Quer empreender nos EUA? Veja os passos e histórias de sucesso

EXAME.com conversou com especialistas e seis brasileiros que foram abrir negócios nos Estados Unidos para formular um guia de como empreender no país.

Você provavelmente ouviu esta história há alguns anos: um conhecido comprou um imóvel nos Estados Unidos, talvez no estado da Flórida, como uma forma de investimento para o futuro. O ano era 2011; uma época de dólar valia pouco mais do que o real. Com o passar dos anos, você viu a moeda americana se valorizar cada vez mais – e aquele conhecido lucrou muito ao vender o imóvel de antes.Agora, a situação é diferente. Não só a alta do dólar freia o investimento imobiliário, mas o perfil de brasileiro que coloca dinheiro nos Estados Unidos mudou: esse empreendedor não quer apenas investir, mas sim fazer as malas e se mudar, junto com o negócio, para os EUA.Segundo dados do consulado americano em São Paulo, o investimento brasileiro nos Estados Unidos aumentou 89% nos últimos cinco anos – e a tendência é que os aportes continuem a crescer.
Nos últimos anos, o aporte dos criadores de negócios brasileiros cresceu especialmente por conta do quadro de crise econômica: eles perceberam que precisam diversificar seus mercados.
“É fundamental para qualquer governo fomentar a produtividade econômica – e uma parte importante de tal fomento é atrair investimentos internacionais, sejam eles simplesmente capital ou boas ideias de negócio”, afirma Ricardo Zuniga, cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, em entrevista para EXAME.com na Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham).Nos últimos anos, o aporte dos criadores de negócios brasileiros cresceu especialmente por conta do quadro de crise econômica: eles perceberam que precisam diversificar seus mercados. “Ao entrar nos Estados Unidos, eles ganham tanto um enorme mercado quanto uma receita em dólares – o que é um hedge natural para a recessão brasileira”, analisa Pedro Drummond, da consultoria Drummond Advisors.Mas só a fuga da crise não justifica a decisão de se mudar completamente – incluindo todo o processo de imigração do Brasil. Manuel Mendes, especialista em estratégia pela Universidade Harvard e executivo da consultoria Boston Innovation Gateway, elenca diversos outros motivos empresariais para apostar no país.“Do ponto de vista da empresa, temos o fato de os Estados Unidos serem um país claro e estável quanto à legislação de investidores e negócios. Também são um polo de atração de mentes brilhantes e de transferência tecnológica, o que é uma vantagem na hora de contratar”, explica Mendes.“Além disso, os EUA são um país com grande potencial de mercado: investir em um nicho pode significar atender praticamente um país, pensando em números de consumo. Quando o negócio consegue vencer nessas condições, ele automaticamente valoriza sua marca no Brasil. Isso é especialmente notado em alguns setores, como moda.”Não há como descartar também fatores ligados à própria vida do empreendedor: é comum ouvir histórias de quem se mudou buscando uma melhor educação profissional ou melhores condições de vida para sua família. Ou, simplesmente, identifica-se mais com a cultura dos Estados Unidos, inclusive ao fazer negócios.

O passo a passo para abrir um negócio nos Estados Unidos

1 — Procure ajuda especializadaAssim como existem casos de brasileiros que fizeram sucesso em terras estadunidenses, existem casos de fracasso retumbante. Se você realmente quer empreender nos Estados Unidos, o primeiro passo é procurar programas especializados de apoio à imigração.Felizmente, há diversas iniciativas federais, estaduais e municipais de apoio a quem quer abrir um negócio no país. O SelectUSA, por exemplo, é o maior programa nesse sentido: feito por iniciativa governamental, é um agregador de consultorias e contatos de mercado de diversas regiões e setores estadunidenses, públicos e privados.“O SelectUSA é o primeiro ponto de contato para que os empresários identifiquem em qual mercado irão atuar. A partir daí, indicamos programas, agências e câmaras de comércio correspondentes ao tipo de negócio”, diz o cônsul-geral Ricardo Zuniga.As legislações de cada estado variam muito: algum deles pode ser um polo de atração do seu futuro mercado ou, por outro lado, pode oferecer incentivos fiscais para que você seja pioneiro na região.Enquanto os Estados Unidos oferecem programas de atração de investimentos, o governo brasileiro possui programas de expansão internacional. Segundo Drummond, o principal órgão nesse sentido é a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).2 — Tenha a ideia de negócioO primeiro cuidado que o futuro empreendedor deve ter é justamente identificar uma ideia de negócio e ter uma estratégia clara de como será sua entrada no mercado. Isso envolve entender claramente quais são suas vantagens competitivas, em relação aos negócios já estabelecidos nos Estados Unidos.“Lembre-se de que um diferencial no curto prazo, como preços baixos por conta de a matéria-prima ser cotada em reais, é algo de curto prazo. Invista em outros aspectos, como um bom pós-venda, capacidade de inovação ou produto de qualidade”, ressalta Mendes.Segundo o consultor, muitos recorrem a empreendimentos já testados, como as franquias, para reduzir o tempo dessa curva de aprendizagem.3 — Faça um plano de negócios convincenteSegundo o cônsul-geral Ricardo Zuniga, é importante ter um plano de negócios estruturado antes de começar negociações e fazer as malas para os Estados Unidos. É preciso mostrar que você possui a capacidade, estrutural e financeira, de arcar com essa operação internacional.“O primeiro passo é fazer um planejamento tributário: entenda qual o custo de fazer negócios lá. O sistema de impostos dos Estados Unidos pode, por exemplo, alterar a margem de lucratividade que você possui hoje no Brasil”, explica Drummond.Depois, vem o planejamento societário: um gestor será responsável apenas pela operação americana ou todos irão administrá-la? Como será a divisão das participações?4 — Entenda as especificações de vistoNo aspecto migratório, entra uma questão que costuma gerar dúvidas: dá para empreendedor com o mesmo visto que se usa para viajar para negócios ou para lazer?Antes, é preciso saber que os vistos americanos se dividem por categorias. Os vistos mais importantes para empreendedores são os de categoria B, que servem para visitas de negócio e de lazer; e os de categoria L, para transferência de executivos com conhecimento especializado.O principal visto das empresas que expandem é o L1, que é o de transferência de empresário – é preciso que ele esteja na empresa brasileira há mais de um ano, alerta Drummond.Mas dá para empreender com o mesmo visto que você usa para viajar ou para fazer reuniões executivas, por exemplo? Apenas se o seu negócio estiver no plano das ideias.“Há atividades que se podem ser feitas através de um visto comum, o B1 ou o B2, como reuniões. Mas, para estabelecer a presença de uma pessoa física nos Estados Unidos e levar à cabo o negócio, é preciso obter outros vistos. Temos várias formas de fazer isso, então é importante consultar especialistas. Essa é a parte inicial para o estabelecimento de uma empresa”, diz Zuniga.Essas formas podem ir desde o visto L1 até a obtenção do desejado “green card”: a residência permanente em solo americano. Além de familiares, pedidos de asilo e sorteios aleatórios entre solicitantes, é possível consegui-lo por meio da comprovação de trabalho ou atividade produtiva nos Estados Unidos.Para essa categoria, chamada de EB-5, é necessário investir 500 mil dólares (cerca de 1,5 milhão de reais, pela cotação atual) em áreas prioritárias pré-estabelecidas ou 1 milhão de dólares (cerca de 3 milhões de reais) em qualquer região, além de criar ao menos 10 empregos diretos no prazo de dois anos. Segundo Mendes, esse é um dos vistos menos buscados – compreensivelmente, diante do tamanho do investimento necessário.5 — Vá ao mercado!Uma dica simples: depois de todo esse processo, que pode levar vários meses, é a hora do famoso “go to Market”.Caso você ainda não tenha feito seu mínimo produto viável na etapa do plano de negócio, contate seu público-alvo e faça uma pesquisa prévia de aceitação do produto ou serviço.Então, fale com parceiros comerciais e lance o MVP. Caso a aceitação seja novamente positiva, é hora de investir na implantação do empreendimento nos Estados Unidos (o que pode incluir aportes vultosos, como a construção de uma fábrica, por exemplo).Achou tudo isso muito complicado? Então, inspire-se com as histórias de quem está no caminho ou já conseguiu ser bem sucedido em solos estadunidenses:

Franquias e licenciamentos made in Brazil

Como comentamos anteriormente, apostar em negócios franqueados ou licenciados pode ser uma forma de empreender nos Estados Unidos com maior segurança, por ter incluída a experiência de um sucesso anterior – o do franqueador ou licenciador da marca.Mas e quando empreendedores brasileiros fazem tanto sucesso que fundam tais modelos para outros aspirantes – inclusive americanos? Veja alguns casos:Adapte-se (de verdade) ao mercado estadunidensePillar Desouza conhece bem os Estados Unidos: sua família foi ao país quando ela tinha seis anos de idade, nos anos 2000. Seus pais eram empreendedores e queriam dar mais oportunidades e segurança para a família.Na hora de criar um negócio, inspirou-se nos sabores das frutas europeias (e, depois, brasileiras).“Fiz uma viagem com meus pais para a Europa em 2010, e sempre fui apaixonada por milk-shakes. Provamos muitos deles lá, especialmente na Itália. Já de volta, tomei um milkshake em Nova York e percebi como os sabores eram ruins e sem variedade, em comparação. Então, abri minha própria loja, em Boston”, conta.A I Love Milkshakes abriu em novembro de 2013, enquanto Desouza estava no segundo ano da faculdade de administração. Ela investiu entre 80 e 100 mil dólares, com a ajuda dos pais empreendedores (entre 240 mil e 300 mil reais, aproximadamente).O diferencial do empreendimento, segundo Desouza, é o foco na qualidade de vida e nos sabores únicos: o cliente pode customizar o milkshake do jeito que quiser, com as frutas batidas na hora. “Isso veio muito do Brasil. Lá, os sucos e sorvetes costumam ser feitos com a polpa. Aqui é tudo muito à base de caldas industrializadas”, explica.O maior desafio da empreendedora foi a elaboração de um cardápio adaptado aos estadunidenses – manter seu diferencial, mas sem simplesmente copiar o que ela viu em outros países.“A marca e o produto passarão por um procedimento demorado de adaptação: é preciso entender exatamente quais as demandas e oferecer itens condizentes. Nessa hora, é importante contatar uma empresa de consultoria do estado em que você vai atuar”, recomenda.Na I Love Milkshakes, há hoje sabores típicos do Brasil, como açaí e maracujá. Outros são misturas brasileiras e estadunidenses, como o milkshake de banana com Nutella.O sucesso foi tanto que Desouza abriu uma unidade da I Love Milkshakes em Vitória, no Espírito Santo. A filial brasileira é administrada pelo tio da empreendedora.O negócio também começou a planejar a expansão por franqueamento, no ano de 2015. “Eu vi que tinha um grande potencial de crescimento na área de milkshakes, além de a operação ser simples.”O primeiro quiosque irá abrir este mês, também em Boston. “Iremos avaliar os resultados da primeira unidade antes de atender os outros pedidos de franqueamento. Talvez, no meio do ano, comecemos a vender outras franquias”, diz Desouza.O investimento de uma unidade franqueada fica entre 150 e 250 mil dólares (entre 450 mil e 750 mil reais), variando entre os formatos quiosque e loja, e o prazo de retorno é de 24 meses.A I Love Milkshakes faturou 400 mil dólares (cerca de 1,2 milhão de reais) em 2016. Para 2017, o empreendimento pretende atingir um faturamento de 500 mil dólares (1,5 milhão de reais), no mínimo.
I Love Milkshakes

Loja da I Love Milkshakes, nos Estados Unidos

Inove ou feche as portasÉ o caso do italiano naturalizado brasileiro Federico di Franco, por exemplo. Em 2014, ele se mudou com a família para os Estados Unidos. “Fomos de São Paulo para Miami e montamos um negócio em cerca de cinco meses: a Bianco Gelato, que produz sorvetes artesanais tanto para lojas próprias quanto outros pontos de venda”, explica di Franco.O empresário conta que queria dar uma experiência diferente da vivida no Brasil para sua família. Mesmo assim, houve também uma razão empresarial para entrar no mercado americano.“Entendi que o mercado de sorvetes saudáveis estava em expansão lá. Também não havia no Brasil a matéria-prima para o meu negócio em quantidades escaláveis e preços viáveis, como o leite de amêndoa orgânico, por exemplo. Aqui, nosso negócio consegue ser democrático e não de elite, como seria no Brasil.”80% dos produtos da Bianco Gelato estão no ramo de sorvetes orgânicos, enquanto os outros 20% são produtos panificados orgânicos, veganos e sem transgênicos. A esposa de di Franco, Carla, inventa as receitas e cuida da marca. Ele gerencia os aspectos administrativos do negócio.O empreendedor conta que empreender nos Estados Unidos é mais divertido – e, mesmo assim, mais difícil. “O americano está acostumado a ver de tudo, enquanto tudo parece novidade no brasil. Aqui, você deve fazer algo realmente inovativo; se fizer o de sempre, fechará as portas. Nesses dois anos e meio, vi dez sorveterias encerrarem as atividades.”O esforço se reflete na rotina da Bianco Gelato: di Franco afirma que trabalha das 7h da manhã até a meia-noite, vendendo sorvetes na loja e fora delas. “A produção começa às 8h. A loja fica aberta entre 11h da manhã e 11h da noite. Depois disso, ainda tem o fechamento da sorveteria.”Agora, a Bianco Gelato está começando seu franqueamento e irá aumentar sua capacidade de produção, com a inauguração de um laboratório maior na metade de 2017. Quatro unidades franqueadas estão em fase de abertura e irão inaugurar este ano, também no estado da Flórida. O investimento inicial de uma loja é de 150 mil dólares (cerca de 450 mil reais).Com tudo isso, a expectativa é que o faturamento total da Bianco Gelato passe de 550 mil dólares (cerca de 1,7 milhão de reais) para cerca de 700 mil dólares (cerca de 2,1 milhões de reais), em comparação anual.
Federico e Carla di Franco, da Bianco Gelato

Federico e Carla di Franco, da Bianco Gelato (Divulgação)

Não tente dar um jeitinho nos contratos (mesmo)Gina Alencar possui anos de experiência no mundo do empreendedorismo. Seu negócio, a Boxmania, foi criado em 1998 no Brasil. A empresa tentou expandir para a Colômbia e para o México – mas não obteve sucesso, e aprendeu com a lição.“A gente percebeu que, especialmente no começo da expansão, precisamos morar algum tempo no país de destino e ficar em cima da implantação”, conta.Segundo Alencar, a expansão é uma opção de investimento internacional, diante de momentos complicados no país-sede. “Não podíamos ficar esperando para ver como iria ficar a situação econômica do Brasil. Eu tinha interesse no mercado dos Estados Unidos e resolvemos expandir.”A empreendedora ressalta como o processo de obter um visto não é simples – ela possui um de categoria L. “Não é apenas chegar e fazer. É preciso mostrar como seu projeto está empregando americanos, qual o seu vínculo com o país. Eles pedem muitos documentos e comprovações do que você está fazendo, separando quem é empresário de quem apenas quer morar nos Estados Unidos”, conta.No fim, ela conseguiu fundar a Boxmania USA. Enquanto a empresa brasileira foca mais em itens de organização para residências, a americana resolveu focar em um mercado que está em ascensão lá, segundo Alencar: as malas.“Criamos uma marca de licenciamento, chamada Perfect Travel Bag, como um novo conceito de organização para viagens. Dentro das malas você encontra diversas soluções – nécessaires e sacos plásticos para roupas íntimas e molhadas, por exemplo. Parece frescura, mas você percebe a diferença ao montar e desmontar a mala”, afirma.A Perfect Travel Bag foi idealizada em 2014, mas só começou a operar em fevereiro de 2016, na Flórida. O investimento inicial foi de 400 mil dólares (cerca de 1,2 milhão de reais) e, hoje, há uma loja e um quiosque próprios.No meio do caminho, Alencar conta que teve novamente de se adaptar aos processos do país. “O fechamento de aluguéis, contratos, negócios e seguros são feitos de forma diferente: são acordos mais frios, sem muita amizade e jeitinho. São aspectos que só se aprendem com adaptação e experiência prática, e isso leva pode levar de seis meses a um ano de vivência local sobre como os sistemas funcionam”, diz Alencar.A Perfect Travel Bag trabalha por meio de licenciamento, com pontos de venda que comercializam os produtos da marca. “Nosso plano é trabalhar também com a venda dentro de grandes redes, mas mantendo a ideia de que a mala possa ser divulgada como conceito e marca, e não no meio de outros vários produtos.”Hoje, são três licenciados, sendo que um é brasileiro. “Estamos lançando novos itens para 2017 e negociando algumas expansões, inclusive para interessados em licenciamento no Panamá e no Equador.”Um quiosque licenciado da Perfect Travel Bag custa cerca de 50 mil dólares (cerca de 150 mil reais), enquanto uma loja pequena sai por 100 mil dólares (cerca de 300 mil reais). A perspectiva de retorno do investimento fica entre 18 e 24 meses. O negócio espera chegar a 20 licenciados este ano.
Gina Alencar, da marca Pefect Travel Bag

Gina Alencar, da marca Pefect Travel Bag

Startups brasileiras competindo com as do Vale

Mas nem só de negócios em setores mais tradicionais vivem os brasileiros que foram empreender nos EUA: alguns estão querendo competir com as famosas startups do Vale do Silício.EXAME.com entrevistou três startups brasileiras, cada uma com sua história: uma startup que expandiu para os EUA após anos de atuação; uma startup relativamente nova, que entrou no país há poucos meses; e, por fim, uma startup que ainda planeja sua chegada a solo americano.Abandone um pouco a idealização e coloque os pés na realidadeÉ o caso da UPX Technologies, uma startup brasileira de soluções de segurança e performance na internet. O negócio surgiu em 2002 e atende desde grandes empresas, como o Bradesco, até pequenas emissoras de rádio.A chegada aos Estados Unidos só ocorreu 12 anos depois, em janeiro de 2014.“A expansão se deu a partir do momento que detectamos que o que fazíamos no Brasil já estava sofisticado o suficiente para nos tornarmos globais”, explica Bruno Prado, CEO da UPX. “Nós pensamos que o nosso produto pode ser vendido em qualquer parte do mundo, por ser uma solução tecnológica. Se a economia de um país está ruim, outro pode colaborar com nossos resultados.”A UPX começou seu planejamento com um teste de mercado, por meio da venda terceirizada em um marketplace americano: o negócio anunciava em um site que reúne vários serviços, e os clientes poderiam optar pela solução da UPX. Isso provou que havia demanda, e a startup brasileira resolveu investir mais pesado em 2014.Esse foi o início de um longo processo de estruturação, que levou um ano e meio. Primeiro, a UPX adaptou sua plataforma para espanhol e inglês e contratou pessoas fluentes no idioma. Depois, falou com um advogado local e com uma consultoria para entender como funcionam os contratos de contabilidade, de contratação de funcionários e do mundo jurídico dos Estados Unidos.“Com isso, reestruturamos nosso plano de negócios para estabelecer toda a operação fora do Brasil. Também contratamos um profissional local de canais de venda, que conhece bem o mercado e tem aberto diversos canais de negociação abertos”, diz Prado.A UPX assinará seu primeiro canal de vendas próprio neste mês, e pretende captar 50 clientes americanos até o fim de 2017. O negócio fechou 2016 com um faturamento de 36 milhões, e pretende recuperar o valor investido na expansão internacional em até seis meses.Como conselho a quem também que chegar aos Estados Unidos, Prado recomenda não se deixar levar apenas pelos sonhos. “Quando você tem uma startup e recebe um aporte de capital, o seu aspecto emocional costuma ficar na frente do racional. Eu já vi vários negócios que foram aos EUA e alugaram o melhor escritório da cidade, investiram em mobília e contrataram profissionais caros. Todo o dinheiro foi embora, e eles não duraram nem um ano. É preciso agir com cautela.”
Bruno Prado, CEO da UPX Technologies

Bruno Prado, CEO da UPX Technologies

Construa um produto realmente de qualidade, sabendo ouvirO negócio dos empreendedores Fernando Pavani e Stefano Milo também começou com perspectivas globais: em 2014, eles inauguraram uma plataforma de compra de moeda estrangeira online, chamada BeeCâmbio.Hoje, a BeeTech se transformou em uma startup de soluções financeiras tecnológicas – incluindo tanto a BeeCâmbio quanto a Remessa Online, um serviço para mandar dinheiro a outros países.Segundo os empreendedores, a startup pratica um spread (diferença entre taxa cobrada e taxa de captação do valor) menor do que os bancos tradicionais para esse tipo de transferência, além de oferecer uma plataforma mais fácil de se usar. O spread médio da plataforma é de 1,6% ao mês.Hoje, a BeeTech possui 20 mil clientes, sendo que 5 mil usam a Remessa Online. A maioria dos consumidores é de classe alta, e envia dinheiro para contas no exterior e para pagar a educação internacional dos filhos, por exemplo.“Como somos um serviço que atravessa fronteiras, ter um alcance global é fundamental. Vemos que muito do capital que entra no Brasil vem dos Estados Unidos, e lá há muitas corretas tecnológicas com as quais podemos fazer integrações e parcerias”, explica Milo.A BeeTech chegou aos EUA há dois meses, e está justamente procurando parceiros americanos que possam indicar a startup aos seus clientes que enviam dinheiro internacionalmente.Há atualmente duas corretoras parceiras da BeeTech em solo americano. “A opção de mandar e receber dinheiro pelos Estados Unidos, no site dessas corretoras, funciona com a Remessa Online. Os clientes delas já fazem um cadastro simplificado na nossa plataforma, com dados preenchidos automaticamente.”A BeeTech, hoje, está desenvolvendo uma ferramenta para centralização não apenas o envio de dinheiro, mas o recebimento – hoje, o recebimento é vinculado a corretoras parceiras.Como dica a futuros empreendedores nos Estados Unidos, Milo recomenda ter uma abordagem muito profissional, com foco em detalhes. “A diferença entre o regular e o excepcional é a atenção dada ao produto. Você tem que mostrar que realmente algo de qualidade. Pode parecer besteira, mas assim seus clientes e parceiros percebem que você tem um time de qualidade por trás do negócio, e isso faz toda a diferença para um imigrante.”
Fernando Pavani e Stefano Milo, da BeeTech

Fernando Pavani e Stefano Milo, da BeeTech

Não queira dominar os Estados Unidos de uma vez: ataque nichosA MidiaMobi, plataforma brasileira de gestão de conteúdo para o marketing e para as redes sociais de empresas, foi criada em 2014 pelos empreendedores João Gonzalez e Martius Haberfeld.O negócio atende 100 clientes hoje: desde pequenas empresas até grandes clientes, como o grupo Hypermarcas. Ao todo, cerca de mil usuários usam a plataforma.Assim como a UPX, a MidiaMobi também tinha pretensões globais em seu planejamento. “Já na nossa pesquisa de mercado, pensamos em como nossa solução se encaixaria em outros países. Olhamos para empresas que fizeram sucesso lá fora sem terem surgido de grandes potências econômicas, como Mercado Livre [argentina] e Spotify [Suécia]. Como a gente é uma empresa de software, nosso foco é o mercado global”, explica Gonzalez.No momento, a MidiaMobi está estudando a burocracia para se estabelecer nos Estados Unidos e em países da América Latina e procurando parceiros locais para a venda online do serviço. “Buscamos empreendimentos complementares, porque assim podemos distribuir melhor nossa solução em um mercado tão grande quanto o dos Estados Unidos. Por exemplo: empresas como MailChimp e Zendesk atendem o mesmo público que nós, mas possuem serviços que não competem com o nosso.”O empreendimento ainda está estruturando sua expansão para os EUA: a ideia é ter o planejamento pronto no fim de 2017, para começar a operar as parcerias em 2018.É algo que leva tempo. “Temos de buscar contatos no mercado, ainda que já tenhamos alguns, e elaborar um plano de negócios contundente. A maior dificuldade é elaborar uma estratégia diante de variáveis tão específicas em cada estado americano, como o perfil de consumidor. Antes de tomar ações específicas, estudaremos bastante”, diz Gonzalez.As regiões desejadas são Nova York, por ter um forte mercado de comunicação; Califórnia, por concentrar fundos de investimento, uma opção de alavancagem futura; e Boston, por também ser um hub de startups.Mesmo atuando em locais tão conhecidos, a estratégia que a MidiaMobi tomará é achar pequenos nichos para se tornar relevante. “Por exemplo, queremos ser relevantes para os designers de Los Angeles, e então tentar expandir. É um trabalho de formiguinha mesmo: ter como meta dominar metade do mercado americano é uma loucura, por exemplo.”Para este ano, a MidiaMobi pretende aumentar sua base de clientes para 400 empresas e 3000 usuários ativos.
João Gonzalez e Martius Haberfeld, da MidiaMobi

João Gonzalez e Martius Haberfeld, da MidiaMobi

Futuro: Donald Trump pode mudar seus sonhos de empreender?

Donald Trump provocou muitas polêmicas durante o processo das eleições americanas. Uma das mais conhecidas diz respeito à imigração: ele afirmou que retomaria os projetos de construção de um muro que separaria os Estados Unidos do México. Há poucas semanas, assinou o projeto e oficializou sua promessa.Com tal posicionamento, surgem muitas dúvidas sobre como será a relação de Trump com os imigrantes ao país. Será que os brasileiros que querem abrir negócios nos Estados Unidos serão afetados?Os empreendedores consultados por EXAME.com deram análises mistas: há quem diga que Donald Trump será melhor para a economia americana do que o último governo. Também há aqueles que afirmam não ter visto grandes alterações no seu mercado de atuação.Por fim, há os que defendem que o maior controle sobre os imigrantes pode afetar a operação de muitos negócios para pior – pode haver menor diversidade na hora de contratar funcionários brilhantes e em atrair consumidores, como ressalta o governador do estado de Delaware, por exemplo.“Quais CEOs responsáveis e inovadores alienariam grandes fontes de talentos e consumidores? Nenhum, porque seus quadros administrativos os demitiriam na hora. Mas Trump alienou latinos (o poder de compra deles nos Estados Unidos: mais de um trilhão de dólares) e muçulmanos (mais de 125 bilhões de dólares”, analisou Jack Markell, que também é empresário, à Forbes.Já segundo os especialistas ouvidos por EXAME.com, o brasileiro pessoa física que entra nos Estados Unidos pode enfrentar agora mais problemas do que antigamente – o que é um obstáculo para quem ainda está na fase de ideação do empreendimento.“O governo americano é muito bem aparelhado, e já estamos vendo mais fiscalização e prazos mais longos na hora de conceder os vistos. Vários clientes têm sido parados e questionados na imigração, o que antes não acontecia. Os EUA sabem que o volume de pedidos brasileiros já cresceu muito e vai crescer ainda mais, o que acende um alerta”, afirma o especialista Manual Mendes.Donald Trump assinou recentemente algumas mudanças no controle migratório que reforçam tal fiscalização. A concessão de vistos para brasileiros mudou: agora, todos os solicitantes deverão passar por entrevista pessoal. Antes, quem renovasse seu visto na mesma categoria, em até 48 meses após o vencimento, não precisaria refazer essa etapa.Mesmo com esse obstáculo na pessoa física, Pedro Drummond analisa que os empreendedores já legalizados não sofrerão o mesmo impacto.“As mudanças imigratórias mais significativas, até o momento, estão voltadas para estrangeiros de outros países, não o Brasil. Não há nada que indique que, no futuro, teremos maior dificuldade para o processo de visto de executivos brasileiros transferidos para cuidar do empreendimento a ser estabelecido nos Estados Unidos.”
“A empresa que quer realmente criar raízes vai ser beneficiada”, explica o consultor Manuel Mendes. “Agora, quem quer somente exportar seus produtos para os Estados Unidos pode enfrentar obstáculos, como mudanças tarifárias e protecionismo.”
Mendes concorda com a análise: para quem já se preparou para abrir um empreendimento que traga investimentos para os Estados Unidos, a tendência é que as portas estejam abertas.“Baseado no que existe no plano de governo e no que a gente escuta, há uma política de incentivo forte à captação de investimento e do fortalecimento do pequeno negócio americano. A empresa que quer realmente criar raízes vai ser beneficiada”, explica. “Agora, quem quer somente exportar seus produtos para os Estados Unidos pode enfrentar obstáculos, como mudanças tarifárias e protecionismo.”Fonte: Exame

11 TENDÊNCIAS PARA SEGUIR E VENDER MAIS EM 2017

Conheça novidades que farão sua empresa aumentar o faturamento no ano que vem

O uso de novas tecnologias é uma tendência que será ainda mais forte em 2017 (Foto: Endeavor Brasil)
O ano está chegando ao fim. Para muitos empreendedores, 2016 não foi do mais fáceis. Porém as dificuldades podem ser um ótimo incentivo para pensar em caminhos alternativos. Não dá para deixar a inovação de lado e ignorar as demandas que surgem dos clientes.
Para quem trabalha no varejo, há sempre muitas novidades no mercado. Quais delas você precisa considerar? E quais as tendências para 2017? Contamos com a ajuda de Carlos Zilli, conselheiro da Imaginarium, e de Fernando Lucena, sócio-diretor da GS&Friedman, para reunir dicas relevantes. Ligue seus radares e não perca tempo: confira nossa lista e saiba no que ficar de olho.Varejo híbrido Segundo Zilli, é um desafio cada vez maior reter os consumidores nos pontos de venda. Por isso, as lojas estão criando ambientes onde é possível encontrar produtos de segmentos diferentes.No mesmo local onde se vendem objetos há também roupas e serviços, por exemplo –todos atendendo o mesmo perfil de consumidor. Fazer essa mistura é um desafio, mas é uma tendência já é observada em lugares como Berlim, onde um café pode ser também loja de roupa e de discos para um público específico, que aprecia determinado estilo de visual, música e alimentação.Outro bom exemplo é a norte-americana Urban Outfitters, que vende roupas, sapatos, acessórios, itens de decoração e produtos de beleza, focada em um público jovem.Canais alinhados De acordo com Lucena, o que existe hoje é um omniconsumidor, um consumidor altamente seletivo, que usa bem a tecnologia para tomar a decisão de compra, que pode ser realizada por inúmeros canais. Já não é mais possível separar o mundo físico do digital — as pessoas transitam entre eles com naturalidade –, e os canais não podem ser vistos como concorrentes.Pode ser que a pessoa esteja dentro da sua loja física pesquisando o seu site para comparar preços e ver mais opções de um mesmo produto – como cores e tamanhos, no caso de vestuário. Isso acontece porque as lojas têm limitações de espaço. Já a internet é uma prateleira sem fim.Também pode ser que o cliente esteja na sua loja por querer testar o produto ao vivo, mesmo que depois ele feche a compra pelo site. Quem não percebeu isso está ficando para trás.A Nike, por exemplo, leva para a loja o seu canal digital e, caso o tênis desejado não esteja em estoque, a compra pode ser feita mesmo assim. “A pessoa compra com a marca. Precisa haver uma consistência nos canais e a boa experiência precisa ser replicada em todos. Tem que ser gostoso comprar na loja e comprar no site”, afirma Lucena. “Para ter um site mal feito, melhor não ter, para não prejudicar a imagem da marca.”Mudanças no ponto de venda O ponto de venda está mudando de função para ser um ponto de relacionamento. A compra pode ser feita ali mesmo, pela internet ou por um revendedor — ela é só uma consequência de todo um processo de relacionamento bem conduzido. Isso não significa que a loja física seja apenas um showroom.Nas lojas da Apple, por exemplo, os vendedores não são treinados para vender, mas sim para atender, explicar e tirar dúvidas. Eles atuam como facilitadores. Claro que essa mudança no perfil também precisa vir com uma redefinição de função e do sistema de remuneração.Em vez de pagar mais a quem vende mais, é possível remunerar quem traz novos clientes para a loja, quem vende mais para um mesmo cliente e quem recebe mais elogios, por exemplo.Esse tipo de vendedor precisa gostar de gente e gostar de se relacionar – as técnicas de venda são ensinadas. Um outro exemplo interessante de relacionamento em pontos de venda é do grupo de cosméticos Ikesaki, que promove cursos com seus produtos para clientes dentro das lojas.No friction O no friction se caracteriza pelo fim dos intermediários. Os representantes de vendas, por exemplo, estão sendo substituídos pelo acesso direto do cliente no canal digital ou no contato pelas redes sociais. Nos aeroportos, o uso de totens para check-in dispensa os atendentes.O Uber também é um serviço que elimina o intermediário e conecta diretamente clientes e prestadores de serviço, assim como o aplicativo de delivery iFood ou a plataforma de aluguel de casas Airbnb.Vídeo Todos nós estamos nos tornando produtores de conteúdo em vídeo. Seja pelo YouTube, Facebook, Snapchat ou Instagram, criamos e compartilhamos pequenos filmes. Todo mundo é ator, todo mundo é roteirista. É preciso ficar atento a essa nova maneira de se comunicar.Você precisará abrir esse canal com os clientes, e os clientes vão falar da sua marca por meio dessas plataformas. Assim como o fast fashion, os vídeos têm um ciclo de vida cada vez mais curto, o que requer cada vez menos uma grande produção e uma maquiagem perfeita.Cliente é rei Estender o tapete vermelho para os clientes deixou de ser iniciativa só do mercado de luxo. Hoje, toda marca precisa oferecer tratamento diferenciado para criar embaixadores. Uma boa relação com os clientes se refletirá na vida real e nas redes sociais, aumentando a interação com a marca e os comentários positivos.Empresa é uma só para quem trabalha e para quem consome Não existe mais separação entre a empresa para o cliente e a empresa para o funcionário. Em muitas situações, a mesma pessoa que compra seu produto também participa dos processos de recrutamento e seleção para trabalhar na sua empresa.Portanto, o cuidado com as relações humanas precisa existir em relação aos clientes e aos colaboradores, pois as contradições ficam cada vez mais expostas e transparentes.Não significa que todas as empresas precisam fazer como o Google, colocando rede e sala de jogos no escritório – mesmo assim, é bom lembrar que além de ambientes bonitos o Google também tem processos, meritocracia e foco em resultados.O importante é revisitar processos internos e verificar se a companhia se comporta da porta para dentro da mesma forma que se comporta da porta para fora, porque a empresa é uma só para quem trabalha e para quem consome.Sustentabilidade Produtos sustentáveis e empresas que estejam genuinamente preocupadas com o meio ambiente continuam conquistando a preferência dos clientes. Pesquisas recentes mostram que quem compra prefere opções ecológica e socialmente sustentáveis.Uma das tendências para 2017 identificadas pela consultoria TrendWatch é a chamada “captura de capacidade”, que significa encontrar novas fontes de valor ou eliminar qualquer desperdício de recursos.O Reverse Delivery, uma iniciativa brasileira, apareceu entre os exemplos. O projeto, lançado em 2016, aproveita os baús vazios dos motoboys que entregam refeições para coletar doações de comida. Os restaurantes parceiros avisam os clientes do projeto assim que fazem o pedido e quem tem alimentos pode contribuir.Mas segundo Lucena, a sustentabilidade é cada vez mais um conceito que não tem a ver apenas com a natureza e com a sociedade. É preciso buscar sustentabilidade nas relações com clientes e com fornecedores.Pensar no amanhã do planeta e dos relacionamentos. Sua empresa quer fazer apenas transações de produtos ou quer criar uma conexão perene com o cliente? Quer espremer o fornecedor o quanto possível por desconto ou quer estabelecer uma relação ganha-ganha de longo prazo?Consultoria Os consumidores hoje buscam mais soluções do que produtos. “Se você atua na área de moda, por exemplo, pode oferecer uma consultoria de como suas clientes podem se apresentar melhor, o que é diferente de apenas vender uma peça de roupa”, explica Lucena.Para oferecer um bom serviço, é fundamental ter vendedores que não estão apenas interessados em fazer uma transação de compra e venda. Para vender serviços, o elemento humano existe para o relacionamento, educando e orientando o cliente para um melhor uso do produto. “Os clientes querem sempre um pouco mais do seu produto, esgotar as possibilidades que ele oferece. Então, preciso de alguém que me oriente para usufruir.”Exigir exclusividade do cliente é cada vez mais difícil Quando falamos em fidelidade e programas de relacionamento, o que tentamos exigir dos consumidores é uma relação de exclusividade na hora da compra – faça negócio comigo e com mais ninguém.O problema é que o número de opções, de marcas ou de produtos, aumentou muito, então está cada vez mais difícil exigir essa fidelidade. O relacionamento não precisa deixar de ser cultivado, mas deve ter um sentido de “compre de outro, só não se esqueça de mim”, garantido que em momentos mais convenientes o cliente estará disposto a voltar para sua empresa.Por exemplo, quando escolhemos qual pizza comer. Para alguém que mora em São Paulo, há dezenas de opções no mesmo bairro. Se a ideia é apenas comer muito, a escolha pode ser por um rodízio. Mas se a opção for algo de mais qualidade, a escolha pode ser sempre por um restaurante especial, que se diferencie dos demais.Experiência virtual Segundo a TrendWatching, a economia da experiência vai se fortalecer ainda mais com as experiências de realidade virtual e realidade aumentada. O mundo virtual vai eliminar as barreiras de custo e acessibilidade associadas a muitas experiências no mundo real, tornando o tempo o único fator escasso.Um dos exemplos dessa nova realidade foi o lançamento do Buy+ pelo Alibaba, uma experiência de compra com realidade virtual. Usando um smartphone, os consumidores eram transportados para uma loja da Macy’s em Nova York, onde podiam passear e escolher os produtos nas prateleiras.
Fonte: PEGN

Com modelo de negócio tido como ultrapassado, Havan fatura R$4 bi

Quem mora em grandes centros urbanos talvez nunca tenha ouvido falar na Havan. E há um bom motivo para isso.

As duas primeiras semanas do ano — aquelas meio mortas, em que quem pode viaja de férias e quem não pode trabalha entorpecido — foram particularmente agitadas para o empresário Luciano Hang. Aos 54 anos, Hang é um daqueles personagens que volta e meia aparecem na cena econômica brasileira: pouca gente sabe que ele existe, mas pode-se dizer que é um dos maiores empresários do país. Hang é dono da rede de lojas de departamentos Havan, que fatura 4 bilhões de reais. No início do ano, ele cruzou o país em seu avião particular para acompanhar a abertura de seis novas lojas. Uma delas, a ser inaugurada em Rio Branco, no Acre, será a 100ª unidade.Quem mora em grandes centros urbanos talvez nunca tenha ouvido falar na Havan. Há um bom motivo para isso: a rede está toda espalhada pelo interior ou por cidades de médio porte. Mas as pessoas que andam pelas estradas brasileiras podem ter notado a bizarra existência de uma réplica da Estátua da Liberdade à frente de uma loja em forma de Casa Branca. Essa é a Havan. Fundada nos anos 80 na cidade catarinense de Brusque, a empresa sempre foi cercada por uma aura de mistério.É comum ouvir que as lojas pertencem a coreanos, chineses, americanos ou ao bispo Edir Macedo. Segundo o último boato que circulou, a Havan pertencia a um dos filhos do ex-presidente Lula. Foi aí que Hang decidiu sair da toca. Pela primeira vez em 30 anos, ele estampou a campanha de Natal da rede no ano passado e participou de alguns poucos programas de TV.Filho de operários do setor têxtil, Luciano Hang começou a carreira com uma loja de 45 metros quadrados especializada em tecidos importados em Brusque, a 100 quilômetros de Florianópolis. A abertura econômica no governo Collor impulsionou o negócio: em suas viagens ao exterior, além de tecido, Hang começou a comprar bugigangas para revender a lojas de 1,99 real na cidade. Tinha, na época, um sócio, Vanderlei de Limas (o nome Havan vem da junção das iniciais do sobrenome de um e do nome do outro).Em 1991, o sócio deixou a empresa. Mas ele mantém, até hoje, uma pequena loja de tecidos em Brusque. Livre do freio causado pelas desavenças, Hang decidiu abrir lojas fora de Santa Catarina. Foi quando começou a desenvolver o modelo de negócios um tanto esquisito que levou a empresa à frente.Poucos negócios são tão “anos 90” quanto as lojas de departamentos. Elas ficaram no passado, destruídas por erros de gestão e pela ascensão de outras opções de compra nas grandes cidades. A Havan tem tudo o que levou Mappin e Mesbla à lona. Vende mais de 100 000 itens, número altíssimo que torna a operação da loja extremamente complexa. Encontra-se de tudo por lá. Nas capitais do Sudeste, com shoppings de todas as categorias, esse tipo de loja seria inviável.Mas Hang descobriu que, no interior do país, o jogo é completamente diferente. Os preços baixos, a decoração curiosa (para não dizer esdrúxula) e o espaço para alimentação e lazer conquistam os clientes, que muitas vezes chegam em ônibus intermunicipais. A proximidade de rodovias, o amplo estacionamento e a facilidade de acesso a transporte público também ajudam. Segundo a consultoria Boston Consulting Group, mais de 80% das cidades em que a Havan está presente têm menos de 500 000 habitantes. Uma das lojas está instalada em Porto União, em Santa Catarina, um município com apenas 30 000 habitantes.O dono toca a Havan com um jeitão de PME. A empresa tem apenas cinco diretores, e Hang administra o negócio praticamente sozinho. A família quase não participa do dia a dia da empresa, e sucessão, por enquanto, é assunto proibido. “Tenho 54 anos, posso trabalhar tranquilamente até os 100”, diz Hang. Apesar desse tamanho todo, a Havan não divulga balanços. Segundo funcionários, um dos grandes prazeres que o empresário tem na vida é levar visitantes em seu helicóptero para conhecer o centro de distribuição da empresa em Barra Velha, no litoral de Santa Catarina.A loja da cidade tem uma Estátua da Liberdade de 57 metros de altura, 10 a mais do que a original americana. A obsessão pelos Estados Unidos começou ainda na década de 80, em suas primeiras visitas como importador de mercadorias. A primeira estátua foi instalada em 1995 em Brusque. “Sou fã dos Estados Unidos porque admiro o ambiente livre de negócios”, diz Hang, entusiasmado. Há quem deteste a decoração americanófila da rede.Em Bauru, no interior paulista, um protesto de moradores quase impediu a instalação da estátua. A prefeitura não viu problema e a estátua está lá. Hang gosta de dizer que se orgulha de pagar cerca de 1 bilhão de reais ao ano em impostos e encargos trabalhistas. Talvez a explicação para isso seja o desejo de deixar para trás uma condenação por crimes contra o sistema financeiro nacional (como sonegação e evasão de divisas) e lavagem de dinheiro na década de 90. A condenação a 13 anos de prisão acabou prescrevendo.Hang descobriu o potencial de consumo do interior do país antes de muita gente, mas é claro que a concorrência acordaria um dia. As empresas de shoppings, por exemplo, estão fugindo das capitais e migrando para as cidades médias. Apesar de abaladas pela crise, pretendem inaugurar 41 shoppings no país até 2018. Enquanto a concorrência não aumenta, a Havan  anunciou um investimento de 300 milhões de reais para abrir dez lojas em 2017. Com isso, estima-se que o faturamento pule para 5 bilhões de reais. Hang quer chegar à 200a loja em cinco anos. Se conseguir, será bom para ele — e para os fabricantes de estátuas da Liberdade também.Fonte: Exame

Criação de empresas no Brasil desacelera no fim de 2016

Apesar da queda no fim do ano, no acumulado de 2016, de janeiro a novembro, a quantidade de empresas criadas é 0,2% superior que a registrada no mesmo período de 2015

A criação de empresas no país apresentou desaceleração no fim de 2016. Em novembro do ano passado, foram abertos 152.943 empreendimentos, 4,4% a menos que em outubro. Os dados foram divulgados hoje (31) pela Serasa Experian.
Apesar da queda no fim do ano, no acumulado de 2016, de janeiro a novembro, a quantidade de empresas criadas (1.855.901) é 0,2% superior que a registrada no mesmo período de 2015, e a maior desde 2010 considerando o mesmo período.“Apesar de o período entre janeiro e novembro de 2016 apresentar um número recorde de empresas criadas no país, já é possível observar tendência de desaceleração na criação de novos negócios”, disse a Serasa em nota. A tendência de desaceleração, segundo a entidade, começou em setembro.De acordo com o levantamento, o aumento do número de empresas criadas em 2016 foi determinado pelo chamado empreendedorismo de necessidade. “Com a destruição de vagas no mercado formal de trabalho, pessoas que perderam seus empregos estão abrindo novas empresas visando a geração de alguma renda, por conta das dificuldades econômicas atuais.”SetoresA maioria das empresas criadas entre janeiro e novembro de 2016 é do setor de serviços (62,6% do total). Em seguida, aparecem as empresas comerciais (28,8% do total) e o setor industrial (8,3% do total).A Região Sudeste lidera o ranking de criação de empresas, com 963.782 empreendimentos, 51,9% do total de negócios abertos entre janeiro e novembro de 2016. A Região Sul vem em seguida, com 16,8% de participação e 312.109 novas empresas. O Nordeste ocupa a terceira posição, com 16,7% (309.631 empresas) e o Centro-Oeste registrou a abertura de 160.796 empresas (8,7%) e a Região Norte, 88.526 ou 4,8% do total.Fonte: Empreendedor

Franquia de salgadinhos aposta em pão de queijo frito e fatura R$ 7 milhões

Conheça a franquia de salgadinhos que vende pão de queijo frito
O pão de queijo frito é um dos salgadinhos vendidos na rede de franquias Mordidela; a receita teve que passar por adaptações, como tirar o leite de massa, e o produto corresponde a 10% das vendas.
 
Nem só de coxinha e quibe vive a franquia de salgadinhos Mordidela, de São José do Rio Preto (438 km a noroeste de São Paulo). A empresa decidiu reinventar um produto bastante popular entre os brasileiros: o pão de queijo. Agora, em vez de assado, ele é vendido frito.A receita tradicional teve que passar por adaptações. "Fizemos vários testes para que o produto ficasse crocante e não murcho, como é vendido nas padarias. Mantivemos o polvilho, tiramos o leite e adequamos a quantidade de queijo", diz o administrador Bruno Zanetti, 31, fundador da Mordidela.A empresa foi inaugurada em 2014 e virou franquia em fevereiro de 2016. No ano passado, faturou R$ 7 milhões. Desde agosto, quando o pão de queijo frito entrou no cardápio, foram vendidas mais de 6 milhões de unidades --cerca de 10% do total de vendas da rede.Os salgados da Mordidela têm entre 6 e 7 gramas cada e são vendidos em copos com 15 unidades, que custam a partir de R$ 2,50. O valor médio gasto por cliente é R$ 8. A empresa aceita encomendas para festas, faz delivery e tem planos de vender seus produtos em supermercados.Além dos salgadinhos fritos, há minichurros, sorvetes, açaí e bebidas. A rede investe também em produtos sazonais, como bolinho de bacalhau na Páscoa. "A ideia é ter sempre novidades no cardápio", afirma o empresário.

Franquia a partir de R$ 54 mil

Em apenas um ano, a rede atingiu 60 unidades em 13 Estados. Confira abaixo os dados, fornecidos pela empresa:Cidades com menos de 40 mil habitantes
  • investimento inicial a partir de R$ 54 mil
  • faturamento médio mensal de R$ 20 mil
  • lucro médio mensal de 25% (R$ 5.000)
  • retorno do investimento a partir de 12 meses
Cidades com mais de 40 mil habitantes
  • investimento inicial a partir de R$ 85 mil
  • faturamento médio mensal de R$ 35 mil
  • lucro médio mensal de 20% a 25% (R$ 7.000 a R$ 8.750)
  • retorno do investimento a partir de 12 meses
A meta é chegar a 120 lojas em 2017 e a um faturamento de R$ 20 milhões. "Temos unidades em saídas de metrô e de rodoviárias, com característica de fast food, em que os clientes compram e saem comendo, e lojas com mesas e brinquedos para crianças, que recebem famílias e amigos que consomem no local", diz Zanetti.Os franqueados recebem os produtos congelados; só precisam fritar e vender. A operação é enxuta e funciona com três pessoas trabalhando. A empresa tem quatro fábricas para abastecer as lojas: duas em São Paulo, uma no Paraná e uma em Pernambuco.

Localização do ponto é essencial para o sucesso

Consumir salgadinhos já é um hábito dos brasileiros e não uma moda, segundo o consultor especializado em franquias José Carlos Fugice, da GoAkira."Esses produtos são comercializados há muito tempo, só que em bares, botecos ou de produção caseira. É um ramo informal, não há redes estruturadas, com padrão, com identidade visual que passe credibilidade para o cliente. Isso ajuda a atrair público, é um diferencial, principalmente em cidades pequenas", afirma.Ele diz que produtos com preços acessíveis tendem a crescer em época de crise, como a atual. "O consumidor escolhe melhor o que vai comprar, e o fator preço pesa na decisão. Operações como essa tendem a se destacar."O investimento inicial baixo e a facilidade na operação são outros pontos positivos, de acordo com o consultor. Porém, ele diz que é importante investigar o suporte oferecido aos franqueados, já que a rede está crescendo rapidamente. "Conversar com quem já está no negócio é fundamental."Atingir o faturamento e o lucro prometidos é possível, desde que o ponto comercial seja bem localizado. "É um negócio que depende de volume de vendas, e a compra é feita por impulso e conveniência. Portanto, estar num lugar de grande fluxo de pessoas faz toda a diferença para o sucesso", afirma.

Onde encontrar:

Mordidela: www.mordidela.com.brFonte: UOL

Empresas brasileiras participam da principal feira do segmento médico do Oriente Médio

A perspectiva de geração de negócios na feira é de US$ 13 milhões

Pela 14ª vez, empresas associadas à ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios) e que fazem parte do Projeto Brazilian Health Devices, executado pela entidade em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), estarão presentes em Dubai entre os dias 30 de janeiro e 2 de fevereiro para participação na Arab Health, segunda maior feira na área da saúde do mundo e principal feira de dispositivos médicos do Oriente Médio.
Trata-se de uma mostra com mais de 4 mil expositores e 120 mil visitantes de 160 países. Embora seja realizada no Oriente Médio, a feira ganhou expressão mundial nos últimos anos, atraindo expositores e visitantes de todas as partes do mundo. A expectativa é que resulte em US$ 13 milhões em negócios no decorrer do evento e nos 12 meses subsequentes, provenientes de contatos feitos durante a feira.A importância do mercado árabe para exportações de produtos brasileiros já é realidade para diversos segmentos da economia brasileira. Dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio e Serviços) relativos a novembro de 2016, compilados pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, mostram que as exportações do Brasil ao mundo árabe renderam US$ 935 milhões, um aumento de 10% sobre novembro do ano anterior. “Além disso, com a elevação do preço do petróleo, desde 30 de novembro, a tendência é que os países do bloco tenham mais divisas para gastar com importações, o que poderá beneficiar as vendas para o mundo árabe em 2017. Isso poderá ser uma excelente oportunidade para setores com grande potencial de crescimento naquele mercado, como é o caso da indústria de dispositivos médicos”, destaca Michel Alaby, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, que ainda acrescenta: “Para se ter uma ideia, em 2015 os países árabes importaram US$ 800 milhões em dispositivos médicos de todo o mundo, sendo que apenas 2% desse total foi importado do Brasil”.Atualmente, as exportações ao Oriente Médio correspondem a cerca de 15% das exportações do Brazilian Health Devices. A região está em constante desenvolvimento. Os produtos mais exportados são incubadoras, produtos de fisioterapia e estética, além de artigos de UTI e cirurgia de maneira geral e implantáveis (cateter neurológico, implantes ortopédicos, implantes cardíacos).De modo geral, vários países da região têm investido fortemente em saúde, como Arábia Saudita, Jordânia e Emirados Árabes. “Já participamos há quase 15 anos, e a feira vem crescendo a cada ano, bem como o mercado consumidor da região do Oriente Médio, de modo que atualmente a Arab Health é a feira em que nossas empresas participantes fecham o maior número de negócios”, enfatiza Clara Porto, gerente de projetos e marketing internacional da ABIMO.Associados Atrasorb, Baumer, BCF, Biomecânica, BR GOODS, Carci, Casex, CBEMED, Corcam, Deltronix, DFV, Drillermed, Fanem, GMI, Hpbio, Hospitalar, Hospimetal, Indusbello, Inpromed, Instramed, Ibramed, Loktal, Magnamed, Medicone, Olidef, Óssea, Phoenix Luferco, Samtronic, Scitech, Sismatec, Timpel e Traumec são as empresas associadas que participarão da feira. A Phoenix Luferco obteve recentemente a certificação europeia para seu principal produto, focando especialmente no mercado do Oriente Médio e a metade do norte da África, onde a marcação CE é exigência. “Nossa expectativa é retomar contatos de anos anteriores e gerar novos contatos para melhorar nossa presença nesse mercado”, ressalta Keila Vitola, analista de exportação da companhia, que participará pela quinta vez do evento. “Com a participação na Arab Health, esperamos um grande número de visitantes em busca de novos distribuidores. Os produtos que mais exportamos são autoclaves para esterilização médica, hospitalar e clínica em geral”, conta.As expectativas da Baumer são a aquisição de novos contatos e parcerias para o ano de 2017, além de reunir-se com contatos já existentes para o fechamento de negócios. “Tivemos uma participação ativa no que diz respeito à linha de ortopedia na região. E voltamos a explorar intensamente essa parte do mundo, agora não só na linha de ortopedia, mas também com a linha de odontologia e soluções para esterilização e controle de infeção, lavanderia, tratamento de feridas e outros”, disse Bruno Alzuguir, gerente de exportação da empresa.Será a primeira participação da Timpel no evento, e as expectativas são bastante positivas. “Acreditamos que o mundo árabe receberá nossa tecnologia com entusiasmo e interesse, e que os médicos da região finalmente conhecerão mais nosso produto, visto que temos recebido centenas de mensagens nos perguntando sobre nossa participação e agendamentos de visitas ao nosso stand para demonstração das funções e ferramentas, além das aplicações do Tomógrafo por Impedância Elétrica na rotina de Unidades de Terapia Intensiva e Centros Cirúrgicos”, explica Josiane Salva, gerente de exportação da Timpel. “Estamos apenas começando a divulgação na região; a Timpel é a fabricante do único Tomógrafo de Impedância Elétrica e exatamente por isso é a grande especialista mundial no assunto e única e exclusiva fabricante mundial com as ferramentas completas e excelência no desempenho”, complementa.A CBEMED espera prospectar o mercado do Oriente Médio e, possivelmente, sair com alguns novos clientes da feira. “Temos duas linhas de produtos: aparelho de medir pressão (esfigmomanômetro) e estetoscópio. Para todos os mercados, sempre buscamos oferecer e fazer negócios com toda a nossa linha que tem a marca BIC”, frisa Eder Luiz Gatti, responsável pela área de comércio exterior da empresa. A partir da comercialização de colposcópios, a DFVasconcellos, que participará pela terceira vez da feira, pretende expandir negócios por meio do contato com distribuidores locais. “Tentaremos solidificar os trabalhos com os distribuidores atuais e buscar novos distribuidores na região do Oriente Médio e alguns países da Ásia”, diz Ezio Giuliani, diretor-geral da DFV.Fonte: Empreendedor

Conheça o negócio de beleza que nasceu da venda de um Fusca

Lisabeth Braun queria novos ares profissionais e criou a primeira farmácia de manipulação do Brasil, nos anos 70: a Dermage.

O fusca era verde abacate, carro da moda no final dos anos 70. A motorista era farmacêutica e funcionária pública, mas sonhava com novos horizontes profissionais.
Se o fusca de Lisabeth Braun falasse, ele contaria uma história bem inusitada para uma jovem daquele tempo, quando era incomum ver mulheres empresárias, menos ainda de um negócio novo e praticamente desconhecido no mercado nacional.Mas o carro só saberia o começo de tudo, porque a primeira coisa que ela fez foi vender seu carro para investir na primeira farmácia de manipulação do país, no Rio de Janeiro. Lá se foi o fusca em busca de outras histórias para contar, e então começou o que seria uma jornada de grande sucesso, que resultou na criação da Dermage.

De farmacêutica a empreendedora

Lisabeth trabalhava em um hospital público no Rio de Janeiro. O emprego parecia perfeito, com jornada reduzida em um ambiente de ponta. Mas ela começou a sentir um grande desânimo quando percebeu que as pessoas, com vinte anos de formadas, continuavam a fazer as mesmas coisas.Foi quando ela viajou para Buenos Aires e conheceu uma farmácia de manipulação, coisa inédita no Brasil, e a visão empreendedora da família se manifestou.Lisabeth e Walter Braun, seu marido, são descendestes de imigrantes que chegaram ao Brasil sem recursos, fugidos da 2ª Guerra Mundial e também empreenderam e montaram seus negócios.Empolgada com as novas perspectivas e com total apoio do marido, a farmacêutica bioquímica Lisabeth pediu demissão e alugou uma pequena sala comercial, onde, com uma sócia, deu seus primeiros passos como empreendedora. Fase em que ela fazia literalmente um pouco de tudo: do plano de negócios ao atendimento no balcão, do contato com os médicos à manipulação das fórmulas.Da pequena sala, onde ela via as pessoas chegarem, sem acreditar em quantos pedidos recebia, o negócio foi crescendo e logo a farmácia teve que mudar para uma casa maior. Em seguida, vieram outras três lojas.Ao mesmo tempo, Lisabeth vivia o cotidiano agitado de toda mulher que trabalha: “Era a idade em que eu queria ter filhos, ter minha família, tudo acontecendo ao mesmo tempo, tinha que me dividir para que tudo desse certo”.E deu certo, tão certo que ela começou a sonhar cada vez mais alto.  Depois de alguns anos, Lisa, como é chamada, e sua sócia resolveram se separar para seguir com novos planos.

Duas vezes empreendedora

Começou então uma nova jornada empreendedora para Lisa. O ano era 1990, e o mundo empresarial já era mais familiar e menos inóspito para mulheres.Difícil mesmo foi explicar a novidade para o mercado, porque a proposta era realmente começar tudo de novo, com um novo nome (Dermage), um novo logotipo… Enfim, uma nova empresa. Ela fez questão inovar e fazer diferente, mas sempre seguindo os valores que sempre nortearam seu trabalho, marcado pela dedicação, honestidade e credibilidade junto à classe médica. Por isso, “acabou sendo mais fácil do que eu imaginava”, diz ela.E aí surgiu uma grande ideia: por que não industrializar as fórmulas de sucesso e transformar a empresa em uma marca de dermocosmético? Esse foi o grande diferencial da Dermage, que logo foi reconhecido pela classe médica.Outra escolha acertada foi cercar-se de pessoas com habilidades complementares e de profissionais das áreas administrativa e financeira muito qualificados, que se dedicaram à gestão de um negócio preparado para realizar os sonhos grandes de sua idealizadora.Mesmo assim foram – e ainda são – muitos os percalços enfrentados num país que atravessou várias crises e planos econômicos. Nessa jornada, foram muitas noites sem dormir, pensando em como seria o dia seguinte e muita resiliência também para atravessar tantos obstáculos.Mas, desde o início, Lisa mantém a mesma garra e otimismo: “Você tem que ter um estofo emocional muito grande para conseguir, você tem que estar sempre bem, porque a sua motivação, o seu trabalho, é modelo para os outros que estão à sua volta”.Apesar desse cenário de dificuldades de toda ordem, que para muitos seria desanimador, Lisabeth sempre investiu na Dermage. A empresa cresceu; o marido, Walter, engenheiro, assumiu a diretoria de produção; e, juntos, eles criaram uma empresa inovadora no mercado de dermocosméticos.

Sucessão familiar

Depois de passar as férias trabalhando na empresa da família, Ilana Braun, filha de Lisa, se empolgou com as oportunidades de fazer algo muito maior, largou o emprego no mercado financeiro e passou a empreender junto com seus pais. Logo no início, aproximou-se da Endeavor e se cercou de mentores que mostraram novas frentes de atuação.“Foi muito importante porque abriu um leque de pessoas que podiam nos apoiar e mostrar os caminhos. O empreendedor às vezes se sente muito solitário, tem que tomar as decisões, mas está muito sozinho, sem saber o que fazer”, conta Lisabeth Braun.Com formação e experiência em finanças, Ilana assumiu, trazendo novas perspectivas de crescimento e desenvolvimento. Algum tempo depois, assumiu o cargo de CEO.Com esse suporte essencial na gestão da empresa, Lisabeth pôde manter o foco na inovação e desenvolvimento de produtos, uma área estratégica para os planos futuros.Unida, a família aumentou o portfólio da marca – que conta com mais de 300 itens, entre produtos para cabelo, rosto, corpo, maquiagem, spa e nutricosméticos; aumentou os canais de distribuição (entre lojas próprias, franquias e drogarias, espalhados por diversos pontos do Brasil); ganhou credibilidade na classe médica; prêmios em congressos internacionais; e é respeitada por consumidores.Enfim, o legado para a próxima geração já está definido em uma cultura enraizada na transparência e, como Lisabeth faz questão de enfatizar, “fazer dermocosméticos com alta eficácia e resultados verdadeiros, desenvolvidos por brasileiros e para o clima e a pele dos consumidores (também) brasileiros.”

Universo feminino

As mulheres são o público-alvo da Dermage, e elas também compõem 90% da equipe de colaboradores da empresa. Lisabeth conta que gosta de trabalhar com mulheres porque elas sabem, como usuárias, o que as outras querem.Ela também valoriza as habilidades femininas em todos os campos: “Existe muito preconceito, mas a gente é tão capaz, tão capaz que consegue levar uma vida dupla e tomar conta de uma família, de casa e trabalhar e ser efetiva em todos.”Texto publicado originalmente na Endeavor.Fonte: Exame

Empresa de energia solar vira franquia e promete faturamento de R$ 150 mil

Conheça a franquia que vende e instala projetos de energia solar

A Blue Sol é uma empresa de projetos e treinamentos em energia solar fundada em 2010, que virou franquia no final de 2016; a meta é chegar a 200 franqueados até 2020; clique nas fotos acima para ver maisImagem: Divulgação
Antes mesmo de a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) permitir que os consumidores gerassem e consumissem a própria energia elétrica, com a resolução 482, de 2012, o administrador de empresas Nelson Colaferro, 56, identificou oportunidades de negócio com a energia solar. Em 2010, ele fundou a Blue Sol, empresa de projetos de geração de energia solar, que acaba de virar franquia.Confira os dados da franquia, fornecidos pela empresa:
  • Investimento inicial: a partir de R$ 280 mil, com custos de instalação, taxa de franquia e capital de giro
  • Faturamento médio mensal: R$ 150 mil
  • Lucro médio mensal: R$ 25 mil
  • Prazo de retorno do investimento: a partir de 18 meses
"Gerar energia elétrica no ponto de consumo é algo que faz muito sentido. Desde 2008 eu me interessava por energias renováveis, foram dois anos de pesquisas no Brasil e no exterior", afirma o empresário.

Também oferece treinamentos

Inicialmente, a empresa trabalhava com projetos de energia solar desconectados da rede elétrica, ou seja, onde ainda não havia luz, atendendo, principalmente empresas do agronegócio, de telecomunicações e escolas em regiões remotas. Também oferecia treinamentos em todo o Brasil para interessados em trabalhar no setor."Desde 2011, identificamos que havia uma forte demanda por conhecimento. Recebíamos muitos contatos de interessados na área. Já treinamos mais de 7.000 pessoas em todas as regiões e estabelecemos parcerias com elas, fornecendo insumos para que possam desenvolver o negócio nos locais onde estão. Daí nasceu a ideia das franquias", afirma o empresário.Após a resolução de 2012, passou a fazer projetos conectados à rede elétrica e ampliou a gama de clientes. Hoje, 70% da clientela está em residências. Os outros 30% são empresas. "Além de diminuir custos com a conta de luz, a energia elétrica valoriza o imóvel, e a sustentabilidade pode ser usada como marketing para as empresas", diz Colaferro.

Franqueado vende e instala

O franqueado é responsável pelas vendas e instalação dos sistemas. A franqueadora cuida da elaboração do projeto, fornecimento dos equipamentos, logística e conexão às distribuidoras.O cliente gera e consome a própria energia, o excesso vai para a distribuidora e vira crédito na conta de luz. Se a energia solar for insuficiente, o sistema automaticamente passa a consumir a energia da distribuidora. Os projetos são elaborados seguindo o padrão de consumo dos últimos 12 meses.

Projetos custam a partir de R$ 25 mil

Um projeto pequeno, com 10 placas que captam a luz solar, é capaz de gerar energia para uma casa com até quatro pessoas e custa cerca de R$ 25 mil. "O sistema é construído para gerar energia por, no mínimo 25 anos, e praticamente não exige manutenção, pois não há atrito mecânico", diz Colaferro.Por causa dos custos altos, existem empresas que vendem energia solar por assinatura, como a Renova Green, de Curitiba (PR). Em vez de comprar os equipamentos, os clientes podem alugá-los.Mesmo com o preço alto, Colaferro diz que o mercado é promissor. "São 75 milhões de consumidores de energia elétrica no Brasil. Hoje, são 7.000 sistemas conectados à rede elétrica, a previsão oficial é que, em 2024, sejam 1,2 milhão. Nossa meta é chegar a 200 franqueados até 2020, com maior potencial em cidades com residências horizontais", declara.A instalação em prédios também é possível, porém, a luz captada pode não ser suficiente para suprir o consumo. Uma revisão da norma 482 da Aneel já autoriza a geração remota, ou seja, o sistema é instalado em outro local. Segundo Colaferro, o mercado está se estruturando para oferecer essa solução.

Apesar do potencial, setor ainda é específico

Para a consultora especializada em franquias Ana Vecchi, da Vecchi Ancona, é crescente o interesse por energia solar, tanto por parte dos consumidores quanto por profissionais como engenheiros e arquitetos.Ela diz que o setor tem suas peculiaridades e que é recomendado que o franqueado possua algum conhecimento técnico e de vendas. "Pelo preço dos projetos, vai atender um nicho específico de mercado. Porém, existe um mercado grande, principalmente se forem feitas parcerias com construtoras de condomínios, por exemplo."Ela diz que fazer parte de uma rede de franquia, nesse caso, ajuda a ter ganhos de escala, com a compra de equipamentos por menor custo.

Onde encontrar:

Blue Sol: www.bluesol.com.brFonte: UOL

Sephora procura empreendedoras no ramo de beleza para aceleração

A rede de produtos de beleza está com inscrições abertas para o Sephora Accelerate, que busca startups que lidam com o segmento de estética.

São Paulo – A Sephora, rede de lojas de produtos de beleza, é mais uma gigante que está de olho nas startups. A marca está com inscrições abertas para um projeto próprio de aceleração – e procura empreendedoras que tenham negócios inovadores no segmento de beleza.Ao todo, serão dez mulheres selecionadas. Nesta edição, elas podem ser do Brasil, do Canadá, dos Estados Unidos ou do México.As startups inscritas devem ter sido fundadas por empreendedoras acima de 18 anos de idade ou mais e estar em início de desenvolvimento (os produtos devem ter algum tipo de amostra de laboratório ou protótipo, mas ainda não devem ter distribuição em larga escala).As inscrições podem ser feitas até dia 31 de janeiro, pelo site. O anúncio das startups selecionadas será feito no dia 8 de março.

Como é a aceleração?

O Sephora Accelerate proporciona, durante seis meses, conhecimento sobre habilidades e treinamentos sobre ferramentas necessárias para criar boas estratégias no mundo da beleza.A experiência inclui passar uma semana do mês de abril na sede da Sephora, em São Francisco, onde as selecionadas terão um treinamento que envolve análise de mercado, estratégias de empreendedorismo, modelo de negócios e plano de crescimento.Nos meses após a experiência de campo, as empresárias deverão resolver desafios de negócios e crescimento por meio do apoio de mentores, que vão acompanhá-las individualmente durante toda a aceleração. Esses mentores podem ser tanto líderes da indústria de beleza quanto especialistas em startups.Ao final, cada empreendedora receberá cinco mil dólares e participará de um Demo Day, em 29 de agosto: haverá a apresentação das ideias de negócio para especialistas da indústria, líderes da Sephora e possíveis investidores e parceiros.

Por quê?

Segundo a Sephora, o programa de aceleração surgiu porque as empreendedoras ainda não possuem tanta representatividade – mesmo na indústria da beleza, na qual as mulheres são a maioria dos consumidores.O objetivo do processo é “criar um mercado de trabalho mais igualitário, oferecendo oportunidades e ferramentas para que mais mulheres alcancem sua independência, fazendo aquilo que amam”.Para isso, o Sephora Accelerate irá criar uma comunidade de apoio para as empreendedoras que estão nos primeiros estágios de desenvolvimento dos seus negócios.Fonte: Exame

7 DICAS PARA FAZER SUA LOJA CRESCER - Retail’s Big Show

Confira as lições do evento Retails’s Big Show para pequenos varejistas de todo o mundo

A consultora Nikki Baird durante palestra no encontro do varejo em Nova York (Foto: Divulgação)
Acabou ontem o Retail’s Big Show, o maior encontro mundial do varejo, realizado pela National Retail Federation (Federação Nacional do Varejo dos EUA) em Nova York. Durante quatro dias, mais de 30 mil varejistas de 86 países se reuniram no Jacob Javits Convention Center, em Nova York, para discutir o futuro do mercado de vendas, as novidades do e-commerce e a mais recentes inovações tecnológicas voltadas para o varejo. Paralelamente ao evento, foi realizada uma feira de tecnologia e vendas, com presença de mais de 500 expositores.Neste ano, o evento incluiu pela primeira vez um programa dedicado exclusivamente aos pequenos negócios, com palestras, debates e encontros de networking. Em um dos encontros mais disputados, as consultoras Rhonda Abrams, presidente da PlanningShop, e Nikki Baird, analista da RSR Research, listaram sete dicas infalíveis para fazer o seu varejo crescer.1. Encontre um nichoUm pequeno varejo não deve ter como objetivo atender todos os tipos de público. Determine em que área quer atuar, qual público quer atingir, ou que tipo de interesse especial pode atender, e mantenha o foco. Só assim poderá sair do lugar comum.2. Planeje objetivos específicos A cada ano, o varejista deve renovar seu plano de negócio. Nesse momento, você deve pensar de maneira estratégica sobre a empresa e estabelecer metas de crescimento que possam ser mensuradas. Aproveite essa revisão para identificar quais são os recursos necessários para atingir o próximo nível de crescimento.3. Invista em estratégia Se você não tem tempo nem para respirar, não conseguirá ter tempo para pensar o futuro do negócio. Analise quais são as tarefas que tomam um tempo exagerado e delegue para outro funcionário – se for necessário, contrate um assistente. Só assim ficará livre para usar seu real talento: pensar estrategicamente.4. Use a tecnologia para ajudar o seu time Hoje, soluções que antes eram privilégio de grandes corporações também estão acessíveis para os pequenos negócios. Procure uma empresa de tecnologia que possa atuar como sua parceira e peça sugestões para tornar seu negócio mais digital. Lembre-se: hoje, a tecnologia é tão importante quanto os produtos que você vende.5. Use as redes sociais para competir com os grandesEm plataformas como Twitter, Facebook ou Pinterest, seu negócio tem tanto poder quanto uma gigante do varejo. Aqui, o que conta é a autenticidade, a personalidade e a capacidade de se conectar com os consumidores. Use as mídias para conciliar conteúdo e vendas, agregando valor à sua marca.6. Busque recursos para crescer Faça um planejamento detalhado e calcule se vale a pena se endividar para financiar o crescimento. Caso não possa contar com aportes e não queria encarar os juros bancários, pense em crowdfunding ou equity crowdfunding.7. Adote um smartphone Quando seu cliente precisa de uma informação, o primeiro lugar onde vai procurar é a tela do celular. Garanta que seu site seja responsivo, aceite pagamentos pelo smartphone e assegure-se que sua loja pode ser encontrada facilmente no Google Maps. Dessa maneira, poderá conquistar clientes que estejam circulando nas imediações e aumentar assim o seu faturamento.Fonte: PEGN

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