”, cheio de benefícios, e o país está aberto a experimentar tendências mundiais”, afirma Frangulis.

De acordo com ele, assim como no Brasil o açaí foi trazido para os grandes centros urbanos por surfistas, a mesma experiência pode ser observada no país, do outro lado do mundo.  Além disso, o poder financeiro da população na Austrália é maior que no Brasil, o que amplia o acesso a produtos diferentes.

Inaugurada no início de dezembro, a unidade do outro lado do mundo foi um sucesso. A média de vendas foi de cinco mil “bowls”, ou cumbucas, por dia. Essa média foi quase o dobro comparando com a inauguração da primeira unidade no Brasil, em 2016, e maior que a média brasileira, de 4,5 mil vendas mensais.

As lojas no exterior foram abertas por franqueados brasileiros e estrangeiros que entendem do setor de alimentação em cada mercado. O açaí que vai para os Estados Unidos ou Austrália é fabricado pelo mesmo fornecedor brasileiro. Para levar o produto fresco aos outros países, ele é congelado já ao sair da fábrica. Dessa forma, a validade pode chegar a 12 meses.

A operação internacional já era um desejo de Frangulis, que começou a pensar no negócio enquanto estava nos Estados Unidos, em 2015. Na época, o empresário investia em imóveis na Flórida, mas abandonou o negócio com a crise econômica brasileira e a consequente desvalorização do real.

“Vendi o que tinha na Flórida e fui para a Califórnia para procurar oportunidades de investimento no mercado americano”, conta. “Tentei abrir a empresa por lá, antes mesmo de pensar no Brasil, porque a Califórnia é um centro formador de opinião, principalmente no ramo da alimentação”, diz.

Embora empreender nos Estados Unidos seja menos burocrático e mais valorizado, foi um desafio convencer os proprietários de imóveis do país a alugarem um espaço para a empresa em formação.

O empreendedor optou por abrir sua primeira unidade em seu país natal, em São Paulo, em 2016. Hoje, a operação da Oakberry chegou a 98 unidades, 70 delas quiosques, concentradas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

“A expansão foi rápida e fomos aprendendo a melhorar o negócio ao mesmo tempo em que tudo acontecia. Mas hoje temos certeza que estamos estruturados para chegar mais longe”, diz o presidente da empresa.

Mesmo com planos internacionais, ele acredita que ainda há muito espaço para o crescimento da Oakberry no Brasil. “Só cerca de 1% da população consome açaí, então há muito mercado para ser conquistado”, diz o presidente.

No início do ano, a empresa abriu suas primeiras unidades na região Sul, no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, no Shopping estação Curitiba e no Shopping Beiramar, em Florianópolis. Deve expandir para o Norte e Nordeste a partir de março.

A empresa buscou consultorias especializadas para encontrar os melhores pontos comerciais, já que no Sudeste as unidades se concentram em shopping centers e, em outras regiões, lojas de rua fazem mais sentido.

Dificuldades

A Oakberry não é a única a tentar empreender fora do Brasil. Nos últimos anos, houve um crescimento de 20 a 25% na expansão de negócios brasileiros de alimentação aos Estados Unidos nos últimos anos. Mas várias dessas empresas também abandonaram o país.

O investimento alto, flutuação do câmbio e a concorrência com restaurantes estabelecidos prejudicaram os sonhos internacionais de alguns empreendedores.

As redes brasileiras de restaurantes Madero, Paris 6 e Coco Bambu fecharam suas unidades na cidade, que haviam sido abertas há pouco tempo.

Frangulis diz que desconhece quais foram os problemas de suas concorrentes, mas afirma que muitas empresas que buscam empreender nas praias de Miami desenvolvem seus negócios pensando nos brasileiros que moram no exterior, ao invés do público local. “Abrir um negócio para brasileiros em Miami não faz sentido, tem muito mais brasileiros no Brasil”, diz.

Por isso, ele acredita que a Oakberry pode ter sucesso em outras terras, já que a marca foi criada de olho no exterior desde o início. “Nosso negócio oferece uma refeição saudável, rápida e padronizada, que faz sentido para o modelo internacional”, afirma.

Mas, depois dos fracassos que empresas brasileiras enfrentaram no exterior, no último ano, a Oakberry deverá provar que é possível investir em alimentação fora do Brasil – e sobreviver.

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O cheiro mágico do queijo

Acari Manestrina criou uma região produtora de leite e ergueu a maior indústria de queijos nobres do Brasil

“Meu filho, come a polenta e o queijo só cheira.” O menino Acari Menestrina perdeu o pai quando tinha apenas quatro anos, mas nunca esqueceu essas palavras que marcam até hoje a sua vida. Na modesta casa de madeira, em Rio dos Centros, no Oeste de Santa Catarina, onde nasceu, começou a estudar, formou-se em técnico agrícola, plantou pastagem, comprou uma, duas, dezenas e centenas de vacas leiteiras. Ergueu primeiro a Cedrense e depois a Gran Mestri, hoje a maior e mais qualificada indústria de queijos nobres do país. Apoiou outros produtores em toda a região Oeste e formam hoje uma das maiores bacias leiteira do país, com uma produção diária que supera 10 milhões de litros, mais que todo o Uruguai, que sempre foi um país de referência na produção leiteira na América Latina e no mundo. “Tenho leite no sangue e o que me motiva é produzir queijos de alta qualidade”, revela o empreendedor Acari Menestrina ao “abrir o seu coração”.

Agora em dezembro inaugurou uma nova fábrica, junto ao atual complexo industrial, para a produção dos queijos Provolone e Gorgonzola. Já está com toda a base pronta para produzir também o nobre queijo Roquefort (do leite de ovelha) e o Muçarela de búfala, um queijo leve que está sendo muito consumido em todo o país.

A ORIGEM

Com o falecimento precoce do pai, o então menino Acari dividia o tempo entre os estudos e o auxílio aos avós nas atividades do campo, enquanto a mãe trabalhava na cidade. Assim nasceu a paixão pela lida rural. A busca por conhecimento especializado iniciou no Colégio Agrícola de Camboriú, onde se formou técnico agrícola em 1975. Na ocasião, foi premiado com a medalha de melhor aluno de Zootecnia.

No ano seguinte, passou no concurso da respeitada Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (Acaresc), atual Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Depois do treinamento em Florianópolis, foi designado para um estágio no Extremo Oeste catarinense, no município de Itapiranga. Passados 40 dias, a próxima missão foi como extensionista de crédito em São Miguel do Oeste. Dois meses depois, assumiu o escritório municipal da então Acaresc, em Guarujá do Sul, também no Extremo Oeste catarinense.

Acari conta que a sua ida para Guarujá do Sul foi o maior desafio que assumiu na vida. “Cheguei em Guarujá do Sul determinado a ser número ‘1’. Entrei de corpo, alma, mente e espírito porque tinha tudo a ser feito ali. Na época, não tinha estradas, havia algumas casas de madeira apenas, não tínhamos telefone ou televisão e a energia elétrica era fornecida até às 22h”, lembra . Juntamente com o prefeito e o padre, Acari Menestrina se tornou uma autoridade do município.

AS DIFICULDADES

As dificuldades eram gigantescas, recorda o empreendedor, mas para ele tudo era novidade. “Implantei a primeira lavoura irrigada na região, o primeiro biodigestor, o primeiro viveiro florestal e a primeira pocilga de alvenaria com piso ripado, por exemplo”, conta Menestrina. Foram oito anos de trabalho com grandes transformações na área rural do Extremo Oeste.

Mas o visionário empreendedor enxergava ainda um grande potencial ali: queria transformar a região em uma das maiores bacias leiteiras do Brasil. “Me chamavam de louco. Mas aproveitei que eu tinha um programa de rádio, chamado Gente do Campo, e comecei a defender o projeto. Os produtores não tinham leite nem mesmo para o consumo da família”, destaca.

Em 1982, Menestrina deixou a extensão rural para se dedicar ao projeto que mudaria sua vida. Foram mais de mil reuniões com produtores rurais. “Eu trouxe as primeiras vacas das raças Holandesa e Jersey, fiz a primeira pastagem de inverno com aveia e azevém e trouxe o primeiro aparelho de cerca elétrica”, lembra.

HORA DE EMPREENDER

Em 1990, criou a empresa Cedrense, cujo nome homenageava seu município de origem (Rio dos Cedros) e a cidade sede da indústria (São José do Cedro). Diariamente, 1 milhão de litros de leite eram transformados em mais de 80 produtos, em oito unidades industriais. A fábrica já tinha se tornado uma referência nacional.

Ainda insatisfeito, Menestrina visitou mais de 500 laticínios em 30 países da Oceania, que é modelo de produção de leite no mundo, além de indústrias de lácteos na Europa e Mercosul. A partir do que viu, trouxe toda a tecnologia e tendências do setor. Foi aí que o industriário tomou uma decisão. “Percebi que a tendência era de que as commodities ficariam sob o comando de duas ou três empresas nacionais. Foi aí que resolvi buscar tecnologias italianas para fabricar os queijos mais nobres do mundo, aqui em Santa Catarina. Assim nasceu a Gran Mestri Alimentos que atualmente é referência na produção de queijos duros na América Latina”, relembra.

Hoje a produção de leite é a principal fonte de renda para 805 famílias da região. “Sinto muito orgulho de ser o pai da bacia leiteira do Oeste catarinense porque transformou a região. E a base de tudo foi a extensão rural que me ensinou a ser organizado ao extremo. Ser extensionista rural foi o meu grande diferencial como empresário”, avalia.

Acari Maestrina organizou, em 2008, uma missão técnica para Nova Zelândia. O grupo foi composto por 15 pessoas do setor público agrícola, empresários do setor lácteo, consultores, professores, pesquisadores e extensionistas de Santa Catarina. O objetivo era conhecer a bovinocultura de leite, ovinocultura (carne, lã e leite) e todas as tecnologias envolvidas nas cadeias produtivas desses setores, principalmente o cultivo de manejo de pastagens.

A bagagem voltou cheia de informações, mas a principal é a necessidade de melhorar a comida para os animais tratando as pastagens como lavouras. Com alimentação de maior qualidade, o resultado só poderia ser a excelência do leite e, consequentemente, do produto final. Foi assim que Menestrina constituiu um pedaço da Nova Zelândia aqui no Brasil.

NOVA OUSADIA

Sopramonte significa “sobre os morros” e é um povoado de Trento, no Norte da Itália. Foi dessa localidade que vieram os ancestrais da família Menestrina. Sopramonte também é o nome do mais recente empreendimento do industriário. Trata-se de uma área de 200 hectares, na linha Tope da Serra, no município gaúcho de Erval Grande, na divisa com o estado catarinense, destinada à produção de pastagens irrigadas. A intenção é produzir leite com alta qualidade e baixo custo. As sementes foram trazidas da Nova Zelândia.

Na Fazenda Agro Sopramonte também está em desenvolvimento a genética para a produção de leite de ovelha e de búfala para, futuramente, produzir os queijos Roquefort e moçarela de búfala – a fábrica já está pronta para essa produção. Também há área de terra destinada ao cultivo de nozes pecã e de oliveiras com a pretensão de oferecer ao mercado o azeite extravirgem prensado a frio. A fazenda também é responsável pelo reflorestamento que atende às necessidades da Gran Mestri, produção de erva-mate, essências nativas e possui o primeiro viveiro regional de eucaliptos.

TRAJETÓRIA

A trajetória de trabalho e conquista já rendeu mais de 100 prêmios e menções ao empreendedor Acari Maestrina. “Sempre digo que aproveitei, não deixei passar nenhuma oportunidade. O importante é treinar, treinar, treinar. Estar constantemente atualizado e em busca de inovação”, completa.


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